sábado, 19 de novembro de 2016

Serei saciado quando aparecer a vossa glória


Com toda a propriedade se conclui o Símbolo da nossa fé com as palavras: «E na vida eterna. Amém»; porque a vida eterna é o fim de todos os nossos desejos.

A vida eterna consiste primariamente na união do homem com Deus. Na verdade o próprio Deus é o prêmio e o fim de todos os nossos trabalhos: Eu sou o teu escudo e a tua suma recompensa. Esta união consiste na visão perfeita: Vemos agora como num espelho, de maneira confusa; então veremos face a face.

A vida eterna consiste também no supremo louvor, como diz o Profeta: Ali haverá felicidade e alegria, ações de graças e cânticos de louvor.

Consiste ainda na perfeita satisfação dos nossos desejos, pois o que os bem-aventurados terão ali, supera tudo o que desejavam e esperavam. A razão disto é que, na vida presente, ninguém pode satisfazer plenamente os seus desejos, porque nenhuma coisa criada pode saciar o desejo do homem. Só Deus pode saciá-lo, e saciá-lo infinitamente. Por isso o homem não pode descansar senão em Deus, como diz Agostinho: «Criastes-nos para Vós, Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não descansa em Vós».

Os santos, na pátria celeste, possuirão a Deus de modo perfeito; terão a plenitude de todos os seus desejos e a sua glória será superior a tudo o que esperavam. Por isso diz o Senhor: Entra na alegria do teu Senhor. Agostinho, por sua vez, comenta: «Não será a alegria que entrará totalmente nos bem-aventurados, mas os bem-aventurados que entrarão totalmente na alegria. Serei saciado quando aparecer a vossa glória»; e também: Ele saciará plenamente os teus desejos. Tudo o que é agradável se encontra ali de modo superabundante. Se se desejam delícias, ali se encontra a delícia suprema e perfeitíssima, porque vem de Deus, o sumo bem: Delícias eternas à vossa direita.

A vida eterna consiste finalmente na ditosa comunhão de todos os bem-aventurados, comunhão sumamente agradável, porque cada um terá todos os bens com todos os outros bem-aventurados. Cada um amará os outros como a si mesmo e por isso se alegrará com o bem dos outros como seu próprio bem. E assim, será tanto maior a alegria e felicidade de cada um quanto maior for a felicidade de todos.



Das Conferências de São Tomás de Aquino, presbítero
(Coll. super Credo in Deum: Opuscula theologica 2,

Taurini 1954, pp. 216-217) (Sec. XIII)

Você é insubstituível? Sim e não!


Há frases que de início são muito bonitas e possuem certo sentido, uma delas é a de que "você é insubstituível", quem nunca ouviu esta frase? Pois bem, a frase tem em si uma certa verdade, acontece que não pode ser levada 100% a sério. Vou explicar.

Certamente conhecemos algumas pessoas na vida que consideramos especiais e insubstituíveis e nós mesmos o somos para algumas pessoas.

Quando dizemos que alguém é insubstituível - e é verdade - em cada um de nós temos uma impressão digital gravada, essa digital é única na face da terra, mas isso vale para a vida ou mesmo para as pessoas que nos amam. Você é insubstituível! Nenhum outro ser na face da Terra terá o seu jeito de andar, vestir, falar, valores, essência, ver e viver a vida. Você é único no espetáculo das emoções e insubstituível no palco da vida. (Ver nota: Comparar é negar o outro).

Quando se trata do mercado de trabalho ou mesmo no mundo empresarial, diferente da vida em si, engana-se aquele que se acha insubstituível. O colaborador ou mesmo o próprio empresário que se acha único dentro da organização e até mesmo no seu ramo de negócios, está fadado a permanecer eternamente no mesmo cargo ou, na pior das hipóteses, a sucumbir em sua própria carreira.

O profissional que vive a pensar que outra pessoa não poderá fazer tão bem as suas funções, além de estacionar no tempo, se tornará impromovível e não galgará outro degrau em sua própria carreira. Morrerá sufocado dentro do seu pequeno mundinho.

Conheço pessoas que se acham insubstituíveis, acham que se não estiverem presentes no seu ambiente de trabalho ninguém vai fazer certo, tudo vai dar errado. Certa vez ouvi um líder dizer que não podia subir no cargo porque "essas antas" (referia-se aos seus subordinados) não estavam à sua altura. Engano! Gente assim, mais cedo ou tarde, será substituída. 

São Roque González e companheiros


Roque González nasceu em Assunção do Paraguai, em 1576, e estudou com os Padres Jesuítas, que muito ajudaram-no a desenvolver seus dotes humanos e espirituais.

O coração de Roque González sempre se compadeceu com a realidade dos indígenas oprimidos, por isso ao se formar e ser ordenado Sacerdote do Senhor, aos 22 anos de idade, foi logo trabalhar como padre diocesano numa aldeia carente. São Roque, sempre obediente à vontade do Pai do Céu, entrou no noviciado da Companhia de Jesus, com 33 anos, e acompanhado com outros ousados missionários, aceitou a missão de pacificar terríveis indígenas.

São Roque González fez de tudo para ganhar a todos para Cristo, portanto aprendeu além das línguas indígenas, aprofundou-se em técnicas agrícolas, manejo dos bois e vários outros costumes da terra. Os Jesuítas – bem ao contrário do que muitos contam de forma injusta – tinham como meta a salvação das almas, mas também a promoção humana, a qual era e é a consequência lógica de toda completa evangelização.

Certa vez numa dessas reduções que levavam os indígenas para a vida em aldeias bem estruturadas e protegidas dos colonizadores, Roque González com seus companheiros foram atacados, dilacerados e martirizados por índios ferozes fechados ao Evangelho e submissos a um feiticeiro, que matou o corpo mas não a alma destes que, desde 1628, estão na Glória Celeste.

Em 1988, o Papa João Paulo II canonizou os três primeiros mártires sul-americanos: São Roque González, Santo Afonso Rodríguez e São João del Castillo.


Deus, nosso Pai, São Roque González e seus companheiros opuseram-se corajosamente à escravidão e à exploração dos índios pelos conquistadores. Olhai com bondade para todos os homens que andam como ovelhas sem um pastor que os ame, os procure e os salve.

Será que foram inúteis para nós o vosso sangue e as vossas dores no Calvário? Intercedei por nós para que os injustiçados sejam libertos, os pecadores se convertam, os fracos se fortaleçam, os aflitos sejam confortados. Vós bem sabeis como é o mundo em que vivemos, como são numerosos os inimigos que nos atacam e sabeis também o quanto somos fracos. Olhai com bondade para nós e caminhai conosco. Amém.


São Roque González e companheiros mártires, rogai por nós!

São Rafael de São José


José nasceu no dia primeiro de setembro de 1835 na Polônia, filho de um casal de nobres. Foi batizado com o nome de José e educado pelos pais dentro da religião cristã. Na juventude estudou engenharia civil na escola Militar de Engenharia. 

Sua vida na juventude foi marcada pela devoção a Nossa Senhora do Carmo, mas o progresso nos estudos o fez afastar-se da religião. Graças a sua inteligência atingiu altos postos na carreia militar. 

Em janeiro de 1863, durante um período de guerra, encontrou sua reconciliação com Deus. Confessou, comungou e iniciou uma vida de intensa espiritualidade e devoção a Jesus, José e Maria. 

O término da guerra o fez prisioneiro e ele foi deportado para a Sibéria, onde ficou dez anos sob o regime de trabalhos forçados. Suas únicas companhias foram um crucifixo e o livro “Imitação de Cristo”. 

Libertado e repatriado entrou na Ordem dos Carmelitas Descalços, aos quarenta e dois anos de idade. Vestiu o hábito dos carmelitas e tomou o nome de Rafael de São José, em 1882, quando recebeu a ordenação sacerdotal. 

Morreu no dia 15 de novembro de 1907, em Vadovice, na mesma cidade onde anos mais tarde nasceria João Paulo II.



Ó Deus, que concedeste ao beato Rafael espírito de fortaleza nas adversidades e extraordinário selo de cardade para promover a unidade da Igreja, concedei-nos, por sua intercessão, ser fortes na fé e amarmos uns aos outros, colaborando fielmente para a união de todos os fiéis em Cristo. Amém.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Encontram sacrário e âmbulas roubadas na Argentina, mas não hóstias consagradas


A paróquia Nossa Senhora de Lourdes (Argentina), localizada na diocese de Concórdia, fronteira com o Uruguai, sofreu o roubo do sacrário com ambulas e hóstias consagradas no último dia 15 de novembro. Segundo o pároco, Pe. Daniel Petelín, foram encontrados o sacrário e as ambulas, mas as hóstias não estavam com eles.

Em declaração ao Grupo ACI, o pároco explicou que comerciantes dedicados à compra e venda de objetos usados foram ontem até a Paróquia para devolver os objetos litúrgicos que tinham adquirido sem saber sua procedência.

“Eles são católicos, não sabiam do fato e não pediram nenhuma recompensa”, manifestou o Pe. Petelín.

As câmeras de segurança registraram o ladrão que ainda não foi identificado. As autoridades seguem com a investigação do caso.

O sacerdote também disse que solicitou ao juiz informações para “encontrar as hóstias e saber o que fizeram com elas”.

Sobre o roubo, Pe. Petelín disse ao Grupo ACI que “está claro que foi com objetivo de obter dinheiro” e manifestou que o responsável poderia ser um jovem com problemas com drogas.

A notícia do roubo impactou a cidade de Concórdia devido ao trabalho social que a Paróquia realiza: um refeitório para 360 pessoas, jardim de infância para 50 crianças, merenda escolar, um lar para idosos, cesta básica para 240 famílias, entre outros

O roubo, indicou o sacerdote, “não é algo comum, não é algo frequente e não é algo que aceitamos sob nenhum aspecto. Estamos muito consternados”.

Pe. Petelín disse à comunidade que este roubo “não foi (precisamente) um ato contra a Eucaristia, mas essencialmente para obter dinheiro”.

“Seguimos valorizando a presença de Jesus e é preciso seguir trabalhando com entusiasmo e alegria para que o Senhor siga atuando, curando e fortalecendo; e levando vida a todas as pessoas”, finalizou.

Através de um vídeo, o Bispo de Concórdia, Dom Luis Armando Collazuol, pediu que os “fatos sejam investigados com profundidade e com rapidez” e que todas as comunidades realizem atos de desagravo e perdão.

“Sentimos uma profunda dor espiritual por este acontecimento, sentimos uma grande tristeza e indignação, porque a Eucaristia é o maior tesouro que temos, o maior tesouro da Igreja”, manifestou Dom Collazuol. 

A Igreja e o racismo


Dia 20 de novembro, comemora-se o Dia Nacional da Consciência Negra, cujo fim é o da superação do racismo, especialmente contra os de pele negra ou similar.

Antropologicamente, a palavra “raça”, referindo-se a seres humanos, está superada, pois biologicamente significa “subespécie” e conota um preconceito contra certos grupos humanos, o que vem a ser “racismo”. Às vezes se usa o termo “raça” para identificar um grupo cultural ou étnico-linguístico, mas seriam preferíveis os termos “população”, “etnia” ou “cultura”.

A Igreja já se pronunciou diversas vezes contra o preconceito baseado na cor da pele ou na etnia, proclamando, firmada na divina Revelação, a dignidade de toda a pessoa criada à imagem de Deus, a unidade do gênero humano no plano do Criador e a reconciliação com Deus de toda a humanidade pela Redenção de Cristo, que destruiu o muro de ódio que separava os mundos contrapostos, para que em Cristo se recapitulassem todos os seres humanos. Com essas premissas, a Igreja prega o respeito recíproco dos grupos étnicos e das chamadas “raças” e a sua convivência fraterna. A mensagem de Cristo foi para todos os povos e nações, sem distinção nem preferências. É o tema repetido por São Paulo: “Não há distinção entre judeu e grego, porque todos têm um mesmo Senhor…” (Rm 10,12); “já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre…, pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gal 3, 28). 

O último padre exorcista


“Não queria mais ser exorcista"
diz único padre do DF que expulsa demônios

Quem escuta a voz calma e vê o olhar sereno do padre responsável por uma das igrejas mais bonitas de Brasília, a paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na QI 8 do Lago Sul, nem desconfia que Pe. Vanilson exerce um dos ministérios mais místicos e curiosos do catolicismo. Basta ter acesso à sala do religioso, porém, para que o seu ofício comece a se tornar evidente. Uma imagem de cerca de 60cm de São Miguel Arcanjo, pisando em um ser que representa o “mal”, e um livro com os rituais contra possessões demoníacas não deixam dúvidas: Vanilson é exorcista.

“Se eu pudesse escolher, sinceramente, eu não seria mais exorcista”, desabafa o padre com os olhos quase cerrados. Acordar de noite e sentir-se observado, andar pela casa e ter a certeza de estar acompanhado e não ver ninguém são apenas algumas das coisas presentes na rotina do sacerdote, que jura não sentir medo de nenhuma delas. “O meu aborrecimento é outro. Às vezes eu queria falar de outras coisas, tocar em outro assunto, jogar conversa fora. Não existe lugar onde eu vá que não abordem esse tema”, lamenta. Vanilson, no entanto, não consegue dizer não ao chamado. Acha importante demais o ministério que exerce dentro da Igreja Católica.

Ao apresentar a agenda de compromisso deste ano, o exorcista de Brasília mostrou mais de 100 pessoas na fila de espera. A maioria dos casos, segundo o sacerdote, poderiam ser resolvidos por um padre comum, mas as pessoas não abrem mão de um padre autorizado a expulsar demônios.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica** o exorcismo é um ritual que “protege e afugenta o demônio de uma pessoa ou objeto”. Apesar de ser exaustivamente explorado em filmes e seriados na televisão, Pe. Vanilson diz que o fenômeno é bastante raro.

Se são tão raros assim, por que há tantas pessoas que se dizem influenciadas pelo demônio? De acordo com o padre, há dois tipos de influência dos espíritos malignos: a opressão e a possessão. “O mal é como uma chama, você não pode vê-lo, mas sentir a sua presença. Quanto mais perto dele, maior o calor ou a influência dele sobre você”, metaforiza o padre para explicar a opressão. “Se o demônio entrar em uma pessoa, aí sim é possessão. Ele tem o controle de quem ele adentrar”, explica.

Segundo Vanilson, a presença de padres exorcistas só é necessária quando há, de fato, uma possessão. “Algumas pessoas não entendem isso e por isso que às vezes somos sobrecarregados, e não conseguimos ajudar quem realmente precisa”, lamenta.


“Uma oração mais forte já pode assistir quem está com obsessão”

De tão imerso no mundo do exorcismo, Pe. Vanilson não sabe explicar bem quando começou a ser considerado um forte inimigo dos demônios. “Acho que aconteceu. Meus superiores viram algo em mim e me chamaram. Não posso reclamar, foi a vontade de Deus”, relembra. O sacerdote teve de passar dois meses no Vaticano, em Roma, para aprender as técnicas e exercer bem seu ministério. “Foi uma experiência enriquecedora”, avalia.

Sobre as experiência mais macabras que já presenciou, Vanilson jura ter visto pessoas trocando de vozes, contorcionismos sobrenaturais e até aparecimentos inexplicáveis de marcas na pele dos afetados pelo demônio.

“Já vi cruzes e estrelas surgindo no corpo de pessoas. É assustador, mas não tenho medo, tenho fé em Deus.”

O mistério de Cristo em nós e na Igreja


Devemos continuar e completar em nós os estados e mistérios da vida de Cristo e pedir-Lhe continuamente que se digne consumá-los perfeitamente em nós e em toda a sua Igreja.

Os mistérios de Jesus não chegaram ainda à sua total perfeição e plenitude. Chegaram certamente à sua perfeição e plenitude na pessoa de Jesus, mas não em nós que somos seus membros, nem na Igreja que é o seu corpo místico. Na verdade, o Filho de Deus deseja comunicar e prolongar em certo modo os seus mistérios em nós e em toda a sua Igreja, quer pelas graças que decidiu conceder-nos, quer pelos efeitos que deseja produzir em nós por meio destes mistérios. É neste sentido que Ele quer completá-los em nós.

Por isso diz São Paulo que Cristo realiza a sua plenitude na Igreja e que todos nós contribuímos para a sua edificação e para a idade da sua plenitude, isto é, para a idade mística que Ele tem no seu corpo místico e que não chegará à plenitude senão no dia do juízo. Também noutro lugar diz o mesmo Apóstolo que completa na sua carne o que falta à paixão de Cristo.

Deste modo o Filho de Deus determinou consumar e completar em nós todos os estados e mistérios de sua vida. Quer levar à plenitude em nós o mistério da sua encarnação, do seu nascimento, da sua vida oculta, e realiza-o formando-Se em nós e renascendo em nossas almas pelos santos sacramentos do batismo e da sagrada Eucaristia, e fazendo-nos viver uma vida espiritual e interior escondida com Ele em Deus.

Quer completar em nós o mistério da sua paixão, morte e ressurreição, fazendo-nos padecer, morrer e ressuscitar com Ele. Finalmente, quer realizar em nós o estado da sua vida gloriosa e imortal, quando nos fizer viver com Ele e n’Ele uma vida gloriosa e imortal nos Céus. De modo semelhante quer consumar e completar em nós e na sua Igreja os outros estados e mistérios da sua vida, associando-nos a eles e fazendo-nos tomar parte neles, para que em nós continuem e se prolonguem.

Neste sentido, os mistérios de Cristo não chegarão à sua plenitude senão no fim dos tempos, por Ele determinado para a realização plena dos seus mistérios em nós e na Igreja, isto é, no fim do mundo.


Do Tratado de São João Eudes, presbítero, sobre o reino de Jesus

(Pars 3, 4: Opera Omnia 1, 310-312) (Sec. XVII)