terça-feira, 10 de maio de 2016

A ação do Espírito Santo


Qual o homem que, ao ouvir os nomes com os quais é designado o Espírito Santo, não eleva seu  ânimo e o seu pensamento para a natureza divina? É chamado Espírito de Deus, Espírito da verdade que procede do Pai, Espírito de retidão, Espírito principal e, como nome próprio e peculiar, Espírito Santo.

Volta-se para ele o olhar de todos os que buscam a santificação; para ele tende a aspiração de todos os que vivem segundo a virtude; é o seu sopro que os revigora e reanima para atingirem o fim natural e próprio para que foram feitos.

Ele é fonte da santidade e luz da inteligência; é ele que dá, de si mesmo, uma certa iluminação à nossa razão natural para que encontre a verdade.

Inacessível por sua natureza, torna-se acessível por sua bondade. Enche tudo com o seu poder, mas comunica-se apenas aos que são dignos; não a todos na mesma medida, mas distribuindo os seus dons em proporção da fé. Simples na essência, múltiplo nas manifestações do seu poder, está presente por inteiro em cada um, sem deixar de estar todo em todo lugar. Reparte-se e não sofre diminuição. Todos dele participam e permanece íntegro, à semelhança dos raios do sol que fazem sentir a cada um a sua luz benéfica como se fosse para ele só, e contudo iluminam a terra e o mar e se difundem pelo espaço.

Assim é também o Espírito Santo: está presente em cada um dos que são capazes de recebê-lo, como se estivesse nele só, e, não obstante, dá a todos a totalidade da graça de que necessitam. Os que participam do Espírito recebem os seus dons na medida em que o permite a disposição de cada um, mas não na medida do poder do mesmo Espírito.

Por ele, os corações são elevados ao alto, os fracos são conduzidos pela mão, os que progridem na virtude chegam à perfeição. Ele ilumina os que foram purificados de toda mancha e torna-os espirituais pela comunhão consigo.

E como os corpos límpidos e transparentes, sob a ação da luz, se tornam também extraordinariamente brilhantes e irradiam um novo fulgor, da mesma forma também as almas que recebem o Espírito e são por ele iluminadas tornam-se espirituais e irradiam sobre os outros a graça que lhes foi dada.

Dele procede a previsão do futuro, a inteligência dos mistérios, a compreensão das coisas ocultas, a distribuição dos carismas, a participação na vida do céu, a companhia dos coros dos anjos. Dele nos vem a alegria sem fim, a união constante e a semelhança com Deus; dele procede, enfim, o bem mais sublime que se pode desejar: o homem é divinizado.


Do Tratado Sobre o Espírito Santo, de São Basílio Magno, bispo.
(Cap. 9,22-23: PG 32,107-110)
(Séc. IV)

Quem como Deus?


Travou-se um combate no Céu: Miguel e os seus Anjos lutaram contra o Dragão. O Dragão e os seus anjos lutaram também, mas foram derrotados e perderam o seu lugar no Céu para sempre. Foi expulso o enorme Dragão, a antiga serpente, aquele que chamam Diabo e Satanás, que seduz o universo inteiro foi precipitado sobre a terra e os seus anjos foram precipitados com ele. Depois ouvi no Céu uma voz poderosa que dizia: «Agora chegou a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus e a autoridade do seu Ungido, porque foi precipitado o acusador dos nossos irmãos, aquele que os acusava dia e noite diante do nosso Deus. Eles venceram-no, graças ao sangue do Cordeiro e à palavra do testemunho que deram, desprezando a própria vida, até aceitarem a morte. Por isso, alegrai-vos, ó Céus, e vós que neles habitais». (Apocalipse 12, 7-12ª)

“Miguel” em hebraico Mi-kha-el quer dizer “quem como Deus?”. Era o protetor do antigo povo de Deus (Dan 10, 13.21), e que aparece agora como patrono e defensor da Igreja, o novo povo de Deus.

“O Dragão”. É identificado, com a “antiga serpente” que tentou os primeiros pais, por isso se chama antiga; é “aquele que chamam Diabo e Satanás”. Diabo é um nome grego correspondente ao hebraico Xatan (aramaico xataná), que significa caluniador, acusador, adversário.

“Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio. Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) no ares” (Ef 6,11-12). 

Santa Solange


O nome Solange significa "aquela que vive sozinha". Para esta menina francesa o senhor concedeu muitos dons, além de uma beleza impressionante e a disponibilidade para o trabalho. Não lhe faltaram pretendentes para o casamento, mas todos eles foram dispensados, pois Solange quis consagrar sua virgindade a Deus. Mas um deles, o conde de Gotie, foi o mais insistente. Um dia, ao caminhar pelo campo, o conde deparou-se com Solange, que estava em oração. A jovem, serenamente, que disse ao conde que tinha consagrado sua vida a Deus. O conde, que não gostou de ser reprovado pela jovem Solange, insistiu durante muitos dias, fazendo visitas até a casa dos pais da jovem. Sem resultados, o conde planejou então raptá-la. Pegou um cavalo e realmente raptou a jovem virgem. Conta-nos a história que quando passavam sobre uma ponte, Solange conseguiu assustar o cavalo. O conde e Solange foram lançados nas águas profundas do rio. Ainda conseguiram sair da correnteza, mas o conde, enfurecido, decapitou Solange às margens do rio. Era dia dez de maio de 880.


Deus Pai de amor e bondade, escolhestes Santa Solange para manifestar vosso amor pelos homens e mulheres, através da consagração e pureza de vida. Ajudai-nos a buscar uma vida cheia de virtudes e dons, e que em tudo que fizermos, seja feita a vossa vontade. Abençoe, pela intercessão de santa Solange, todas as mulheres discriminadas pela sociedade. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

A água viva do Espírito Santo




A água que eu lhe der se tornará nele fonte de água viva, que jorra para a vida eterna (Jo 4,14). Água diferente, esta que vive e jorra; mas jorra apenas sobre os que são dignos dela. Por que motivo o Senhor dá o nome de "água" à graça do Espírito Santo? Certamente porque tudo tem necessidade de água; ela sustenta as ervas e os animais. A água das chuvas cai dos céus; e embora caia sempre do mesmo modo e na mesma forma, produz efeitos muito variados. De fato, o efeito que produz na palmeira não é o mesmo que produz na videira; e assim em todas as coisas, apesar de sua natureza ser sempre a mesma e não poder ser diferente de si própria. Na verdade, a chuva não se modifica a si mesma em qualquer das suas manifestações. Contudo, ao cair sobre a terra, acomoda-se às estruturas dos seres que a recebem, dando a cada um deles o que necessita.

Com o Espírito Santo acontece o mesmo. Sendo único, com uma única maneira de ser e indivisível, distribui a graça a cada um conforme lhe apraz. E assim como a árvore ressequida, ao receber água, produz novos rebentos, assim também a alma pecadora, ao receber do Espírito Santo o dom do arrependimento, produz frutos de justiça. O Espírito tem um só e o mesmo modo de ser; mas, por vontade de Deus e pelos méritos de Cristo, produz efeitos diversos.

Serve-se da língua de uns para comunicar o dom da sabedoria; ilumina a inteligência de outros com o dom da profecia. A este dá o poder de expulsar os demônios; àquele concede o dom de interpretar as Sagradas Escrituras. A uns fortalece na temperança, a outros ensina a misericórdia; a estes inspira a prática do jejum e como suportar as austeridades da vida ascética; e àqueles o domínio das tendências carnais; a outros ainda prepara para o martírio. Enfim, manifesta-se de modo diferente em cada um, mas permanece sempre igual a si mesmo, como está escrito: A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum (ICor 12,5).

Branda e suave é a sua aproximação; benigna e agradá­vel é a sua presença; levíssimo é o seu jugo! A sua chegada é precedida por esplêndidos raios de luz e ciência. Ele vem com o amor entranhado de um irmão mais velho: vem para salvar, curar, ensinar, aconselhar, fortalecer, consolar, ilu­minar a alma de quem o recebe, e, depois, por meio desse, a alma dos outros.

Quem se encontra nas trevas, ao nascer do sol recebe nos olhos a sua luz, começando a enxergar claramente coisas que até então não via. Assim também, aquele que se tornou digno do Espírito Santo, recebe na alma a sua luz e, elevado acima da inteligência humana, começa a ver o que antes ignorava.



Das Catequeses de São Cirilo de Jerusalém, bispo
(Cat. 16, De Spiritu Sancto 1,11-12.16: PG 33,931-935.939-942)         (Séc. IV)

Se você invocar o demônio, ele virá cobrar a conta


O filme “Exorcistas no Vaticano” fala de comportamentos demoníacos e mostra supostas possessões. Isso é real? As coisas acontecem como o filme mostra?

No programa “Fim de Semana”, da rede COPE, entrevistaram o sacerdote José María Muñoz Urbano, exorcista oficial da diocese de Córdoba, que explicou como os exorcismos continuam sendo solicitados, inclusive “cada vez mais”: “O grande motivo é a crise espiritual que temos; fala-se cada vez menos de Deus, e nas redes sociais encontramos o tema do espiritismo com muita facilidade”.

As consequências de toda essa brincadeira com o demônio são as possessões ou infestações, e o padre explica que, na internet, é possível encontrar facilmente informações para realizar rituais satânicos. “Qualquer jovem tem esta informação e pode estar brincando com o diabo.”

Este é um tema sério: a ouija é bem perigosa. “Cerca de 70% dos casos que atendo de possessões ou pessoas infectadas pelo demônio começam com o tabuleiro ouija, explica o sacerdote, comentando que muitas vezes a ouija é feita como uma brincadeira, por curiosidade: “Por tentar falar com um defunto, por exemplo, apelam à ouija, e depois começam a acontecer coisas estranhas na casa, ou pessoas que começam a ficar doentes, ou aparelhos que param de funcionar de repente…”.

“Quando se invoca o demônio, ele vem cobrar a conta”, afirma muito sério o sacerdote, que mostra que a tarefa do exorcista é, em primeiro lugar, colocar a pessoa em graça de Deus. “Isso não é magia. Para que Deus possa curar você e expulsar os demônios, você precisa estar perto de Deus.” 

São Pacômio


São Pacômio nasceu em 287 no Egito, filho de pais pagãos. Tendo ingressado no exército, aos 20 anos foi feito prisioneiro em Tebas. Numa noite, algumas pessoas trouxeram para ele alimento em nome do Deus dos cristãos. Pacômio sentiu-se sensibilizado e pediu a Deus que o libertasse. Obtida a liberdade, ingressou numa comunidade religiosa cristã, onde recebeu o batismo. Ao perceber a força do cristianismo, Pacômio introduziu a vida monástica comum baseada na disciplina e na autoridade, substituindo os anacoretas. Os anacoretas eram os monges que viviam sozinhos no deserto. Os problemas desta vida individualizada começaram a se tornar insustentáveis. Pacômio resolveu fundar um mosteiro, com regras definidas, onde todos pudessem viver em comunidade. O mosteiro tinha uma estrutura rígida, baseada na disciplina e na obediência. Era formado por vários edifícios ou casas, construídas dentro de muralhas. Havia também uma igreja, um refeitório, uma cozinha, uma hospedaria e uma biblioteca. A base da vida religiosa era constituída pela castidade, pobreza e obediência ao superior. Pontualidade, silêncio, disciplina, recitação de certas preces, algumas penitências, tudo isso fazia parte do dia a dia de um mosteiro. São Pacômio morreu em 348, Na época os mosteiros por ele fundados abrigavam cerca de sete mil monges. 


Intercedei por nós, são Pacômio, para que fiéis a doutrina da Igreja possamos ser orientados pelo Espírito Santo em todas nossas decisões. Concedei-nos a pureza da vida, da mente e do espírito, o dom da oração e da penitência, da obediência e da fortaleza. Por Cristo nosso Senhor, damos glória pela sua vida e pelas vidas dos tantos monges que vos seguiram por amar a Deus sobre todas as coisas. Amém.

domingo, 8 de maio de 2016

Contemplando a “Ave Maria”



 
A belíssima tradição que consagra a Nossa Senhora o mês de maio ilumina a devoção popular e põe em nosso coração e em nossa boca a oração:

“Ave, Maria, cheia de graça!” Alegra-te, cheia de graça! (Cf. Lc 1, 28). A alegria desceu do Céu e entrou em tua casa, tu que és causa de nossa alegria! Nós te saudamos, Virgem Maria, porque és o vaso precioso escolhido por Deus, para que a graça manifestasse toda a sua força, quando o Filho Eterno do Pai se encarnou em teu seio puríssimo. Obrigado porque teu exemplo provoca em nós o abandono de todo o rastro deixado pelo pecado em nossas intenções e desejos. Cheia de graça, intercede junto de Deus por nós, para que exista em nosso coração o horror ao pecado e à maldade. Faze-nos apaixonados pelo bem e pela virtude!

“O Senhor está contigo!” (Cf. Lc 1, 28). Ressoe em teu coração, para que digas “e com teu espírito”, a saudação do Anjo. A força de Deus, Gabriel, manifestou-se a ti, no silêncio potente da Casa de Nazaré. De fato, Deus não é rumoroso, age na serenidade e na calma. De fato, “na serenidade está a salvação, na calma e na confiança, está a nossa força” (Cf. Is 30, 15). No meio do reboliço de nossa vida tão agitada, queremos estar contigo. Acolhe-nos, Mãe querida, em teu regaço de amor, que recebe a Palavra Eterna do Pai, que quer fazer-se carne em teu ventre, para a salvação do mundo.

“Bendita és tu entre as mulheres!” (Cf. Lc 1, 42). Nosso mundo clama por mulheres benditas! Benditas na escolha que Deus fez delas, para serem sinal da ternura, tão esquecida em nosso tempo. Bendita, Maria, porque trazes em ti e contigo todas as grandes figuras do Antigo Testamento e estás na frente de uma imensa multidão, mulheres santas, mártires, viúvas, virgens, mulheres preservadas da maldade e outras muitas convertidas admiravelmente. Bendita és tu por seres feminina sem ser partidária de qualquer grupo ideológico! Tu és simplesmente Maria! Maria bendita, bem-aventurada, feliz! Com todas as gerações de cristãos, também nós te proclamamos bendita!

“Bendito é o fruto do teu ventre!” (Cf. Lc 1, 43). Tu que és mãe abençoada nos conduzes ao teu Filho Jesus. Bendita a maternidade do corpo e a maternidade espiritual, com a qual te enriqueceste e nos envolves a todos, para experimentarmos a alegria de sermos também teus filhos, como teu Filho Amado assim desejou, do alto do trono da Cruz. Tu nos recebeste com amor: “Mulher, eis o teu filho!” Depois…: “Eis a tua mãe!” (Cf. Jo 19, 27). A partir daquela hora, todos os discípulos de teu Filho te acolhemos naquilo que é nosso, e nos alegramos porque disseste corajosamente teu segundo sim, aos pés da Cruz, quando as dores do Crucificado partejaram a Igreja, da qual te fizeste mãe e mestra. Desde a Anunciação, tu nos fazes encontrar Jesus. Por isso este nome bendito se torna a palavra mais forte que pronunciamos, levados pelo Anjo e por Isabel, a dizer “Jesus”, pois fora dele não há salvação!

“Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar?” (Lc 1, 43). Infinito abismo e infinita proximidade! O Filho eterno chegou à casa de Isabel e Zacarias. na mais bela de todas as procissões, iniciada em Nazaré para chegar às alturas das montanhas de Judá! Queremos estar perto de ti e te agradecemos! Mais do Isabel, sabemos ser indignos de receber a Mãe do nosso Senhor e aquele que ela traz em seu ventre. No entanto, sabemos ser altamente consolador estar aqui em tua presença, ó Mãe do Senhor.

Maria no nascimento de Jesus

 
O nascimento de Jesus foi todo cheio de dificuldades: a viagem longa de José e Maria grávida, a falta de uma casa para a criança nascer, a gruta fria de Belém, uma situação de dificuldade e de pobreza que já revela como era o reino messiânico: um reino sem honras nem poderes terrenos, que pertence Àquele que depois disse: “O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc 9,58).

São Lucas narra o nascimento de Jesus de maneira simples: “Maria deu à luz e teve o seu filho primogênito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura…” (Lc 2,7). A ação da Virgem é o reflexo da sua plena disponibilidade em fazer a vontade de Deus, já manifestada na Anunciação com o seu “faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).

Maria viveu a experiência do parto na pobreza: não pode dar ao Filho de Deus nem sequer aquilo que as mães costumam oferecer a um recém-nascido; mas teve de colocá-lo “numa manjedoura”, um “berço’ improvisado para o “Filho do Altíssimo”. O evangelista diz que “não havia para eles lugar na hospedaria” (Lc 2,7). Isso nos faz lembrar as palavras de São João: “Ele veio para os que eram seus, mas não O receberam”(Jo 1,11), e mostra as recusas e ofensas que Jesus sofrerá na sua vida terrena.

Na verdade é uma rejeição não só ao Filho, mas também à Mãe, e mostra que Maria já está unida ao destino de sofrimento do Filho e participante de sua missão redentora. A espada de Simeão já está presente mesmo antes de ser anunciada por Simeão. Recusado pelos “Seus”, Jesus é, então, acolhido pelos pastores, homens rudes e de má fama, no entanto, escolhidos por Deus para serem os primeiros receptores da “boa nova” do nascimento do Salvador.