sexta-feira, 8 de julho de 2016

"Parem o ISIS, está aniquilando os cristãos", implora Arcebispo.


“Os cristãos estão desmoralizados de verdade” e estão sendo “aniquilados”, expressou o Patriarca da Antioquia dos sírios, Sua Beatitude Ignace Youssif III Younan, em uma entrevista na qual pediu cortar as vias de financiamento do grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS), e disse que são “os fanáticos que estão onde existe o islã radical e político”.

Em declarações difundidas no dia 6 de julho pela Rádio Vaticana, o Prelado se referiu à crise e à guerra na Síria, que já completou cinco anos. Recordou que antes que começasse a violência, havia “um certo nível de segurança para todos e era possível andar por qualquer local a qualquer hora, de dia e de noite; os cristãos faziam o possível por construir um país orientado à laicidade. Agora, os cristãos estão perdendo a confiança”, assinalou.

Por isso, indicou, “devemos fazer com que sintam a voz (dos cristãos sírios) no mundo a fim de que as potências compreendam que nós, portadores de uma civilização milenar, estamos a ponto de ser aniquilados e expulsos”.

Dom Younan assinalou que não é difícil descobrir as fontes de financiamento dos terroristas islâmicos. “A origem do financiamento é muito clara: provêm desses fanáticos que estão onde existe o islã radical e político. São eles que financiam os jihadistas”.

“Se verdadeiramente a comunidade internacional quer pôr um fim a tudo isto, deve exortar a estes países a acabar com o financiamento, a deixar de enviar jihadistas e ser seus cúmplices”.

“Vamos ao coração do problema: o problema não é político nem social. Os jihadistas sempre existirão: eles leem no Corão os versos violentos e como para eles estes versos são palavra de Deus, haverá sempre pessoas que pensem que Deus quer que se convertam em terroristas preparados para matar os infiéis”, indicou.

Nesse sentido, o patriarca sírio questionou o tipo de educação que estas pessoas ensinam às crianças e aos jovens. “Não é uma questão política, nem econômica: é uma questão religiosa. Estas pessoas querem impor sua religião, porque interpretam seu livro ao pé da letra – textualmente –, e sem um trabalho de exegese, que é tão necessário”.

Felizes de nós se cumprirmos os mandamentos do Senhor na concórdia da caridade




Vede, irmãos caríssimos, como é grande e admirável a caridade e como é inefável a sua perfeição. Quem é capaz de viver na caridade, senão aqueles que Deus tornou dignos? Oremos e supliquemos-Lhe que pela sua misericórdia nos permita viver na caridade, irrepreensíveis e livres de toda a discórdia humana. Desde Adão até ao dia de hoje, todas as gerações passaram; mas aqueles que, pela graça de Deus, foram perfeitos na caridade, têm a sua morada entre os santos e manifestar-se-ão na vinda gloriosa do reino de Cristo. Assim está escrito: Entrai por um momento nas vossas moradas até que passe a minha ira e o meu furor; e recordar-Me-ei do dia favorável e vos farei ressurgir dos vossos sepulcros.

Felizes de nós, irmãos caríssimos, se cumprirmos os mandamentos do Senhor na concórdia da caridade, porque pela caridade nos são perdoados os nossos pecados. Assim está escrito: Feliz daquele a quem foi perdoada a culpa e absolvido o pecado. Feliz o homem a quem o Senhor não acusa de iniquidade e em cuja boca não há mentira. Esta felicidade foi concedida àqueles que Deus escolheu por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém.

Peçamos perdão de todo o mal que praticámos, seduzidos pelas insídias do Adversário; e aqueles que foram os chefes da sedição e da discórdia devem considerar bem o que nos é comum na esperança. Com efeito, os que vivem no temor de Deus e na caridade preferem sofrer eles mesmos para que não sofram os outros; e preferem suportar a humilhação, para que não seja desacreditada aquela harmonia e concórdia que justa e honrosamente nos vem da tradição. É melhor para o homem confessar os seus pecados do que endurecer o seu coração.

Havendo, portanto, alguém entre vós que seja generoso, misericordioso e cheio de caridade, esse diga: «Se por minha causa surgiu a sedição, a discórdia e o cisma, então afasto-me, vou para onde quiserdes e faço o que a comunidade me ordenar, contanto que o rebanho de Cristo viva em paz com os presbíteros legitimamente constituídos». Quem proceder assim atrairá sobre si uma grande glória em Cristo e será bem recebido em toda a parte, porque do Senhor é a terra e tudo o que nela existe. Assim procedem e procederão os que vivem a vida divina, e disso nunca terão de se arrepender.


Da Epístola de São Clemente I, papa, aos Coríntios
(Nn. 50, 1 – 51, 3; 55, 1-4; Funk 1, 125-127.129) (Sec. I)

A insanidade da cruz ou católicos pagãos




"Não foi para batizar que Cristo me enviou, mas para anunciar o evangelho, sem recorrer à sabedoria da linguagem, a fim de que não se torne inútil a cruz de Cristo. Com efeito, a linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem, mas para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus" (1Cor 1,17-18).

Muitos católicos tiveram o primeiro impacto da sua conversão num desses encontros de fim de semana tão comuns em nossas Paróquias. Ali a Palavra veio forte, a experiência sensitiva acompanhada de emoção abria a mente para encontrar Deus de maneira mais próxima do que nas missas, por exemplo. Muitos desses neoconvertidos nos movimentos e nos encontros não tinham o hábito de frequentar a santa Missa ou de ter vida de oração diária. A partir deste momento primeiro - que poderíamos comparar com o encontro de Moisés com a sarça ardente no deserto - muitos começam uma vida católica mais amiúdo: muitos pedem os sacramentos da fé, participam mais ativamente da vida da Igreja, se integram em pastorais e serviços, passam a comungar com frequência, etc.

Depois que passa-se este primeiro momento de euforia e certa consciência do ser cristão, do pecado, das obrigações cristãs, etc, a pessoa que teve um grande choque de conversão dá-se conta de sua humana fragilidade e é aí que a vida católica se choca com suas opções e sua mentalidade ainda mundana, pagã e, então, perde força aquela primeira conversão. Imaginemos hipoteticamente uma pessoa que teve uma vida devassa na bebedeira, na pornografia, na jogatina e na sexualidade desregrada - o que não é muito incomum. Logo esta pessoa se deparará com o mandamento "não pecar contra a castidade", por exemplo, se deparará com uma moça que quererá viver o namoro casto, terá amigos que não bebem, entre outras coisas, pois estará fazendo parte de outro círculo de relações. O que fazer diante deste quadro? Em geral, a pessoa pensa poder viver uma vida agradando a Deus, mas, vivendo os hábitos pagãos e mundanos antigos: quer continuar tendo vida sexual ativa e degenerando-se em vícios de todo tipo. A experiência a seguir é começar a mitigar a exigência de mudança de vida e conversão legitimando os próprios erros com as seguintes frases: "não é bem assim que devem ser feitas as coisas"; "não se pode ser duro demais na exigência"; "tem que dar um tempo para cada um se converter de verdade sem forçar a barra"; "Deus é bom e conhece os nossos limites, por isso não nos condenaria". Em geral este discurso carregado de ambiguidades sobre Deus e sobre o homem, quer mitigar as exigências de um caminho de conversão verdadeiro e sincero.

Beato Papa Eugênio III




O Papa Eugênio III, nasceu em Montemagno, numa família cristã, rica e da nobreza italiana. Foi batizado com o nome de Bernardo Paganelli, estudou e recebeu a ordenação sacerdotal na diocese de Pisa.

Possuía um temperamento reservado, era inteligente, muito ponderado e calmo. Em 1130 ele teve um encontro com religioso Bernardo Claraval, fundador da Ordem dos monges cisterciense. Cinco anos depois ingressou no mosteiro dirigido pelo amigo e vestiu o hábito cisterciense.

Tornou-se conhecido e foi escolhido para abrir um mosteiro. Foi consagrado o abade pelo Papa Inocêncio II. Quando este Papa morreu, o abade Bernardo foi eleito Papa. Ele assumiu o pontificado com o nome de Papa Eugênio III.

Ele era o homem adequado para enfrentar a difícil e delicada situação que persistia na época. Roma estava agitada e às voltas com graves transtornos políticos. Muitas casas de bispos e cardeais já tinham sido saqueadas. Por isto, os cardeais resolveram escolher o abade Bernardo, justamente porque ele estava fora do colégio cardinalício, portanto isento das pressões políticas.

Mas mesmo assim teve de fugir de Roma à noite, horas após sua eleição. Apoiado pelo povo, o Papa Eugênio III retornou para Roma assumiu o controle da cidade, impondo a paz. Infelizmente, durou pouco. Mas em 1146 teve que fugir novamente e exilou-se na França por três anos.

Só retornou a Roma depois de receber ajuda do imperador alemão Frederico Barba-Roxa. Morreu no dia 08 de julho de 1153, depois de governar a Igreja por oito anos e cinco meses, num período complicado e violento da História. O Papa Eugênio III foi beatificado em 1872. 


Deus eterno e todo-poderoso, quiseste que Beato Eugênio III governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Prefeito da Liturgia do Vaticano pede neste Advento que todos sacerdotes e bispos celebrem a missa “ad orientem” e fiéis ajoelhem-se para a Comunhão.

 Queridos padres, devemos ouvir novamente o lamento de Deus proclamado pelo profeta Jeremias: “eles voltaram suas costas para mim” (2,27). Voltemo-nos novamente para o Senhor!

Falando em uma conferência sobre a liturgia em Londres ontem (dia 4 de julho de 2016), o Cardeal Robert Sarah, a mais alta autoridade sobre o assunto na Igreja Católica sob o Papa Francisco, pediu a todos os bispos e sacerdotes para que adotem a antiga postura na Missa, onde o sacerdote se volta para o tabernáculo, juntamente com a congregação, em vez de permanecer de frente para o povo. Ele pediu que a postura seja adotada para o Advento deste ano, que começa em 27 de novembro. Durante o mesmo discurso, Cardeal Sarah encorajou todos os católicos para que recebam a Comunhão de joelhos. Durante sua conferência, o prefeito da liturgia do Vaticano revelou que o Papa Francisco lhe pediu para “continuar o trabalho litúrgico iniciado pelo Papa Bento.”

O anúncio foi imediatamente reconhecido pelo vice-editor Dan Hitchens do Catholic Herald como “o maior anúncio litúrgico desde o motu proprio Summorum Pontificum de Bento XVI em 2007, dando maior liberdade para os sacerdotes para celebrar a Missa Tradicional em latim.”

Observadores do Vaticano estão particularmente chocados de que o Papa Francisco, considerado por muitos como um liberal, tenha incentivado uma abordagem mais litúrgica tradicional. No entanto, o cardeal Sarah disse: “Nosso Santo Padre Francisco tem o maior respeito pela visão litúrgica e medidas do Papa Bento”.

O bispo francês Dominique Rey, presente na conferência, assumiu o pedido do Cardeal Sarah sem hesitação, prometendo, pelo menos, começar a implementar a mudança em sua diocese para o Advento. Rey, Bispo de Fréjus-Toulon, dirigiu-se ao Cardeal Sarah na conferência, dizendo: “Em resposta ao seu apelo gostaria de anunciar, agora, que, certamente, no último domingo do Advento deste ano em minha celebração da Santa Eucaristia na minha catedral, e em outras ocasiões, conforme apropriado, deverei celebrar ‘ad orientem’ — voltado para o Senhor que vem”. Dom Rey acrescentou: “Antes do advento eu enviarei uma carta aos meus sacerdotes e fiéis sobre esta questão para explicar a minha ação. Devo incentivá-los a seguir o meu exemplo.”

Cardeal Sarah usou o seu patrimônio africano para conduzir as coisas ao ponto certo. “Eu sou um africano”, disse ele. “Deixe-me dizer claramente: a liturgia não é o lugar para promover a minha cultura. Pelo contrário, é o lugar onde minha cultura é batizada, onde minha cultura é levada para o divino.”

Sarah sugeriu que os Padres do Concílio Vaticano II pretenderam trazer mais fiéis para a missa, no entanto, a maior parte do esforço falhou. “Meus irmãos e irmãs, onde estão os fiéis dos quais os Padres do Concílio falaram?”, Perguntou.

O cardeal continuou:

Muitos dos fiéis são agora infiéis: eles não participam todos na liturgia. Para usar as palavras de S. João Paulo II: muitos cristãos estão vivendo em um estado de “apostasia silenciosa” e eles “vivem como se Deus não existisse” (Exortação Apostólica Ecclesia in Europa, 28 de junho de 2003, 9). Onde está a unidade que o Concílio espera alcançar? Nós ainda não chegamos a ela. Fizemos um progresso real em chamar toda a humanidade para o seu lugar na Igreja? Eu não acho. E, contudo, já fizemos muitíssimo pela liturgia!

Rede de TV católica amplia alcance e chega a mais de 150 milhões de pessoas


Com transmissões no Brasil desde 1999, a rede de televisão católica Século 21 ampliou o seu alcance no dia 2 de julho e agora está presente 21 capitais e grandes centros urbanos, chegando a mais de 150 milhões de pessoas em todo o país. Para o fundador, Pe. Eduardo Dougherty, sj., trata-se de uma obra evangelizadora que pertence a Jesus.

“Agora ampliamos o alcance da Rede Século 21. Toda essa Obra de educação e evangelização, que é do Senhor Jesus, está a serviço da Igreja, da sociedade. Por meio da televisão, da revista Brasil Cristão, dos cursos da Educação a Distância e da internet, nós vamos levar conteúdo de valor duradouro para muitas outras famílias, porque o conteúdo é Rei!”, avalia o sacerdote.

Com transmissão via parabólica, canal aberto e operadoras de TV, a Século 21 está presente em mais de 1.000 municípios nas regiões Norte, Sul, Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste do Brasil – a maior parte com sinal digital (HDTV).

Vós sois o templo santo de Deus




Eu e o Pai viremos a ele e faremos nele a nossa morada. Abre a tua porta Àquele que vem, abre a tua alma, revela o interior do teu espírito, para que nele vejas afluir as riquezas da simplicidade, os tesouros da paz, a suavidade da graça. Dilata o teu coração, vai ao encontro do sol da luz eterna que ilumina todo o homem. Aquela luz verdadeira brilha para todos; mas se alguém fecha as suas janelas, priva-se a si mesmo da luz eterna. E assim não dás entrada a Cristo, se fechas a porta da tua alma. É certo que Ele tem poder para entrar; mas não quer introduzir-Se como um importuno, não quer forçar a vontade de ninguém.

Ele saiu do seio da Virgem como sol nascente, irradiando a sua luz por todo o orbe da terra, para iluminar a todos. Recebem esta luz os que desejam a claridade do esplendor eterno, aquela claridade que nenhuma noite pode alterar. A este sol que vemos cada dia sucedem as trevas da noite; mas o sol da justiça nunca se põe, porque à luz da sabedoria não sucede a maldade.

Feliz daquele a cuja porta Cristo chama. A nossa porta é a fé, que, se for robusta, fortifica toda a casa. Por esta porta entra Cristo. Por isso também a Igreja diz no Cântico dos Cânticos: A voz do meu amado bate à porta. Ouve como bate à porta e deseja entrar: Abre-me, minha irmã e minha amada, minha pomba perfeita; porque a minha cabeça está coberta de orvalho e os meus cabelos cheios de gotas da noite.

Considera qual é o tempo em que o Verbo de Deus bate mais intensamente à tua porta, quando a sua cabeça está coberta do orvalho da noite. Ele costuma visitar aqueles que se encontram em tribulação e em tentações, para que ninguém sucumba vencido pelas dificuldades. Por isso a sua cabeça cobre-se de orvalho ou de gotas, quando o seu corpo sofre. É então que devemos estar vigilantes, para que o Esposo quando vier não Se veja obrigado a afastar-Se. Porque, se estás a dormir e o teu coração não está vigilante, afasta-Se sem bater à porta; mas se o teu coração está vigilante, Ele chama e pede que se Lhe abra a porta.

Temos, por conseguinte, a porta da nossa alma e temos as portas a que se refere o salmo: Levantai, ó portas, os vossos umbrais; alteai-vos, pórticos antigos, e entrará o Rei da glória. Se queres levantar os umbrais da tua fé, entrará na tua morada o Rei da glória, trazendo consigo o triunfo da sua paixão. Também a justiça tem as suas portas; e também sobre elas está escrito o que o Senhor Jesus diz por meio do seu Profeta: Abri-Me as portas da justiça.

É a alma, portanto, que tem a sua porta, é a alma que tem as suas entradas. A esta porta vem Cristo chamar. Abre-Lhe, porque Ele quer entrar, Ele quer encontrar a Esposa vigilante.



Do Comentário de Santo Ambrósio, bispo, sobre o salmo 118
(Nn. 12. 13-14: CSEL 62, 258-259) (Sec. IV)

O diabo não está em todos os lugares, mas… não o desafiem!

 
É preciso confessar: exorcismo e possessão diabólica, no geral, despertam em nossa mentalidade uma reação entre fascínio e aberta descrença. Coisa de filme, pensamos. Mas a prática de exorcismo é regulada pela Igreja com o ritual De exorcismis et supplicationibus quibusdam, adotado em 1998 em substituição do anterior (que também pode continuar sendo usado). Suas bases são a Sagrada Escritura e a teologia. É um assunto delicado, que precisa ser tratado com prudência por sacerdotes preparados e equilibrados (“ornados de piedade, ciência, prudência e integridade de vida”), expressamente autorizados pelo seu bispo.

Aleteia conversou com o pe. César Truqui, mexicano, hoje exorcista na diocese de Chur, na Suíça. Ele foi a Roma como palestrante no XI Curso “Exorcismo e Oração de Libertação”, do Ateneu Pontifício Regina Apostolorum em parceria com o Grupo de Estudos e Informação Sócio-Religiosa de Bolonha e com a Associação Internacional de Exorcistas.

Confira a entrevista.

Aleteia: Que tipo de mal é enfrentado num exorcismo?

Pe. Truqui: Um mal personificado. Paulo VI falou da “fumaça de Satanás”. Não é a simples “privatio bonis”, privação de um bem, descrita pela filosofia, mas um mal eficaz, operante. Falamos da presença de um ente mau. O que é esse ente mau só a fé pode dizer, não a ciência. A fé nos fala da existência de seres espirituais: os bons são os anjos, os maus são os demônios.

O mal, entendido como uma entidade que se apossa fisicamente de alguém, é um pouco difícil para as pessoas aceitarem, não?

Pe. Truqui: Sim, é verdade, porque normalmente, na vida, não se tem esse tipo de experiência. Pelo ministério que eu exerço há tantos anos, tive a oportunidade de estar com essas pessoas e, para mim, é mais fácil acreditar que certos fenômenos existem.

Como o senhor começou?

Pe. Truqui: Foi coisa da Providência. Quando eu fui ordenado sacerdote, 12 anos atrás, participei de um curso com sacerdotes exorcistas como o pe. Bamonte e o pe. Amorth. É aconteceu que um senhor francês de 40 anos foi possuído por Satanás e precisava do exorcista, mas o pe. Bamonte não falava inglês nem francês. Então eles me pediram para ajudá-los no diálogo preliminar.

Quais são as sensações que o senhor experimenta diante da manifestação do mal?
Pe. Truqui: São sensações que mudam com o tempo. Nas primeiras sessões de exorcismo em que eu participei, a impressão mais forte foi a confirmação tangível de que o Evangelho que eu tinha lido e meditado era verdadeiro. No Evangelho, Jesus luta contra o diabo que se apresenta com diversos nomes: “meu nome é Legião, meu nome é Satanás”. No Antigo Testamento, no livro de Tobias, há um demônio chamado Asmodeu. Esses nomes eu já ouvi de demônios em várias sessões de exorcismo. No nível espiritual, tem sido uma experiência muito rica porque me permitiu experimentar na carne, através dos sentidos, a realidade de que Jesus falou.

E no nível tangível?

Pe. Truqui: No caso do homem francês, eu me lembro que, durante a manifestação do diabo, eu tinha a impressão de estar envolto pela soberba, como se fosse fumaça ou neblina. É difícil de explicar, mas a soberba parecia algo que podia ser tocado; ela enchia a sala. O exorcista perguntou o nome dele e ele respondeu: “Sou rex”. Não existe um demônio chamado “rex”, rei. O exorcista insistiu: “Diga o seu nome”. E ele finalmente respondeu: “Eu sou Satanás, o príncipe deste mundo”.

Por que se pergunta o nome?

Pe. Truqui: O ritual exige isso por um objetivo preciso. Dar o nome a uma coisa ou saber o nome significa ter poder sobre essa coisa. Deus deu a Adão o poder de dar nome às coisas. No momento em que o diabo revela o seu nome, ele mostra que está enfraquecido. Se não diz, ele ainda está forte.

Há sinais típicos da possessão?

Pe. Truqui: Os previstos pelo ritual. São quatro: a aversão ao sagrado, falar línguas desconhecidas ou mortas; ter uma força extraordinária que vai além da natureza da pessoa; e o conhecimento de coisas ocultas, escondidas.

As pessoas podem, elas mesmas, se colocar em condições de perigo?

Pe. Truqui: Sim. Aproximando-se de tudo o que tem a ver com magia, ocultismo, bruxaria, cartomancia. Se para nos tornarmos santos é preciso ir à missa, rezar, se confessar, se aproximar de Deus, do mesmo jeito as missas negras, os ritos satânicos, os filmes e músicas desse tipo têm o efeito de aproximar do diabo. Eu tive o caso de uma mulher que tinha começado a ler as cartas, como fazem muitos por brincadeira. Só que ela adivinhava realmente o passado e o presente das pessoas, e, em alguns casos, o futuro. E, naturalmente, ela fazia um grande sucesso. Em certo ponto, ela compreendeu de quem dependia o seu sucesso e parou, mas já era tarde demais: ela estava possuída.