Hoje celebramos o mistério conclusivo da vida
de Jesus: sua Ascensão ao Céu. É a sua entrada oficial na glória que lhe
correspondia como ressuscitado, depois das humilhações do Calvário; é a volta
ao Pai anunciada por Si no dia de Páscoa; “ Vou subir para Meu e vosso Pai, Meu
e vosso Deus” (Jo 20,17). E aos
discípulos de Emaús: “Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na
sua glória?” (Lc 24,26).
A vida de Jesus na terra não termina com a sua
morte na Cruz, mas com a Ascensão aos céus. É o último mistério da vida do
Senhor aqui na terra. É um mistério redentor, que constitui, com a Paixão, a
Morte e a Ressurreição, o mistério pascal. Convinha que os que tinham visto
Cristo morrer na Cruz, entre os insultos, desprezos e escárnios, fossem
testemunhas da sua exaltação suprema.
Comentando sobre a Ascensão, ensina São Leão
Magno: ”Hoje não só fomos constituídos possuidores do paraíso, mas com Cristo
ascendemos, mística mais realmente, ao mais alto dos céus, e conseguimos por
Cristo uma graça mais inefável que a que havíamos perdido.”
A Ascensão fortalece e estimula a nossa
esperança de alcançarmos o Céu e incita-nos constantemente a levantar o coração
a fim de procurarmos as coisas que são do alto. Agora a nossa esperança é muito
grande, pois o próprio Cristo foi preparar-nos uma morada.
O Senhor está já no Céu com o seu Corpo
glorificado, com os sinais do seu Sacrifício redentor, com as marcas da Paixão
que Tomé pôde contemplar e que clamam pela salvação de todos nós.
A Ascensão se nos apresenta, assim, não tanto
como uma festa da partida de Jesus deste mundo quanto como a festa de sua
permanência aqui na terra. Ele, com efeito, não deixou este nosso
universo. “Não abandonou o céu quando de
lá desceu até nós e nem se afastou de nós quando novamente subiu ao céu. Ele é
exaltado acima dos céus: todavia, sofre aqui na terra todos os dissabores que
nós, seus membros, suportamos. Disto deu testemunho gritando: Saulo, Saulo, por
que me persegues?” (Santo Agostinho). Cristo está ainda presente e comprometido
com este mundo com todo seu corpo que é a Igreja.
A esperança do céu encherá de alegria o nosso
peregrinar diário. Imitaremos os apóstolos que, segundo São Leão Magno,
“tiraram tanto proveito da Ascensão do Senhor que tudo quanto antes lhes
causava medo, depois se converteu em alegria. A partir daquele momento,
elevaram toda a contemplação das suas almas à divindade que está à direita do
Pai; a perda da visão do corpo do Senhor não foi obstáculo para que a
inteligência, iluminada pela fé acreditasse que Cristo, mesmo descendo até nós,
não se tinha afastado do Pai e, com a sua Ascensão, não se separou dos seus
discípulos.”
Com a Ascensão termina a missão terrena de
Cristo e começa a dos seus discípulos, a nossa: “Vós sereis testemunhas de tudo
isso” (Lc 24,48), diz Jesus. Portanto, a festa de hoje, recorda-nos que o zelo
pelas almas é um mandamento amoroso do Senhor. Ao subir para a sua glória, Ele
nos envia pelo mundo inteiro como suas testemunhas. Grande é a nossa
responsabilidade, porque ser testemunhas de Cristo implica, antes de mais nada,
procurar comportar-se segundo a sua doutrina, lutar para que a nossa conduta
recorde Jesus e evoque a sua figura amabilíssima.
Jesus parte, mas permanece muito perto de cada
um. Nós O encontramos na Eucaristia, no Sacrário de nossas Igrejas.
Nessa semana, que precede a Solenidade de
Pentecostes, fiquemos unidos em oração, como disse Jesus: “Permanecei na cidade
até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,48). Assim a vida da Igreja
não começa com a ação, mas com a oração, junto com Maria, a Mãe de Jesus.
A festa de hoje nos fortalece a esperança pelo
destino que nos aguarda, mas também nos lembra que a nossa missão hoje é
continuar o projeto de Jesus, Não fiquemos de braços cruzados, parados, olhando
para o Céu! É hora de olhar ao nosso redor e começar a Missão!
Os discípulos partiram (diz o Evangelho em Mc
16,20) e pregaram a Boa Nova por toda parte. Vamos nós também com humildade,
sabendo em que vasos nós carregamos esta esperança, mas vamos com coragem.