domingo, 10 de abril de 2016

Santa Madalena de Canossa


Madalena Gabriela Canossa nasceu em 1774 na cidade italiana de Verona. Seu pai, homem muito rico, faleceu quando Madalena tinha cinco anos. Sua mãe abandonou os filhos para se casar novamente. As crianças foram entregues aos cuidados de uma instituição religiosa.
  
Aos dezessete anos, Madalena desejou consagrar sua vida a Deus e por duas vezes tentou a experiência do Carmelo, mas não acostumou-se no convento. Retornou para a família, guardando secretamente no coração a sua vocação. M casa assumiu a administração dos bens familiares.
  
Em 1801, duas adolescentes pobres e abandonadas pediram abrigo em seu palácio. Ela não só as abrigou como recolheu muitas outras. Pressentiu que este era o caminho do espírito e descobriu no Cristo Crucificado o ponto central de sua espiritualidade e da sua missão. Abriu o palácio da família Canossa e fez dele uma comunidade religiosa.
  
Sete anos depois deixou definitivamente o palácio e foi para o bairro mais pobre da cidade, para concretizar seu ideal de evangelização e de promoção humana, fundando a congregação das Filhas da Caridade, para a formação de religiosas educadoras dos pobres e necessitados. Em poucos anos as fundações se multiplicaram, e a família religiosa cresceu a serviço de Cristo. Madalena fundou também o primeiro oratório dos Filhos da Caridade, ramo masculino da congregação, voltado para a formação cristã dos jovens e adultos.

Ela encerrou sua fecunda existência terrena numa sexta feira da paixão.  



Deus de amor e de bondade, que criastes o ser humano para a felicidade, ajudai-nos, pela intercessão de Santa Madalena de Canossa, a descobrir que a nossa alegria só e completa quando repartimos nosso tempo e nossos bens com aqueles os mais pobres. Por Cristo Nosso Senhor. Amém!

sábado, 9 de abril de 2016

Bispo de Maringá diz que documento da CNBB não contempla a palavra corrupção. “É uma falha tremenda”.

No seu programa habitual, chamado Romaria, com conexão direta “Vaticano – Aparecida”, a Rádio Vaticano entrevistou quinta, 7 de abril, o arcebispo de Maringá, Dom Anuar Battisti, que participa da 54ª Assembleia Geral dos bispos do Brasil.

 
O Arcebispo de Maringá expressou uma crítica contra o documento sobre a “conjuntura nacional” apresentado na abertura da Assembleia.

Segundo Dom Anuar, apesar de bem elaborado e compilado, em nenhum momento, o texto contemplou a palavra corrupção.

Ao citar o livro do Papa “O nome de Deus é misericórdia”, em que Francisco diferencia corruptos de pecadores – assim como também havia refletido na Casa Santa Marta – o arcebispo disse que vai lutar para que o documento conclusivo dos bispos ao final da Assembleia sobre a conjuntura nacional considere esta distinção, porque a “corrupção está sangrando o Brasil”.

“Eu penso que este discurso do Papa, fazendo esta distinção entre pecador, sim, corrupto, não, deveria aparecer na mensagem final da CNBB”, afirmou Dom Anuar e acrescentou: “Vou lutar por isso, para que, ao menos, apareça isso”.

O diabo no governo mundial: O profético livro recomendado pelos papas Francisco e Bento XVI

 
Trata-se de uma espécie de novela apocalíptica sombria, que pouca atenção recebeu desde a sua publicação em 1907. Mas ela conta com duas recomendações que qualquer autor de best-seller desejaria: não só a do papa atual, Francisco, mas também a do papa emérito Bento XVI.

O papa Francisco surpreendeu em 2013 e novamente em 2015, quando recomendou a leitura de “O Senhor do Mundo” (“Lord of the World”), de Robert Hugh Benson. Ele o resumiu dizendo que o livro apresenta uma “globalização da uniformidade hegemônica”. O então cardeal Joseph Ratzinger, futuro papa Bento XVI, também tinha chamado a atenção, durante um discurso em Milão no ano de 1992, para o universalismo descrito em “O Senhor do Mundo”.

Mas o que torna este livro tão notável?

O mundo descrito por Benson é estranhamente semelhante ao nosso: sistemas de locomoção e de comunicação rápidos, armas de destruição em massa e uma visão materialista que nega o sobrenatural e cultiva a pretensão de elevar a humanidade ao mais alto nível. De alguma forma, “O Senhor do Mundo” é mais atual hoje do que quando Benson o escreveu, no início do século XX.

Em sua visita às Filipinas, o papa Francisco falou do livro como demonstração dos perigos da globalização e do que chama de “colonização ideológica”. A “colonização” a que ele se refere é o processo em que culturas econômicas e políticas poderosas, como as da América do Norte e da Europa Ocidental, impõem uma visão materialista e laica do mundo aos países em desenvolvimento.

A leitura de “O Senhor do Mundo” revela o caráter profético do livro, com previsões tecnológicas e mesmo políticas que depois se tornaram realidade. Há ensaios que argumentam que Robert Hugh Benson inspirou o gênero da ficção distópica, mais tarde consagrado em clássicos como “1984” e “Admirável Mundo Novo”.

A história do livro é da ascensão do Anticristo ao poder mundial, primeiro na pessoa do enigmático Julian Felsenburgh, um misterioso senador norte-americano que assume importância mundial ao negociar uma paz global longamente desejada.

Toda oposição a Felsenburgh e à ordem mundial que ele guia desaparece: as nações pedem que Felsenburgh seja o seu líder; ele recebe aclamações em massa. Os únicos que se mantêm na oposição são poucos membros da paróquia guiada pelo padre Percy Franklin, que acaba sendo eleito papa Silvestre III e que parece muito semelhante a Felsenburgh.

Em meio a essa história de materialismo, progresso tecnológico e governo mundial que luta contra uma Igreja aparentemente derrotada, é fácil descuidar uma sutil realidade espiritual: um mundo que nega o sobrenatural não deixa de ser influenciado por forças sobrenaturais, mas se torna simplesmente cego a essas influências. Os ministros, os cidadãos, os sacerdotes apóstatas que se juntam ao movimento humanitário se “apaixonam” por Felsenburgh embasados em falsas esperanças; eles perdem não apenas os valores que agora consideram superstições e obstáculos morais impostos pela fé cristã, mas também a capacidade de reconhecer o espírito do Anticristo presente no mundo. “O Senhor do Mundo”, assim, lembra outra obra que narra a entrada de satanás num mundo ateu que nega a sua existência: “O Mestre e Margarida”, de Mikhail Bulgákov.

Amoris Laetitia

 
Acaba de ser publicada a aguardada Exortação pós-sinodal sobre a Família, do Papa Francisco, que tem por título “A alegria do amor” (Amoris Laetitia). É um documento longo que cita muito o parecer dos Padres Sinodais. Os cardeais e o casal que apresentaram o documento na sala de imprensa do Vaticano foram unânimes em falar da alegria em ler esse documento e a importância de acolhe-lo com carinho. 

São 325 parágrafos distribuídos em nove partes assim discriminadas: À luz da Palavra; A realidade e os desafios da família; Olhar fixo em Jesus: A vocação da família; O amor no matrimônio; O amor que se torna fecundo; Algumas perspectivas familiares; Reforçar a educação dos filhos; Acompanhar, discernir e integrar a familiaridade e espiritualidade conjugal e familiar. Encerra-se com uma Oração à Sagrada Família.

Seu conteúdo é assim sintetizado pelo Papa: “No desenvolvimento do texto, começarei por uma abertura inspirada na Sagrada Escritura, que lhe dê o tom adequado. A partir disso, considerarei a situação atual das famílias, para manter os pés no chão. Depois lembrarei alguns elementos essenciais da doutrina da Igreja sobre o matrimônio e a família, seguindo-se os dois capítulos centrais, dedicados ao amor. Em seguida destacarei alguns caminhos pastorais que nos levem a construir famílias sólidas e fecundas segundo o plano de Deus, e dedicarei um capítulo à educação dos filhos. Depois deter-me-ei em um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral perante situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor nos propõe; e, finalmente, traçarei breves linhas de espiritualidade familiar” (n. 6). 

O Documento tem, pois, início lembrando que, não obstante as crises pelas quais passa a família, enquanto instituição querida por Deus, o desejo de perpetuá-la permanece vivo nas novas gerações, conforme observaram os Padres Sinodais e, por isso, é preciso se debruçar sobre a família com seus valores e desafios nos nossos dias sob o prisma moral, doutrinal, espiritual e pastoral. Isto tudo, sem negar o Magistério da Igreja, dá lugar à pluralidade de interpretações de uma mesma doutrina em diversos locais diferentes à luz da Misericórdia de Deus, cujo Ano Extraordinário estamos vivendo (n. 1-8).

Passa o Papa a lembrar que a Sagrada Escritura está repleta de histórias de famílias com suas alegrias, belezas e dificuldades, sem que essa instituição esmoreça. Muito aparece também a expressão “Tu e tua esposa”, ou seja, o homem e a mulher (por exemplo, Mt 19,9 que remete a Gn 2,24 e 1,27) a terem seus filhos e filhas como brotos de oliveira ao redor de tua mesa (cf. Sl 128/127,3); as primeiras comunidades cristãs se reúnem em casas, local da convivência familiar por excelência. É, no entanto, também na família que ocorrem experiências dolorosas de brigas, doenças e mortes, mas, no fim dos tempos, Deus enxugará nossas lágrimas e não haverá mais morte ou dor (cf. Ap 21,4). Dentro da mesma família com suas dificuldades, estão também dois pontos importantes do convívio material e espiritual: o trabalho e o carinho do abraço, que é responsabilidade de todos (cf. n. 9-30).

O plano da salvação


Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade (1Tm 2,4); por isso muitas vezes e de muitos modos falou outrora aos nossos pais, pelos profetas (Hb 1,1). Quando se completou o tempo previsto, enviou o seu Filho (Gl 4,4), a Palavra que se fez carne, ungido pelo Espírito Santo, para anunciar a boa-nova aos pobres e curar os contritos de coração, como médico dos corpos e das almas, mediador entre Deus e os homens. Sua humanidade, na unidade da pessoa do Verbo, foi o instrumento de nossa salvação. Deste modo, em Cristo realizou-se perfeitamente a nossa reconciliação com Deus e nos foi dada a plenitude do culto divino.

Esta obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus, prefiguradas pelas obras maravilhosas que ele operou no povo da Antiga Aliança, foi realizada por Cristo, principalmente pelo mistério pascal de sua bem-aventurada paixão, ressurreição dos mortos e gloriosa ascensão. Por este mistério, morrendo destruiu nossa morte e, ressuscitando,restituiu-nos a vida. Foi do lado de Cristo adormecido na cruz, que nasceu o admirável sacramento de toda a Igreja.

Assim como Cristo foi enviado pelo Pai, da mesma forma enviou os apóstolos, repletos do Espírito Santo, não apenas para pregarem o evangelho a toda criatura, anunciando que o Filho de Deus, por sua morte e ressurreição, nos libertou da morte e do poder de Satanás e nos introduziu no reino do Pai, mas também para realizarem a obra da salvação que anunciavam, por meio do sacrifício e dos sacramentos, ao redor dos quais se desenvolve toda a vida litúrgica.

Pelo batismo, os homens são incorporados no mistério pascal de Cristo: mortos com ele, sepultados com ele e com ele ressuscitados, recebem o Espírito de adoção filial no qual todos nós clamamos: Abá – ó Pai! (Rm 8,15), transformando-nos assim nos verdadeiros adoradores que o Pai procura.

Do mesmo modo, todas as vezes que comem a ceia do Senhor, anunciam a sua morte até que ele venha. Por isso, no próprio dia de Pentecostes, quando a Igreja se manifestou ao mundo, os que aceitaram as palavras de Pedro receberam o batismo (At 2,41). Eles eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo.(At 2,42.47).

Desde então, nunca mais a Igreja deixou de se reunir para celebrar o mistério pascal lendo todas as passagens da Escritura que falavam dele (Lc 24,27), celebrando a Eucaristia na qual se tornam presentes a vitória e o triunfo de sua morte e, ao mesmo tempo, dando graças a Deus, pelo seu dom inefável (2Cor 9,15) em Cristo Jesus, para o louvor de sua glória (Ef 1,12).



Da Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, do Concílio Vaticano II (N.5-6)     (Séc.XX)

Pais da Igreja e a Sucessão Apostólica


A Doutrina dos Pais da Igreja dos séculos I ao IV


INTRODUÇÃO


Qual é o sentido de trazer o ensinamento dos Padres da Igreja sobre a sucessão apostólica? Nós queremos simplesmente apresentar ao leitor a doutrina que existia nos primeiros séculos do cristianismo sobre a autoridade dos bispos, e a razão é simples: hoje, muitos “cristãos” nãocatólicos dizem que a “sucessão apostólica” é uma invenção da Igreja Católica e que não serve de nada. É fácil entender esta posição, porque se o que a Igreja Católica ensina sobre a sucessão apostólica dos bispos for verdade, então todo mundo que não está com o bispo não está Jesus Cristo.

Neste artigo ficará claro que os grandes pastores, reconhecidos em toda a igreja pós-apostólica, e muitos dos quais deram a vida por Cristo, acreditavam firmemente que os bispos da Igreja Católica sucederam os Apóstolos de Jesus no cargo de guiar a Igreja com autoridade. Em outras palavras, se hoje um cristão diz que no Evangelho não há “nenhum traço” da doutrina da sucessão apostólica, com o presente artigo ficará claro o que pensavam os outros cristãos, com a diferença de que estes últimos (dos Padres Igreja) estão cronologicamente muito mais perto de Jesus e os Apóstolos do que qualquer um de nós (com uma diferença de um 1800 anos).

Se alguém no século XXI acredita ter a autoridade para ensinar como devemos interpretar a Bíblia, por que não ouvir esses outros cristãos reconhecidos e ver como eles interpretavam a Igreja estabelecida pelos apóstolos e seus discípulos? Mal não vai fazer... O que vai ficar claro, pelo menos, é que a Igreja Católica hoje tem A MESMA doutrina que a Igreja dos séculos, I, II, III e IV com a autoridade dos bispos como sucessores dos apóstolos. Então, todos devem tirar suas próprias conclusões.

Veja o ensino bíblico sobre a autoridade pós-apostólica, no artigo de A. Lang sobre o significado da doutrina da sucessão apostólica e também do magistério da Igreja sobre o assunto. Nós oferecemos apenas os parágrafos que abordam a questão diretamente. Para um estudo mais aprofundado existe uma literatura abundante.

OS TESTEMUNHOS DOS ANTIGOS PADRES



CLEMENTE ROMANO (97 d.C)

Em sua carta de Clemente Romano escreve a Igreja Corinto por volta do ano 97 a seguinte instrução:

Os apóstolos receberam em nosso favor a boa-nova da parte do Senhor Jesus Cristo. E Jesus Cristo foi enviado por Deus. Portanto, Cristo vem de Deus e os apóstolos [vêm] de Cristo. Esta dupla missão realizou-se em perfeita ordem por vontade de Deus. Munidos de instruções e plenamente assegurados pela ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, confiantes na Palavra de Deus, saíram a evangelizar a próxima vinda do Reino de Deus na plenitude do Espírito Santo. Assim, proclamando a palavra nos campos e nas cidades, estabeleceram suas primícias, como bispos e diáconos, dos futuros fiéis, após prová-los pelo Espírito. E não se trata de inovação... há séculos que as Escrituras falam de bispos e diáconos, pois assim se lê em algum lugar: "Quero estabelecer os bispos deles na justiça e os seus diáconos na fé".

Também os apóstolos sabiam, por Nosso Senhor Jesus Cristo, que haveria contestações a respeito da dignidade episcopal. Por tal motivo e como tivessem pleno conhecimento do porvir, estabeleceram os acima mencionados e deram, além disso, instruções no sentido de que, após a morte deles, outros homens comprovados lhes sucedessem em seu ministério. Os que assim foram instituídos por eles ou, mais tarde, por outros eminentes homens com a aprovação de toda a Igreja, servindo de modo irrepreensível ao rebanho de Cristo, com humildade, pacífica e abnegadamente, recebendo o testemunho favorável por longo tempo e da parte de todos, não é justo, em nossa opinião, serem depostos de seus ministérios. E não será pequena a nossa falta se depusermos do episcopado aqueles que ofereceram, de maneira santa e irrepreensível, os sacrifícios. Bem-aventurados os presbíteros que nos precederam na caminhada e terminaram sua jornada carregados de frutos e perfeição. Não têm a temer que alguém os remova do lugar para eles preparado. Vemos que vós afastastes a alguns de boa índole de um ministério que eles honraram de forma digna.” (Carta aos Corintios capítulos 42 e 44)

Santo Acácio


Santo Acácio nasceu no século V, foi bispo e confessor de Amida, no Iraque. A palavra Acácio significa “aquele que não tem malícia”. Acácio viveu sempre o dia presente e nunca preocupou-se em remoer o passado nem ansiar o futuro.

Em 419 o imperador Teodósio segundo o enviou como bispo embaixador para o reino Persa. A tarefa era promover um concílio entre os persas para discutir sobre a heresia nestoriana, que negava a divindade de Jesus.

Acontece que, estando Acácio na Pérsia, estourou uma guerra entre bizantinos e persas. Os prisioneiros de guerra eram tantos, que não havia comida para alimentá-los. Diante desta realidade concreta, Acácio começou a vender os vasos sagrados e outros objetos de sua Igreja para resgatar os prisioneiros. Estes, reconhecendo a bondade de Acácio, fizeram-se cristãos.

Acácio morreu com fama de santidade, depois de governar com muito zelo sua igreja no reino dos persas.  


Ó Deus, que aos vossos pastores associastes Santo Acácio, animado de ardente caridade e da fé que vence o mundo, dai-nos, por sua intercessão, perseverar na caridade e na fé, para participarmos de sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Amoris Laetitia só pode ser interpretada à luz da tradição católica

 
A exortação apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia do Papa Francisco somente pode ser interpretada em “continuidade doutrinal” e, se houver “dúvidas ou algum parágrafo resultar pouco claro, a correta interpretação deve ser de acordo ao com o ensinamento da Igreja”, explicou ao Grupo ACI um perito teólogo no Vaticano logo depois da publicação do documento nesta sexta-feira.

“O Papa Francisco disse repetidamente que não quer mudar nenhum tema doutrinal e esta deve ser a chave para interpretar o documento”, disse ao Grupo ACI o Pe. José Granados, Vice-presidente do Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos do Matrimônio e da Família e consultor da Secretaria do Sínodo dos Bispos.

“O Papa – prosseguiu – mostra que quer propor novamente o que o Sínodo disse, às vezes com temas novos como a educação e o amor. Ao final, acredito que o documento deve ser lido em continuidade doutrinal, como deve ser entendida a hermenêutica católica”.

O teólogo explicou que “a exortação deve ser interpretada em continuidade com a Veritatis Splendor de São João Paulo II, que tinha como objetivo apresentar os ensinamentos morais da Igreja”.

De fato, “o mesmo Papa Francisco reconhece que há normas absolutas, por exemplo, no numeral 245 da exortação, reitera que ‘nunca, nunca e nunca tomeis o filho como refém!’”.

O Pe. Granados ressaltou que a exortação pastoral “não pode mudar normas do Direito Natural recebido por Cristo, normas que a Igreja não pode mudar”. A Amoris Laetitia não é a exceção.

De fato, a exortação cita em uma nota de rodapé da declaração do ano 2000 do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos sobre “a admissão da Santa Comunhão aos fiéis divorciados em nova união”.

“Essa citação significa que o Papa aprova esse documento”, ressalta o Pe. Granados.