sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Um Deus que já não é levado a sério


O PALHAÇO E A ALDEIA EM CHAMAS

Quem tentar falar hoje sobre o problema da fé cristã diante de homens não familiarizados com a linguagem eclesiástica por vocação ou convenção, depressa sentirá o estranho e surpreendente de semelhante iniciativa.

Provavelmente depressa descobrirá que a sua situação encontra uma descrição exata no conhecido conto de Kierkegaard sobre o palhaço e a aldeia em chamas.

A estória conta como um circo ambulante na Dinamarca pegou fogo. O diretor manda à aldeia vizinha o palhaço, já devidamente fantasiado para a representação, em busca de auxílio, tanto mais que havia perigo de alastrarem-se as chamas através dos campos secos, alcançando a própria aldeia.

O palhaço corre à aldeia e suplica aos moradores que venham com urgência ajudar a apagar as chamas do circo incendiado. Mas os habitantes tomam os gritos do palhaço por um formidável truque de publicidade para atraí-los ao espetáculo; aplaudem-no e riem às gargalhadas.

O palhaço sente mais vontade de chorar do que de rir. Debalde tenta conjurar os homem e esclarecer-lhes de que não se trata de propaganda alguma, nem de fingimento ou truque, mas de coisa muito séria, porquanto o circo realmente está a arder. Seu esforço apenas aumenta a hilaridade até que, por fim, o fogo alcança a aldeia, tornando excessivamente tardia qualquer tentativa de auxílio; circo e aldeia tornam-se presa das chamas.

Esta estória é contada como símile da situação do teólogo hodierno e vê a figura do teólogo no papel incapaz de transmitir aos homens a sua mensagem.

Em sua roupagem de palhaço medieval ou de outro remoto passado qualquer, o teólogo não é levado a sério. Pode dizer o que quiser, continua como que etiquetado e fichado pelo papel que representa. Qualquer que seja o seu comportamento e seu esforço de falar seriamente, sempre se sabe de antemão que ele é um ator que representa. Já se adivinha qual o assunto de sua mensagem e se sabe que apenas está dando uma representação com pouco ou nenhum nexo com a realidade. Por isso pode ser ouvido sossegadamente, sem inquietar a ninguém com as coisas que afirma.

Sem dúvida existe algo de angustiante neste quadro, algo da angustiada realidade em que a teologia e formulação teológica de hoje se encontram; algo da pesada impossibilidade de quebrar chavões do pensamento e da expressão rotineiros e de tornar reconhecível o problema da teologia como assunto sério da vida humana.

Contudo, talvez o nosso exame de consciência deva mesmo ser mais radical. Talvez tenhamos de reconhecer que esse quadro excitante, – por muito verdadeiro e digno de consideração que seja, – ainda simplifica em excesso as coisas. Pois, dentro dele, têm-se a impressão de que o palhaço, ou seja o Teólogo, é quem sabe perfeitamente que traz uma mensagem muito clara. Os aldeões, aos quais acorre, isto é, os homens sem fé, seriam, pelo contrário, completamente ignorantes dos fatos, os que devem ser instruídos sobre aquilo que lhes é desconhecido. E ao palhaço, em si, bastar-lhe-ia mudar de roupagem e retirar a maquiagem, e tudo estaria em ordem. 

Santa Adelaide


Adelaide nasceu em 931, filha do rei da Borgonha. Casou cedo com o rei Lotário, na Itália. Mas três anos depois ficou viúva. Seu marido foi morto numa batalha. O rei adversário enviou Adelaide para a prisão, onde sofreu maus tratos terríveis. 

Contudo ajudada por amigos leais, conseguiu a liberdade. Viajou para a Alemanha para pedir o apoio do imperador Oton. Esse, além de lhe devolver a corte, casou-se com ela. Assim, tornou-se a imperatriz Adelaide, caridosa, piedosa e amada pelos súditos. 

Mas o infortúnio a acompanhava. Ficou viúva de novo e passou a ajudar o filho, Oton II, no governo. Mas o filho casou-se com uma imperatriz grega, Teofânia, maldosa e ciumenta, que passou a perseguir a rainha, até conseguir que ela fosse exilada. Fugiu para Roma, mas a preocupação com o seu reino não a abandonava. Lembrava dos pobres que precisavam de seu auxílio. 

Alguns anos depois o filho arrependeu-se e mandou buscar sua mãe. Adelaide se reconciliou com filho e a paz voltou ao reino. Entretanto o imperador morreria logo depois. Teofânia, sua nora, agora regente, pretendia matar a sogra. Só não morreu, porque Teofânia foi assassinada antes, quatro semanas depois de assumir o governo. 

Adelaide se tornou a imperatriz regente da Alemanha. Administrou com justiça, solidariedade e piedade. Nos últimos anos de vida Adelaide foi para o convento beneditino na Alsácia. Morreu ali com oitenta e seis anos de idade, no dia 16 de dezembro de 999. 



Faça, Senhor Deus, nosso Pai, que aspiremos incansavelmente ao descanso que nos preparastes em vosso reino. Dai-nos forças e inteligência nesta vida, para suportarmos as agruras que nos rodeiam; para promovermos o bem e a justiça e servirmos nossos irmãos. Amém.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Nem as bombas nem os mísseis impedirão a celebração do Natal na Síria


A realidade em Aleppo (Síria) está marcada pelos bombardeios que destroem, acabam com muitas vidas e, por fim, obrigam as pessoas a abandonarem os seus lares. Entretanto, isso não impedirá que os cristãos celebrem o Natal daqui a alguns dias.

Um sacerdote salesiano natural de Aleppo, Pe. Pier Jabloyan, explicou ao Grupo ACI como as pessoas vivem cada dia como se fosse o último e sobre o significado da celebração do Natal em uma cidade onde ninguém sabe se acordará vivo no dia seguinte.

“O que está acontecendo na cidade é um sofrimento geral pela falta de todas as coisas essenciais do homem, como a água, a eletricidade, a gasolina, uma vida normal. Nós podemos suportar a falta dessas coisas, mas o que não podemos suportar é a falta de segurança. Com isto, quero dizer que cada dia em diferentes lugares da cidade cai continuamente uma chuva de bombas e mísseis”, expressou o Pe. Jabloyan.

Junto com os outros missionários salesianos que decidiram permanecer em Aleppo, o Pe. Jabloyan continua realizando seu trabalho pastoral em um oratório no qual atendem pastoralmente 750 crianças, ajudam-nos com a sua educação e buscam “realizar as coisas normais em um tempo que não é normal e gerar um ambiente pacífico”.

“Enquanto as bombas caem no oratório vivem momentos de paz, momentos de catecismo, conhecem o Senhor Jesus que é o único, é o nosso salvador. Esta é a missão dos salesianos com as pessoas em Aleppo. Somos tantos religiosos que decidimos permanecer como os franciscanos, jesuítas, as missionárias da caridade e tantas congregações que estão empenhadas em socorrer o maior número possível de pessoas que não podem viver sem ajuda”.

Em meio a esta situação dramática, para o Pe. Jabloyan, celebrar o Natal é uma coisa “especial e muito bela”.

“Quando falamos do Natal, falamos dos presentes, de alegria, de luzes, de roupa bonita, de coisas externas. Nestes cinco ou seis anos na Síria, vive-se o Natal de um modo essencial, de uma maneira simples, mais íntima e familiar. Para nós, basta um pouco de fruta para ter uma festa”, comentou o Pe. Jabloyan.

“Para nós, o Natal não é algo comercial, nem roupa, jantares ou presentes, mas uma festa ligada à vida das pessoas, porque, para nós, basta participar da Missa no dia 24 de dezembro, saudar os outros e ver que mais um ano estamos vivos. Nesta guerra feroz, isso já é Natal”, manifestou.

O sacerdote comentou que no ano passado, no oratório dos salesianos as pessoas se saudavam enquanto continuavam os bombardeios do lado de fora. “E nós dizíamos feliz Natal. O Senhor realmente nasceu para nós”.

“Inclusive em meio às bombas, nós encontrávamos a fé. Esta é a especialidade do Natal, o Senhor nasceu para nós. Nasceu pobre para esta humanidade ferida”, afirmou. 

Vaticano: Fundador do Instituto do Verbo Encarnado é culpado de má conduta sexual


Em um comunicado lido na coletiva de imprensa em 12 de dezembro, a diocese de San Rafael (Argentina) informou que o Vaticano declarou culpado o Pe. Carlos Miguel Buela, fundador do Instituto do Verbo Encarnado (IVE), de “comportamentos impróprios com maiores de idade”.

Na mensagem, lida pelo Pe. José Antonio Álvarez, a diocese argentina assinalou que surgiram denúncias contra o Pe. Buela “sobre atos sexuais que afetaram religiosos e seminaristas do Instituto”.

“A Congregação competente da Santa Sé, tendo garantido o exercício do legítimo direito de defesa do acusado, determinou, conforme procedimentos canônicos vigentes, a veracidade das denúncias e a imputabilidade do Padre Buela de comportamentos impróprios com maiores de idade”, indicou.

A diocese precisou, entretanto, que “é correto afirmar que não foram constatados casos de abusos de menores atribuídos a ele”.

Além disso, o Vaticano estabeleceu ainda que o Pe. Buela “está proibido de maneira absoluta de comunicar-se com os membros do IVE”.

“Também não pode fazer declarações nem aparecer em público, nem participar de nenhuma atividade ou encontro, pessoalmente, ou através de qualquer outro meio de comunicação”.

No final do mês de novembro, o site ‘Mendoza Digital’ apresentou o caso de um homem identificado como “Luis”, que denunciou abusos sexuais de um sacerdote dentro do Seminário Maior Maria Mãe do Verbo Encarnado do IVE, na diocese de San Rafael.

A diocese assegurou a respeito do caso de “Luis” que, desde quando foram informados pela vítima, procederam com a investigação prévia “com responsabilidade e rapidez” e o caso foi levado “à autoridade competente da Santa Sé”.

A diocese argentina assinalou que atualmente espera a decisão da Santa Sé “e mantém um diálogo cordial com Luis”.

No final da leitura do comunicado e em diálogo com os jornalistas, o Bispo de San Rafael, Dom Eduardo María Taussig, destacou que “estes problemas graves não prejudicam o mais importante que nos une, que é a pertença à mesma Igreja diocesana, a Jesus Cristo, ao Evangelho”.

“Certamente compreendo e sinto a dor de toda a família do Verbo Encarnado ante estas notícias e também como pai de cada um deles estou ao seu dispor”, disse.

Dom Taussig assinalou que “o Instituto do Verbo Encarnado tem uma regra aprovada pela autoridade da Igreja que garante que aqueles que a seguem podem ser santos e tem um carisma reconhecido, e de fato tem muitíssimas obras em diferentes lugares do mundo que são elogiáveis”, entre elas, “os irmãos e irmãs que estão na Síria sob as bombas, com testemunhos heroicos e muito nobres”.

Em seguida, o Prelado assinalou que o IVE “teve dificuldades, não só do Pe. Buela, mas de governo”, por isso a Santa Sé interveio na eleição das autoridades máximas do instituto. 

Afiliada da Planned Parenthood no Brasil manipula o Papa Francisco para promover o aborto


Uma organização abortista brasileira, filial da multinacional Planned Parenthood, lançou nas redes sociais uma singular campanha, que torna o Papa Francisco um aliado na luta pelo assassinato de bebês em gestação, colocando-o como um exemplo para transformar o aborto em "um crime sem punição".

Uma imagem do pontífice sorrindo acompanhada pela frase  "Mulheres que abortam: são milhares no Brasil; todas perdoadas pelo Papa Francisco"  está sendo intensamente divulgada no Facebook, Twitter e em grupos de WhatsApp desde o final de novembro.

A frase induz a pensar que o Santo Padre modificou a doutrina e a disciplina da Igreja sobre o aborto  ou que forneceu algum tipo de perdão automático a quem tenha praticado o aborto.

A frase é falsa. É uma manipulação grosseira do parágrafo 12 da Carta Apostólica Misericordia et misera, publicada no último 20 de novembro, na qual o Papa estende por tempo indefinido a faculdade que havia concedido temporariamente aos sacerdotes de perdoar em confissão o pecado do aborto. 

Na Igreja Católica o aborto causa excomunhão imediata  e o penitente, arrependido e recorrendo ao sacramento da confissão,  só poderia ser perdoado por um bispo . Agora, para que "nenhum obstáculo se imponha entre o pedido de reconciliação e o perdão de Deus" qualquer sacerdote pode absolver quem está arrependido.

Pode-se pensar que a campanha brasileira é apenas um erro infeliz, que é comum, por exemplo, em um comunicado de imprensa inculto quanto ao momento de divulgar notícias da Igreja.

No entanto, juntamente com o "banner" foi divulgado um artigo da antropóloga Débora Diniz intitulado  "Papa Francisco e o perdão do aborto".

Originalmente publicado no jornal on-line  Huffington Post, o texto, embora breve, é cheio de mentiras e grandes erros. Começa por afirmar especificamente que "não há mais excomunhão para a mulher que aborta, há perdão, disse o Papa Francisco". 

Corte Constitucional da Colômbia quer os católicos nas catacumbas, denuncia Bispo


O Bispo de Neiva (Colômbia), Dom Froilán Casas Ortiz, advertiu que a decisão da Corte Constitucional de retirar o Episcopado da coadministração do Serviço Nacional de Aprendizagem (SENA) mostra que querem tirar a Igreja das instituições da vida pública e enviar os “católicos às catacumbas”.

No dia 30 de novembro, a Corte Constitucional eliminou a representação da Conferência Episcopal Colombiana (CEC), no Conselho Diretor Nacional e Diretores Regionais do SENA, argumentado que a Colômbia é um Estado leigo. Esta decisão foi tomada apesar de a Igreja contribuir em 1957 com a fundação desta instituição, dedicada à formação profissional de pessoas de baixos recursos econômicos.

“A católica Colômbia tem tirado a Igreja e seus ministros de todas as instituições da vida pública. Depois que contribuímos tanto ao país, agora nos desconhecem e lentamente estão nos excluindo de todo tipo de expressão pública de fé. É verdade, a Constituição de 1991 estabeleceu um Estado laico, não confessional, o que é bom, no meu entender. Um Estado laico não é aquele que massacra as crenças, mas aquele que as respeita”, expressou o Prelado em um artigo publicado ontem no site da CEC.

Sob o título “Uma Igreja perseguida”, Dom Casas recordou que “as crenças são a parte medular de uma cultura” e, portanto, a decisão da Corte demonstra uma “tendência” na leitura da Constituição. “Tirar a possibilidade que o homem tem de expressar a sua fé publicamente é castrá-lo, é mutilá-lo”, advertiu.

“De modo que o cristão, que é um cidadão e que paga impostos, segundo a leitura feita pela Corte Constitucional à Carta, não pode exteriorizar as suas crenças. Deste modo, ter um crucifixo no escritório, é uma falta de respeito àqueles que não acreditam. Você pode expressar livremente a sua indiferença ou agnosticismo e eu tenho que esconder meus sentimentos religiosos. Que sofisma de distração! Supostamente se combate um dogmatismo com outro pior. Estão mandando os cristãos católicos às catacumbas”, denunciou. 

Mensagem do Papa para o Dia Mundial do Doente 2017


MENSAGEM DE SUA SANTIDADE  FRANCISCO
 PARA A XXV JORNADA MUNDIAL DO DOENTE 2017

 
(Lourdes, 11 de fevereiro de 2017)

Tema: «Admiração pelo que Deus faz: “o Todo-Poderoso fez em mim maravilhas” (Lc 1, 49)»

Queridos irmãos e irmãs,

No próximo dia 11 de fevereiro, celebrar-se-á em toda a Igreja, e de forma particular em Lourdes, a XXV Jornada Mundial do Doente, sob o tema: «Admiração pelo que Deus faz: “o Todo-Poderoso fez em mim maravilhas” (Lc 1, 49)». Instituída pelo meu predecessor São João Paulo II em 1992 e celebrada a primeira vez precisamente em Lourdes no dia 11 de fevereiro de 1993, tal Jornada dá ocasião para se prestar especial atenção à condição dos doentes e, mais em geral, a todos os atribulados; ao mesmo tempo convida quem se prodigaliza em seu favor, a começar pelos familiares, profissionais de saúde e voluntários, a dar graças pela vocação recebida do Senhor para acompanhar os irmãos doentes. Além disso, esta recorrência renova, na Igreja, o vigor espiritual para desempenhar sempre da melhor forma a parte fundamental da sua missão que engloba o serviço aos últimos, aos enfermos, aos atribulados, aos excluídos e aos marginalizados (cf. João Paulo II, Motu proprio Dolentium hominum, 11 de fevereiro de 1985, 1). Com certeza, os momentos de oração, as Liturgias Eucarísticas e da Unção dos Enfermos, a interajuda aos doentes e os aprofundamentos bioéticos e teológico-pastorais que se realizarão em Lourdes, naqueles dias, prestarão uma nova e importante contribuição para tal serviço.

Sentindo-me desde agora presente espiritualmente na Gruta de Massabiel, diante da imagem da Virgem Imaculada, em quem o Todo-Poderoso fez maravilhas em prol da redenção da humanidade, desejo manifestar a minha proximidade a todos vós, irmãos e irmãs que viveis a experiência do sofrimento, e às vossas famílias, bem como o meu apreço a quantos, nas mais variadas tarefas de todas as estruturas sanitárias espalhadas pelo mundo, com competência, responsabilidade e dedicação se ocupam das melhoras, cuidados e bem-estar diário de todos vós. Desejo encorajar-vos a todos – doentes, atribulados, médicos, enfermeiros, familiares, voluntários – a olhar Maria, Saúde dos Enfermos, como a garante da ternura de Deus por todo o ser humano e o modelo de abandono à vontade divina; e encorajar-vos também a encontrar sempre na fé, alimentada pela Palavra e os Sacramentos, a força para amar a Deus e aos irmãos mesmo na experiência da doença.

Como Santa Bernadete, estamos sob o olhar de Maria. A jovem humilde de Lourdes conta que a Virgem, por ela designada «a Bela Senhora», a fixava como se olha para uma pessoa. Estas palavras simples descrevem a plenitude dum relacionamento. Bernadete, pobre, analfabeta e doente, sente-se olhada por Maria como pessoa. A Bela Senhora fala-lhe com grande respeito, sem Se pôr a lastimar a sorte dela. Isto lembra-nos que cada doente é e permanece sempre um ser humano, e deve ser tratado como tal. Os doentes, tal como as pessoas com deficiências mesmo muito graves, têm a sua dignidade inalienável e a sua missão própria na vida, não se tornando jamais meros objetos, ainda que às vezes pareçam de todo passivos, mas, na realidade, nunca o são. 

Cristo é a plenitude da revelação


Deus, criando e conservando pelo seu Verbo o universo, apresenta aos homens, nas coisas criadas, um contínuo testemunho de si mesmo; além disso, querendo abrir o caminho da salvação eterna, manifestou-se desde o princípio a nossos primeiros pais.

Depois que eles caíram, com a promessa da redenção, deu-lhes a esperança da salvação e cuidou sem cessar do gênero humano, a fim de dar a vida eterna a todos os que buscam a salvação perseverando na prática das boas obras.

No tempo próprio, chamou Abraão para fazer dele um grande povo; depois dos patriarcas, ensinou esse povo, por meio de Moisés e dos profetas, a conhecê-lo como único Deus vivo e verdadeiro, Pai providente e Juiz justo, e a esperar o Salvador prometido. E assim, ao longo dos séculos, preparou o caminho para o Evangelho. Masdepois de ter falado muitas vezes e de muitos modos por meio dos profetas, nestes dias que são os últimos, Deus nos falou por meio do seu Filho (cf. Hb 1,1-2).

Com efeito, ele enviou seu Filho, o Verbo eterno que ilumina todos os homens, para habitar entre os homens e dar-lhes a conhecer os segredos de Deus.

Jesus Cristo, portanto, o Verbo feito carne, homem enviado aos homens, fala as palavras de Deus (Jo 3,34) e consuma a obra da salvação que o Pai lhe confiou.

Assim, ele – quem o vê, vê também o Pai – por toda a sua presença e por tudo o que manifesta de si mesmo, por suas palavras e obras, seus sinais e milagres, mas sobretudo por sua morte e gloriosa ressurreição dentre os mortos, e finalmente pelo envio do Espírito da Verdade, aperfeiçoa e completa a revelação, confirmando com o testemunho divino a revelação de que Deus está conosco para nos libertar das trevas do pecado e da morte e nos ressuscitar para a vida eterna.

A economia cristã, portanto, que é a nova e definitiva aliança, jamais passará; já não há nova revelação pública a esperar antes da manifestação gloriosa de nosso Senhor Jesus Cristo.



Da Constituição dogmática Dei Verbum sobre a revelação divina, do Concílio Vaticano II (N. 3-4) (Séc. XX)