Catequese
do Papa Francisco
4
de maio de 2015
A ovelha perdida (Lc 15,1-7)
Queridos irmãos
e irmãs, bom dia!
Todos nós
conhecemos a imagem do Bom Pastor que leva nos ombros a ovelha perdida. Este
ícone sempre representou a preocupação de Jesus para com os pecadores e a
misericórdia de Deus que não quer perder ninguém. A parábola é contada por
Jesus para fazer as pessoas entenderem que sua proximidade com os pecadores não
deve escandalizar, mas provocar em todos uma séria reflexão sobre a forma como
vivemos a nossa fé. A história tem, de um lado, os pecadores que se aproximam
de Jesus para ouvi-lo e, de outro, os doutores da lei, os escribas que se
desviam Dele por causa de seu comportamento. Eles desviam porque Jesus se
aproximou dos pecadores. Estes eram orgulhosos, soberbos, se achavam justos.
Nossa parábola
se desenrola em torno de três personagens: o pastor, a ovelha perdida e o resto
do rebanho. Mas quem age é só o pastor, não as ovelhas. O pastor, então, é o
único protagonista e tudo depende dele. Uma pergunta introduz a parábola: “Qual
de vós, tendo cem ovelhas e perdendo uma, não deixa as noventa e nove no
deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?” (V. 4). É um
paradoxo que leva a duvidar da ação do pastor: é aconselhável deixar noventa e
nova por causa de uma ovelha? E não seria no aprisco das ovelhas, mas no
deserto.
Segundo a
tradição bíblica, o deserto é um lugar de morte, onde é difícil encontrar
comida e água, sem abrigo e à mercê das feras e ladrões. O que podem fazer noventa
e nove ovelhas indefesas? O paradoxo continua, no entanto, dizendo que o
pastor, quando encontra a ovelha”, coloca-a em seus ombros, vai para casa,
convoca os amigos e vizinhos e lhes diz: Alegrai-vos comigo” (v. 6).
Parece,
portanto, que o pastor não volta para o deserto para recuperar todo o rebanho!
Esforçando-se para encontrar aquela ovelha parece esquecer as outras noventa e
nove. Mas, na realidade não é assim. O ensinamento que Jesus quer nos dar é que
nenhuma ovelha pode ser perdida. O Senhor não pode resignar-se ao fato de que
mesmo uma pessoa possa se perder.