terça-feira, 6 de dezembro de 2016

A força do amor vença o temor da morte


O Senhor pergunta, não uma, mas duas e três vezes o que já sabia: se Pedro O amava; e por três vezes ouve de Pedro repetir que O ama; e por três vezes faz a Pedro a mesma recomendação, de apascentar as suas ovelhas.

À tríplice negação corresponde a tríplice confissão, para que a língua não sirva menos ao amor que ao temor, e não pareça que a iminência da morte o obrigou a falar mais do que a presença da vida.

Seja serviço de amor apascentar o rebanho do Senhor como foi sinal de temor negar o Pastor. Os que apascentam as ovelhas de Cristo como se fossem suas e não de Cristo, mostram que não amam a Cristo mas a si mesmos. 

Contra esses, que também o Apóstolo censura dizendo que procuram os próprios interesses e não os de Cristo, estas palavras que o Senhor repete insistentemente são uma séria advertência: Amas-Me? Apascenta as minhas ovelhas.

Quer dizer: se Me amas, não penses em apascentar-te a ti mesmo, mas sim as minhas ovelhas: apascenta-as como minhas, não como tuas; procura nelas a minha glória e não a tua; a minha propriedade e não a tua; os meus interesses e não os teus; não sejas daqueles que nos tempos de perigo só se amam a si mesmos e tudo o que deriva deste princípio, que é a raiz de todo o mal. Os que apascentam as ovelhas de Cristo não se amem a si mesmos; não as apascentem como próprias, mas como de Cristo.

O defeito que mais devem evitar os que apascentam as ovelhas de Cristo consiste em procurar os interesses próprios e não os de Jesus Cristo, destinando ao proveito próprio aqueles por quem Cristo derramou o seu sangue.

O amor de Cristo deve crescer até atingir tal grau de ardor espiritual naquele que apascenta a suas ovelhas, que supere mesmo o natural temor da morte, que nos leva a não querer morrer, ainda que queiramos viver com Cristo.

Mas, por maior que seja o temor da morte, deve ser superado pela força do amor Àquele que, sendo a nossa vida, quis também padecer a morte por nós.

Com efeito, se na morte não houvesse nenhum sofrimento, não seria tão grande a glória dos mártires. Mas, se o Bom Pastor, que deu a vida pelas suas ovelhas, suscitou tantos mártires entre as suas ovelhas, quanto mais devem lutar pela verdade até à morte, e até ao sangue, contra o pecado, aqueles a quem o Senhor confiou a missão de apascentar as suas ovelhas, isto é, de as instruir e orientar?

Perante o exemplo da paixão de Cristo, e ao pensar em tantas ovelhas que já O imitaram, quem não compreende que os pastores devem ser os primeiros a imitar o Pastor? Na verdade, os mesmos pastores são também ovelhas do único rebanho, governado pelo único Pastor. De todos nós Ele fez suas ovelhas, por todos nós padeceu; e, para padecer por todos nós, Ele mesmo Se fez Cordeiro. 


Do Tratado de Santo Agostinho, bispo, sobre o Evangelho de São João
(Tr. 123, 5; CCL 36, 678-680) (Sec. V)

O latim é a melhor língua para o exorcismo?


A nova série de televisão, o Exorcista, baseado na série de filmes de terror do mesmo nome da década de 70, estreou na rede de TV FOX na sexta-feira, dia 23 de setembro, e provocou uma nova onda de fascinação pelo sobrenatural.

Em um artigo intitulado “O latim continua sendo a melhor linguagem para a Luta contra Satanás" para a página de cultura pop, Vice, o escritor Lance Higdon citou um comentário do exorcista da Diocese de São José (Estados Unidos), Pe. Gary Thomas – tirado de uma palestra dele em fevereiro–, na qual afirmou que “o diabo odeia o latim, porque é a linguagem universal da Igreja".

Até 2014, a tradução do rito do exorcismo ao inglês não havia sido aprovada pela Igreja. Quando perguntaram ao Pe. Thomas qual era o motivo, disse que, em sua experiência e depois de haver conversado com outros exorcistas, que embora o Vaticano aprovasse as traduções de rito em vários idiomas, “o latim parece ser mais eficaz”.

Entretanto, assegurou que o fato de que um exorcista seja um homem de Deus é, na verdade, muito mais importante do que a língua utilizada durante o rito.

"Muitas pessoas dizem que o latim é a língua mais poderosa para exorcismos. Eu acredito que o mais importante é que o exorcista seja um homem de Deus; essa é a arma mais eficaz".

São Nicolau


Nicolau é amado e muito querido por todos os cristãos do Ocidente e do Oriente. Sem dúvida alguma é o Santo mais popular da Igreja. Ele é Padroeiro da Rússia, de Moscou, da Grécia, das crianças, das moças solteiras, dos marinheiros, dos cativos e dos lojistas. Por tudo isso, os dados de sua vida se misturam às tradições seculares do cristianismo. 

Filho de nobres, Nicolau nasceu na Ásia Menor, na metade do século III, provavelmente no ano 250. Foi consagrado Bispo de Mira, atual Turquia, quando ainda era muito jovem e desenvolveu seu apostolado também na Palestina e no Egito. Segundo alguns historiadores, o Bispo Nicolau esteve presente no primeiro Concílio, em Nicéia, no ano 325. 

Após a morte dos seus pais, São Nicolau herdou uma grande fortuna a que começou a distribuir entre os pobres. Ele se empenhou em ajudar secretamente, para que ninguém pudesse agradecer-lhe. São inúmeras as histórias de milagres que cercam a vida de Nicolau. 

Após a sua ordenação, São Nicolau resolveu: "Até agora eu pude viver para mim mesmo e para a salvação da minha alma, mas daqui em diante todo o momento da minha vida deve ser dedicado aos outros." E esquecendo a si mesmo, o Santo abriu a porta de sua casa a todos e tornou-se o verdadeiro pai dos órfãos e pobres, defensor dos oprimidos e benfeitor a todos. 

Morreu no dia 06 de dezembro de 326, em Mira. O documento mais antigo sobre ele foi escrito por Metódio, Bispo de Constantinopla, que no ano de 842, relatou todos os milagres atribuídos a Santo Nicolau. 

A tradição diz que Nicolau costumava fazer doações anônimas em moedas de ouro, roupas e comida às viúvas e aos pobres. Dizem colocava os presentes das crianças em sacos e os jogava dentro das chaminés à noite, para serem encontrados por elas pela manhã. Dessa tradição que veio a sua fama de amigo das crianças. São Nicolau é a figura do querido Papai Noel. 



Senhor, pelos méritos de São Nicolau, concedei-me a graça da bondade e zelo para com os mais aflitos, necessitados e em especial para com as crianças. Que eu saiba aprofundar em mim os dons que me destes, colocando-os em prática. Livrai-me da omissão e da preguiça. Amém. 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Fantástico: O Show da Morte


Ontem, o Fantástico - O Show da Vida, apresentou uma reportagem unilateral, forçada e tendenciosa, claramente direcionada a induzir à aprovação do aborto no Brasil.

Débora Diniz apresentou números de uma pesquisa, digamos…, minimamente intrigante.

Segundo ela, uma em cada cinco mulheres até os quarenta anos teria abortado e, no último ano, o Brasil teria assistido silenciosamente o discreto espetáculo de 500 mil abortos clandestinos.

Curiosamente, dizia-se que o número de abortos no Brasil há dois anos era de 1,5 milhões, por ano. Então, se esses dados fossem verdadeiros, no Brasil estariam se fazendo hoje 1 milhão a menos de abortos! UMA REDUÇÃO DE 200%, POR ANO!!! Se, realmente fosse assim, em 3 ou 4 anos não teríamos mais abortos no Brasil!!

Eles perceberam que a MENTIRA do 1,5 milhões não cola mais!

Porém, esses números atuais, também, não são verdadeiros, como vou mostrar abaixo, mas não conseguem disfarçar que o número de abortos está caindo vertiginosamente no Brasil. Então, para enganar, é preciso mentir menos.

Deixemos de lado as já conhecidas declarações da promotora do aborto Adrianne Germain, que confessou o financiamento ao aborto clandestino por parte daqueles que militam pelo aborto legal -- ela mesma confessa ter feito isso! (Cf. Population and Reproductive Health. Oral History Project, Adrienne Germain Interviewed by Rebecca Sharple) --, e vamos direto aos números.

Se 500 mil mulheres praticassem o aborto clandestino no Brasil, deveríamos ter, segundo as mais recentes pesquisas (para as quais apenas metade das mulheres que praticam o aborto clandestino fazem a curetagem), pelo menos 250 mil curetagens ao ano pelo SUS, apenas por motivos de aborto provocado. Ora, como segundo a maior parte dos médicos, apenas 1/4 das curetagens (no máximo) seriam de mulheres que praticaram o aborto provocado, logo, o número total de curetagens deveria chegar a 1 milhão por ano.

Acontece que, no SUS, há apenas cerca de 200 mil curetagens ao ano, número que está caindo cada vez mais (10% ao ano, segundo dados do próprio dataSUS).

Aborto iminente, Fake News e Herodes: A sanha pela aprovação do aborto continua!


Existem Fundações internacionais interessadas na aprovação do aborto no Brasil há décadas. Elas fundam ONGs, financiam pesquisas, produzem Fake News [Notícia falsa]. Tudo para tentar aprovar esse crime.

O que parece ser a cartada final em nosso país para a aprovação desse crime hediondo se aproxima. Eles estão preparando o terreno para o dia 7/12 quando o Supremo Tribunal Federal – STF decidirá sobre o aborto de nascituros com microcefalia.

Parece que não foi à toa a decisão do STF semana passada quando decidiu que aborto até o terceiro de mês de gravidez não é crime; igualmente  a Fake News apresentada no Fantástico (TV Globo) deste domingo, dia 4,   fazendo propaganda abortista com pesquisa baseada em dados “esquentados” de ONG pró-aborto.

A entrevistada da reportagem: a pesquisadora Débora Diniz. Uma militante conhecida da causa pró-aborto. Quanto à matéria, enquanto jornalista, só tenho a lamentar. Foi pífia, sem espaço para o contraditório, baseada em fonte que defende o aborto. Com todo respeito aos profissionais envolvidos, pareceu matéria REC. 

Homilética: 3º Domingo do Advento - Ano A: "Um convite à alegria".


Aproximando-se o dia de Natal a Liturgia faz um convite à alegria! “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos” (Fl 4, 4-7), exorta S. Paulo. O mundo vive carente da verdadeira alegria!

Os textos bíblicos do III Domingo do Advento são um convite muito forte a ALEGRIA, porque o Senhor, que esperamos, já está conosco e com Ele preparamos o Advento do seu Reino.

O profeta Isaías (Is 35, 1-6.10) nos faz reviver a espera que precedeu a primeira vinda de Cristo e as esperanças que a animaram. Isaías deseja despertar e fortalecer a esperança dos exilados. O povo atravessava um dos piores períodos de sua história: Jerusalém e o Templo destruídos, o povo deportado na Babilônia.

Mesmo assim, o Profeta prevê a ALEGRIA dos tempos messiânicos: fala do deserto que vai florir, da tristeza que vai dar lugar à alegria, Ele libertará os cegos, os coxos, os mudos de suas doenças…

No Evangelho (MT 11, 2-11) encontramos Jesus realizando o que Isaías profetizou.

João Batista está preso, por Herodes, por reprovar o seu comportamento. No cárcere ouve falar das obras de Cristo… Perplexo, envia a Jesus dois discípulos com uma pergunta bem concreta: “És tu aquele que há de vir ou devemos esperar por outro?” (Mt 11, 3).

Jean Daniélou, um dos grandes teólogos do século XX, afirmava que não devemos escandalizar-nos a respeito de João Batista quando ele pergunta a Jesus se é ele mesmo quem devia vir; ao contrário, é preciso ver nessa pergunta a profundidade, por parte de João Batista, da vivência do Mistério de Cristo e, ao mesmo tempo, do mistério do homem. As almas santas levam a sério a miséria real da humanidade e, do fundo de seus corações, deixam sair um grito sincero, ainda que silencioso, e que é expressão da dor que sentem diante daquelas situações que não admitem soluções fáceis: o sofrimento dos inocentes, a desigualdade social alarmante, o terror das guerras e dos desastres naturais, a miséria do pecado que vai consumindo o ser humano sem que ele perceba.

O cristão deve gritar desde o profundo do seu coração a Deus, que tem a solução. No fundo, dizia Daniélou, esse grito que surge de uma espécie de desespero, é uma expressão de esperança.

Parece que há momentos nos quais tudo é escuridão. Parece que Deus não nos escuta, que há um obstáculo entre ele e nós. Surge uma espécie de revolta interior diante de um Deus que se diz todo-poderoso, mas não atende aquelas coisas que “eu” julgo como boas “para mim”. Esse é o momento de pedir ao Senhor que reviva em nós a fé.

Às vezes, do fundo do nosso ser podem vir umas perguntas que brotam duma espécie de desespero: será que Deus existe mesmo? Será que ele escuta as pessoas? Será que está me ouvindo? Deveríamos aproveitar esse desespero para clamar com mais força, para “obrigar” a Deus a manifestar-se, para que a nossa oração cheia de ardor ganhe de Deus aquilo que parece impossível e – o que é muito importante – para que saibamos aceitar as disposições de Deus crendo que ele sabe o que é melhor em cada momento. Isto é entrega total nas mãos do nosso Pai do céu! Tudo é graça! E isso é motivo de grande alegria!

A alegria do Advento e a de cada dia é porque Jesus está muito perto de nós.A alegria cristã não é uma atitude passageira de festas humanas, mas um estado permanente, de quem confia que a vida cristã é uma caminhada ao encontro do Senhor que vem. A alegria é um dos sinais da presença de Deus no coração de uma pessoa.

Jesus, após a Ressurreição, aparecerá aos seus discípulos em diversas ocasiões. E o evangelista irá sublinhando repetidas vezes que os Apóstolos “se alegraram vendo o Senhor” (Jo 20,20). Eles não esquecerão nunca esses encontros em que as suas almas experimentaram uma alegria indescritível.

Poderemos estar alegres se o Senhor estiver verdadeiramente presente na nossa vida, se não o tivermos perdido, se não tivermos os olhos turvados pela tibieza ou pela falta de generosidade. Quando, para encontrar a felicidade, se experimentam outros caminhos fora daquele que leva a Deus, no fim só se acha infelicidade e tristeza. Fora de Deus não há alegria verdadeira. Não pode havê-la. Encontrar Cristo, ou tornar a encontrá-Lo, é fonte de uma alegria profunda e sempre nova.

O cristão deve ser um homem essencialmente alegre. Mas a sua alegria não é uma alegria qualquer, é a alegria de Cristo, que traz a justiça e a paz, e que só Ele pode dar e conservar, porque o mundo não possui o seu segredo.

O Senhor pede que estejamos sempre alegres! Só Ele é capaz de sustentar tudo na nossa vida. Não há tristeza que Ele não possa curar: “Não temas, mas apenas crê” (Lc 8,50), diz-nos o Senhor.

Fujamos da tristeza! Uma alma triste está à mercê de muitas tentações. Quantos pecados se têm cometido à sombra da tristeza!Por outro lado, quando a alma está alegre, abre-se e é estímulo para os outros; quando está triste obscurece o ambiente e faz mal aos que tem à sua volta.

“Dentro de pouco, de muito pouco, Aquele que vem chegará e não tardará” (Hb 10,37), e com Ele chegarão a paz e a alegria; em Jesus encontraremos o sentido da nossa vida.


Que a nossa alegria seja um testemunho muito forte de que Cristo já está no meio de nós.

França: Oposição ao aborto na internet agora É CRIME!


O Parlamento francês aprovou na sexta-feira (2) uma nova lei que criminaliza páginas de internet que contenham informação para tentar dissuadir mulheres de abortar.

A lei de “interferência digital” dirige-se, segundo o texto da mesma, a impedir o funcionamento de sites que “deliberadamente enganem, intimidam e/ou exerçam pressão psicológica ou moral para desencorajar o recurso ao aborto” e prevê multas até 30 mil euros para quem os operar.

A lei foi aprovada pelos partidos de esquerda, os de direita votaram contra, com Bruno Retailleau, do Partido Republicano, a criticar a lei como sendo “totalmente contrária à liberdade de expressão”. O senador diz ainda que a nova lei contradiz o diploma que legalizou o aborto, em 1975, e que pede que as mulheres sejam informadas das alternativas a esta prática.

Do Partido Democrata Cristão também chegaram criticas, com Jean-Frédéric Poisson a apontar para a ironia de o Governo estar apostado em encerrar sites pró-vida enquanto se recusa a fazer o mesmo a páginas de internet que promovam uma visão fundamentalista e violenta do Islão, por exemplo.

Pelo menos dois bispos também condenaram a nova lei, nomeadamente o cardeal Vingt-Trois, de Paris que acusa o Governo de estar “obcecado” com o aborto e o arcebispo Georges Pontier, de Marselha, a dizer que a lei constitui um sério ataque aos princípios da democracia. 

Homilética: Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora (8 de dezembro): "O Senhor está contigo!"


Na Solenidade da Imaculada Conceição somos convidados a equacionar o tipo de resposta que damos aos desafios de Deus. Ao propor-nos o exemplo de Maria de Nazaré, a liturgia convida-nos a acolher, com um coração aberto e disponível, os planos de Deus para nós e para o mundo.

A Maria, Deus propõe que aceite ser a mãe de um “filho” especial… Desse “filho” diz-se, em primeiro lugar, que Ele se chamará “Jesus”. O nome significa “Deus salva”. Além disso, esse “filho” é apresentado pelo anjo como o “Filho do Altíssimo”, que herdará “o trono de seu pai David” e cujo reinado “não terá fim”. As palavras do anjo levam-nos a 2 Sm 7 e à promessa feita por Deus ao rei David através das palavras do profeta Nathan. Esse “filho” é descrito nos mesmos termos em que a teologia de Israel descrevia o “messias” libertador. O que é proposto a Maria é, pois, que ela aceite ser a mãe desse “messias” que Israel esperava, o libertador enviado por Deus ao seu Povo para lhe oferecer a vida e a salvação definitivas.

A resposta de Maria começa com uma objeção que sempre faz parte dos relatos de vocação do Antigo Testamento (cf. Ex 3,11; 6,30; Is 6,5; Jer 1,6). É uma reação natural de um “chamado”, assustado com a perspectiva do compromisso com algo que o ultrapassa; mas é, sobretudo, uma forma de mostrar a grandeza e o poder de Deus que, apesar da fragilidade e das limitações dos “chamados”, faz deles instrumentos da sua salvação no meio dos homens e do mundo.

Diante da “objeção”, o anjo garante a Maria que o Espírito Santo virá sobre ela e a cobrirá com a sua sombra. Este Espírito é o mesmo que foi derramado sobre os juízes (Oteniel – cf. Jz 3,10; Gedeão – cf. Jz 6,34; Jefté – cf. Jz 11,29; Sansão – cf. Jz 14,6), sobre os reis (Saul – cf. 1 Sm 11,6; David – cf. 1 Sm 16,13), sobre os profetas (cf. Maria, a profetisa irmã de Aarão – cf. Ex 15,20; os anciãos de Israel – cf. Nm 11,25-26; Ezequiel – cf. Ez 2,1; 3,12; o Trito-Isaías – cf. Is 61,1), a fim de que eles pudessem ser uma presença eficaz da salvação de Deus no meio do mundo. A “sombra” ou “nuvem” leva-nos também à “coluna de nuvem” (cf. Ex 13,21) que acompanhava a caminhada do Povo de Deus em marcha pelo deserto, indicando o caminho para a Terra Prometida da liberdade e da vida nova. A questão é a seguinte: apesar da fragilidade de Maria, Deus vai, através dela, fazer-Se presente no mundo para oferecer a salvação a todos os homens.

O relato termina com a resposta final de Maria: “eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. Afirmar-se como “serva” significa, mais do que humildade, reconhecer que se é um eleito de Deus e aceitar essa eleição, com tudo o que ela implica – pois, no Antigo Testamento, ser “servo do Senhor” é um título de glória, reservado àqueles que Deus escolheu, que Ele reservou para o seu serviço e que Ele enviou ao mundo com uma missão (essa designação aparece, por exemplo, no Deutero-Isaías – cf. Is 42,1; 49,3; 50,10; 52,13; 53,2.11 – em referência à figura enigmática do “servo de Jahwéh”). Desta forma, Maria reconhece que Deus a escolheu, aceita com disponibilidade essa escolha e manifesta a sua disposição de cumprir, com fidelidade, o projeto de Deus.

O testemunho de Maria é um testemunho questionante, que nos interpela fortemente… Que atitude assumimos diante dos projetos de Deus: acolhemo-los sem reservas, com amor e disponibilidade, numa atitude de entrega total a Deus, ou assumimos uma atitude egoísta de defesa intransigente dos nossos projetos pessoais e dos nossos interesses egoístas?

É possível alguém entregar-se tão cegamente a Deus, sem reservas, sem medir os prós e os contras? Como é que se chega a esta confiança incondicional em Deus e nos seus projetos? Naturalmente, não se chega a esta confiança cega em Deus e nos seus planos sem uma vida de diálogo, de comunhão, de intimidade com Deus. Maria de Nazaré foi, certamente, uma mulher para quem Deus ocupava o primeiro lugar e era a prioridade fundamental. Maria de Nazaré foi, certamente, uma pessoa de oração e de fé, que fez a experiência do encontro com Deus e aprendeu a confiar totalmente n’Ele.