quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

O encanto da tua palavra inspire confiança ao povo


Recebeste o ofício sacerdotal e, sentado à popa da Igreja, governas a barca contra a fúria das ondas. Segura bem o timão da fé, para que não te inquietem as violentas tempestades deste mundo. O mar é, sem dúvida, grande e espaçoso, mas não temas: Ele a fundou sobre os mares e a consolidou sobre as águas.

Por isso, a Igreja do Senhor, edificada sobre a pedra apostólica, mantém-se segura entre os escolhos do mundo e, apoiada em tão sólido fundamento, permanece firme contra as investidas do mar em tempestade. Vê-se envolvida pelas ondas, mas não abalada; e embora muitas vezes os elementos deste mundo a sacudam com grande fragor, ela oferece aos navegantes cansados um porto seguro de salvação. Ela flutua no mar, mas navega também pelos rios, sobre aqueles rios de que se diz no salmo: Os rios levantam a sua voz. São os rios que brotam do coração daqueles que beberam da água de Cristo e receberam o Espírito de Deus. Quando transbordam de graça espiritual, estes rios levantam a sua voz.

Há também um rio que corre para os seus santos como uma torrente. Há um rio que alegra com as suas águas a alma tranquila e pacífica. Quem receber da plenitude deste rio, como João Evangelista, Pedro e Paulo, levanta a sua voz; e do mesmo modo que os Apóstolos difundiram até aos confins da terra a voz da pregação evangélica, também o que recebe deste rio começará a anunciar o Evangelho do Senhor Jesus. Recebe também tu da plenitude de Cristo, para que se faça ouvir também a tua voz. Recebe a água de Cristo, essa água que louva o Senhor. Recolhe a água dos numerosos lugares em que a deixam cair as nuvens dos Profetas.

Quem recolhe a água dos montes ou a tira e bebe das fontes, pode enviar o seu orvalho como as nuvens. Enche, portanto, o teu coração com esta água, para que a terra da tua alma seja regada e tenhas a fonte em tua própria casa.

Quem muito lê e entende, enche-se com aquilo que lê; e quem está cheio pode regar os demais; por isso, diz a Escritura: Se as nuvens estão cheias, derramarão chuva sobre a terra.

As tuas pregações sejam fluentes, puras e claras, de modo que a tua exortação moral se infunda suavemente no coração dos ouvintes e o encanto da tua palavra inspire a confiança do povo; deste modo ele te seguirá voluntariamente para onde o conduzires.

Os teus discursos estejam cheios de inteligência. Neste sentido diz Salomão: Os lábios do sábio são as armas da sabe­doria; e noutro lugar: O pensamento dirija os teus lábios, isto é, os teus sermões brilhem pela sua clareza e inteligência, os teus discursos e as tuas explicações não precisem de sentenças alheias mas sejam capazes de se defender por si mesmas; enfim não saia da tua boca nenhuma palavra inútil e sem sentido.


Das cartas de Santo Ambrósio, bispo
(Epist. 2, 1-2. 4-5. 7: PL 16 [ed. 1845], 847-881) (Sec. IV)

Os anjos falam?


Discorrer sobre anjos pareceria extravagante e pueril até alguns anos atrás. Não obstante, o tema está de volta com toda a força, em plena era do materialismo.

Junto com o renovado interesse pelas criaturas angélicas, muitas fantasias e erros se acrescentam àquilo que a Igreja ensina a respeito delas. Não é nossa intenção analisá-los aqui. Propomo-nos apenas investigar um tema que move em extremo nossa curiosidade, na tentativa de rasgar um pouco o véu que nos oculta o mundo dos puros espíritos: como eles se comunicam?

Seres imateriais, mas compostos

Que os anjos são seres imateriais é algo hoje aceito pacificamente, embora não seja fácil de compreender. Temos tendência a “antropomorfizar” sua vida, transpondo para o plano celeste as circunstâncias de nossa existência terrena. Entretanto, nada há de mais distante da realidade.

Por isso mesmo, nos primeiros séculos da Igreja, o debate sobre a existência de um “corpo angélico” causou controvérsias entre os entendidos, e mesmo entre santos. Uma corrente teológica muito numerosa – na qual se inclui São Boaventura – defendia a tese de que os entes angélicos têm, em sua composição, alguma “matéria espiritual”, um corpo etéreo, extremamente sutil. Pois, argumentavam os defensores dessa corrente, como explicar sua individuação, contingência, o fato de serem criaturas compostas e estarem delimitados?1 Mais ainda: se os anjos são puros espíritos, não seriam totalmente simples?2 Como distingui-los de Deus?

A questão veio a ser esclarecida por um dos maiores luminares do pensamento: São Tomás de Aquino. Com singeleza e objetividade, ele clarificou ideias abstrusas e precisou conceitos ambíguos – às vezes, quase diríamos, infantis.

Notemos de passagem que ele foi apropriadamente cognominado de Doutor Angélico, título utilizado pela primeira vez por Santo Antonino de Florença (1389-1459)3 e depois consagrado por São Pio V na bula Mirabilis Deus, de 1567, “talvez pelas suas virtudes, de modo particular pela sublimidade do pensamento e pureza da vida”, como observa o Papa Bento XVI.4

Na Suma Teológica, São Tomás dedica todo um tratado ao tema dos anjos, discorre sobre eles também no tratado De Substantiis Separatis, no II Livro das Sentenças e em De Veritate, além de fazer esclarecedoras menções em várias outras obras.

De início, discordou da necessidade de haver um corpo angélico, assinalando que o conceito de “matéria espiritual” é de si contraditório e insustentável. Tal afirmação foi uma das que mais causaram polêmica no seu tempo e quase levou o Bispo de Paris, Étienne Tempier, a condená- lo como herege.

De outro lado, assinalou que todos os seres criados são necessariamente contingentes e compostos. No caso dos entes corporais, há uma composição de matéria e forma. Mas existe uma composição anterior, inerente a toda criatura, a de essência e ato de ser (ou existência). Uma está para o outro numa relação de potência e ato.5 Dessa maneira, embora nos anjos não haja matéria, são eles também compostos: sua essência se distingue realmente de seu ato de ser.

Ora, Deus é ato puro; n’Ele há identidade de essência e existência. Ele, explica o padre Bandera, “é absolutamente simples, e n’Ele não há nenhum tipo de composição. As criaturas não alcançam nunca a simplicidade própria de Deus e, consequentemente, implicam alguma composição. Mas para explicar esta composição não é necessário recorrer à matéria; a composição original, aquela inerente à criatura enquanto tal, é a de essência e existência”.6

Os anjos têm o ser por participação no Ser divino. Não existiam desde sempre, mas receberam em determinado momento o dom da existência, criados do nada. Isso, segundo a doutrina inovadora de São Tomás, já é suficiente para distinguir a criatura do Criador.7

Ficava assim resolvido por São Tomás o problema referente à natureza angélica: uma criatura, por mais excelente que seja, é composta pelo menos de essência e existência; no Criador, a existência é idêntica à essência. 

Santo Ambrósio


Ambrósio nasceu no ano de 340. Desde jovem apresentou dotes cívicos, o que fez dele o prefeito da província romana aos 35 anos de idade. Ainda era apenas catecúmeno quando foi aclamado bispo de Milão por aclamação popular. Precisou então ser batizado imediatamente para poder assumir o bispado. Ainda não sabia muita coisa da religião cristã e por isso dedicou-se sobretudo ao estudo das sagradas escrituras. 

Foram as suas qualidades pessoais que impuseram o bispo de Milão à devota atenção de todos. A atividade diária de Ambrósio era dirigida antes de tudo à orientação da própria comunidade, e ele cumpria as suas tarefas pastorais dirigindo ao seu povo mais de uma homilia por semana. 

Nos seus célebres “Comentários Exegéticos”, antes de serem reunidos em volumes, tinham sido pregados à comunidade cristã de Milão. Aí encontramos o tom familiar do pastor que se dirige com amável simplicidade ao seu rebanho. Sente-se aí palpitar o coração de um grande bispo, que consegue suscitar a comoção nos ouvintes com argumentações carregadas de emotividade e de interesse. 

Graças as suas qualidades pessoais ficou conhecido como “apóstolo da amizade”. Ambrósio faleceu no dia 4 de abril de 397.

Santo Ambrósio usou as qualidade de organizador e administrador para o bem da Igreja, a ponto de merecer o título de grande Doutor e Padre do Cristianismo do Ocidente. Ele não era apenas um intelectual, mas também um ótimo administrador da comunidade cristã a ele confiada. Santo Ambrósio, como homem de Deus, partilhou sua riqueza material e espiritual com o povo; pai carinhoso e tão grande orador que teve papel importante no serviço ao evangelho de Cristo.



Ó Deus, que marcastes pela vossa doutrina a vida de Santo Ambrósio, concedei-nos, por sua intercessão, que sejamos fiéis à mesma doutrina, e a proclamemos em nossas ações. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Quem é Debora Diniz, a entrevistada no Fantástico sobre aborto?


Em preparação para a votação sobre o aborto em caso de crianças com microcefalia, no STF, neste dia 7, o Fantástico já apresentou mais uma de suas reportagens tendenciosas, com o objetivo de “dar uma forcinha” aos ministros e aos proponentes da ação, com o objetivo de legalizar um crime bárbaro. Mas quem é a antropóloga Débora Diniz, que teve todo espaço em rede nacional ontem, sem direito a alguém que tivesse tempo para apresentar um outro ponto de vista sobre o assunto?

O movimento pró-aborto, é preciso admitir, tem táticas bem organizadas na tentativa de levar a opinião pública a aceitar um ato tão maldoso como é um aborto, ou seja, o massacre de um ser inocente no ventre materno. Uma destas estratégias é promover o feminismo e, dentro do feminismo, dois diferentes ramos: de um lado o feminismo radical, que tira a roupa e faz atos obscenos. De outro, o feminismo “culto”, que fala manso e apresenta teses “científicas”. Débora Diniz faz parte deste último grupo.

Ela é uma velha conhecida dos pró-vidas. Uma militante insaciável pela legalização do aborto. Suas pesquisas são tendenciosas nesta linha, partindo do princípio que sua ideologia está certa, ou seja, que matar um bebê em gestação é um direito (sic) e que deve ser não somente aceito, mas custeado por toda a sociedade.

Débora Diniz já traz no Curriculum, e na consciência, a morte de várias crianças com anencefalia, pois foi ela quem deu entrada, no Supremo, em 2004, com a ADPF 54, que resultou na legalização do aborto de crianças com esta síndrome, quando ela era a presidente da ONG ANIS. Esta ONG, por sua vez, é parte do Consórcio Latino Americano contra o Aborto Inseguro (CLACAI), um conglomerado de de 13 países da região, entre “provedores de abortos” (sic), grupos de pesquisadores e organizações feministas, com a finalidade de estruturar o organismo e planejar ações para aumentar o acesso ao aborto por meio de medicamentos na região.

Assim que irrompeu no país a calamidade do zika vírus e a consequente microcefalia, Débora Diniz viu a oportunidade perfeita para novamente atacar, promovendo o aborto via STF. Em suas próprias palavras: “”Somos uma organização que já fez isso antes. E conseguiu. Estamos plenamente inspiradas para repetir (…)”

Mas Débora Diniz não trabalha sozinha. Ela foi bolsista patrocinada financeiramente pela poderosa (leia-se milionária!) Fundação MacArthur, uma das grandes financiadoras do aborto no mundo que trabalha para, “promover a discussão e demonstrar, com base em julgamentos anteriores, que se pode obter decisões da justiça para interromper a gravidez no caso de sérias anomalias do feto” e que “ tem ajudado a liderar um movimento feminista nacional debatendo sobre ética e tecnologia reprodutiva e aborto” . Também a Fundação Ford, outra multimilionária promotora do aborto no mundo, financiou seus materiais em áudio e vídeo.

A Legalização do aborto e a matéria no Fantástico

 
Queremos compartilhar com vocês uma importante reflexão feita sobre a matéria exibida no último domingo no Fantástico feita por Narlla Sales Bessoni da página Mãe das Crias.

Começo dizendo que de domingo para segunda eu não dormi direito. Tive a infelicidade de assistir a uma matéria veiculada no Fantástico sobre (e em prol!) a legalização do aborto.

Como jornalista, não pude deixar de notar que aquela reportagem mais parecia uma peça publicitária, cujos interesses de quem a propôs (e pagou, sei lá) deveriam ser obrigatoriamente defendidos, mostrados, justificados. Nada contra propagandas, mas aquilo ali não tinha nenhuma plaquinha dizendo que era uma propaganda. Era pra ser reportagem. E dada a gravidade do assunto, dar voz para, no mínimo, dois lados. 

 
Começaram dizendo que o papa Francisco liberou os padres para perdoarem mulheres que cometeram aborto. Assim, sem nenhum contexto, explicação, como se o pecado do aborto, até recentemente, levasse a pessoa pro inferno sem escalas, independente se a pobre mulher pedisse clemência a Deus e se arrependesse. Caso você não seja católico ou não saiba, falarei sobre isso mais adiante.

Aí começou o discurso de que praticamente o mundo inteiro abortou. Inclusive você, amiga. Se duvidar, até eu abortei e não fiquei sabendo.

Mencionaram uma “pesquisa” com dados absolutamente controversos, questionáveis. A julgar pela entidade responsável (Anis), uma organização que vem lutando há muitos anos, muitos, mesmo, pela legalização do aborto. Falou a dona da entidade, falou o advogado que acha que é isso mesmo, falaram mulheres (sofridas, marcadas, mutiladas) e que estão, provavelmente, lidando com a realidade de terem eliminado seus filhos sem ter a chance de se encontrarem com uma reconciliação verdadeira e profunda sobre o ato que praticaram.

Há sempre alguém ali dizendo que “não foi nada, tá tudo bem” quando, na verdade, foi terrível (para elas e para seus bebês). Assim, essas mulheres não têm a chance de se depararem com a dor do arrependimento e a alegria da redenção. Porque Deus perdoa e somente Ele é capaz de reconstruir, restaurar, recriar o que está perdido. Mas como tomar consciência se, a todo instante, alguém quer anestesiar e ignorar seus valores?

São muitos argumentos: melhor matar do que nascer pobre (é por que pobre vira bandido? Pobre é uma praga? Logo, pobre não deve nascer, né?).

“Melhor matar do que nascer doente e dar trabalho.” Caros, filhos dão trabalho, sim. Não-saudáveis ou sadios, dão trabalho. O peso vai depender de quem o assume como um fardo ou não.

“Melhor matar do que esperar nascer e morrer algumas horas depois”. Sim, melhor eliminar do que deixar aquela pessoa viver – por ser um dom em si mesma – do que deixar com que realize sua missão aqui nesta terra.

Melhor matar do que ter trabalho com essas mães. Leva ela numa clínica fofinha e limpinha, chama o procedimento de “interrupção terapêutica” e manda a mulher ir viver a vida, se curar desse trauma dizendo que ela é dona de si, que faz suas regras, que escolhe seu destino. E que não, não foi nada, você apenas escolheu por si mesma. Que mentira!

Libertação, para uma mulher, é ser confirmada no amor. Se não tem amor do pai da criança, da família, de ninguém, que encontre amor em mim, em você. Que encontre apoio e acolhimento nas políticas públicas. Que encontre esperança e força em um: “não é fácil, mas você vai conseguir, sim!”.

Queremos queimar sutiã, pneus e pixar muros, mas não queremos nos comprometer com quem está ao nosso lado. Não queremos ser solidários ao ponto de assumirmos riscos por causa de um desconhecido, de uma mãe desesperada, de um casamento que está a beira do fim. Nomeamos a nossa indiferença de: “o outro é livre e faz o que quiser”. Queremos apenas dizer que as mulheres são donas de seus corpos, repetir essa verdade com a mentira de que o corpo do filho (ou não é um ser humano) ou simplesmente pertence à mãe, dando a ela o direito de fazer o que quiser com ele.

Volto ao papa.


Como era antes da decisão recente do papa Francisco?

A quem interessa o aborto?


Os organismos que estão trabalhando internacionalmente pela aprovação do aborto, todos dispondo de muito dinheiro, são as fundações, (planejando e financiando as ações) e as organizações não governamentais (executando-as).

O aborto como solução para a gravidez indesejada não representa nenhum benefício para a mulher, pelo contrário, os especialistas honestos sabem que o aborto acarreta sérias conseqüências negativas (físicas e psicológicas), como, por exemplo, a síndrome pós-aborto, gerando mulheres deprimidas, inclusive com tendências ao suicídio. Sendo assim, o aborto em vez de resolver um problema, cria outros mais graves. Por isso, a solução adequada passa pela educação, pela conscientização e acima de tudo, pelo respeito integral à vida humana.


O fato é que se legalizarem o aborto as mulheres pobres continuarão sem acesso aos atendimentos básicos da rede pública e vítimas da precariedade do sistema de saúde, que não dá conta das demandas existentes. Na realidade, os que querem a despenalização do aborto têm outros interesses, nada humanitários. O discurso sentimentalista é demagógico e perverso, porque oculta outras intenções.

Estão em jogo na questão do aborto interesses especialmente por razões econômicas, políticas e demográficas. A pressão para a legalização do aborto faz parte dessa estratégia de longo prazo e existe por causa de ações com origem fora do Brasil. A legalização do aborto cria um ambiente onde é possível desenvolver a pesquisa com clonagem reprodutiva que produzirá resultados espetaculares na reengenharia da sociedade humana, mas que hoje são imprevisíveis e estão sendo financiados sem expectativa imediata de lucro, mas aparentemente quase como algo que seria um meta-poder. Esta relação do aborto com a clonagem somente existe, e de modo bem evidente, na mente dos grandes condutores das fundações internacionais, como constatamos, por exemplo, o envolvimento da Fundação Rockefeller com a Biologia Molecular. De modo imediato, a legalização do aborto é desejada por ser o meio mais rápido e eficiente de controle populacional. 

Aborto: Brasil ferido em tempo de Natal


Estamos no tempo do Advento, preparando-nos para celebrar o nascimento do Salvador. No Natal, aqueles que creem se inclinam, com referência ante o recém-nascido na manjedoura de Belém. O povo brasileiro, em sua imensa maioria cristão e temente a Deus, celebra o maior evento da história da humanidade: o nascimento de Jesus de Nazaré, e contempla o presépio com ternura e respeito. 

Porém, ao lado desta abençoada experiência existencial, no corrente ano, estamos sendo surpreendidos por uma verdadeira traição dos que nos governam, quando assistimos à aprovação do aborto até o terceiro mês de gestação. Enquanto o país estava consternado com a tragédia da queda de avião que matou jogadores e outras pessoas, o STF aprovou a legalização do assassinato de inocentes. Somos obrigados a conviver com movimentos que agridem a vida e a dignidade da pessoa humana. O aborto não é outra coisa senão infanticídio. É inacreditável que em pleno século XXI, com tanto progresso tecnológico e científico, haja um regresso em questão de humanidade.

Não tenhamos dúvida: se hoje aprovam abortamento até o terceiro mês, os cultores da morte não se contentarão com isto. Em breve se sentirão fortes para aprovar o aborto em qualquer circunstância até o nono mês. É mais que trágico!

A argumentação a favor deste ato insano é totalmente falha e marcada por uma fragilidade inacreditável. Defendendo o pretenso direito incondicional da mulher sobre o seu corpo, sem levar em consideração o direito da criança sobre o dela, não apresentam outro motivo para a proposição senão o fato de haver muitos abortos clandestinos e mortes de mães provenientes deste procedimento ilegal. Mas matar é sempre ilegal. A única exceção seria a legítima defesa que nada tem a ver com o caso em questão. Matar um ser humano e, sobretudo uma criança indefesa, é um crime horrendo.  

A força do amor vença o temor da morte


O Senhor pergunta, não uma, mas duas e três vezes o que já sabia: se Pedro O amava; e por três vezes ouve de Pedro repetir que O ama; e por três vezes faz a Pedro a mesma recomendação, de apascentar as suas ovelhas.

À tríplice negação corresponde a tríplice confissão, para que a língua não sirva menos ao amor que ao temor, e não pareça que a iminência da morte o obrigou a falar mais do que a presença da vida.

Seja serviço de amor apascentar o rebanho do Senhor como foi sinal de temor negar o Pastor. Os que apascentam as ovelhas de Cristo como se fossem suas e não de Cristo, mostram que não amam a Cristo mas a si mesmos. 

Contra esses, que também o Apóstolo censura dizendo que procuram os próprios interesses e não os de Cristo, estas palavras que o Senhor repete insistentemente são uma séria advertência: Amas-Me? Apascenta as minhas ovelhas.

Quer dizer: se Me amas, não penses em apascentar-te a ti mesmo, mas sim as minhas ovelhas: apascenta-as como minhas, não como tuas; procura nelas a minha glória e não a tua; a minha propriedade e não a tua; os meus interesses e não os teus; não sejas daqueles que nos tempos de perigo só se amam a si mesmos e tudo o que deriva deste princípio, que é a raiz de todo o mal. Os que apascentam as ovelhas de Cristo não se amem a si mesmos; não as apascentem como próprias, mas como de Cristo.

O defeito que mais devem evitar os que apascentam as ovelhas de Cristo consiste em procurar os interesses próprios e não os de Jesus Cristo, destinando ao proveito próprio aqueles por quem Cristo derramou o seu sangue.

O amor de Cristo deve crescer até atingir tal grau de ardor espiritual naquele que apascenta a suas ovelhas, que supere mesmo o natural temor da morte, que nos leva a não querer morrer, ainda que queiramos viver com Cristo.

Mas, por maior que seja o temor da morte, deve ser superado pela força do amor Àquele que, sendo a nossa vida, quis também padecer a morte por nós.

Com efeito, se na morte não houvesse nenhum sofrimento, não seria tão grande a glória dos mártires. Mas, se o Bom Pastor, que deu a vida pelas suas ovelhas, suscitou tantos mártires entre as suas ovelhas, quanto mais devem lutar pela verdade até à morte, e até ao sangue, contra o pecado, aqueles a quem o Senhor confiou a missão de apascentar as suas ovelhas, isto é, de as instruir e orientar?

Perante o exemplo da paixão de Cristo, e ao pensar em tantas ovelhas que já O imitaram, quem não compreende que os pastores devem ser os primeiros a imitar o Pastor? Na verdade, os mesmos pastores são também ovelhas do único rebanho, governado pelo único Pastor. De todos nós Ele fez suas ovelhas, por todos nós padeceu; e, para padecer por todos nós, Ele mesmo Se fez Cordeiro. 


Do Tratado de Santo Agostinho, bispo, sobre o Evangelho de São João
(Tr. 123, 5; CCL 36, 678-680) (Sec. V)