quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Brotou uma flor da raiz de Jessé




À saudação angélica, com a qual todos os dias saudamos devotamente a Santíssima Virgem, costumamos acrescentar: e bendito é o fruto do vosso ventre. Nesta cláusula repetimos as palavras que Isabel pronunciou em resposta à saudação da Virgem, retomando o final da saudação angélica: Bendita sois Vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre. Este é o fruto de que fala Isaías: Naquele dia o gérmen do Senhor será ornamento e glória, e o fruto da terra será esplendor e alegria. Que fruto é este senão o Santo de Israel, que é ao mesmo tempo descendente de Abraão, gérmen do Senhor, flor da raiz de Jessé, fruto da vida em que participámos? É certamente bendito na sua ascendência e bendito na sua descendência, bendito na flor e no fruto, bendito na ação de graças e no louvor. Cristo, descendente de Abraão, nasceu de David segundo a carne. Só Ele, entre os homens, possui em plenitude todos os bens, porque Lhe foi dado o Espírito sem medida, a fim de que por Si só pudesse cumprir toda a justiça. Efetivamente a sua justiça é suficiente para todos os povos, segundo o que está escrito: Assim como a terra produz os gérmenes e o jardim faz germinar as sementes, assim o Senhor Deus fará germinar a justiça e o louvor diante de todos os povos. Este é o gérmen da justiça que foi enriquecido de bênçãos e adornado com a flor da glória. Mas de quanta glória? Da mais sublime que se pode pensar, ou antes, de uma glória que não se pode imaginar. Sobe uma flor da raiz de Jessé. Até onde? Até ao mais alto dos Céus, porque Jesus Cristo está na glória de Deus Pai. A sua magnificência eleva‑se acima dos Céus, para que o gérmen do Senhor se exalte no esplendor da glória e o fruto da terra se eleve à altura dos Céus. Mas que fruto podemos esperar deste fruto? Deste fruto bendito esperamos o fruto de bênção. É deste gérmen, deste rebento, desta flor que nos vem o fruto de bênção: primeiramente como gérmen, pela graça do seu perdão; depois como rebento, pelo aumento da justiça; finalmente como flor, pela esperança e pela posse da glória. É bendito por Deus e em Deus, para que Deus seja glorificado n’Ele; e é bendito também para nós, a fim de que, abençoados por Ele, sejamos n’Ele glorificados. Com efeito, pela promessa feita a Abraão, Deus abençoou n’Ele todos os povos.


Do Tratado de Balduíno de Cantuária, bispo, sobre a Saudação Angélica
(Tract. 7: PL 204, 477-478) (Sec. XII)

Guia prático de como ir para o inferno


O inferno é, em essência, a completa ausência de Deus. E não é Deus quem condena alguém ao inferno: é o próprio pecador que, livre e conscientemente, rejeita Deus em sua vida. Todo pecado mortal nos afasta de Deus, mas Deus está sempre pronto para nos perdoar até as mais abomináveis e terríveis ofensas. Basta que nos deixemos perdoar por Ele!

Pense nos maiores pecadores confessos de toda a história da humanidade. Pense nas piores abominações já cometidas por um ser humano em qualquer época ou lugar. Pense nos piores e mais hediondos pecados que a sua mente puder imaginar e esteja certo de que todos eles, absolutamente todos eles, podem ser perdoados por Deus – todos, menos um: o pecado contra o Espírito Santo.

Quem nos afirma isto é ninguém menos que Jesus Cristo:

“Por isso, eu vos digo: todo pecado e toda blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não lhes será perdoada” (Mateus 12, 31).

Se Jesus Cristo falou, então está falado: Deus é capaz de perdoar as maiores e piores abominações, mas não pode perdoar a blasfêmia contra o Espírito santo.

E, afinal, em que consiste esse pecado que nem mesmo Deus, em toda a sua misericórdia, pode perdoar?

Simples: consiste precisamente em não deixar que Deus perdoe!

Santa Helena




Flávia Júlia Helena nasceu em meados do século III na Ásia Menor. Era descendente de uma família pobre e se tornou uma bela jovem, inteligente e bondosa. Casou-se com Constantino, que seria imperador de Roma. Entretanto Constantino separou-se de Helena, deixando-a separada do filho por quatorze anos.

Com a morte do Pai, o filho de Helena, também chamado Constantino, mandou trazer sua mãe para a corte. Nesta época, Helena já era cristã e tratou de rezar pela conversão do filho.

Auxiliado pela sabedoria de Helena, o filho tornou-se o supremo Imperador de Roma, recebendo o nome de Constantino, o Grande. Para tanto, teve de vencer seu pior adversário, Maxêncio, na histórica batalha travada em 312 às portas de Roma. Inspirado pela oração de Helena e por um sonho, Constantino pintou cruzes nas bandeiras usadas na batalha e acabou alcançando a vitória.

Nesse mesmo dia, o imperador mandou cessar imediatamente toda e qualquer perseguição contra os cristãos, editou o famoso decreto de Milão de 313, onde concedeu liberdade de culto aos cristãos e deu à Helena o honroso título de "Augusta".

Helena passou a se dedicar na expansão da evangelização e crescimento do Cristianismo em todo os domínios romanos. Patrocinou a construção de igrejas católicas, de mosteiros e ajudou a organizar as obras de assistência aos pobres e doentes.

Apesar de idosa e cansada, foi em peregrinação para a Palestina visitar os lugares da Paixão de Cristo. Conta a tradição que Helena ajudou, em Jerusalém, o Bispo Macário a identificar a verdadeira Cruz de Jesus. Morreu no ano 330.  


Ó Deus, que concedestes a Santa Helena, mãe de Constantino, Imperador de Roma, a graça da piedade cristã e das resolutas atividades em prol da Verdade Histórica da fé, dai-me também ser sempre ativo e trabalhador pela causa do Evangelho. Santa Helena, rogai por nós.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Homilética: 21º Domingo do Tempo Comum - Ano C: "Estreita é a porta para entrar no Reino".



Um dos maiores desejos do ser humano é o da salvação. O que é salvação? Quando uma pessoa está se afogando, grita pedindo socorro: que alguém o salve! Quando estamos enfermos, desejamos ser salvados, curados dos nossos males. A salvação sempre vem ao encontro de quem está necessitado e só a pede quem se vê necessitado. Ainda que todos necessitem ser salvos, nem todos parecem percebê-lo. Esse é um dos grandes problemas da modernidade: quando se tem um bom salário, uma boa casa, o carro do ano, seguro médico, amigos com os quais divertir-se, etc. Que mais pode faltar? Salvação? De quê? De quem? Isso não acontece somente em ambientes ricos, também há muitos pobres que tendo um barraco e um pouco de comida para ir levando a vida, se contentam: salvação? De quê? Ganhar na loteria pareceria ser, nesse caso, a única salvação possível.


Há também misérias espirituais! Pobres e ricos terminam debaixo do chão ou numa caixinha destinada a guardar as suas cinzas; ambos podem pecar e contrair, também aumentar, os vícios; ricos e pobres podem ser – como de fato são – atacados pelo diabo. Essas misérias espirituais – morte, pecado, demônio – não ficam somente ao nível do espírito. No caso da morte está claro! Mas também em relação ao pecado e ao demônio: qualquer afinidade com essas realidades definha não só o nosso espírito, mas também o nosso corpo. O ser humano é uma unidade de alma e corpo inseparavelmente unida. Eu não posso ser atingido só no meu dedinho quando dou uma martelada errada no prego e acerto o polegar, a dor repercute em toda a minha pessoa, sou eu quem sofro essa dor, não só o meu dedo.


A salvação que Cristo oferece chega à pessoa em sua totalidade, mas começa pelo mais profundo. Ainda percebemos o poder do pecado, do demônio e da morte, não obstante, foi-nos dado o remédio para combatê-los sempre: a graça de Deus. A salvação total e definitiva acontecerá no céu. Nesses tempos, a salvação já realizada espera a consumação na Parusia, na segunda vinda de Cristo. Isso é assim porque se formos ao céu antes da Parusia, lá estaremos somente com a nossa alma, o qual indica que falta algo importantíssimo: o corpo. A consumação daquilo que já foi realizado, a nossa salvação, se dará nos novos céus e na nova terra.


Nesse contexto, entende-se perfeitamente a pergunta daquele incógnito: “Senhor, são poucos os homens que se salvam?” (Lc 13,23). Jesus dá duas respostas que se complementam: “Procurai entrar pela porta estreita” (Lc 13,24). Logo, parece que são poucos: a porta é estreita. “Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus” (Lc 13,29). Logo, parece são muitos: do norte e do sul, do leste e do oeste. Logicamente, o fato de a porta ser estreita, não significa que passem poucos; nem o fato de virem de todas as partes significa que sejam muitos. Enfim, trata-se de uma curiosidade que Jesus não deseja satisfazer no momento.


Mas do que perguntar se são muitos ou poucos, é muito mais importante perguntar: Senhor, serei salvo? E como Deus “deseja que todos os homens se salvem” (1 Tm 2,4), é muito melhor perguntar: Senhor, faço tudo o que está ao meu alcance para ser salvo? A pergunta não é egoísta. Conscientes de que temos que pedir ao Senhor que nos salve – o homem não se pode salvar a si mesmo, é impossível! – é preciso colaborar para que a salvação já realizada por Jesus na Páscoa por cada um de nós esteja cada vez mais presente e atuante nas nossas vidas. “Já é hora de despertardes do sono. A salvação está mais perto do que quando abraçamos a fé” (Rm 13,11). O mesmo apóstolo que diz que “o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus” (Rm 6,23), nos diz também: “trabalhai na vossa salvação com temor e tremor” (Fl 2,12). A salvação depende totalmente de Deus, é dom, e totalmente de nós, é tarefa. “Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti” (S. Agostinho).

Quem perseverar até ao fim será salvo




As angústias e tribulações que por vezes sofremos nesta vida servem‑nos ao mesmo tempo de advertência e correção. De fato, a Sagrada Escritura não nos promete paz, segurança e tranquilidade; o que nos anuncia o Evangelho são aflições, tribulações e provas; mas quem perseverar até ao fim será salvo. Que há de bom nesta vida, desde que o primeiro homem mereceu a morte e a maldição? Pois bem. Dessa maldição nos veio libertar Cristo Senhor. Portanto, não nos lamentemos nem murmuremos, irmãos. O Apóstolo adverte‑nos: Alguns deles murmuraram, e morreram às mãos do exterminador. Os mesmos sofrimentos que hoje suporta o gênero humano foram suportados pelos nossos pais; nisto não há diferença. Ou antes: podemos nós afirmar que sofremos tantos e tão grandes males como sofreram eles? E apesar disso, há muitos que se queixam do seu tempo, como se tivessem sido melhores os tempos dos antepassados. Porventura não murmuravam igualmente se pudessem voltar a viver os tempos dos seus antepassados? Sempre julgas melhor o tempo passado, simplesmente porque não é o teu. Se já estás liberto da maldição, se já acreditas no Filho de Deus, se já foste iniciado ou instruído nas Sagradas Escrituras, muito me surpreende que consideres melhor o tempo em que Adão viveu. Também os teus pais tiveram a herança de Adão, esse Adão a quem foi dito: Comerás o pão com o suor do teu rosto e trabalharás a terra de que foste formado; ela te produzirá espinhos e abrolhos. Eis o que ele conseguiu, o que ele recebeu, o que ele mereceu do justo juízo de Deus. Porque pensas então que os tempos passados foram melhores do que os teus? Desde o primeiro Adão até ao de hoje, só vemos trabalho e suor, espinhos e abrolhos. Terá caído sobre nós o dilúvio? Caíram sobre nós aqueles tempos difíceis de fome e de guerras, que nos foram descritos precisamente para que não nos queixemos do tempo presente contra Deus? Que tempos aqueles! Ao ouvir ou ler a história de tais fatos, não é verdade que todos nos horrorizamos? Portanto, devemos alegrar‑nos com o nosso tempo, em vez de nos queixarmos dele.



Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo
(Sermão Caillau‑Saint‑Ives 2, 92: PLS 2, 441-442) (Sec. V)

A Igreja católica usa o termo “Jeová” como nome de Deus?


Desde o século XIII, a palavra “Jeová” foi utilizada em diversos escritos e traduções católicas da Bíblia e chegou a adornar espaços em igrejas e catedrais.

A primeira referência escrita da palavra “Jeová” como o nome de Deus mencionado em Ex 3, 14-15 é o livro “Pugio Fidei Christianae”, do padre Raimundo Martí (c. 1220- c. 1284), escrito em latim e hebraico. O padre Martí foi um sacerdote dominicano catalão que teve notável influência na difusão do termo latino “Iehova” pelo mundo católico. Em português, o termo originado foi “Jeová”, enquanto em espanhol a palavra respectiva é “Jehová”.

Em alguns filmes mexicanos, é possível observar que, entre os católicos, era frequentemente usado o termo “Jehová” como o nome próprio de Deus:

·  Em “Los Tres Huastecos”, com Pedro Infante, numa cena em que se está dando catecismo às crianças (especialmente em 1:36:37).

·  Em “Jesús Nuestro Señor”, na cena que apresenta o Menino Jesus perdido e achado no templo.

·  Em “Los Tres Reyes Magos”, que foi o primeiro filme de animação da América Latina, se usa o termo “Jehová” quando o rei Herodes faz rimas sobre como atacar o Menino Jesus.

Em antigos catecismos e manuais de liturgia ou teologia também aparece o termo Jeová como o nome de Deus revelado no Antigo Testamento.

São Jacinto




Batizado com o nome de Jacó, ele nasceu em 1183, na antiga Kramien, hoje Cracóvia, na Polônia. Desde cedo aprendeu a bondade e a caridade, despertando assim sua vocação religiosa. Numa viagem para Roma conheceu Domingos de Gusmão e ingressou na Ordem dos Pregadores de São Domingos.

Depois de um breve noviciado ele tomou o nome de frei Jacinto. Na ocasião foi o próprio São Domingos que o enviou de volta à sua pátria. Assim iniciou sua missão de grande pregador. Jacinto fundou em Cracóvia um mosteiro da Ordem de São Domingos.

Jacinto foi um incansável pregador da Palavra de Cristo e um dos mais pródigos colaboradores do estabelecimento da igreja nas regiões tão distantes de Roma. Foram quarenta anos de intensa vida missionária.

No ano dia 15 de agosto 1257, ele morreu no mosteiro de Cravóvia, aos setenta e dois anos de idade.  


Concedei-nos, Senhor, a proteção para nossos dias, e dai-nos o fervor apostólico como o de Vosso servo, São Jacinto, introdutor da Ordem Dominicana na Polônia. Por Jesus, o Cristo de Deus, amém.