Imagine que o governo brasileiro distribuísse milhões
de coletes a prova de balas a fim de que os brasileiros pudessem praticar
“roubo seguro”. Tal atitude, se não fosse cômica, seria insultuosa. Ao fazer
isso, o governo estaria chamando os cidadãos de ladrões. Mais que isso: estaria
legitimando o roubo.
“Quem procura o bônus deve aceitar o ônus”. Ninguém
tem o direito de roubar. Se roubar, já deve estar contando com a possibilidade
de ser preso ou de receber tiros da polícia. Não é função do governo garantir
aos ladrões a segurança em seu “trabalho”.
Coisa semelhante, mas muito pior, está acontecendo
agora. O Ministério da Saúde distribui anualmente milhões de preservativos
durante o carnaval a fim de que os brasileiros possam praticar “sexo seguro”.
Ao fazer isso, o governo está chamando os cidadãos de devassos e libertinos.
Mais que isso: está legitimando a devassidão e a libertinagem.
“Quem procura o bônus deve aceitar o ônus”. Ninguém
tem o direito de unir-se ao corpo alheio antes do casamento (fornicação), de
trair o cônjuge (adultério), de vender o próprio corpo (prostituição), de
praticar atos antinaturais (homossexualismo). Quem pratica tais pecados contra
a castidade, já deve estar contando com a possibilidade de contrair a AIDS ou
outra doença sexualmente transmissível. Não é função do governo garantir aos
devassos a segurança em suas aberrações.
Há defensores do governo que dizem que a campanha em
favor do preservativo é um “mal necessário”. Argumentam eles que, como hoje é
inútil falar de castidade aos jovens e adolescentes, a única “solução” é
oferecer-lhes um meio para pecar com segurança.
Tal argumentação é falaciosa. Para uma população que
já se houvesse bestializado a ponto de não querer ouvir falar de castidade, a
solução seria alertá-la para os riscos do pecado que pretende cometer. Assim,
os libertinos, cientes de que podem contrair uma moléstia mortal e incurável,
ainda que levados pelo instinto de sobrevivência, abandonariam a libertinagem.
Além disso, para decepção dos defensores do “pecado
seguro”, os jovens não estão tão endurecidos como se pensa. Prova disso é a
ótima aceitação que tem tido no meio juvenil o livro “Descobrindo a
castidade”, cuja segunda edição está para ser lançada. Os jovens gostam de desafios.
Alegram-se quando veem alguém que não os trata como quadrúpedes. Entendem
perfeitamente que não são como os irracionais, escravos dos seus instintos, que
na época do cio agridem cegamente o animal do outro sexo para acasalar-se.
Compreendem que o instinto reprodutor, presente no homem, deve ser governado
pela razão. Daí a necessidade de guardar a virgindade antes do casamento, e de
guardar a fidelidade conjugal depois dele.
Existe pecado seguro?
Há muito tempo os criminosos estão à procura do crime
perfeito. Enquanto isso, o Ministério da Saúde apregoa o pecado seguro. Mas
pode haver segurança para quem transgride a lei de Deus?
São Paulo diz que os gentios (os não judeus), “tendo
conhecido a Deus, não o honraram como Deus nem lhe renderam graças” (Rm
1,21). E prossegue: “Por isso Deus os entregou a paixões aviltantes. Suas
mulheres mudaram as relações naturais por relações contra a natureza (alusão
ao homossexualismo feminino); igualmente os homens, deixando a relação
natural com a mulher, arderam em desejo uns para com os outros, praticando
torpezas homens com homens (alusão ao homossexualismo masculino) e
recebendo em si mesmo a paga da sua aberração” (Rm 1,26-27).
Quem profana o sexo, que é tão sagrado quanto a vida,
não deixa de receber o castigo. No exemplo fictício dos ladrões, o colete a
prova de balas de maneira nenhuma asseguraria um “roubo seguro”. Mesmo usando o
colete, os ladrões poderiam ser atingidos na cabeça, nas pernas ou nos braços.
Da mesma forma, o famigerado “preservativo” de maneira nenhuma assegura aos
fornicadores, adúlteros, prostitutos e homossexuais um “pecado seguro”.
Contra fatos não há argumentos
Imagine-se sentado na cadeira de um consultório
odontológico e sentindo uma dor alucinante enquanto o dentista aplica a broca sobre
um dente cariado. O profissional argumenta que você não pode, de modo algum,
estar sentido dor. E isso, por vários motivos: a região foi bem anestesiada; já
houve tempo mais do que suficiente para que o anestésico fizesse efeito; e,
além disso, a perfuração da broca não foi muito profunda. Pergunto: toda essa
argumentação faria a dor desaparecer? Você simplesmente responderia: “Sinto
muito, doutor, mas apesar de tudo, estou sentindo dor”.
Assim, é totalmente inútil que o Ministério da Saúde
tente convencer que o preservativo é impermeável ao HIV usando argumentos como
este:
Pesquisadores
dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos esticaram e ampliaram 2
mil vezes o látex do preservativo masculino (utilizando-se de microscópio
eletrônico) e não foi encontrado nenhum poro. Em outro estudo, foram examinadas
as 40 marcas de camisinha mais utilizadas em todo o mundo. A borracha foi
ampliada 30 mil vezes (nível de ampliação que possibilita a visão do HIV) e
nenhum exemplar apresentou poros[1].
Toda essa argumentação de que o preservativo não
deveria deixar passar o HIV cai por terra diante do fato de que ele deixa
passar não só HIV, mas até mesmo o espermatozoide!
De fato, os preservativos de látex nunca foram
considerados um método eficaz de se evitar gravidez (eu disse gravidez
e não AIDS). Os preservativos têm uma taxa anual de sucesso de 85% na
prevenção da gravidez. Há uma falha de 15%[2].
Ninguém até agora foi louco o suficiente negar que a mulher que usa preservativo
pode engravidar, e que de fato, muitas vezes engravida.
Mas convém lembrar duas coisas:
a) a mulher só engravida em cerca de 6 dias por mês,
enquanto o HIV pode infectar uma pessoa durante os 30 dias do mês.
b) o espermatozoide, que consegue passar pelas fissuras
microscópicas do preservativo em 15% dos casos, é 450 vezes maior que o HIV! Só
a cabeça do espermatozoide (que mede 3 milésimos de milímetro) é 30 vezes maior
que o HIV, cujo diâmetro é 0,1 milésimo de milímetro!
O que relatei acima são fatos, e contra fatos não há
argumentos. Como uma peneira que não consegue reter pedras poderá impedir a
passagem de grãos de areia?
Os efeitos da propaganda enganosa
Ao
afirmar categoricamente que o preservativo é impermeável, o Ministério da Saúde
está oferecendo ao público uma falsa segurança. O resultado dessa publicidade
enganosa é um aumento da prática sexual indiscriminada (antes ou fora do
matrimônio, com pessoas do mesmo sexo, com prostitutos e prostitutas...) e, em
consequência, o aumento da propagação da AIDS. Isso é coerente com o que admite
o Ministério da Saúde sobre o crescimento de infectados entre os jovens: “Em
relação aos jovens, os dados apontam que, embora eles tenham elevado
conhecimento sobre prevenção da aids e outras doenças sexualmente transmissíveis,
há tendência de crescimento do HIV”[3].
Segundo
relatório da ONU[4],
na América Latina “aproximadamente 10 novas infecções por HIV ocorrem a cada
hora” (p. 84). “Tem havido um lento, quase estagnante declínio no número
de novas infecções entre 2005 e 2013. [...] Entretanto, em países como o
Brasil, com um grande número de pessoas vivendo com HIV, as novas
infecções cresceram 11%” (p. 88).
Segundo o
Código de Defesa do Consumidor, “é proibida toda publicidade enganosa ou
abusiva” (art. 37, caput). Ao omitir a informação de que o
preservativo é permeável e, mais ainda, ao assegurar que ele é impermeável, a
União federal está incorrendo em publicidade enganosa. Está incorrendo também em
publicidade abusiva, uma vez que “é abusiva, dentre outras, a publicidade
[...] que seja capaz de induzir o consumidor a se
comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança” (art. 37, §2º). O Código pune
com detenção de seis meses a dois anos e multa a conduta seguinte: “fazer ou
promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o
consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou
segurança” (art.
68). Além disso, ao infrator é imposta uma contrapropaganda “de forma capaz
de desfazer o malefício da publicidade enganosa ou abusiva” (art. 60, §1º).
Como se
percebe, em nosso país essa lei tem sido simplesmente ignorada. Se fosse
aplicada, o governo seria forçado a ensinar que não existe segurança fora da
lei de Deus.
Anápolis,
2 de fevereiro de 2015.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de
Anápolis
[1] Por que usar a camisinha. Disponível
em: http://www.aids.gov.br/pagina/por-que-usar.
[2] Cf. JONES, Elise F. &
FORREST, Jacqueline Darroch, “Contraceptive Failure Rates Based on the 1988
NSFG (National Survey of Family I Growth)”:' Family Planning Perspectives
24:1 (Jan.-Feb. 1992), pp. 12, 18. Disponível em http://www.jstor.org/stable/2135719.
[3] Aids no Brasil.
Disponível em http://www.aids.gov.br/pagina/aids-no-brasil
[4] UNAIDS. The gap report.
16 jul. 2014. Disponível
em http://ep00.epimg.net/descargables/2014/07/15/af1da747cfd1bb233d64d9ac04939ab1.pdf
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Fonte: Pró-vida de Anápolis
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