terça-feira, 25 de outubro de 2016

Na missa, quem deve dizer “Por Cristo, com Cristo…”: só o padre ou todo mundo?


A palavra “doxologia” é um neologismo que vem do grego “doxa” (glória, louvor) e “logos” “palavra”. Portanto, o termo “doxologia” significa “palavra de louvor”.

A frase ” Por Cristo, com Cristo, em Cristo, a vós, Deus Pai todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a glória, agora e para sempre” faz parte da doxologia final, que, por sua vez, é a última parte da Oração Eucarística.

Esta doxologia final da missa, na forma como a conhecemos, é utilizada aproximadamente desde o século VII, em toda a cristandade do Ocidente.

Estas palavras são próprias, única e exclusivamente, do padre (ou bispo) que celebra a missa, e dos sacerdotes concelebrantes. O povo participa dela dizendo “Amém” no final.

“A doxologia final, pela qual se expressa a glorificação de Deus, (…) é afirmada e concluída com a aclamação ‘Amém’ do povo” (IGMR, 78, h). Portanto, durante a doxologia, os fiéis guardam silêncio e só intervêm para unir-se a ela com um forte e contundente “Amém”.

Santo Antônio de Sant'Anna Galvão


O brasileiro Antonio de Sant'Anna Galvão, nasceu em 1739, em Guaratinguetá, São Paulo. Quando tinha treze anos, Antônio foi enviado para estudar com os jesuítas. Desse modo, na sua vida estava plantada a semente da vocação religiosa. Aos vinte e um anos, Antônio deixa os jesuítas e ingressa na Ordem Franciscana, no Rio de Janeiro. 

Em 1768 foi nomeado pregador e confessor do convento das Recolhidas de Santa Teresa. Entre suas penitentes encontrou a Irmã Helena Maria do Sacramento, que tinha visões sobre a fundação de um novo convento. Apesar das dificuldades, frei Galvão e Irmã Helena fundaram, em fevereiro de 1774, o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência. 

Entre dificuldades e perseguições, frei Galvão conseguiu manter e ampliar este convento, construindo inclusive uma igreja anexa ao prédio. Hoje o convento, em São Paulo, é patrimônio cultural da humanidade. Em 1811, a pedido do Bispo de São Paulo, fundou o Recolhimento de Santa Clara em Sorocaba. 

Com a saúde enfraquecida recebeu autorização especial para residir no Recolhimento da Providência. Durante sua última enfermidade, Frei Galvão foi morar num pequeno quarto, ajudado pelas religiosas que lhe prestavam algum alívio e conforto. Ele faleceu com fama de santidade aos 23 de dezembro de 1822. 

Frei Galvão foi chamado "Bandeirante de Cristo", porque tinha na alma a grandeza, o arrojo e fortaleza de um verdadeiro bandeirante. Renunciou a uma brilhante situação no mundo para servir a Jesus Cristo. Cheio do espírito de caridade, não media sacrifícios para aliviar os sofrimentos alheios. Foi considerado santo mesmo já antes de sua morte. 


Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu Vos adoro, louvo e Vos dou graças pelos benefícios que me fizestes. Peço-Vos, por tudo que fez e sofreu o Vosso servo Frei Antônio de Sant'Anna Galvão, que aumenteis em mim a fé, a esperança e a caridade, e Vos digneis conceder-me a graça que ardentemente almejo. Amém. 

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

STJ condena padre que impediu casal de fazer aborto


O padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, de Goiás, foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça a indenizar o casal Tatielle Gomes da Silva e José Ricardo Dias Lomeu por haver impedido, em 2005, a antecipação de parto de um feto com múltiplas deformações. (*)

Cruz é presidente do movimento Pró-Vida de Anápolis (GO).

Ele propôs habeas corpus e obteve liminar suspendendo procedimento médico no terceiro dia de interrupção da gravidez, apesar de Tatielle haver obtido autorização judicial para interromper a gestação de feto sem viabilidade de vida extrauterina.

Ele deverá indenizar o casal no valor de R$ 60 mil –corrigidos monetariamente e com a incidência de juros de mora a partir do dia que Tatielle deixou o hospital.

Ao julgar recurso especial interposto pelo casal, a relatora, ministra Nancy Andrighi, entendeu que Cruz violou a intimidade do casal e agiu temerariamente para “fazer prevalecer sua posição particular”. Segundo Andrighi, o padre “agrediu-lhes a honra” ao denominar de assassinato a atitude tomada pelo casal sob os auspícios do Estado.

Ainda no entendimento da relatora, “por incúria ou perfídia”, o padre impôs ao casal “estigma emocional que os acompanhará perenemente”.

Seu voto foi acompanhado por unanimidade. Da decisão, cabe apenas embargos de declaração [recursos para esclarecer dúvidas, omissões ou contradição, que não se prestam a invalidar ou reformar uma decisão].

Nos autos, o padre alegou que “as autorizações para abortamento ferem o direito básico à vida existente desde o momento primeiro da concepção” e que “agiu na mais estrita defesa da vida, da vida do pobre bebê, que estava em vias de ser assassinado”.

Sustentou ainda que “a decisão não foi de Luiz Carlos Lodi da Cruz, mas do Poder Judiciário”. Essa tese não foi acolhida por Andrighi.

“Qualquer tentativa de disrupção do nexo causal, sob a alegação de que o recorrido apenas provocou o Estado-Juiz, e foi, efetivamente este que determinou a interrupção da gestação, não merece guarida. A busca do Poder Judiciário por uma tutela de urgência traz, para aquele que a maneja, o ônus da responsabilidade pelos danos que porventura a concessão do pleito venha a produzir, mormente quando ocorre hipótese de abuso de direito”, decidiu a relatora. 

Homilética: 31º Domingo do Tempo Comum - Ano C: "A misericórdia de Deus e a gratidão do pecador".


Uma das expressões que o Evangelho de hoje utiliza parece-me de um grande valor significativo: Jesus estava “atravessando a cidade” de Jericó. Anos, decênios, séculos, milênios atrás, outro Jesus atravessou Jericó. Refiro-me a Josué. Sabe-se que a palavra Jesus é a transcrição grega da palavra Yeschowah, que significa “O Senhor (Javé) é o Salvador”. Os nomes de Jesus e de Josué são, portanto, o mesmo nome.

A narração da conquista de Jericó é grandiloquente. A arca do Senhor presidia aquela imponente procissão, sete sacerdotes tocavam as trombetas diante da arca e, diante dos sacerdotes, um exército em ordem de batalha. Durante seis dias, o Povo de Deus dava uma volta ao redor de Jericó; no sétimo dia, porém, sete voltas, toque de trombetas, gritos do povo e muralha ao chão. Jericó já estava derrotada! A Sagrada Escritura no diz que eles “tomaram a cidade e votaram-na ao interdito, passando a fio de espada tudo o que nela se encontrava, homens, mulheres, crianças, velhos e até mesmo os bois, as ovelhas e os jumentos” (Js 6,21). Barbaridade!

No Novo Testamento, o Novo Josué não tinha como objetivo destruir os muros de Jericó, o que Jesus queria era derrubar os muros do coração de Zaqueu que, por contraste, “era de baixa estatura” (Lc 19,3).

Uma multidão apinhava-se nas ruas por onde o Mestre passava e lá no meio da multidão encontrava-se um homem chefe dos publicanos e rico, bem conhecido em Jericó pelo seu cargo.

Os publicanos eram cobradores de impostos. O imposto era fixado pela autoridade romana e os publicanos cobravam uma sobretaxa, da qual viviam. Isto prestava-se a arbitrariedades, razão pela qual eram facilmente hostilizados pela população.

São Lucas diz que Zaqueu procurava ver Jesus para conhecê-Lo, mas não podia por causa da multidão, pois era muito baixo. Mas o seu desejo é eficaz! Para conseguir realizar o seu propósito, começa por misturar-se com a multidão e depois, sem pensar no ridículo da sua atitude, correndo adiante subiu a um sicômaro para ver Jesus, que devia passar por ali. Não se importa com o que as pessoas possam pensar ao verem um homem da sua posição começar a correr e depois subir numa árvore. É uma formidável lição para nós que, acima de tudo, queremos ver Jesus e permanecer com Ele.

Ademais, Zaqueu não pôs resistência ao chamado de Jesus. Zaqueu era uma dessas pessoas que podemos chamar “um homem de boa vontade”: ele queria ver a Jesus; rico como era, fez o esforço de subir a um sicômoro para ver a um profeta; quando Jesus o chamou, esse bom homem não só aceita com toda alegria que Jesus entre na sua casa, mas é tão generoso que ao descobrir o tesouro da amizade de Jesus, relativiza totalmente aquilo que ele tanto desejou e conquistou durante a sua vida, dinheiro. Jesus votou o coração de Zaqueu ao interdito, passando a fio de espada os vícios que nele se encontrava.

Qualquer esforço que façamos por aproximar-nos de Cristo é amplamente recompensado. Disse Jesus: “Zaqueu desce depressa! Hoje Eu devo ficar na tua casa” (Lc 19, 5). Que alegria imensa! Zaqueu, que já se dava por satisfeito de vê-Lo do alto de uma árvore, ouve Jesus chamá-lo pelo nome, como a um velho amigo, e, e com a mesma confiança, fazer-se convidar para sua casa.

Zaqueu está agora com o Mestre, e com Ele tem tudo. Mostra com atos a sinceridade da sua nova vida; converte-se em mais um discípulo do Mestre.

O encontro com Cristo leva-nos a ser generosos com os outros, a compartilhar imediatamente com quem está mais necessitado o muito ou o pouco que temos.

“Hoje entrou a salvação nesta casa” (Lc 19, 9). É um convite à esperança: se alguma vez o Senhor permite que passemos por dificuldades, se nos sentimos às escuras e perdidos, temos de saber que Jesus, o Bom Pastor, sairá imediatamente em nossa busca. A figura de Zaqueu deve ajudar-nos a nunca dar ninguém por perdido ou irrecuperável.

Não duvidemos nunca do Senhor, da sua bondade e do seu amor pelos homens, por muito extremas ou difíceis que sejam as situações em que nos encontremos ou em que se encontrem as pessoas que queremos levar até Jesus. A sua misericórdia é sempre maior do que os nossos pobres raciocínios. Somente quem está insertado na vida de Deus pode entender o que pode vir a ser a vida dos homens.

Não queiramos fugir da vontade de Deus


Sede vigilantes, irmãos caríssimos, para que os inumeráveis benefícios de Deus não se transformem em condenação para todos nós, se não vivermos de maneira digna d’Ele, isto é, se não realizarmos em mútua concórdia o que é bom e agradável a seus olhos. Ele diz, com efeito, em certo lugar: O Espírito do Senhor é como uma lâmpada que perscruta os mais íntimos segredos do coração.

Consideremos como está perto de nós e recordemos que não Lhe são ocultos os nossos pensamentos e deliberações interiores. É necessário, portanto, que não abandonemos o nosso posto contra a sua vontade. Mais vale desagradar aos homens néscios e insensatos, orgulhosos e presumidos na arrogância das suas palavras, do que ofender a Deus.

Veneremos o Senhor Jesus que derramou por nós o seu Sangue, respeitemos os nossos chefes, honremos os anciãos, formemos os jovens na ciência do temor de Deus, orientemos as esposas no verdadeiro caminho do bem. Sejam dignas de todo o louvor pelo encanto da castidade, dêem provas da sua bondade sincera, manifestem no silêncio a discrição da sua língua; exercitem a caridade sem acepção de pessoas, mas imparcial e santamente, para com todos os que temem a Deus.

Sejam os vossos filhos educados na doutrina de Cristo; aprendam o grande valor que tem diante de Deus a humildade, como é apreciável a seus olhos o amor casto, como é bom e eficaz o temor de Deus que salva todos os que o guardam santamente num coração puro. Porque Deus perscruta os nossos pensamentos e as nossas intenções; o seu Espírito está em nós, mas pode privar-nos d’Ele quando quiser.

Todas estas coisas são confirmadas pela nossa fé em Cristo. É Cristo que nos convida, por meio do seu Espírito, com estas palavras: Vinde, filhos, escutai‑me; ensinar‑vos‑ei o temor do Senhor. Qual é o homem que ama a vida e deseja longos dias de felicidade? Guarda do mal a tua língua e da mentira os teus lábios. Evita o mal e faz o bem; procura a paz e segue-a.

Misericordioso em tudo e rico de benevolência, o Pai abre o seu coração para aqueles que O temem, e com bondade e doçura distribui as suas graças aos que d’Ele se aproximam com simplicidade. Por isso, afastemos de nós toda a duplicidade de espírito e não se orgulhe a nossa alma pelos seus dons incomparáveis e gloriosos.


Da Carta de São Clemente I, papa, aos Coríntios
(Cap. 21, 1 – 22, 5; 23, 1-2: Funk 1, 89-93) (Sec. I)

Jesus Cristo: homem ou Deus? Os dois em uma só Pessoa!


No Evangelho de São Mateus, 8, 23-27, o sono e o cansaço fazem Jesus dormir a bordo da barca, mostrando, mais uma vez, que Ele compartilha verdadeiramente conosco a natureza humana em tudo, exceto no pecado.

Ao mesmo tempo, no entanto, Ele é capaz de interromper o curso das leis naturais com um simples comando de sua voz. É quando vemos a divindade do Cristo, que comanda a criação por seu próprio poder. A Escritura relata que Ele apenas ordenou, por Si próprio, que as águas agitadas se acalmassem – e o único capaz de fazer milagres pelo próprio poder é Deus Onipotente.

Os apóstolos viam, com seus olhos carnais, apenas um homem, e se espantavam de que a esse homem toda a criação obedecesse. Foi testemunhando a vida de Cristo que eles acabaram compreendendo que Jesus era o Verbo Eterno de Deus feito homem.

Este é um dos fundamentos da fé cristã: Jesus Cristo é Verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

Santo Antônio Maria Claret


Antônio nasceu em 23 de dezembro de 1807, em Barcelona, na Espanha. Na família aprendeu o caminho do seguimento de Cristo, a devoção à Maria e o profundo amor à Eucaristia. Na adolescência ouviu o chamado para servir à Deus. Assim, acrescentou o nome de "Maria" ao seu, para dar testemunho de que a ela dedicaria sua vida de religioso. 

Em 1835 recebeu a ordenação sacerdotal. Trabalhou como pároco e depois, recorrendo a Roma, passou a ser missionário itinerante pela Espanha. Em 1948 foi enviado para evangelizar as ilhas Canárias. 

Em 1849 na companhia de outros cinco jovens sacerdotes, fundou a Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria, ou Padres Claretianos. Nesse mesmo ano, o fundador foi nomeado arcebispo de Cuba. Neste país sofreu hostilidade dos grupos maçonicos. 

Mas Monsenhor Claret continuou seu trabalho. Restaurou o antigo seminário cubano, deu apoio aos negros e índios escravos. Quando voltou à Madri em 1857, para ser confessor da rainha Isabel II, deixou a Igreja de Cuba mais unida, mais forte e resistente. 

Morreu com sessenta e três anos no dia 24 de outubro de 1870, na França. 


Deus, nosso Pai, Santo Antônio Maria Claret foi inflamado pelo fogo do vosso Espírito Santo. À todos procurou levar a mensagem do Reino segundo as exigências de seu tempo. Senhor, saibamos nós também responder aos desafios de nosso tempo, extraindo do Evangelho a inspiração para o nosso agir e pensar. Por Cristo nosso Senhor. Amém. 

domingo, 23 de outubro de 2016

Benfazejo em tudo, Deus dispôs o mundo com justeza e harmonia


Consideremos com amor o Pai e Criador do mundo inteiro e unamo-nos com firmeza a seus magníficos e desmedidos dons da paz e aos benefícios. Pelo pensamento contemplemo-lo e demoremos o olhar do espírito em sua vontade generosa. Vejamos quão clemente se mostra para com toda criatura sua.

Os céus movidos por seu governo, se lhe submetem em paz; o dia e a noite, sem se embaraçarem mutuamente, realizam o curso que lhes determinou. O sol, a luz e todo o coro dos astros, em conformidade com sua ordem, desenvolvem, sem se enganar e em concórdia, a disposição para eles fixada. De acordo com a sua vontade, em tempo oportuno, a terra fecunda produz abundante alimento para os homens, as feras e todos os animais que nela existem, sem hesitação, sem alterar nada do que lhe foi ordenado.

Os inescrutáveis abismos, as regiões inacessíveis do oceano mantêm-se dentro de suas leis. A grandeza do mar imenso, reunida em ondas por sua determinação, não ultrapassa os limites postos a seu redor, mas como lhe ordenou, assim faz. Pois disse: Até aqui virás, e em ti mesmo se quebrarão tuas vagas (Jó 38,11). O oceano intransponível aos homens e os mundos que existem para além dele são governados pelos mesmos decretos do Senhor.

As estações da primavera, verão, outono e inverno se sucedem em paz umas às outras. Os guardas dos ventos no tempo marcado executam seu encargo sem obstáculo; também as fontes perenes, criadas para o uso e a saúde, oferecem sem falhas sua abundância para o sustento da vida humana; e os animais pequeninos, em paz e concórdia, fazem seus agrupamentos.

O grande artífice e Senhor de tudo ordenou que estes seres todos se fizessem em paz e concórdia, beneficiando a tudo, porém, com superabundância, a nós, que nos refugiamos em sua misericórdia por nosso Senhor Jesus Cristo, a quem a glória e a majestade pelos séculos dos séculos. Amém.


Da Carta aos coríntios, de São Clemente I, papa 
(Cap.19,2-20,12: Funk 1,87-89)
(Séc.I)