sábado, 18 de junho de 2016

Santo Gregório João Barbarigo

 
Gregório João Barbarigo nasceu em Veneza em setembro de 1625 numa família rica da aristocracia italiana. Aos quatro anos de idade ficou órfão de mãe, sendo educado pelo pai que encaminhou os filhos no seguimento de Cristo. Aos dezoito anos de idade tornou-se secretário do embaixador de Veneza, cargo que possibilitou-o conhecer Fábio Chigi, o núncio apostólico, que o orientou nos estudos e o encaminhou para o sacerdócio. Quando este núncio foi eleito Papa, com o nome de Alexandre VII, nomeou Gregório Barbarigo cônego de Pádua; em 1655, prelado da Casa Pontifícia e dois anos mais tarde foi consagrado Bispo de Bérgamo. Finalmente, em 1660, tornou-se cardeal. As atividades apostólicas de Gregório Barbarigo marcaram profundamente a sua época. Dotou o seminário de Pádua com professores notáveis, provenientes não só da Itália mas também de outros países da Europa. Fundou uma imprensa poliglota, uma das melhores que a Itália já teve, escolas populares e instituições para o ensino da religião. Num período de peste, fez o máximo na dedicação ao próximo. Cuidou para estender a assistência à saúde a mais de treze mil assistidos. Ele morreu em Pádua no dia 18 de junho de 1697. 

São Gregório Barbarigo, fundador de escolas e instituições de caridade, que tivestes a graça de nascer em uma família cristã e bem estruturada, nós vos louvamos por vossa vida de santidade e pedimos vossa intercessão: olhai por nossos estudantes e professores, pelos responsáveis por nossa nação e por todas as nações do mundo, para que se voltem a Deus e somente assim cumpram os Mandamentos, as Leis de Deus e assim esta terra se tornará um novo céu. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Papa: “Uma parte dos nossos matrimônios sacramentais são nulos porque não sabem o que é o sacramento”.


Individualismo, respeito à doutrina, crises do matrimônio. Foram estes os temas abordados em São João de Latrão pelo Papa Francisco ao responder de forma coloquial as perguntas de um sacerdotes e dois catequistas ao final do seu discurso inaugural no Congresso Diocesano de Roma dedicado à família.

O Bispo de Roma seguiu as ideias evocadas no discurso feito antes, deixando mais clara as suas indicações por meio de descrições de exemplos concretos. Como aqueles que testemunham o individualismo, uma ameaça para a família.

Recordou que quando era arcebispo de Buenos Aires, em uma diocese vizinha alguns párocos rejeitavam batizar as crianças de mães meninas. Fruto do individualismo, de acordo com o Papa, da mesma forma que aquele “amaldiçoado bem-estar” que é causa da “terrível” queda demográfica na Itália. “Mas isso começou com aquela cultura do bem-estar, de algumas décadas…”, comenta.

E volta a um problema abordado também recentemente, o de quem prefere ter animais a dar a vida a um filho: “Conheci muitas famílias que preferiam – mas, por favor, não me acusem os defensores dos animais, porque não quero ofender ninguém – preferiam ter dois ou três gatos, um cachorro, em vez de um filho. Porque fazer um filho não é fácil, e depois, levá-lo adiante… Mas, o que mais se torna um desafio com um filho é que se faz uma pessoa que se tornará livre. O cão, o gato, te darão um afeto, mas um afeto “programado”, até um certo ponto, não livre. Se se tem um, dois, três, quatro filhos, serão livres e irão pela vida com os riscos da vida. Este é o desafio que dá medo: a liberdade”.

Precisamente da liberdade – é a opinião do Papa Bergoglio – tem medo o individualismo. Pelo contrário, convidou a preferir uma pastoral em que não se tenha medo de arriscar. “A partir do momento em que você está lá e deve decidir, corre risco! Se errar, aí está o confessor, o bispo, mas corre o risco!”.

Individualismo que demonstrou rejeitar a família de um embaixador, que recentemente foi à Santa Sé para apresentar cartas credenciais ao Papa. Francisco fala que o diplomático, junto com a família, levou a empregada doméstica. “É um exemplo – disse – . Isso é dar lugar às pessoas”.

A este gesto está intimamente ligado o conceito de ternura, a linguagem que se usa com as crianças, feita de carícias e de voz doce. “É a estrada que percorreu Jesus – continua – . Jesus não considerou um privilégio ser Deus: abaixou-se. E falou com a nossa língua, e falou com os nossos gestos”.

Na segunda pergunta o Papa foi questionado sobre o risco de uma dupla moral nas paróquias: de um lado o “rigorismo” e do outro o “laxismo”. De acordo com Bergoglio “ambos não são verdade”. Ele explica que o “Evangelho escolhe outro caminho”, o de Jesus que fala com a samaritana ou com a adúltera. “Isso significa – afirma – buscar a verdade; e que a moral é um ato de amor, sempre: amor a Deus, amor ao próximo. É também um ato que deixa espaço à conversão do outro, não condena rápido, deixa espaço”.

O Santo Padre, em resposta à terceira questão, entra na questão da crise do matrimônio, chamando a atenção sobre a educação dos jovens.

Ele acredita que “uma parte dos nossos matrimônios sacramentais são nulos”, em quanto que os esposos prometem fidelidade por toda a vida, enquanto na verdade “não sabem o que dizem, porque têm uma outra cultura. Dizem-no, e têm a boa vontade, mas não têm a consciência”.

O parecer de Bergoglio é que “um dos problemas” seja “a preparação para o matrimônio”. Além disso – acrescenta – “a crise do matrimônio é porque não se sabe o que é o sacramento, a beleza do sacramento: não se sabe que é indissolúvel, não se sabe que é para toda a vida”.

O Papa, em seguida, passa um conselho para aqueles que já são casados que “não terminem o dia sem fazer as pazes porquês a guerra fria do dia seguinte é pior. É pior, sim, é pior”.

Por fim, o Papa destaca que é dever ter paciência na pastoral do matrimônio, bem como na pastoral das vocações. Convida a ouvir: “o apostolado da escuta, ouvir, acompanhar…”.

O desafio de ser cristão nas Arábias


É importante não generalizar conceitos ou preconceitos a respeito da presença do Islã, seja no Oriente Médio ou nos países do Extremo Oriente da Ásia.

Obviamente, as ações dos grupos radicais, no Iraque e Síria alimentam as notícias das redes da grande mídia internacional, dando a impressão de que o islamismo é igual em todos os lugares.

Expatriados de muitos países que trabalham e moram nos Emirados Árabes Unidos, Omã, Kuwait, Barhein, Qatar e Jordânia, respiram ares bastante diferentes.

Certamente a experiência de praticar religiões que não sejam o Islã é muito diferente, se fizermos comparações com países de tradição e cultura cristãs.

Nos Emirados Árabes Unidos, a presença islâmica é avassaladora. São 5.251 mesquitas espalhadas sobre um território, relativamente pequeno, de 83.600 quilômetros quadrados.

Salas de oração, em centros e edifícios comerciais e parques, reforçam ainda mais a atmosfera islâmica do país. Em qualquer parte da cidade, é possível ouvir os chamados para a oração, cinco vezes por dia, emitidos pelos poderosos sistemas de amplificação.

De acordo com o Research Center's Religion & Public Life Project: United Arab Emirates de 2010 , dos quase 10 milhões de habitantes, 77% são islâmicos, 10% católicos, 4% hinduístas, 2% budistas e 7% outras religiões ou nenhuma.

Uma das preocupações comuns de quem vem morar por esses lados, e não é muçulmano, refere-se à prática de sua religião.

"Será que é proibido seguir outra religião?". "Será que existem igrejas cristãs?". "Como será a vida de um cristão em um país muçulmano?". Estas são as perguntas mais frequentes.

Os governantes dos Emirados Árabes Unidos e a mídia, sempre que uma ocasião se apresenta, manifestam seu orgulho de serem considerados um país aberto e tolerante com as outras religiões.

 As igrejas cristãs e templos no país são construídos em terras generosamente doadas pelos governantes de cada Emirado.

Atualmente, em todo o país, são 8 os locais destinados às igrejas e templos. Todas as atividades relacionadas com o culto e doutrinação devem ser realizadas, nas dependências das instituições religiosas.

As igrejas não têm permissão para exibir cruzes ou colocar sinos acima do teto. As construções devem ser baixas sem a opulência das igrejas cristãs de outros países.

CNBB divulga nota sobre projetos em tramitação no Congresso: PEC 215/2000, PEC 171/1993 e o Projeto de Lei 3722/2012





NOTA DA CNBB SOBRE PROJETOS EM TRAMITAÇÃO NO CONGRESSO
“Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca
 (Am 5,24)

Reunido em Brasília-DF, nos dias 14 a 16 de junho de 2016, o CONSELHO PERMANENTE DA CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DE BRASIL - CNBB dirige-se à população brasileira e, em especial, aos atuais responsáveis pelo destino do país, para manifestar, mais uma vez, sua apreensão em relação à grave instabilidade institucional pela qual passa o Brasil. Esta situação exige dos três poderes da República o cuidado corresponsável para preservar os fundamentos de nossa Democracia e para propor ações que assegurem e ampliem os direitos sociais já conquistados, sob pena de sacrificar ainda mais os pobres e excluídos.

A vida socioeconômica e política brasileira passa por turbulências que não devem ser usadas para desviar nossa atenção de vários projetos de lei que, em avançada tramitação no Congresso Nacional, ameaçam conquistas e direitos de populações mais vulneráveis do país. Dentre eles, citamos três sobre os quais já nos pronunciamos em outras ocasiões, no cumprimento de nossa missão humanista e evangelizadora.

A Proposta de Emenda Constitucional 215 (PEC 215/2000), que transfere do Executivo para o Congresso Nacional a demarcação de terras indígenas, é um golpe mortal aos direitos dos povos indígenas, atingindo também comunidades quilombolas. A sede de lucro do agronegócio e os grandes projetos não podem se sobrepor ao direito originário dos indígenas, reconhecido pela Constituição Federal. O compromisso dos parlamentares, juntamente com o Executivo e o Judiciário, é envidar esforços para colocar fim aos conflitos e à violência que têm ceifado inúmeras vidas. “A violência usada para acumular dinheiro que mina sangue não nos torna poderosos nem imortais. Para todos, mais cedo ou mais tarde, vem o juízo de Deus, do qual ninguém pode escapar” (Papa Francisco, Misericordiae Vultus, 19). 

Televisión Española (TVE) se desculpa por imagem polêmica de cartunista brasileiro


A rede ‘Televisión Española’ (TVE) pediu desculpas por usar uma imagem com uma cruz em forma de fuzil, para ilustrar uma reportagem sobre o massacre em uma boate gay em Orlando (Estados Unidos). A charge em questão, que foi retirada das redes sociais, é de autoria do brasileiro Carlos Henrique Latuff, para quem o canal televisivo não deveria ter se desculpado.

“Não há qualquer motivo para que a Televisión Española tenha de se desculpar por publicar em seu telejornal a caricatura que fiz para o Andes-SN em 2014 expondo a homofobia cristã no Brasil. Fico honrado com a deferência e agradeço”, escreveu o cartunista em seu Facebook.

Latuff produziu a charge na qual aparece o Congresso Nacional e, por trás do prédio, um homem vestido de terno, segurando um fuzil cuja ponta é uma cruz, apontado para outro homem usando camisa nas cores do arco-íris, o símbolo da comunidade homossexual.

A charge foi publicada originalmente em fevereiro de 2014, sob o título “A bancada evangélica e a homofobia”, pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), em uma clara acusação de que a bancada evangélica e os políticos cristãos adotavam medidas homofóbicas no Congresso. O cartunista, então, apresenta a cruz como se fosse um instrumento de violência, como em outras charges publicadas por ele.

Ao utilizar a charge de Latuff em seu telejornal, a rede de televisão espanhola acrescentou a legenda “mais amor, menos ódio”. A imagem foi apresentada no encerramento do programa junto a várias outras alusivas ao atentado em Orlando, inclusive cenas da madrugada de domingo, quando Omar Siddiqui Mateen, de descendência afegã, entrou na boate Pulse, em Orlando, e matou 49 pessoas, deixando cerca de 50 feridos. O grupo terrorista Estado Islâmico reivindicou o massacre.

Nós que somos filhos de Deus, conservemo-nos na paz de Deus


O Senhor acrescenta uma condição, que é ao mesmo tempo um mandamento e uma promessa: devemos pedir o perdão dos nossos pecados na medida em que perdoamos a quem nos ofendeu, conscientes de que é impossível alcançar o perdão para as nossas culpas, se não o concedemos àqueles que nos tenham ofendido. Por isso diz também noutro lugar: Com a medida com que medirdes vos será medido. Aquele servo a quem o seu senhor tinha perdoado toda a dívida, foi apesar disso metido no cárcere porque não quis perdoar ao seu companheiro. Por recusar indulgência ao seu companheiro, perdeu a indulgência que tinha obtido do seu senhor.

Cristo volta ainda a insistir nisto mesmo, com maior força e energia, quando nos manda severamente: Quando estiverdes em oração, perdoai se tiverdes alguma coisa contra alguém, para que o vosso Pai que está no Céu vos perdoe os vossos pecados. Se porém, não perdoardes, também o vosso Pai que está no Céu vos não perdoará os vossos pecados. Nenhuma desculpa terás no dia de juízo, porque serás julgado segundo a tua própria sentença e serás tratado segundo o teu modo de proceder.

Deus quer que sejamos homens de paz e concórdia, unânimes em sua casa, e que perseveremos na nossa condição de renascidos para uma vida nova: se somos filhos de Deus, conservemo-nos na paz de Deus, e se temos um só Espírito, tenhamos também um só coração e uma só alma.

Por isso Deus não aceita o sacrifício do que vive em discórdia e manda-o retirar-se do altar para ir primeiro reconciliar-se com seu irmão, porque só as orações de um coração pacífico poderão obter a reconciliação com Deus. O sacrifício mais agradável a Deus é a nossa paz e a concórdia fraterna e um povo cuja união seja um reflexo da unidade que existe entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Também naqueles primeiros sacrifícios que ofereceram Abel e Caim, Deus não olhava para as suas ofertas, mas para os seus corações; por isso aceitou a oferta daquele que a apresentava de coração sincero. Abel, pacífico e justo, oferecendo a Deus um sacrifício irrepreensível, ensina os homens que, ao aproximarem-se do altar para apresentar a sua oferta, devem fazê-lo com temor de Deus, com simplicidade de coração, com a lei da justiça, com a paz da concórdia. Com razão Abel, depois de ter apresentado a Deus um sacrifício perfeito, converteu-se ele próprio em sacrifício a Deus. Deste modo, como primeiro mártir, iniciou com a glória do seu sangue a paixão do Senhor, porque manifestou a justiça e a paz do Senhor. Aqueles que o imitam serão coroados pelo Senhor e no dia do juízo serão glorificados com o Senhor.

Ao contrário, o que vive na dissensão e discórdia e não tem paz com seus irmãos, segundo o testemunho do bem-aventurado Apóstolo e da Sagrada Escritura, não escapará à acusação de ser fautor da discórdia, ainda que sofra a morte pelo nome de Cristo, como está escrito: O que odeia o seu irmão é homicida; e o homicida não poderá entrar no reino dos Céus nem viver com Deus. Não poderá viver com Cristo aquele que preferiu ser imitador de Judas a ser imitador de Cristo.


Do Tratado de São Cipriano, bispo e mártir, sobre a Oração Dominical (Nn. 23-24: CSEL 3, 284-285) (Sec. III)

A tentação diabólica


O Diabo e seus demônios agem de modos diferentes e, por isso, podem ser combatidos também de muitas maneiras. O ponto de partida, porém, é sempre o mesmo: a tentação.

Apesar de haver hoje no mundo uma grande curiosidade acerca da possessão e dos exorcismos, a verdade é que a tentação é muito mais perigosa e importante do que a possessão, pois esta é uma ação extraordinária do diabo, enquanto que aquela é uma ação ordinária, do dia a dia. Santo Tomás, na Suma Teológica, na I seção, questão 114, artigo 2, afirma que o Diabo "sempre tenta para prejudicar, impelindo ao pecado." Ou seja, é próprio de Satanás tentar o homem, é o seu ofício, a sua função.

Assim, a ação demoníaca mais comum na vida do homem é justamente a tentação. Trata-se de um engano, de uma artimanha, crer que o Demônio age somente quando se "apodera" de alguém. Concentrar-se nesse aspecto é prestar um desserviço a si mesmo, pois leva à distração que, por sua vez, conduz ao pecado e à perdição.

O combate espiritual existe e é diário. Não se trata, como muitos imaginam, de algo esporádico, pelo contrário, é uma luta cotidiana e quanto mais cedo se compreender isso, melhor. Santo Tomás deixa clara a importância dessa informação no artigo 1, recordando dois versículos da Carta de São Paulo aos Efésios:

Revesti-vos da armadura de Deus para que possais resistir às insídias do diabo. A nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra os Principados, as Potestades, contra os dominadores desse mundo tenebroso, contra os espíritos malignos espalhados nos ares. (6, 11-12)

O Padre Antonio Royo Marin, em sua obra "Teologia de la Perfeccion Cristiana", explica que nem todas as tentações provém do diabo. Ele cita a carta de São Tiago 1, 14: "Cada um é tentado por suas próprias concupiscências que o atraem e seduzem." A Igreja ensina que o homem tem três inimigos: a carne, o mundo e o Diabo.

Ao falar sobre o dom da perseverança, o Concílio de Trento, já recordava essa grande verdade ao dizer que "sabendo que foram regenerados na esperança da glória, devem temer pela batalha que ainda resta contra a carne, contra o mundo, contra o diabo, da qual não podem sair vencedores, se não obedecerem, com a graça de Deus, às palavras do Apóstolo…" (DH 1541)

A palavra "carne" (em latim caro, em hebraico básar, em grego σαρξ, sarx), que designa o primeiro inimigo do homem, é usada na Bíblia em vários sentidos. Nesse especificamente, quer dizer a desordem interna que cada ser humano possui por causa do pecado original e que o leva ao pecado. É a tendência para a transgressão que habita cada ser humano. Ela se inicia com o pecado original e se aprofunda com os pecados pessoais, por isso é que não se pode dizer que toda tentação é obra do demônio. Santo Tomás fala a respeito no artigo 3, da mesma questão:

Diz-se que alguma coisa é diretamente causa de algo quando age diretamente para produzir o efeito. Desse modo, o diabo não não é causa de todo pecado. Com efeito, nem todos os pecados são cometidos por incitação do demônio, mas alguns pela liberdade de nosso arbítrio e pela corrupção da carne. Como diz Orígenes, "mesmo se o demônio não existisse, os homens teriam desejo dos alimentos, dos prazeres sexuais e de outras coisas parecidas." A respeito dessas coisas acontece muita desordem, a não ser que a razão refreie tais desejos, especialmente se se levar em conta a corrupção da natureza. Ora, refrear e ordenar esses desejos depende do livre-arbítrio. Não é pois necessário que todos os pecados provenham da instigação do demônio. Se todavia alguns provém da instigação dele, para cometê-los os ‘homens são enganados agora pela sedução como o foram nossos primeiros pais’, como diz Isidoro.

Santo Ranieri (Rainério) de Pisa

 
Ranieri nasceu em Pisa no ano 1118. Era filho único de uma família tradicional de nobres mercadores riquíssimos. A sua educação foi confiada ao Bispo para que recebesse boa formação religiosa e para os negócios. Porém, Ranieri, mostrando forte inclinação artística, preferiu estudar lira e canto. E para desgosto dos pais, ele se entregou à vida fútil e desregrada, apreciando as festas da côrte onde se apresentava. Com isto, tornou-se uma figura popular e conhecida na cidade de Pisa. Aos dezenove anos de idade, impressionado com a vida miserável dos pobres da cidade e percebendo a inutilidade de sua vida, decidiu mudar. O eremita Alberto da Córsega o estimulou a voltar-se para a vida de valores cristãos e a serviço de Deus. Foi assim que Ranieri ingressou no Mosteiro de São Vito em Pisa, como irmão leigo. Depois de viver até os vinte e três anos de idade recolhido como solitário, doou toda sua fortuna aos pobres e necessitados e partiu em peregrinação à Terra Santa. Ali permaneceu por catorze anos. Vestido com roupas pobres, vivendo só de esmolas, Ranieri lia segredos nos corações, expulsava demônios, relizava curas e conversões. Já com fama de santidade, em 1154, retornou à Pisa e ao Mosteiro de São Vito, sempre como irmão leigo. Em pouco tempo, se tornou o apóstolo e diretor espiritual dos monges e dos habitantes da cidade. Segundo os registros da Igreja, os seus prodígios ocorriam através do pão e da água benzidos, os quais distribuía a todos os aflitos que o solicitavam, o que lhe valeu o apelido de "Ranieri d'água". Ranieri morreu no dia 17 de junho de 1161 e foi proclamado padroeiro dos viajantes e da cidade de Pisa.

São Ranieri de Pisa, vós que durante toda a vida realizastes curas e conversões e que ainda hoje atende às preces dos que vos procuram, peço vossa intercessão por todos aqueles a quem amamos, para que encontrem o caminho da cura, da conversão, da libertação. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.