A ameaça se realizou. Um padre foi degolado por
muçulmanos enquanto celebrava a missa. Isso não aconteceu no Iraque, na Nigéria
ou no Paquistão, mas numa pequena cidade da Normandia, sob o céu macio da nossa
França como diz a canção.
Alguns estão atônitos face ao horror e se perguntam: por que nós? Por que um padre? Por que um homem de 86 anos?
E eles não saem do atordoamento: o padre Hamel mantinha relações amigáveis com a comunidade muçulmana. A mesquita de Saint-Etienne du Rouvray foi construída num terreno oferecido pela paróquia da cidade, informou “Le Point”.
O medo é legítimo e atinge a todos nós, mas a surpresa é no fundo uma grave falta nossa.
Durante anos, nós, os cristãos ocidentais, vínhamos sendo avisados pelos nossos irmãos orientais que conhecem o furor islâmico há séculos.
Em 10 de agosto de 2014, o arcebispo de Mosul, Iraque, Mons. Amel Nona advertiu os europeus numa entrevista ao “Corriere della Sera”:
Policial diante da prefeitura de Saint-Etienne du Rouvray após o crime anunciado. D. Amel Nona: “vós vos tornareis vítimas do inimigo que recebestes em vossa casa”. |
“Nosso·sofrimento hoje constitui o prelúdio
daquele que os europeus ocidentais e cristãos vão sofrer no futuro próximo
(...) vós acolheis em vossos países um número crescente de muçulmanos.
(...) Vós deveis assumir posições fortes e corajosas (...) vossos valores não
são os valores deles (...) Se vós não percebeis em tempo, vós vos tornareis
vítimas do inimigo que recebestes em vossa casa”.
Mas, a Europa e o mundo cristão adormecido ficaram surdos às previsões do arcebispo Nona. Agora elas se tornaram realidade.
A agradável esplanada do restaurante, o belo passeio à beira-mar e agora uma pequena igreja provincial: já não há na França refúgio para se proteger do ódio dos islâmicos.
O arcebispo de Rouen apelou para a fraternidade e as mais altas autoridades do Estado invocaram a unidade nacional. Mas esses apelos humanistas não vão ajudar.
Os nossos algozes, escreve Burckhardt, querem nos apresentar sua própria interpretação da palavra “Islã”. E, em verdade, é uma versão única de arma na mão pingando nosso sangue. É claro que eles acham que em parte já ganharam.
O nosso hino nacional já não é cantado com vibração. A hierarquia eclesiástica descreve também como “vítimas” àqueles que vêm de assassinar brutalmente um de seus ministros, como diz o comunicado do arcebispo no site da diocese “Rouen Catholique”.
As sociedades doentes batem em aqueles que identificam a doença e receitam o remédio. Cantam as doçuras do “viver juntos”, mas falam com virulência sem precedentes contra os fabricantes de “ódio” e os semeadores de “divisão”, leia-se contra você e eu, que não aguentam mais tanta felonia.