sábado, 24 de dezembro de 2016

É Natal!


Eis o mistério da festa do Natal: nesta criança nascida para nós, Deus visitou o Seu povo, Deus entrou na humanidade! Que mistério tão profundo: Ele, sem deixar de ser Deus, tornou-se homem verdadeiramente. Veio desposar a nossa condição humana, veio caminhar pelos nossos caminhos, veio experimentar a dor e a alegria de viver humanamente: amou com um coração humano, sonhou sonhos humanos, chorou lágrimas humanas, sentiu a angústia humana… Ele, Filho eterno do Pai, tornou-Se filho dos homens para salvar toda a humanidade, “tornou-se de tal modo um de nós, que nós nos tornamos eternos”!

Hoje, cumpriram-se as Escrituras: o Dia tão esperado brilhou no meio da noite. Hoje, “o povo, que andava na treva”, a humanidade perdida e confusa, “viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte”, para nós, que temos sempre de lutar contra tantas e tantas mortes, “uma luz resplandeceu”! Nesta Noite Santa, podemos comemorar, alegrarmo-nos como os que colhem depois do trabalho e do suor do plantio, por que algo inacreditável, algo que parece um sonho, um conto de fadas, nos aconteceu! Escutai, escutai: “Nasceu para nós um Menino, foi-nos dado um Filho; Ele traz nos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: Conselheiro Admirável, Deus Forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da Paz. Grande será o seu reino e a paz não há de ter fim… a partir de agora e por todo sempre”! Eis a graça, a glória, o mistério desta Noite!

A Liturgia não evoca apenas os mistérios de Cristo, mas vive-os no presente. Cristo manifesta-se hoje, quando a Igreja, reunida, comemora os mistérios de Sua presença na história. Importa, pois, viver o nascimento de Cristo; importa ver como Cristo continua a nascer e manifestar-Se em nós e nos outros hoje. 

É preciso fazer-se pequenino para encontrar Jesus, diz Papa


HOMILIA
Santa Missa da noite na solenidade do Natal do Senhor
Sábado, 24 de dezembro de 2016


«Manifestou-se a graça de Deus, portadora de salvação para todos os homens» (Tt 2, 11). Estas palavras do apóstolo Paulo revelam o mistério desta noite santa: manifestou-se a graça de Deus, o seu presente gratuito; no Menino que nos é dado, concretiza-se o amor de Deus por nós.

É uma noite de glória, a glória proclamada pelos anjos em Belém e também por nós hoje em todo o mundo. É uma noite de alegria, porque, desde agora e para sempre, Deus, o Eterno, o Infinito, é Deus conosco: não está longe, não temos de O procurar nas órbitas celestes nem em qualquer ideia mística; está próximo, fez-Se homem e não Se separará jamais desta nossa humanidade que assumiu. É uma noite de luz: a luz, profetizada por Isaías e que havia de iluminar quem caminha em terra tenebrosa (cf. 9, 1), manifestou-se e envolveu os pastores de Belém (cf. Lc 2, 9).

Os pastores descobrem, pura e simplesmente, que «um menino nasceu para nós» (Is 9, 5) e compreendem que toda aquela glória, toda aquela alegria, toda aquela luz se concentram num único ponto, no sinal que o anjo lhes indicou: «Encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura» (Lc 2, 12). Este é o sinal de sempre para encontrar Jesus; não só então, mas hoje também. Se queremos festejar o verdadeiro Natal, contemplemos este sinal: a simplicidade frágil dum pequenino recém-nascido, a mansidão que demonstra no estar deitado, a ternura afetuosa das fraldas que O envolvem. Ali está Deus.

Com este sinal, o Evangelho desvenda-nos um paradoxo: fala do imperador, do governador, dos grandes de então, mas Deus não Se apresentou lá; não aparece no salão nobre dum palácio real, mas na pobreza dum curral; não nos fastos ilusórios, mas na simplicidade da vida; não no poder, mas numa pequenez que nos deixa surpreendidos. E, para O encontrar, é preciso ir aonde Ele está: é preciso inclinar-se, abaixar-se, fazer-se pequenino. O Menino que nasce interpela-nos: chama-nos a deixar as ilusões do efêmero para ir ao essencial, renunciar às nossas pretensões insaciáveis, abandonar aquela perene insatisfação e a tristeza por algo que sempre nos faltará. Far-nos-á bem deixar estas coisas, para reencontrar na simplicidade de Deus-Menino a paz, a alegria, o sentido da vida.

Deixemo-nos interpelar pelo Menino na manjedoura, mas deixemo-nos interpelar também pelas crianças que, hoje, não são reclinadas num berço nem acariciadas pelo carinho duma mãe e dum pai, mas jazem nas miseráveis «manjedouras de dignidade»: no abrigo subterrâneo para escapar aos bombardeamentos, na calçada duma grande cidade, no fundo dum barco sobrecarregado de migrantes. Deixemo-nos interpelar pelas crianças que não se deixam nascer, as que choram porque ninguém lhes sacia a fome, aquelas que na mão não têm brinquedos, mas armas. 

Natal perene!


“Transcorridos muitos séculos desde que Deus criou o mundo e fez o homem  à sua imagem; - séculos depois de haver cessado o dilúvio, quando o Altíssimo fez resplandecer o arco-íris, sinal de aliança e de paz; - vinte e um séculos depois do nascimento de Abraão, nosso pai; - treze séculos depois da saída de Israel do Egito, sob a guia de Moisés; - cerca de mil anos depois da unção de Davi, como rei de Israel; - na septuagésima quinta semana da profecia de Daniel; - na nonagésima quarta Olimpíada de Atenas; - no ano 752 da fundação de Roma; - no ano 538 do edito de Ciro, autorizando a volta do exílio e a reconstrução de Jerusalém; - no quadragésimo segundo ano do império de César Otaviano Augusto, enquanto reinava a paz sobre a terra, na sexta idade do mundo: JESUS CRISTO DEUS ETERNO E FILHO DO ETERNO PAI, querendo santificar o mundo com a sua vinda, foi concebido por obra do Espírito Santo e se fez homem; transcorridos nove meses, nasceu da Virgem Maria, em Belém de Judá. Eis o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a natureza humana. Venham, adoremos o Salvador! Ele é Emanuel, Deus Conosco”.

Este é o solene anúncio oficial do Natal, feito pela Igreja na primeira Missa da noite de Natal!

O Natal é a primeira festa litúrgica, o recomeçar do ano religioso, como a nos ensinar que tudo recomeçou ali. O nascimento de Jesus foi o princípio da revelação do grande mistério da Redenção que começava a se realizar e já tinha começado na concepção virginal de Jesus, o novo Adão. Deus queria que o seu projeto para a humanidade fosse reformulado num novo Adão, já que o primeiro Adão havia falhado por não querer se submeter ao seu Senhor, desejando ser o senhor de si mesmo e juiz do bem e do mal. Assim, Deus enviou ao mundo o seu próprio Filho, o Verbo eterno, por quem e com quem havia criado todas as coisas. Esse Verbo se fez carne, incarnou-se no puríssimo seio da Virgem, por obra do Espírito Santo, e começou a ser um de nós, nosso irmão, Jesus. Veio ensinar ao homem como ser servo de Deus. Por isso, sendo Deus, fez-se em tudo semelhante a nós, para que tivéssemos um modelo bem próximo de nós e ao nosso alcance. Jesus é Deus entre nós, o “Emanuel – Deus conosco”, a face da misericórdia do Pai.  

A origem da Missa do Galo


Para celebrar o nascimento de Jesus, a Missa do Galo foi instituída no século V, após o Concílio de Éfeso (431 d.C.), começando a ser celebrada, oficialmente, na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, pelo o papa Sisto III.

É celebrada à meia-noite do dia 24 de dezembro. O galo foi escolhido como símbolo desta celebração porque, histórica e tradicionalmente, representa vigilância, fidelidade e testemunho cristão.

Nos primeiros séculos, as vigílias festivas eram dias de jejum. Os fiéis reuniam-se na igreja e passavam a noite rezando e cantando. A Igreja era toda iluminada com lâmpadas de azeite e com tochas.

Na tradição católica cristã, todas as velas do Advento são acesas na Missa do Galo, para celebrar solenemente o nascimento do Messias, Jesus Cristo: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”!

O Natal é a única celebração do calendário litúrgico que contempla três celebrações Eucarísticas, mas a da noite reúne os aspectos históricos e humanos do nascimento de Cristo.

Hoje, tradicionalmente, depois da missa, as famílias voltam para suas casas, colocam a imagem do Menino Jesus no Presépio, realizam cânticos e orações em memória do Messias, filho de Deus, e confraternizam-se e compartilham a Ceia de Natal, com eventual distribuição de presentes. 

4ª Pregação do Advento 2016: “Encarnado por obra do Espírito Santo através da Virgem Maria”.


ENCARNADO POR OBRA DO ESPÍRITO SANTO
ATRAVÉS DA VIRGEM MARIA

1. Natal, um mistério "para nós"

Continuando nossas reflexões sobre o Espírito Santo, e dada a iminência do Natal, meditemos no artigo do credo que fala da obra do Espírito Santo na Encarnação. No credo, dizemos: "Para nós, homens e para a nossa salvação, desceu do céu, e pelo Espírito Santo se encarnou da Virgem Maria e se fez homem".

Santo Agostinho distinguiu duas maneiras de celebrar um evento na história da salvação: como um mistério (em Sacramento) ou como um simples aniversário. Na celebração de um aniversário, disse ele, precisamos apenas "indicar com uma solenidade religiosa o dia do ano em que a lembrança do próprio evento ocorre". Na celebração de um mistério, no entanto, "não só é a Comemorado, mas o fazemos de maneira que seu significado para nós seja compreendido e recebido devotadamente".

O Natal não é uma celebração na categoria de um aniversário. (Como sabemos, a escolha de 25 de dezembro como data foi escolhida por razões simbólicas e não históricas.) É uma celebração na categoria de um mistério que precisa ser entendida em termos de seu significado para nós. S. Leão, o Grande, já havia destacado o significado místico do "sacramento da Natividade de Cristo", dizendo: "Assim como fomos crucificados com ele em sua paixão, ressuscitados com Ele na sua ressurreição... Assim também nós nascemos junto com ele em sua Natividade."

A base de tudo isso é o acontecimento bíblico realizado de uma vez por todas em Maria: a Virgem se tornou a Mãe de Jesus pela ação do Espírito Santo. Este mistério histórico, como todos os eventos da salvação, é estendido num nível sacramental na Igreja e num nível moral na vida do crente individual. Maria, como a Virgem Mãe que gera Cristo pelo Espírito Santo, aparece como o "tipo", ou exemplar perfeito, da Igreja e do crente. Vamos ouvir um autor na Idade Média, o beato Isaac de Stella, resumir o pensamento dos Padres, a este respeito: 

Maria e a Igreja são uma mãe, ainda mais do que uma mãe; Uma virgem, mas mais do que uma virgem. Ambas são mães, ambas são virgens... Nas Escrituras inspiradas, o que é dito num sentido universal da Virgem Mãe, a Igreja, é entendido em um sentido individual da Virgem Maria... De certo modo, também se acredita que todo cristão é noiva da Palavra de Deus, mãe de Cristo, sua filha e irmã, ao mesmo tempo virginal e frutífera. 


Esta visão patrística foi trazida à luz pelo Concílio Vaticano II nos capítulos da constituição Lumen gentium dedicada a Maria. Em três parágrafos separados, o documento fala da Virgem Maria como modelo exemplar e modelo da Igreja (n. 63), que também é chamada a virgem e mãe na fé (n. Crente que, imitando a virtude de Maria, dá à luz e permite a Jesus crescer em seu coração e no coração de irmãos e irmãs (nº 65).

2. "Pelo Espírito Santo"

Vamos meditar ao lado sobre o papel de cada um dos dois protagonistas, o Espírito Santo e Maria, para buscar inspiração para o nosso próprio Natal. St. Ambrosio escreve: 

O nascimento da Virgem é a obra do Espírito... Não podemos duvidar que o Espírito é o Criador que conhecemos como o Autor da Encarnação do Senhor... Se a Virgem concebeu com Sua operação e poder do Espírito, quem negará o Espírito como Criador? 

Neste texto, Ambrósio interpreta perfeitamente o papel que o Evangelho atribui ao Espírito Santo na Encarnação, que o chama sucessivamente de "Espírito Santo" e "poder do Altíssimo" (Lc 1, 35). Ele é o "Espírito Criador" que age para trazer seres à existência (como em Gênesis 1,2), para criar uma nova e mais elevada forma de vida. É o Espírito que é "o Senhor, o que dá a vida", como proclamamos no mesmo credo. 

Aqui também, como no princípio, o Espírito cria "do nada", isto é, da total ausência de possibilidades humanas, sem necessidade de assistência ou apoio. E este "nada", este vazio, essa ausência de explicações e causas naturais, é chamada, neste caso, a virgindade de Maria. - Como será isso, já que não tenho marido? E o anjo lhe disse: O Espírito Santo virá sobre ti, eo poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; Por isso o filho a nascer será chamado santo, o Filho de Deus "(Lc 1, 34-35). Sua virgindade aqui é um sinal magnífico que não pode ser eliminado ou anulado sem rasgar todo o tecido do relato evangélico e seu significado. 

O Espírito que desceu sobre Maria é, então, o Espírito Criador que milagrosamente formou a carne de Cristo da Virgem. Mas há ainda mais. Além de ser o "Espírito Criador", ele é também para Maria "fons vivus, ignis, carita, / et spiritalis unctio", "fonte de vida e fogo de amor e doce unção de cima". O mistério torna-se enormemente empobrecido se Ela é reduzida apenas à sua dimensão objetiva, às suas implicações dogmáticas (dualidade da natureza, unidade da pessoa), enquanto negligencia seus aspectos subjetivos e existenciais.

São Paulo fala de "uma carta de Cristo entregue por nós, escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de corações humanos" (2 Cor 3, 3). O Espírito Santo escreveu esta maravilhosa carta que é Cristo, acima de tudo, no coração de Maria, para que, como diz Agostinho, Cristo "permanecesse na mente de Maria na medida em que é verdade, foi carregado no seu ventre enquanto homem". Dizendo também: "Maria concebeu Cristo primeiro em seu coração e depois em seu corpo" (prius conceit mente quam corpore) significa que o Espírito Santo trabalhou no coração de Maria, iluminando-o e inflamando-o com Cristo antes mesmo de encher Seu ventre com Cristo.

Somente os santos e místicos que tiveram uma experiência pessoal da erupção de Deus em suas vidas podem nos ajudar a entender o que Maria deve ter experimentado no momento da Encarnação da Palavra em seu ventre. Um deles, São Boaventura, escreve:

Quando ela deu seu consentimento a ele, o Espírito Santo veio sobre ela como um fogo divino inflamando sua alma e santificando sua carne em perfeita pureza. Mas o poder do Altíssimo a ofuscou (Lucas 1:35) para que ela pudesse suportar tal fogo... Oh, se você pudesse sentir de alguma forma a qualidade e intensidade desse fogo enviado do céu, a frieza refrescante que a acompanhava, o consolo que ela proporcionava; Se você pudesse perceber a grande exaltação da Virgem Mãe, o enobrecimento da raça humana, a condescendência da majestade divina,... Então estou certo de que cantaria em tom doce com a Santíssima Virgem aquele hino sagrado: Minha alma glorifica ao Senhor.

A Encarnação foi vivida por Maria como um evento carismático do mais alto grau que fez dela o modelo de uma alma que está "resplandecente com o Espírito" (Rom 12:11). Era seu Pentecostes. Muitas das ações e palavras de Maria, especialmente no relato de sua visita a Santa Isabel, não podem ser compreendidas a menos que as vejamos à luz de uma experiência mística incomparável. Tudo que vemos operando visivelmente em alguém que é visitado pela graça (amor, alegria, paz, luz) devemos reconhecer em medida única em Maria na Anunciação. Maria foi a primeira a experimentar "a intoxicação sóbria do Espírito" de que falei na última vez, e seu "Magnificat" é a melhor evidência disso.

É, no entanto, uma intoxicação "sóbria", humilde. A humildade de Maria após a Encarnação nos parece como um dos maiores milagres da graça divina. Como Maria foi capaz de suportar o peso desse pensamento: "Você é a Mãe de Deus! Você é a mais alta de todas as criaturas!"? Lúcifer não era capaz de lidar com essa tensão de forma justa e, apanhado pela cabeça de sua própria estatura elevada, foi derrubado. Não é assim Maria. Ela permanece humilde, modesta, como se nada tivesse acontecido em sua vida para o qual ela pudesse fazer qualquer afirmação. Em certa ocasião, o Evangelho nos mostra-nos no ato de suplicar aos outros, até mesmo pela oportunidade de ver seu Filho: "Sua mãe e seus irmãos", dizem a Jesus, "estão de pé, desejando vê-lo" (Lc 8,20). 

Quando a autoridade está a serviço da impiedade


À medida que o relativismo revolucionário avança no mundo e dentro da Igreja podemos constatar o crescente distanciamento entre o que se prega em boa parte de nossas paróquias e dioceses e o que a Igreja sempre ensinou em seu magistério infalível.

A situação é verdadeira gritante, escandalosa, indignante…

É muito entristecedor ver leigos bons, que querem ser santos, que desejam viver a verdade do Evangelho tal como ensina a santa Igreja, serem rechaçados, humilhados e isolados por seus padres ou bispos, tratados como excêntricos, exagerados, radicais, como gente a ser evitada…é indignante ver como muitos desses padres e bispos usurpam de sua autoridade para massacrar suas ovelhas mais pequenas, execrando-as e pondo-as em ridículo publicamente pelo fato de estas quererem receber a SS Eucaristia de joelhos e/ou na boca.

Muitos desses senhores estufam o peito e vociferam enraivecidos mandando que se levantem os que se ajoelham para receber a Sagrada Comunhão e/ou insistem que devem receber a Sagrada Hóstia na mão. Alguns apelam para o argumento da unidade com resto da assembleia para justificar a atitude autoritária, outros acusam estes fieis de estarem ”querendo aparecer” como se fossem deuses que conhecem o íntimo dos corações… tem sido frequente muitas dessas autoridades demostrarem aversão e combater o uso do véu por parte de senhoras e jovens nas santas missas…mesmo a modéstia à qual tem aderido um número sempre maior de pessoas passou a ser alvo das críticas e oposições por parte de muitos pastores de almas. E assim tem sido com várias outras práticas de piedade às quais tem aderido nosso povo, que cada vez mais tem rejeitado esse catolicismo superficial, desfigurado pelo relativismo reinante, que desorienta e causa confusão.

O que é desconcertante nessas autoridades que combatem a piedade é a atitude conivente, quando não incentivadora, de ideias e práticas completamente incompatíveis com a Verdade do Evangelho e com o ensinamento da Igreja.

Eles não aceitam um fiel comungar de joelhos e na boca, mas dão a comunhão para mulheres com vestes imorais e sensuais, com as pernas de fora, costas peladas, parte dos peitos aparecendo… sem dizer das roupas coladas e transparentes…

São estes mesmos senhores que negam aos fiéis o direto de se ajoelharem para receber Jesus Eucarístico, mas que, desobedecendo a doutrina católica, dão a comunhão a maçons, amasiados, macumbeiros, espíritas, marxistas-comunistas, etc…

São estes que querem oprimir os fiéis sob o peso de uma autoridade esmagante para impor caprichos pessoais ou ideais contrárias ao ensinamento da Igreja, mas que não querem obedecer a mesma Igreja em matérias graves.

São esses valentes que a pretexto da ”unidade” humilham e perseguem aqueles que querem ter uma vida cristã ancorada na rica tradição católica, mas que evocando a ”diversidade” defendem um ecumenismo sem pé e sem cabeça e relativizam a doutrina católica, deturpando-a e reduzindo-a de tal forma que qualquer herege se sinta à vontade perto dela.

O povo católico que já possui ou está adquirindo um conhecimento básico de sua fé, vai percebendo a distância enorme entre a verdadeira doutrina católica ensinada pelo Magistério da Igreja e o que eles têm visto e ouvido em muitas de suas paróquias e dioceses. 

A verdade germina da terra e a justiça desce do Céu


Desperta, ó homem: por ti Deus Se fez homem. Desperta, tu que dormes, levanta­-te de entre os mortos e Cristo te ilumi­nará. Por ti, repito, Deus Se fez homem.
 
Terias morrido para sempre, se Ele não nascesse no tempo. Nunca terias sido liberto da carne do pecado, se Ele não assumisse a semelhança da carne do pecado. Estarias condenado à miséria eterna, se não fosse a sua grande misericórdia. Não terias voltado à vida, se Ele não descesse ao encontro da tua morte. Terias sucumbido, se Ele não viesse em teu auxílio. Estarias perdido sem remédio, se Ele não viesse salvar-te. 

Celebremos com alegria a vinda da nossa salvação e redenção. Celebremos o dia feliz, em que o grande e eterno Dia, procedente do grande e eterno Dia, veio inserir-se neste nosso dia temporal e tão breve. 

Ele Se converteu para nós em justiça, santificação e redenção, para que, como está escrito, aquele que se gloria, se glorie no Senhor. 

A verdade germina da terra: Cristo, que disse Eu sou a verdade, nasceu da Virgem. E a justiça desce do Céu: porque o homem que acredita n’Aquele que por nós nasceu não é justificado por si mesmo mas por Deus. 

A verdade germina da terra: porque o Verbo Se fez homem. E a justiça desce do Céu: porque toda a dádiva excelente e todo o dom perfeito vem do alto. 

A verdade germina da terra, isto é, a carne de Cristo é gerada em Maria. E a justiça desce do Céu, porque o homem não pode receber nada, se não lhe for concedido do Céu.

Justificados pela fé, estamos em paz com Deus, porque se abraçam a paz e a justiça. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, porque a verdade germina da terra. Por Ele temos acesso a esta graça em que permanecemos e nos gloriamos na espe­rança da glória de Deus. Não diz «da nossa glória» mas da glória de Deus, porque a justiça não vem de nós, mas desce do Céu. Por isso o que se gloria, glorie­-se não em si mesmo, mas no Senhor. 

Quando o Senhor nasceu da Virgem, os Anjos entoaram este hino: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade. 

Como pode vir a paz à terra, senão porque a verdade ger­mina da terra, isto é, Cristo nasce da carne? Ele é a nossa paz, Ele fez de ambos os povos um só, a fim de que fôssemos homens de boa vontade, unidos uns aos outros pelo suave vínculo da unidade. 

Alegremo-nos, portanto, com esta graça, para que a nossa glória seja o testemunho da nossa consciência, e não nos gloriemos em nós mas no Senhor. Por isso diz o salmo: Vós sois a minha glória, por Vós levanto a minha fronte. Tendo um Filho unigênito, Deus tornou-O Filho do homem e, vice-versa, tornou o filho do homem filho de Deus. Que maior graça de Deus podia brilhar sobre nós? 

Procura o mérito, procura a justiça, procura a causa de tudo isto, e vê se encontras outra coisa que não seja a graça de Deus.


Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo

(Sermo 185: PL 38, 997-999) (Sec. V)

Mensagem de Natal aos leitores de † iCatolica.com: "Porque nasceu para nós um menino".


“Porque nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho;
ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é:
Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da paz”
(Isaías 9,5).

É com imensa alegria no coração que chego até os leitores do † iCatolica.com trazendo esta mensagem de alegria para nós.


Desde a queda de Adão e Eva, o Senhor renova com a humanidade a promessa de resgatar-nos daquela situação em que o homem livremente aderiu por meio de sua desobediência.

Em Jesus Cristo, realiza-se plenamente o projeto de Deus, pois não é mais um “homem escolhido entre os homens” que vem para nos livrar da escravidão do pecado, mas o próprio Deus que decide vir pessoalmente salvar-nos!

Cristo desceu do Céu e se encarnou pelo Espírito Santo no seio de uma virgem chamada Maria e se fez homem.

Seu nascimento foi causa de muitos conflitos, mesmo assim Ele não desistiu de nós e criou um novo povo, um povo eleito, que se estende a todos os homens que aceitam livremente e aderem ao seu projeto de amor.

Não diferente daquele tempo, em cada Natal o Senhor vem até nós, e ainda recordando a sua primeira vinda, alegres e confiantes, aguardamos a segunda na qual Ele “será tudo em todos” (1Cor 15,28).

Neste Natal, o menino que vem, chega em meio a conflitos na humanidade. Recordo, neste momento, as vítimas dos inúmeros ataques causados por terroristas islâmicos que não aceitam a mensagem de salvação dada gratuitamente por Nosso Senhor.