O autor
da Carta aos Hebreus escreveu: “Ora, quem se alimenta de leite não é capaz de
compreender uma doutrina profunda, porque é ainda criança. Mas o alimento
sólido é para os adultos, para aqueles que a experiência já exercitou na
distinção do bem e do mal” (Hb 5,13-14). Sem esse alimento sólido, que a
Igreja chama de fidei depositum (o depósito da fé), ninguém poderá ser verdadeiramente
católico e autêntico seguidor de Jesus Cristo.
Não há dúvida
de que a maior necessidade do povo católico hoje é a formação na doutrina. Por
não a conhecer bem, esse mesmo povo, muitas vezes, vive sua espiritualidade,
mas acaba procedendo como não católico, aceitando e vivendo, por vezes, de
maneira diferente do que a Igreja ensina, especialmente na moral. E o pior de
tudo é que se deixa enganar pelas seitas, igrejinhas e superstições.
Em sua
viagem à África, que começou em 17 de maio de 2009, o Papa Bento XVI deixou
claro que a formação é o antídoto para as seitas e para o relativismo religioso
e moral. Em Yaoundé, em Camarões, o Sumo Pontífice disse que a expansão das
seitas e a difusão do relativismo – ideologia segundo a qual não há verdades
absolutas – tem um mesmo antídoto, segundo Bento XVI: a formação. Afirmando
que: «O desenvolvimento das seitas e movimentos esotéricos, assim como a
crescente influência de uma religiosidade supersticiosa e do relativismo, são
um convite importante a dar um renovado impulso à formação de jovens e adultos,
especialmente no âmbito universitário e intelectual». O Santo Padre pediu
«encarecidamente» aos bispos que perseverem em seus esforços por oferecer aos
leigos «uma sólida formação cristã, que lhes permita desenvolver plenamente seu
papel de animação cristã da ordem temporal (política, cultural, econômica,
social), que é compromisso característico da vocação secular do laicado».
Desde o começo
da Igreja, os apóstolos se esmeraram na formação do povo. São Paulo, ao
escrever a São Tito e a São Timóteo, os primeiros bispos que sagrou e colocou
em Creta e Éfeso, respectivamente, recomendou todo cuidado com a sã doutrina. A
Tito, o Apóstolo dos Gentios recomenda: “Seja firmemente apegado à doutrina da
fé tal como foi ensinada, para poder exortar segundo a sã doutrina e rebater os
que a contradizem” (Tt 1,9). “O teu ensinamento, porém, seja conforme à sã
doutrina” (Tt 2,1).
A Timóteo ele
recomenda: “Torno a lembrar-te a recomendação que te dei, quando parti para a
Macedônia: devias permanecer em Éfeso para impedir que certas pessoas andassem
a ensinar doutrinas extravagantes, e a preocupar-se com fábulas e genealogias”
(1Tm 1,3-4). E “recomenda esta doutrina aos irmãos, e serás bom ministro de
Jesus Cristo, alimentado com as palavras da fé e da sã doutrina, que até agora
seguiste com exatidão” (1Tm 4,6). São Paulo ensina que “Deus quer que todos os
homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4).
Sem a verdade
não há salvação. E essa verdade foi confiada à Igreja: “Todavia, se eu tardar,
quero que saibas como deves portar-te na casa de Deus, que é a Igreja de Deus
vivo, coluna e sustentáculo da verdade” (1Tm 3,15). Jesus garantiu aos
apóstolos na Última Ceia que “o Espírito Santo ensinar-vos-á toda a verdade”
(cf. Jo 16,13) e “relembrar-vos-á tudo o que lhe ensinei” (cf. Jo 14,25).
Portanto, se o povo não conhecer esta verdade que salva, ensinada pela Igreja,
não poderá vivê-la. Mas importa que essa mesma verdade não seja falsificada,
que seja ensinada como recomenda o Magistério da Igreja, que recebeu de Cristo
a infalibilidade para ensinar as verdades da fé (cf. Catecismo da Igreja
Católica § 981).
Já no primeiro
século do Cristianismo, os apóstolos tiveram que combater as heresias, de modo
especial o gnosticismo dualista; e isso foi feito com muita formação. São Paulo
lembra a Timóteo: ”O Espírito diz expressamente que, nos tempos vindouros,
alguns hão de apostatar da fé, dando ouvidos a espíritos embusteiros e a
doutrinas diabólicas, de hipócritas e impostores […]” (1Tm 4,1-2).
A Igreja, em
todos os tempos, preocupou-se com a formação do povo. Os grandes bispos e
padres da Igreja como São Agostinho, Santo Ambrósio, Santo Atanásio, São Irineu
e tantos outros gigantes dos primeiros séculos, eram os catequistas do povo de
Deus. Suas cartas, sermões e homilias deixam claro o quanto trabalharam na
formação dos fiéis.
A importância do Catecismo da Igreja Católica na formação
Hoje, o
melhor roteiro que Deus nos oferece para uma boa formação é o Catecismo da
Igreja Católica, aprovado em 1992 pelo saudoso Papa João Paulo II. Em sua
apresentação, na Constituição Apostólica Fidei Depositum, ele declarou:
O Catecismo da
Igreja Católica […] é uma exposição da fé da Igreja e da doutrina católica,
testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição apostólica e
pelo Magistério da Igreja. Vejo-o como um instrumento válido e legítimo a
serviço da comunhão eclesial e como uma norma segura para o ensino da fé. E
pede: Peço, portanto, aos Pastores da Igreja e aos fiéis que acolham este
Catecismo em espírito de comunhão e que o usem assiduamente ao cumprirem a sua
missão de anunciar a fé e de apelar para a vida evangélica. Esse Catecismo lhes
é dado a fim de que sirva como texto de referência, seguro e autêntico, para o
ensino da doutrina católica. O “Catecismo da Igreja Católica”, por fim, é
oferecido a todo o homem que nos pergunte “a razão da nossa esperança” (cf. 1Pd
3,15) e queira conhecer aquilo em que a Igreja Católica crê.
Essas palavras
do Papa João Paulo II mostram a importância do Catecismo para a formação do
povo católico. Sem isso, esse povo continuará sendo vítima das seitas, enganado
por falsos pastores e por falsas doutrinas.
Mais do que
nunca, a Igreja confia nos leigos, abre-lhes cada vez mais a porta para
evangelizar; então, precisamos fazer isso com seriedade e responsabilidade.
Ninguém pode ensinar aquilo que quer, o que acha certo; não somos obrigados a ensinar
o que ensina a Igreja, pois só ela recebeu de Deus o carisma da infalibilidade.
Ninguém é catequista e missionário por própria conta, mas é um enviado da
Igreja. Sem a fidelidade a ela, tudo pode ser perdido. Portanto, é preciso
estar preparado, estudar, conhecer a Igreja, a doutrina, a sua história, o
Catecismo, os documentos importantes, a liturgia entre outros. Quanto mais
conhecemos a Igreja e todo o tesouro que ela traz em seu coração, tanto mais a
amamos.
___________________________
Canção Nova
Nenhum comentário:
Postar um comentário