O povo eleito prevaricara adorando deuses falsos e
relativizando a noção de bem e mal, de verdade e erro. Sofonias o adverte com
duras palavras e anuncia terríveis castigos. E hoje, o que nos diria o profeta?
O século VIII a.C. havia sido a idade de ouro das profecias do Antigo Testamento. Nele agiram, entre outros, Amós, Oseias, Miqueias e, sobretudo, Isaías, o grande anunciador da vinda do Messias.
Na primeira metade do século VII, porém, os oráculos divinos deixaram de
guiar o povo de Judá. Durante o reinado de Manassés (687-642 a.C.), longos anos
de silêncio profético ocorreram, em boa medida, por causa da impiedade do rei,
o qual derramou "tanto sangue inocente que inundou Jerusalém de uma
extremidade à outra, sem falar dos pecados com que tinha feito pecar Judá,
levando-o a fazer o mal aos olhos do Senhor" (II Rs 21, 16).
Nova aliança sobre novos fundamentos
Manassés, rei de Judá (696-642 a.C.) |
Manassés se tornou vassalo do rei da Assíria. Comprou a tranquilidade política
com o preço da apostasia, introduzindo cultos aos astros no Templo e permitindo
que a deusa Astarte, filha de Baal, ali tivesse sua morada, como uma espécie de
esposa-irmã do Deus verdadeiro.
Só no final do século VII a.C. voltam a aparecer profetas como Sofonias, Jeremias e Habacuc. Ao contrário de seus predecessores, este novo grupo de homens providenciais já não visa exortar a nação à conversão para evitar o castigo. Apesar das advertências divinas, o arrependimento do povo no seu conjunto nunca fora inteiramente sincero e duradouro. Restava salvar os salváveis. Este é o objetivo dos profetas nesta quadra histórica.
Só no final do século VII a.C. voltam a aparecer profetas como Sofonias, Jeremias e Habacuc. Ao contrário de seus predecessores, este novo grupo de homens providenciais já não visa exortar a nação à conversão para evitar o castigo. Apesar das advertências divinas, o arrependimento do povo no seu conjunto nunca fora inteiramente sincero e duradouro. Restava salvar os salváveis. Este é o objetivo dos profetas nesta quadra histórica.
Como anunciaram anteriormente os oráculos do Céu, a começar pelos de
Amós, vai ser com base num "resto" que Deus promoverá a restauração
e cumprirá seus desígnios por cima das infidelidades de seu povo. A única
solução plausível e durável é a criação de uma nova aliança, estabelecida sobre
novos fundamentos. Aos homens já não basta endireitar o caminho. Precisam
transformar radicalmente sua forma de viver. Esta mudança agora tem de ser
muito mais profunda.
Como um rio caudaloso que se precipita sobre o abismo, à maneira das
Cataratas do Iguaçu, serão os acontecimentos que desabarão sobre Jerusalém:
novas guerras, novas invasões, destruição do Templo, novo sangue derramado,
nova deportação, como a do reino do norte, Israel.
Não há mais esperança sob o ponto de vista humano. O remédio é expiar as
próprias faltas com humildade, agora individualmente, e não enquanto nação.
Cada um deverá responder à voz de Deus e dizer sim a este novo modo de ser,
inteiramente conforme a vontade divina.
Dentre os profetas incumbidos deste novo chamado encontra-se Sofonias,
que pregou entre os anos 640-630 a.C., durante o reinado de Josias (640-609
a.C.), rei que tentou fazer uma reforma religiosa no país entre os anos 622-621
a.C., época em que foi encontrado o livro da Lei no Templo de Jerusalém.
Sofonias significa Yahweh guarda, protege. Sua pregação pretende,
sobretudo, descrever a destruição que Deus enviará e a situação da cidade de
Jerusalém.