É recorrente, em períodos eleitorais, alguns candidatos apresentarem uma dicotomia entre o governante ruim que governa para as elites (especialmente no sentido econômico) e o governante bom, a alternativa ao mal, aquele que governaria para os trabalhadores.
Ora, na Câmara dos Vereadores é compreensível que haja vereadores que desejem representar mais especificamente um setor da sociedade. Geralmente, um enfermeiro irá se candidatar para lutar por melhorias em hospitais e postos de saúde; a professora, para batalhar por melhores condições de trabalho e estudo nas escolas etc.
Mas tal discurso não cabe em um candidato à prefeitura.
O prefeito, na qualidade de chefe do poder executivo municipal, deve ser o líder, aquele que governa (embora geralmente tenha sido votado pela maioria e não por unanimidade) em nome de todos os cidadãos do município. Deve ser, no âmbito local, aquele que equilibra os vários componentes da cidade, aquele que, embora represente um partido e sua bandeira, enquanto está à frente de seu gabinete é o prefeito de toda a cidade, devendo governar para todos.
Claro que um prefeito geralmente estará mais ligado a um grupo do que aos outros, mas deve ter sempre ciência (também deve tê-la o eleitor!) de que não é prefeito somente dos coligados ou dos que o elegeram, mas de todo o município, devendo, portanto, governar em proveito do Bem Comum e não ser um catalisador dos conflitos e divergências internas.