segunda-feira, 6 de junho de 2016

É imoral realizar o exame de espermograma?


Dependendo de sua finalidade o exame de espermograma pode ser moral ou imoral. Quando ele é solicitado para preparar uma fertilização in vitro é imoral, pois sua finalidade também o é. Para que haja um espermograma moralmente aceitável é preciso que a finalidade seja moralmente aceitável. Este exame, quando solicitado para detectar doenças ou resolver problemas de infertilidade pode ser aceitável.

Porém, é preciso analisar também o método pelo qual o espermograma pode ser realizado. Existem métodos lícitos e ilícitos para a colheita do material e estes devem ser levados em conta também. No dia 02 de agosto de 1929, o Santo Ofício publicou o seguinte decreto que diz respeito a utilização da masturbação direta como método para a colheita do esperma. Eis:

“Pergunta: É lícita a masturbação diretamente procurada para obter esperma com que se pode descobrir e logo curar, na medida do possível, a doença contagiosa da ‘blenorragia’?”

Resposta: (confirmada pelo Sumo Pontífice em 26 de jun.): “Não” (DH 2684)

Assim, está descartada a masturbação como método para obter o esperma a ser examinado. Esse posicionamento não é novo, pelo contrário, é a posição constante da tradição da Igreja. O próprio Catecismo da Igreja Católica, no número 2352 diz que:

“Por masturbação se deve entender a excitação voluntária dos órgãos genitais, a fim de conseguir um prazer venéreo. Na linha da tradição constante, tanto o magistério da Igreja como o senso moral dos fiéis afirmaram sem hesitação que a masturbação é um ato intrínseca e gravemente desordenado. Qualquer que seja o motivo, o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz sua finalidade. (…)” (CIC 2352)

Assim, se o ato por si mesmo é desordenado, as circunstâncias não mudam a sua imoralidade e, portanto, a masturbação para obter esperma não é aceitável pela Igreja. A solução é buscar método alternativos para a colheita do material. 

São Norberto




Norberto nasceu por volta de 1080 na Alemanha. Filho mais novo de uma família da nobreza, podia escolher entre a carreira militar e a religiosa. Norberto escolheu a vida religiosa, mas vivia despreocupado e numa vida de luxo e festas constantes. Um dia foi atingido por um raio enquanto cavalgava no bosque.

Quando o jovem nobre despertou do desmaio, ouviu uma voz que lhe dizia para abandonar a vida mundana e fosse praticar a virtude. A partir daquele instante abandonou a família, amigos, posses e a vida dos prazeres. Passou a percorrer na solidão, com os pés descalços e roupa de penitente, os caminhos da Alemanha, Bélgica e França. Talvez envergonhado pelo passado, empreendeu a luta por reformas na Igreja, visando acabar com os privilégios dos nobres no interior do cristianismo. Fundou a Ordem dos Cônegos Regulares Premonstratenses, conhecidos como Monges Brancos por causa da cor do hábito. Em 1126 foi nomeado Arcebispo de Magdeburgo e escolhido para conselheiro espiritual do rei. Norberto morreu no dia 06 de junho de 1134. 

Ó Deus, que fizestes de São Norberto fiel ministro da vossa Igreja, pela oração e zelo pastoral, concedei-nos por suas preces e méritos, alcançar um dia, com a vossa graça, a realização de tudo o que nos ensinou por palavras e exemplos. Por nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo, Amém.

domingo, 5 de junho de 2016

O Papa canoniza a dois novos Santos: "Permaneçamos na Cruz como Maria".




SANTA MISSA E CANONIZAÇÃO DOS BEATOS
 ESTANISLAU DE JESUS MARIA E MARIA ELIZABETH HESSELBLAD

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Praça São Pedro
Domingo, 5 de junho de 2016
 
A Palavra de Deus que ouvimos conduz-nos para o acontecimento central da fé: a vitória de Deus sobre o sofrimento e a morte. É o Evangelho da esperança que brota do mistério pascal de Cristo, que irradia do seu rosto, revelador de Deus Pai consolador dos aflitos. É uma Palavra que nos chama a permanecer intimamente unidos à paixão de Jesus Nosso Senhor, para que se manifeste em nós o poder da sua ressurreição.

Realmente, na Paixão de Cristo, temos a resposta de Deus ao grito angustiado, e às vezes indignado, que a experiência do sofrimento e da morte suscita em nós. É preciso não fugir da Cruz, mas permanecer lá, como fez a Virgem Mãe que, sofrendo juntamente com Jesus, recebeu a graça de esperar para além de toda a esperança (cf. Rm 4, 18).

Esta foi também a experiência de Estanislau de Jesus Maria e de Maria Isabel Hesselblad, que hoje são proclamados Santos: permaneceram intimamente unidos à paixão de Jesus e, neles, manifestou-se o poder da sua ressurreição.

A primeira leitura e o Evangelho deste domingo apresentam-nos, precisamente, dois sinais prodigiosos de ressurreição: o primeiro realizado pelo profeta Elias; o segundo, por Jesus. Nos dois casos, os mortos são filhos ainda muito novos de mulheres viúvas, os quais são devolvidos, vivos, à respetiva mãe.

A viúva de Sarepta – uma mulher não-judia, que no entanto hospedara em sua casa o profeta Elias – está indignada com o profeta e com Deus, porque, precisamente enquanto Elias estava lá hospedado, o bebé dela adoecera e agora expirou nos seus braços. Então Elias disse àquela mulher: «Dá-me o teu filho» (1 Re 17, 19). Esta é uma palavra-chave: exprime a atitude de Deus face à nossa morte (em todas as suas formas). Não diz: «Fica com ela, arranja-te!»; mas: «Dá-ma a Mim». Com efeito, o profeta toma o menino e leva-o para o quarto de cima e lá sozinho, em oração, «luta com Deus», fazendo-Lhe ver o absurdo daquela morte. E o Senhor escutou a voz de Elias, porque, na realidade, era Ele próprio a falar e agir no profeta. Era Ele que, pela boca de Elias, dissera à mulher: «Dá-me o teu filho». E agora era Ele que o devolvia, vivo, à mãe.

Não quero agradar aos homens, mas a Deus


Inácio, também chamado Teóforo, à Igreja que alcançou misericórdia pela magnificência do Pai Altíssimo e de Jesus Cristo, seu Filho unigénito: à Igreja escolhida e iluminada pela vontade d’Aquele que quis tudo o que existe, segundo a caridade de Jesus Cristo, nosso Deus; à Igreja, que tem a presidência na região dos Romanos, digna de Deus, digna de honra, digna de ser proclamada bem-aventurada, digna de louvor, digna de ser ouvida; à Igreja dignamente pura, que preside à assembleia universal da caridade, que guarda a lei de Cristo e é adornada com o nome do Pai: para ela as minhas saudações em nome de Jesus Cristo, Filho do Pai. Àqueles que aderem de corpo e alma a todos os seus preceitos, indefectivelmente cheios da graça de Deus e isentos de toda a contaminação estranha, eu lhes desejo a mais perfeita e santa felicidade em Jesus Cristo, nosso Deus.

Por fim, depois de tanto pedir ao Senhor nas minhas orações, alcancei a graça de contemplar o vosso rosto, digno de Deus; agora, prisioneiro por amor de Cristo Jesus, espero poder saudar-vos, se a vontade de Deus me julgar digno de chegar até ao fim. Os começos são bons; queira Deus que obtenha a graça de receber, sem qualquer impedimento, a parte da herança que me está reservada. Mas temo que a vossa caridade me venha a prejudicar, porque a vós é fácil obter o que quiserdes, mas a mim ser-me-ia difícil alcançar a Deus, se não tendes piedade de mim.

Não quero que agradeis aos homens, mas a Deus, como já o fazeis. O que é certo é que não encontrarei melhor oportunidade de chegar até Deus, nem vós podereis inscrever o vosso nome nesta obra tão bela, senão permanecendo em silêncio. Se não falardes em meu favor, eu tornar-me-ei palavra de Deus; mas se amais esta minha vida segundo a carne, voltarei a ser apenas uma simples voz. O melhor favor que podeis fazer-me é deixar que seja imolado para glória de Deus, enquanto o altar ainda está preparado; assim, unidos pela caridade num só coro, podereis cantar ao Pai em Cristo Jesus, porque Deus concedeu ao bispo da Síria a graça de O alcançar, fazendo-o vir do Oriente ao Ocidente. É bom que se ponha o sol da minha vida neste mundo, para que volte a nascer na aurora de Deus.


Início da Carta de Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir, aos Romanos
(Inscriptio, 1, 1 – 2, 2: Funk 1, 213-215)       (Sec. I)

Não tratemos os lobos como ovelhas desgarradas


A doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo está cheia de verdades aparentemente antagônicas que, entretanto, examinadas com atenção, longe de reciprocamente se desmentirem, reciprocamente se completam formando uma harmonia verdadeiramente maravilhosa. É este o caso, por exemplo, da aparente contradição entre a justiça e a bondade divinas. Deus é ao mesmo tempo infinitamente justo e infinitamente misericordioso. Sempre que para compreendermos bem uma destas perfeições fecharmos os olhos a outra, teremos caído em grave erro. Nosso Senhor Jesus Cristo deu, em Sua vida terrena, admiráveis provas de Sua doçura e de Sua severidade. Não pretendamos “corrigir” a personalidade de Nosso Senhor segundo a pequenez de nossas vistas, e fechar os olhos à suavidade para melhor nos edificarmos com a justiça do Salvador; ou pelo contrário fazermos abstração de Sua justiça para melhor compreendermos Sua infinita compaixão para com os pecadores. Nosso Senhor se mostrou perfeito e adorável tanto quando acolhia com perdão inefavelmente doce Maria Madalena, quanto quando castigava com linguagem violenta os fariseus. Não arranquemos do Santo Evangelho quaisquer destas páginas. Saibamos compreender e adorar as perfeições de Nosso Senhor como elas se revelam em um e outro episódio. E compreendamos enfim que a imitação de Nosso Senhor Jesus Cristo por nós só será perfeita no dia em que soubermos, não apenas perdoar, consolar e afagar, mas ainda no dia em que soubermos flagelar, denunciar e fulminar como Nosso Senhor.

Há muitos católicos que consideram os episódios do Evangelho em que aparece o santo furor do Messias contra a ignomínia e a perfídia dos fariseus como coisas indignas de imitação. É ao menos o que se depreende do modo de que eles consideram o apostolado. Falam sempre em doçura, e procuram sempre imitar essa virtude de Nosso Senhor. Que Deus os abençoe por isto. Mas por que não procuram eles imitar as outras virtudes de Nosso Senhor?

Muito freqüentemente, quando se propõe em matéria de apostolado um ato de energia qualquer, a resposta invariável é de que é preciso proceder com muita brandura “a fim de não afastar ainda mais os transviados”. Poder-se-á sustentar que os atos de energia têm sempre o invariável efeito de “afastar ainda mais os transviados”? Poder-se-ia sustentar que Nosso Senhor, quando dirigiu aos fariseus suas invectivas candentes, fê-lo com a intenção de “afastar ainda mais aqueles transviados”? Ou porventura se deveria supor que Nosso Senhor não sabia ou não se preocupava com o efeito “catastrófico” que suas palavras causariam aos fariseus? Quem ousaria admitir tal blasfêmia contra a Sabedoria Encarnada, que foi Nosso Senhor?

Deus nos livre de preconizar o uso de energia e dos processos violentos como único remédio para as almas. Deus nos livre também, entretanto, de proscrever estes remédios heróicos de nossos processos de apostolado. Há circunstâncias em que se deve ser suave e circunstâncias em que se deve ser santamente violento. Ser suave quando as circunstâncias exigem violência, ou ser violento quando as circunstâncias exigem suavidade, há nisto sempre um grave mal. 

São Bonifácio, mártir

  
Winfrido nasceu em 672 e pertencia a uma rica família de nobres ingleses. Como era o costume da época, foi entregue ao mosteiro dos beneditinos ainda na infância para receber boa educação e formação religiosa. Logo percebeu que sua vocação era o seguimento de Cristo. Aos dezenove anos professou as regras na abadia, iniciando o apostolado como professor. Em seguida decidiu iniciar seu trabalho missionário para a evangelização dos povos da Alemanha. Em 718 fez uma peregrinação à Roma onde conseguiu o apoio do Papa Gregório II para reiniciar sua missão na Alemanha. Além disso, o Papa o orientou também a assumir, como missionário, o nome de Bonifácio, célebre mártir romano. Durante três anos percorreu quase toda a Alemanha e, numa segunda viagem à Roma, o Papa o nomeou bispo de Mainz. Bonifácio fundou o mosteiro de Fulda, centro propulsor da cultura religiosa alemã e muitos outros mosteiros masculinos e femininos. Acabou estendendo sua missão até a França. No dia 05 de junho de 754 foi ao encontro de um grande grupo de catecúmenos, que receberiam o Crisma. Mal iniciou a Santa Missa o local foi invadido por um bando de pagãos frísios. Os cristãos foram todos trucidados e Bonifácio teve a cabeça partida ao meio por um golpe de espada.

Deus eterno e todo-poderoso, que destes a são Bonifácio a graça de lutar pela justiça até a morte, concedei-nos, por sua intercessão, suportar por vosso amor as adversidades, e correr ao encontro de vós que sois a nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

sábado, 4 de junho de 2016

Nota do Pe. Lombardi sobre a Carta Apostólica “Como uma mãe amorosa”.


A Carta apostólica insiste sobre a importância do cuidado vigilante da proteção dos menores e dos adultos vulneráveis, exigindo uma “diligência particular”.

Assim, precisa que entre as “causas graves” que justificam a remoção dos Cargos eclesiásticos, também dos Bispos, é a negligência no que diz respeito aos casos de abusos sexuais cometidos contra menores ou adultos vulneráveis.

Trata-se de uma Lei que estabelece um Procedimento a ser seguido pela atuação do Cânone já presente no CIC e CCEO (193§1 CIC, 975§1 CCEO).

Não se trata de um procedimento penal, porque não se trata de um “delito” realizado, mas de casos de “negligência” por parte dos Bispos ou Superiores religiosos.

A “instrutória” dos casos de negligência cabe às Congregações competentes, que são 4:

- Bispos
- Evangelização dos Povos
- Igrejas Orientais
- Institutos de Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica

A Congregação para a Doutrina da Fé não é chamada em causa porque não se trata de delitos de abuso, mas de negligência no ofício.

Junto às Congregações já existem os  Escritórios disciplinares ou análogos.

Chama a atenção dois pontos:

Papa decreta a remoção do cargo dos bispos que ocultem casos de abusos sexuais




Os bispos que foram negligentes em relação aos casos de abusos sexuais contra menores serão removidos de seus cargos. Assim, por meio do Motu proprio “Como uma mãe amorosa”, o Santo Padre reforça o compromisso da Igreja na tutela dos menores.

A “missão de proteção e do cuidado diz respeito à toda Igreja, mas é especialmente através de seus pastores que este deve ser exercido”. É o que escreve o Papa Francisco no Motu proprio com o qual reforça a proteção dos menores, sublinhando a responsabilidade dos Bispos diocesanos – dos Eparcas, assim como dos Superiores Maiores de Institutos Religiosos e das Sociedades de Vida Apostólica de Direito Pontifício – a “empregar uma particular diligência em proteger aqueles que são os mais vulneráveis entre as pessoas a eles confiadas”.

O Pontífice recorda que o Direito Canônico já prevê “a possibilidade da remoção do ofício eclesiástico por ‘causas graves’”. Com o Motu proprio – afirma o Papa, “quero precisar” que entre tais causas está incluída também “a negligência dos Bispos” relativas “aos casos de abusos sexuais contra menores e adultos vulneráveis”, como previsto pelo Motu proprio de São João Paulo II Sacramentorum Sanctitatis Tutela, atualizado por Bento XVI.