“Negue-se a
si mesmo, pegue a sua cruz e siga-Me”.
Neste encontro, no máximo do seu sofrimento humano
e moral Jesus encontra o auxilio de um desconhecido. Parece que Ele não teria
mais força para carregar a Cruz até o Calvário, Jesus que carrega a cruz para
salvar a humanidade por um homem é ajudado. Quantas vezes em nossa vida parece
que não vamos aquentar, a cruz é pesada demais. É nesta hora que o próprio
Jesus se torna o nosso Cirineu e toma sobre si as nossas dores. Coloca em nosso
caminho alguém especial que nos ajuda a carregar a cruz.
“Requisitaram-no, para levar a cruz de
Jesus”.
Simão
de Cirene regressa do trabalho, vai a caminho de casa quando se cruza com
aquele triste cortejo de condenados – para ele talvez fosse um espetáculo habitual.
Os soldados valem-se do seu direito de coação e colocam a cruz às costas dele,
robusto homem do campo. Que aborrecimento não deverá ter sentido ao ver-se
inesperadamente envolvido no destino daqueles condenados! Faz o que deve fazer,
mas certamente com grande relutância. E, todavia o evangelista Marcos nomeia,
juntamente com ele, também os seus filhos, que evidentemente eram conhecidos
como cristãos como membros daquela comunidade (Mc 15, 21). Do encontro
involuntário, brotou a fé. Acompanhando Jesus e compartilhando o peso da cruz,
o Cireneu compreendeu que era uma graça poder caminhar juntamente com este
Crucificado e assisti-Lo. O mistério de Jesus que sofre calado tocou-lhe o
coração. Jesus, cujo amor divino era o único que podia, e pode redimir a humanidade
inteira, quer que compartilhemos a sua cruz para completar o que ainda falta
aos seus sofrimentos (Col 1, 24). Sempre que, bondosamente, vamos ao encontro
de alguém que sofre alguém que é perseguido e inerme, partilhando o seu
sofrimento ajudamos a levar a própria cruz de Jesus. E assim obtemos salvação,
e nós mesmos podemos contribuir para a salvação do mundo.
Senhor
abristes a Simão de Cirene os olhos e o coração, dando-lhe, na partilha da
cruz, a graça da fé. Ajudai-nos a assistir o nosso próximo que sofre, ainda que
este chamamento resultasse em contradição com os nossos projetos e as nossas
simpatias. Concedei-nos reconhecer que é uma graça poder partilhar a cruz dos
outros e experimentar que dessa forma estamos a caminhar convosco. Fazei-nos
reconhecer com alegria que é precisamente pela partilha do vosso sofrimento e
dos sofrimentos deste mundo que nos tornamos ministros da salvação, podendo
assim ajudar a construir o vosso corpo, a Igreja.
Jesus está extenuado. O seu passo é cada vez mais
cambaleante, e a soldadesca tem pressa de acabar; de modo que, quando saem da
cidade pela porta Judiciária, intimam um homem que vinha duma granja, chamado
Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo, e obrigam-no a levar a Cruz de
Jesus (cfr. Mc XV, 21).
No conjunto da Paixão, é bem pouco o que significa
esta ajuda. Mas a Jesus basta-Lhe um sorriso, uma palavra, um gesto, um pouco
de amor, para derramar copiosamente a Sua graça sobre a alma do amigo. Anos
mais tarde, os filhos de Simão, já cristãos, serão conhecidos e estimados pelos
seus irmãos na fé. Tudo começou por um encontro inesperado com a Cruz.
Apresentei-Me
aos que não perguntavam por Mim, encontraram-Me os que não Me procuravam (Is
LXV, 1).
Às vezes, a Cruz aparece sem que a procuremos: é
Cristo que pergunta por nós. E se, porventura, ante essa Cruz inesperada, e
talvez por isso mais obscura, o coração mostrasse repugnância... não lhe dês
consolações. E, se as pedir, cheio de uma nobre compaixão, diz-lhe devagar, em
confidência: coração, coração na Cruz, coração na Cruz!
Queres saber
como agradecer ao Senhor o que fez por nós?...
Com amor! Não há outro caminho. Amor com amor se
paga. Mas a certeza do carinho é dada pelo sacrifício. Portanto, ânimo: nega-te
e toma a Sua Cruz. Então terás a certeza de Lhe devolver amor por Amor.
Não é tarde
nem tudo está perdido...
Ainda que te pareça. Ainda que o repitam mil vozes
agoirentas. Ainda que te assediem olhares de troça e incredulidade... Chegaste
numa boa altura para carregar com a Cruz: a Redenção está a fazer-se - agora!
-, e Jesus tem necessidade de muitos cireneus.
Para ver
feliz a pessoa que ama, um coração nobre não vacila ante o sacrifício.
Para aliviar um rosto doente, uma alma grande vence
a repugnância e dá-se sem reticências... E Deus merece menos que um bocado de
carne, que um punhado de barro?
Aprende a mortificar os teus caprichos. Aceita a
contrariedade sem exageros, sem espaventos, sem... histerismos. E tornarás mais
leve a Cruz de Jesus.
Hoje a
salvação entrou nesta casa, porque este também é filho de Abraão.
Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que
tinha perecido (Lc XIX, 9-10).
Zaqueu,
Simão de Cirene, Dimas, o centurião...
Agora já sabes porque o Senhor te procurou.
Agradece-Lho!... Mas opere et veritate, com obras e de verdade.
Como amar
deveras a Cruz Santa de Jesus?...
Deseja-a!... Pede forças ao Senhor para implantá-la
em todos os corações e de uma ponta a outra deste mundo! E depois...
desagrava-O com alegria; procura amá-Lo, também com o bater de todos os
corações que ainda O não amam.
Oh! meu Bom
Jesus, pelo mérito da Vossa Dolorosa Paixão quando o Cireneu Vos auxiliou e
pelos merecimentos de Vossa Mãe Santíssima e das almas reparadoras, peço-Vos a
conversão dos pecadores, a salvação dos moribundos e o alívio das Almas do
Purgatório.
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