terça-feira, 5 de abril de 2016

Em carta aos bispos movimento católico pede posição frente aos "danos do PT à sociedade".

 
O Movimento Legislação e Vida apresenta esta CARTA ABERTA AOS BISPOS DO BRASIL, com o objetivo de que os bispos do Brasil se posicionem sobre a influência do Partido dos Trabalhadores na sociedade brasileira, e também no seio da Igreja (especialmente através da Teologia da Libertação), partido este de ideário revolucionário marxista e socialista, que vem buscando, desde que assumiu o governo federal, implantar uma agenda anticristã (agenda abortista e de gênero, entre outros), e que os católicos esperam da Igreja uma voz profética na denúncia desta agenda antivida e antifamília, que contradiz a doutrina social da Igreja. Faz-se necessária uma posição da Igreja, nesse sentido, para melhor orientar o povo católico sobre os danos sociais que tal Partido tem ocasionado, e que os fatos da atualidade tem evidenciado.

A TODOS OS BISPOS DO BRASIL

Em meio à grave crise política, econômica, institucional e, acima de tudo profundamente moral, nós católicos recorremos a cada membro do episcopado brasileiro, para que em cada Diocese haja uma posição clara e firme em relação aos graves danos que o Partido dos Trabalhadores (PT) causou à Igreja Católica e à nação brasileira nestas últimas décadas, especialmente nos últimos treze anos à frente do governo. Um partido que chegou aonde chegou com a conivência, a cumplicidade, a omissão (e até o favorecimento) de muitos bispos, seduzidos pela retórica do populismo e pela demagogia.

Desde o início, era preciso ter havido coragem para denunciar o PT como um partido revolucionário, de ideário socialista, aliado de governos comunistas e ditatoriais (especialmente Cuba), que emergiu com a bandeira da ética para chegar ao poder e depois dilapidar o estado brasileiro, aparelhando as instituições e implementando a agenda anti-vida e anti-família das fundações internacionais, a agenda abortista, etc. E tudo isso com a complacência do clero progressista da CNBB, e através de ONGs e pastorais atuando no seio da igreja, dos teólogos da libertação, e de toda sorte de infiltrados.

Faltou coragem a muitos bispos do Brasil, firmeza, e fidelidade ao Magistério: ao não alertarem os fiéis do risco de excomunhão — e do risco à própria salvação — aos que apoiavam o PT (Catecismo, n. 2246: "Faz parte da missão da Igreja emitir o seu juízo moral também sobre as realidades que dizem respeito à ordem política, quando o exijam os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas"); ao não denunciarem o projeto de poder totalitário do Foro de São Paulo (que Lula fundou e implantou com Fidel Castro); e, ainda, ao não rejeitarem o projeto utópico da Pátria Grande socialista sendo construído pela UNASUL com a simpatia e apoio de vários bispos.

Apresentador Marcos Mion fala de sua conversão à fé católica




No domingo de Páscoa o ator e apresentador Marcos Mion fez uma publicação em sua página do facebook, falando sobre o seu processo de conversão à fé católica. Confira na íntegra:

Durante anos da minha vida fui somente à missa de Natal e Páscoa. .

Fiz o sinal da cruz somente antes do avião levantar e esqueci inúmeras vezes de fazer de novo ao pousar. Usava a fé e a religião de acordo com minha necessidade e comodidade. Sempre que fazia algo errado eu mesmo tratava de me perdoar e “explicar pra Deus” que tava beleza por tantas coisas boas que faço, criando uma balança onde eu era meu próprio Deus, capaz de ditar como era essa minha própria religião!!! Sempre baseada na fé, ok, em colocar a família acima de tudo e em fazer o bem, mas um pouco distante do que é realmente a religião católica. .

Com a imersão que minha mulher @suzanagullo teve na busca pela fé, paz de espírito e sentido do bem fazer, ou seja, na religião católica, acabei indo junto e finalmente entendi que comemorar somente Páscoa e Natal é como ir de bico numa festa de fim de ano de uma grande empresa: vc pode até tirar alguns benefícios, mas não vai entender e nem aproveitar da mesma forma que as pessoas que trabalharam o ano inteiro, que deram o sangue e se dedicaram à empresa! Essas pessoas, sim, sabem o que todos ali passaram e os sacrifícios que já foram feitos para que hoje nós possamos comemorar e sermos pessoas melhores! Deu p entender a diferença?. .

O sacramento da unidade e da caridade


A edificação espiritual do corpo de Cristo realiza-se na caridade, segundo as palavras de São Pedro: Como pedras vivas, formai um edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo (1Pd 2,5). Esta edificação espiritual atinge sua maior eficácia no momento em que o próprio Corpo do Senhor, que é a Igreja, no sacramento do pão e do cálice, oferece o corpo e o sangue de Cristo: o cálice que bebemos é a comunhão com o sangue de Cristo; e o pão que partimos, é a comunhão como corpo de Cristo. Porque há um só pão, nós todos participamos desse único pão (cf. 1Cor 10,16-17).

Por isso pedimos que a mesma graça que faz da Igreja o Corpo de Cristo, faça com que todos os membros, unidos pelos laços da caridade, perseverem firmemente na unidade do corpo.

E com razão suplicamos que isto se realize em nós pelo dom daquele Espírito que é ao mesmo tempo o Espírito do Pai e do Filho; porque sendo a Santíssima Trindade, na unidade de natureza, igualdade e amor, o único e verdadeiro Deus, é unânime a ação das três Pessoas divinas na obra santificadora daqueles que adota como filhos.

Eis por que está escrito: O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5).

O Espírito Santo, que é unidade do Pai e do Filho, realiza agora naqueles a quem concedeu a graça da adoção divina, transformação idêntica à que realizou naqueles que receberam o mesmo Espírito, conforme lemos no livro dos Atos dos Apóstolos: A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma (At 4,32). Quem fez dessa multidão dos que creram em Deus um só coração e uma só alma, foi aquele Espírito que é unidade do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho é um só Deus.

Por isso, o Apóstolo exorta a conservarmos com toda a solicitude esta unidade do espírito no vínculo da paz, quando diz aos efésios: Eu, prisioneiro no Senhor, vos exorto a caminhardes de acordo com a vocação que recebestes: com toda a humildade e mansidão, suportando-vos uns aos outros com paciência, no amor. Aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito (Ef 3,1-4).

Deus, com efeito, enquanto conserva na Igreja o amor que ela recebeu pelo Espírito Santo, transforma-a num sacrifício agradável a seus olhos. De modo, que, recebendo continuamente esse dom da caridade espiritual, a Igreja possa sempre se apresentar como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.



Dos “Livros a Monimo”, de São Fulgêncio, bispo de Ruspe
(Lib. 2,11-12: CCL 91,46-48)     (Séc.VI)

Testemunhos Primitivos: A unidade da Igreja


Muitas vezes ouvimos que toda igreja que professa Jesus como seu Salvador é cristã. Tal afirmativa, porém, tem como objetivo desviar a verdade pois Cristo fundou apenas uma única Igreja.

Para nos desviar dessa verdade, argumentam que Cristo estabeleceu uma Igreja invisível (espiritual) e não uma instituição visível, motivo pelo qual não há problemas em adotar-se doutrinas diferentes. Além dessas afirmações carecerem de bases bíblicas, também os primeiros cristãos sabiam que Jesus estabeleceu uma Igreja visível e una sob a autoridade de Pedro e seus legítimos sucessores:

· "Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a tradição apostólica que ela guarda e a fé que ela comunicou aos homens chegaram até nós através da sucessão regular dos bispos, confundindo assim todos aqueles que querem procurar a verdade onde ela não pode ser encontrada. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário que esteja de acordo toda comunidade, isto é, os fiéis do mundo inteiro; nela sempre foi conservada a tradição dos apóstolos" (Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,3,2).

· "Depois da ressurreição, diz o Senhor: 'Apascenta as minhas ovelhas'. Assim o Senhor edifica sobre Pedro a Igreja e lhe confia as suas ovelhas para apascentá-las. Se bem que dê igual poder a todos os Apóstolos, constitui uma só cátedra e dispõe, por sua autoridade, a origem e o motivo da unidade. Por certo os demais Apóstolos eram como Pedro, mas o primado é dado a Pedro e a unidade da Igreja e da cátedra é assim demonstrada. Todos são pastores mas, como se vê, um só é o rebanho apascentado pelo consenso unânime de todos os Apóstolos. Julga conservar a fé aquele que não conserva esta unidade recomendada por Paulo? Confia estar na Igreja aquele que abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja?" (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4) 

São Vicente Ferrer


Vicente nasceu em Valência, na Espanha, em 1350. Passou a infância e a juventude junto aos padres dominicanos, que tinham um convento próximo à sua casa e pediu ingresso na Ordem dos Pregadores aos dezessete anos.

Vicente estudou em Barcelona e Tolosa, doutorando-se em filosofia e teologia. Foi ordenado sacerdote em 1378. Desde o início foi um excelente pregador e iniciou uma peregrinação por toda a Europa. O período histórico era delicado, com muitas guerras e lutas contra a Igreja.

Nesta época, Urbano IV, italiano, foi eleito papa, ma as correntes políticas francesas não o aceitaram e elegeram outro, um francês, o Papa Clemente VII, que foi residir em Avinhon, na França. A Igreja se dividiu em duas, ocorrendo o chamado de cisma da Igreja Ocidental, porque ela ficou sob dois comandos, o que durou trinta e nove anos.

Vicente Ferrer aderiu, inicialmente, ao papa de Avinhon. O coração desse dominicano era dotado de uma fé fervorosa e diante de uma Europa marcada por batalhas sangrentas, calamidades públicas, fome, miséria, misticismo, ignorância, além da peste negra, a pregação de Vicente Ferrer ganhou nuances de fatalismo. Ferrer foi chamado de "o anjo do Apocalipse" pois em suas pregações quase sempre falava dos flagelos e tribulações pelas quais haveria de passar a humanidade. 

Ele andou pela Espanha, França, Itália, Suíça, Bélgica, Inglaterra e Irlanda e muitas outras regiões, defendendo a unidade da Igreja, o fim das guerras, o arrependimento e a penitência. Tornou-se a mais alta voz da Europa. Pregava para multidões e as catedrais tornavam-se pequenas para os que queriam ouvi-lo. Por isso fazia seus sermões nas grandes praças públicas. Milhares de pessoas o seguiam em procissões de penitência.

O cisma da Igreja só terminou quando os dois papas renunciaram ao mesmo tempo, para o bem da unidade do cristianismo. Vicente retirou seu apoio ao papa Bento XIII e ajudou a eleger o novo papa, Martinho V, trazendo de novo a união da Igreja Ocidental.

Ele morreu no dia 05 de abril de 1419, na França. Foi canonizado pelo Papa Calisto III, seu compatriota em 1458, que o declarou padroeiro de Valencia e Vannes. São Vicente Ferrer foi um dos maiores pregadores da Igreja do segundo milênio e o maior pregador do século XIV. São Vicente Ferrer é padroeiro dos construtores.


São Vicente Ferrer, vós que tanto sofrestes e lutastes pela unidade da Igreja, intercedei junto a Deus para que nossa Igreja encontre a unidade, principalmente entre os líderes religiosos, sacerdotes e leigos que professam a fé Católica. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Papa diz que o Evangelho é o livro da misericórdia de Deus

 
JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA

JUBILEU DA DIVINA MISERICÓRDIA

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO


Praça São Pedro
Domingo, 3 de Abril de 2016


«Muitos outros sinais miraculosos realizou ainda Jesus, na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro» (Jo 20, 30). O Evangelho é o livro da misericórdia de Deus, que havemos de ler e reler, porque tudo o que Jesus disse e fez é expressão da misericórdia do Pai. Nem tudo, porém, foi escrito; o Evangelho da misericórdia permanece um livro aberto, onde se há de continuar a escrever os sinais dos discípulos de Cristo, gestos concretos de amor, que são o melhor testemunho da misericórdia. Todos somos chamados a tornar-nos escritores viventes do Evangelho, portadores da Boa Nova a cada homem e mulher de hoje. Podemos fazê-lo praticando as obras corporais e espirituais de misericórdia, que são o estilo de vida do cristão. Através destes gestos simples e vigorosos, mesmo se por vezes invisíveis, podemos visitar aqueles que passam necessidade, levando a ternura e a consolação de Deus. Deste modo damos continuidade ao que fez Jesus no dia de Páscoa, quando derramou, nos corações assustados dos discípulos, a misericórdia do Pai, infundindo sobre eles o Espírito Santo que perdoa os pecados e dá a alegria.

Mas, na narração que ouvimos, aparece um contraste evidente: por um lado, temos o medo dos discípulos, que fecham as portas da casa; por outro, temos a missão, por parte de Jesus, que os envia ao mundo para levarem o anúncio do perdão. O mesmo contraste pode verificar-se também em nós: uma luta interior entre o fechamento do coração e a chamada do amor para abrir as portas fechadas e sair de nós mesmos. Cristo, que por amor entrou nas portas fechadas do pecado, da morte e da mansão dos mortos, deseja entrar também em cada um para abrir de par em par as portas fechadas do coração. Ele que venceu, com a ressurreição, o medo e o temor que nos algemam, quer escancarar as nossas portas fechadas e enviar-nos. A estrada que o Mestre ressuscitado nos aponta é estrada de sentido único, segue-se apenas numa direção: sair de nós mesmos, sair para testemunhar a força sanadora do amor que nos conquistou. Muitas vezes vemos, diante de nós, uma humanidade ferida e assustada, que tem as cicatrizes do sofrimento e da incerteza. Hoje, face ao seu doloroso clamor de misericórdia e paz, ouçamos como que dirigido a cada um de nós o convite feito confiadamente por Jesus: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós (Jo 20, 21).
Cada doença pode encontrar na misericórdia de Deus um auxílio eficaz. Com efeito, a sua misericórdia não se detém à distância: quer vir ao encontro de todas as pobrezas e libertar de tantas formas de escravidão que afligem o nosso mundo. Quer alcançar as feridas de cada um, para medicá-las. Ser apóstolos de misericórdia significa tocar e acariciar as suas chagas, presentes hoje também no corpo e na alma de muitos dos seus irmãos e irmãs. Ao cuidar destas chagas, professamos Jesus, tornamo-Lo presente e vivo; permitimos a outros que palpem a sua misericórdia, e O reconheçam «Senhor e Deus» (cf. Jo 20, 28), como fez o apóstolo Tomé. Eis a missão que nos é confiada. Inúmeras pessoas pedem para ser escutadas e compreendidas. O Evangelho da misericórdia, que se deve anunciar e escrever na vida, procura pessoas com o coração paciente e aberto, «bons samaritanos» que conhecem a compaixão e o silêncio perante o mistério do irmão e da irmã; pede servos generosos e alegres, que amam gratuitamente sem nada pretender em troca.

"Fé que não é capaz de ser misericordiosa não é fé, é ideologia", afirma o Papa

 
JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA

VIGÍLIA DE ORAÇÃO
POR OCASIÃO DO JUBILEU DA DIVINA MISERICÓRDIA

DISCURSO DO PAPA FRANCISCO


Praça São Pedro
Sábado, 2 de Abril de 2016

Com alegria e gratidão, partilhamos estes momentos de oração que nos introduzem no Domingo da Misericórdia, tão desejado por São João Paulo II – partiu há onze anos, em 2005, num sábado da Divina Misericórdia como hoje –; e queria este Domingo para satisfazer um pedido de Santa Faustina. Os testemunhos que nos foram oferecidos – e que agradecemos – e as leituras que ouvimos abrem clareiras de luz e de esperança para entrar no grande oceano da misericórdia de Deus. Quantas são as faces da misericórdia com que Ele vem ao nosso encontro? São verdadeiramente muitas; é impossível descrevê-las todas, porque a misericórdia de Deus cresce sem cessar. Deus nunca Se cansa de a exprimir, e nós não deveríamos jamais recebê-la, procurá-la, desejá-la por hábito. É sempre algo de novo que gera surpresa e maravilha à vista da imaginação criadora de Deus, quando vem ao nosso encontro com o seu amor.

Deus revelou-Se, manifestando várias vezes o seu nome; este nome é «misericordioso» (cf. Ex 34, 6). Tal como é grande e infinita a natureza de Deus, assim é grande e infinita a sua misericórdia, de tal modo que se revela uma árdua tarefa conseguir descrevê-la em todos os seus aspectos. Repassando as páginas da Sagrada Escritura, vemos que a misericórdia é, antes de mais nada, a proximidade de Deus ao seu povo. Uma proximidade que se exprime e manifesta principalmente como ajuda e proteção. É a proximidade dum pai e duma mãe que se espelha numa bela imagem do profeta Oséias. Diz assim: «Segurava-os com laços humanos, com laços de amor, fui para ele como os que levantam uma criancinha contra o seu rosto; inclinei-me para ele, para lhe dar de comer» (11, 4). O abraço dum pai e duma mãe ao seu filho. É muito expressiva esta imagem: Deus pega em cada um de nós e levanta-nos até ao seu rosto. Quanta ternura contém e quanto amor manifesta! Ternura: palavra quase esquecida e de que o mundo atual, todos nós temos necessidade. Pensei nesta palavra do profeta quando vi o logotipo do Jubileu. Jesus não só leva aos seus ombros a humanidade, mas tem o seu rosto tão chegado ao de Adão, que os dois rostos parecem fundir-se num só.

Nós não temos um Deus que não saiba compreender e compadecer-Se das nossas fraquezas (cf. Heb 4, 15). Pelo contrário! Foi precisamente em virtude da sua misericórdia que Deus Se fez um de nós: «Pela sua encarnação, Ele, o Filho de Deus, uniu-Se de certo modo a cada homem. Trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-Se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado» (Gaudium et spes, 22). Por conseguinte, em Jesus, podemos não só palpar a misericórdia do Pai, mas somos impelidos a tornar-nos nós mesmos instrumentos da misericórdia. Falar de misericórdia pode ser fácil; mais difícil é tornar-se suas testemunhas na vida concreta. Trata-se dum percurso que dura toda a vida e não deveria registar interrupções. Jesus disse-nos que devemos ser «misericordiosos como o Pai» (cf. Lc 6, 36). E isto requer a vida inteira!

A Páscoa espiritual


A Páscoa que nós celebramos é a origem da salvação de todos os homens, a começar pelo primeiro, Adão, que se perpetua e revive em cada um de nós. Mas a salvação foi preparada por diversas instituições, imperfeitas e provisórias, que eram símbolos e imagens das coisas eternas, para anunciarem, em esboço, aquela realidade que surge atualmente à plena luz da verdade; contudo, uma vez que essa verdadeira realidade se tornou presente, a figura deixa de ter vigor. Quando chega o rei, ninguém se põe a venerar a sua imagem, não fazendo caso da pessoa viva do rei. Assim se vê claramente em que medida a figura é inferior à realidade verdadeira, pois a fi gura representa a vida breve dos primogênitos dos judeus, ao passo que a realidade verdadeira celebra a vida perpétua de todos os homens.

Não é grande proeza que alguém evite a morte por breve tempo, se tem de morrer pouco depois; o que é admirável é evitar a morte de uma vez para sempre, como aconteceu conosco por meio de Cristo, que foi imolado como nosso Cordeiro pascal. O próprio nome da festa, se compreendermos o seu significado verdadeiro, nos sugere a sua peculiar excelência. Páscoa, com efeito, significa «passagem», porque o Anjo exterminador, que feria de morte os primogênitos, passava adiante nas casas dos judeus.

Ora, em relação a nós, a passagem do exterminador é um fato, porque passou realmente sem nos tocar, a nós que por Cristo ressuscitamos para a vida eterna. E que significa, no seu sentido místico, o fato de esse tempo coincidir com o princípio do ano em que se celebrava a Páscoa e a salvação dos primogênitos? Significa que também para nós o sacrifício da verdadeira Páscoa constitui o princípio da vida eterna.

O ano, de fato, é símbolo da eternidade. Sendo a sua órbita circular, o ano gira continuamente sobre ela sem nunca encontrar um fim. Ora Cristo, Pai da eternidade, oferecendo-Se por nós em sacrifício, como que anulou a nossa existência anterior, proporcionando-nos, pelo banho da regeneração, o princípio de uma segunda vida, à semelhança da sua morte e ressurreição. Por isso, quem reconhece que a Páscoa foi imolada em seu benefício, deve aceitar como princípio da sua vida o momento em que Cristo por ele Se imolou.

Ora essa imolação atualiza-se em cada um, quando reconhece essa graça e compreende que a vida lhe foi comunicada por esse sacrifício. Portanto, quem chegou a este conhecimento, esforce-se por aceitar o princípio da nova vida, sem pretender voltar à vida antiga que já foi ultrapassada. Com efeito, se morremos para o pecado, pergunta o Apóstolo, como poderemos continuar a viver nele?



Da Homilia pascal de um Autor antigo
(PG 59, 723-724)