A rede
‘Televisión Española’ (TVE) pediu desculpas por usar uma imagem com uma cruz em
forma de fuzil, para ilustrar uma reportagem sobre o massacre em uma boate gay
em Orlando (Estados Unidos). A charge em questão, que foi retirada das redes
sociais, é de autoria do brasileiro Carlos Henrique Latuff, para quem o canal
televisivo não deveria ter se desculpado.
“Não há qualquer
motivo para que a Televisión Española tenha de se desculpar por publicar em seu
telejornal a caricatura que fiz para o Andes-SN em 2014 expondo a homofobia
cristã no Brasil. Fico honrado com a deferência e agradeço”, escreveu o
cartunista em seu Facebook.
Latuff produziu
a charge na qual aparece o Congresso Nacional e, por trás do prédio, um homem
vestido de terno, segurando um fuzil cuja ponta é uma cruz, apontado para outro
homem usando camisa nas cores do arco-íris, o símbolo da comunidade
homossexual.
A charge foi
publicada originalmente em fevereiro de 2014, sob o título “A bancada
evangélica e a homofobia”, pelo Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), em uma clara acusação de que a
bancada evangélica e os políticos cristãos adotavam medidas homofóbicas no
Congresso. O cartunista, então, apresenta a cruz como se fosse um instrumento
de violência, como em outras charges publicadas por ele.
Ao utilizar a
charge de Latuff em seu telejornal, a rede de televisão espanhola acrescentou a
legenda “mais amor, menos ódio”. A imagem foi apresentada no encerramento do
programa junto a várias outras alusivas ao atentado em Orlando, inclusive cenas
da madrugada de domingo, quando Omar Siddiqui Mateen, de descendência afegã,
entrou na boate Pulse, em Orlando, e matou 49 pessoas, deixando cerca de 50
feridos. O grupo terrorista Estado Islâmico reivindicou o massacre.
A imagem
provocou polêmica nas redes sociais, o que motivou o pedido de desculpas da
rede de televisão espanhola.
“TVE pede
desculpa por alguma das ilustrações emitidas no fechamento do telejornal 2 do
domingo, tiradas das redes sociais”, expressou em um comunicado e assegurou que
tomará as “medidas necessárias” para que não se repitam casos “tão lamentáveis
como este”.
Sem se referir
ao autor da controversa imagem, a rede televisiva explicou que esta “não foi
elaborada” por eles e que é “radicalmente contrária à sua política editorial,
baseada no respeito aos sentimentos religiosos e a defesa dos princípios
constitucionais”.
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ACI Digital
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