sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Nossa Senhora da Confiança


Confiança! Confiança! Eu venci o mundo! (Jo 16, 33).

Quando a palavra confiança era pronunciada por Nosso Senhor Jesus Cristo, operava nos corações uma profunda e maravilhosa transformação, diz um sábio escritor. A aridez das suas almas era umedecida por um orvalho celestial, as trevas de seus espíritos se transformavam em luz, a angústia era substituída por uma calma serenidade.

O mesmo convite que Nosso Senhor fazia outrora aos seus ouvintes, repete hoje a nós. Confiança! Como essa virtude é necessária nos dias de hoje! Como estão equivocadas as almas que, sentindo suas deficiências e misérias, mal ousam aproximar-se do Divino Salvador, com receio de que um Deus tão puro, tão excelso não se inclinaria para elas, não perdoaria suas faltas! Deus é Misericórdia, e desde que desejemos sinceramente converter-nos, Ele tem pena de nossa miséria, e de nós se aproxima para salvar-nos, para nos colocar junto ao seu Sagrado Coração.

Mais ainda: quis nos dar um meio de experimentarmos a bondade do modo mais eloquente possível em termos humanos, que é o carinho materno. Do alto da Cruz, no momento mesmo de entregar sua alma ao Pai, deu-nos sua própria Mãe para ser também nossa Mãe. .Mulher, eis aí o teu filho. (...) Filho, eis aí a tua Mãe!. (Jo 19, 26- 27). Como explica a Igreja desde seus primeiros séculos, em São João estava representada toda a humanidade.

Esse dom inenarrável de sermos, também, filhos da Mãe do Céu, nos facilita igualmente a prática da virtude da confiança Essas reflexões nos trazem à lembrança uma belíssima pintura de Nossa Senhora da Confiança a Madonna della Fiducia. venerada na Cidade Eterna, na capela do Pontifício Seminário Romano, vizinho à famosa Basílica de São João de Latrão.

A devoção a Nossa Senhora da Confiança surgiu na Itália há quase três séculos, vinculada à venerável Irmã Clara Isabella Fornari, monja clarissa falecida em 1744, e com processo de beatificação em andamento. Abadessa do mosteiro da cidade de Todi, a Irmã Clara foi privilegiada por Deus com graças místicas, entre as quais a de receber em seus membros os estigmas da Paixão.

Nutrindo uma devoção muito particular à Mãe de Deus, portava sempre consigo um milagroso quadro que A representa com o Menino Jesus nos braços. A essa pintura se atribuíam graças e curas muito numerosas, e já no século XVIII começaram a circular pela Itália cópias dela, dando origem à devoção à Santíssima Virgem sob o título de Mãe da Confiança.

Uma das cópias acabou por se tornar mais célebre que a original. Foi ela levada para o Seminário Maior de Roma o principal do mundo, por ser o seminário do Papa, de onde se tornou padroeira. Todos os anos é venerada pelo próprio Pontífice, que vai visitá-la na festa da Madonna della Fiducia, em 24 de fevereiro.

Desde cedo, Nossa Senhora mostrou aos seminaristas que, se recorressem a Ela sob a invocação de Nossa Senhora da Confiança, podiam contar com seu auxílio nas piores situações.

Nesse sentido, entre os fatos prodigiosos mais insignes contam-se as duas vezes (1837 e 1867) em que uma epidemia de cólera atingiu a Cidade Eterna, mas o Seminário Romano foi milagrosamente poupado pela poderosa intercessão de sua Padroeira. Além disso, na Primeira Guerra Mundial, cerca de cem seminaristas foram enviados à frente de batalha, e colocaram-se sob a especial proteção da Madonna della Fiducia. Todos retornaram vivos, o que atribuíram à proteção da Santíssima Virgem. Em agradecimento, entronizaram o venerável quadro numa nova capela de mármore e prata.

Quando o famoso quadro do Seminário Romano ali chegou, vinha acompanhado de um antigo pergaminho, que ainda se conserva, o qual traz consoladoras palavras da Irmã Clara Isabel: A divina Senhora dignou-Se conceder- me que toda alma que com confiança se apresentar ante este quadro, experimentará uma verdadeira contrição dos seus pecados, com verdadeira dor e arrependimento, e obterá de seu diviníssimo Filho o perdão geral de todos os pecados. Ademais, essa minha divina Senhora, com amor de verdadeira Mãe, se comprouve em assegurar-me que a toda alma que contemplar esta sua imagem, concederá uma particular ternura e devoção para com Ela.

A devoção à Madonna della Fiducia. mostra-se particularmente benéfica quando se reza a jaculatória minha Mãe, minha confiança!

Muitos são aqueles que se fortalecem na confiança, ou a recuperam, apenas por contemplar essa bela pintura, sentindo-se inundados pelo olhar maternal, sereno, carinhoso, encorajador da Rainha do Céu.

E o divino Menino, também fitando o fiel, aponta decididamente o dedo indicador para a Santíssima Virgem, como a dizer:

Coloque-se sob a proteção d.Ela, recorra a Ela, seja inteiramente d'Ela, e você conseguirá chegar até Mim.


Ó Maria! Em vossas mãos ponho esta súplica (pede-se): abençoai-a e depois apresentai-a a Jesus; fazei valer o vosso amor de Mãe e o vosso poder de Rainha. Ó Maria! Eu conto com o vosso auxílio. Confio em vosso poder. Entrego-me a vossa vontade. Estou seguro (a) de vossa misericórdia. Ó Mãe de Deus e minha. Rogai por mim. Nossa Senhora da Confiança, rogai por nós que recorremos a Vós!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

O Papa não disse que é preferível ser ateu do que cristão hipócrita


Fomos invadidos por uma torrente de notícias sobre umas (supostas) declarações do Papa Francisco. Os títulos gritaram em uníssono: "Papa diz que mais vale ser um ateu do que um cristão hipócrita / cristão com vida dupla". 

Desconfiando do que noticiavam os nossos amigos jornalistas - como aliás recomendo a toda a gente - fui ler a homilia da Missa hoje de manhã no Vaticano, na qual o Papa teria proferido essa afirmação.

Em primeiro lugar a palavra 'hipócrita' ou 'hipocrisia' não consta. É um insulto bastante repetido por parte dos que não acreditam em Deus ou dos que até acreditam mas não lhes apetece ir à Missa: "Esses que vão à Missa são todos uns hipócritas, andam ali a bater com a mão no peito e depois vêm cá para fora e são os piores!" Isto mostra que, mesmo os que não acreditam, associam o ir à Missa a uma maior responsabilidade moral que não atribuem a outras atividades: "Pois, vais ao cinema e depois nem sequer pões a mesa!" Simplesmente não tem o mesmo impacto. 

A relação entre ir à Missa e ter uma vida perfeita existe na mentalidade das pessoas, mesmo na nossa sociedade, que de cristã já não tem muito. E perante comportamentos menos bons, erros, cobardias, egoísmos, enfim todas as diferentes 'caras' que pode ter o pecado, por parte dos tais que vão à Missa, está o caldo entornado: "Hipócritas!" 

O erro nesta crítica está no pressuposto que quem vai à Missa já é perfeito, o que não é de todo verdade. Alguém que vai à Missa tem o direito a ser visto como alguém que está a tentar ser perfeito, embora possa ainda estar muito longe de o ser. Ao mesmo tempo, essa pessoa tem o dever de realmente tentar ser perfeita (ser santa) mesmo que sabendo que poderá cair e terá de voltar a levantar-se, se necessário for recorrendo à Confissão.  

Chega ao Brasil uma plataforma para católicos que procuram namoro


A plataforma que começou a mudar a forma de buscar namoro entre os católicos já está no Brasil e busca juntar a todos os homens e mulheres que queiram consolidar uma relação séria e durável. A iniciativa já funciona em onze países europeus e permitiu, por exemplo, que na Áustria se formassem 500 casais durante seus dez anos de funcionamento. Enquanto que em Portugal, mesmo a poucos meses de ter sido lançada, já conseguiu levar um casal ao altar.

Um dos principais atributos é a possibilidade de conectar os brasileiros com pessoas que falem a mesma língua nos outros onze países aonde funciona, dentro de uma comunidade internacional de mais de 50 mil membros.

datesCatolicos.org é impulsionada por Marta e Antônio Pimenta de Brito, um casal de profissionais e académicos portugueses que se propuseram criar um espaço digital para que os católicos possam encontrar a sua alma gêmea.

“Sabemos que nem sempre é fácil encontrar uma pessoa que siga os ensinamentos da Igreja e esteja comprometida com um projeto de namoro e família a largo prazo. Por isso, consideramos a internet como um aliado chave para fazer com que essa busca seja mais simples”, destacou Antônio Pimenta de Brito, um dos impulsionadores.

“Estamos eternamente agradecidos à Marta e a Antônio, que não somente são os promotores desta plataforma, senão também os consideramos em nossos corações como os promotores da nossa felicidade”, remarcaram em uma carta Mafalda e Luís, o primeiro casal formado em Portugal. 

Secretaria de Estado irá monitorar uso de brasões do Papa e Santa Sé


Entre as atribuições da Secretaria de Estado do Vaticano, está tutelar a imagem do Santo Padre, para que a sua mensagem possa chegar de forma íntegra aos fiéis e a sua pessoa não seja instrumentalizada.

Com a mesma finalidade, a Secretaria de Estado protege os símbolos e os brasões oficiais da Santa Sé, por meio de apropriados instrumentos de regulamentação previstos em nível internacional. 

Militantes saqueiam seminário na República Democrática do Congo


Um grupo de milicianos invadiu e saqueou o seminário maior de Malole, em Katanga (República Democrática do Congo), em 18 de fevereiro, denunciou o reitor, Pe. Richard Kitenge.

Em declarações a uma rádio local, o sacerdote assinalou que os homens armados, membros da milícia Kamwina Nsapu, “forçaram as portas dos cômodos e destruíram tudo o que estava dentro. Entraram nos quartos dos professores e queimaram seus pertences”.

O Pe. Kitenge informou que o exército conseguiu libertar o seminário depois de uma hora de confrontos com os milicianos.

Por sua parte, o Cardeal Laurent Monsengwo Pasinya, Arcebispo da capital Kinshasa, disse ontem à agência vaticana Fides que “estão aumentando o medo, a raiva, a incerteza” entre a população e que, em sua incursão, seus milicianos também causaram pânico entre as irmãs carmelitas em Kananga”.

Entretanto, o Purpurado assinalou que, além do ataque ao seminário, um grupo de vinte jovens profanou a paróquia de São Domingos de Limete, em Kinshasa. Eles “derrubaram o tabernáculo, saquearam o altar, quebraram os bancos até incendiar a igreja. A comunidade dos Padres Oblatos não foi poupada”, denunciou o Cardeal. 

Como um sacrifício abundante e agradável


Quando ficou pronta a fogueira, Policarpo desfez-se de todas as vestes, desapertou o cinto e quis-se descalçar sozinho: antes nunca o fazia, porque todos os fiéis se precipitavam a ajudá-lo, a ver qual o tocava primeiro; na verdade, mesmo antes do martírio, ele era tratado com grande respeito por causa da santidade da sua vida.

Logo o rodearam com todos os materiais preparados para a fogueira. Quando o quiseram pregar ao poste, ele disse: «Deixem-me assim; Aquele que me concedeu a graça de morrer no fogo, também me concederá que permaneça imóvel no meio dele, mesmo sem a caução dos vossos cravos». Então não o pregaram, mas limitaram-se a amarrá-lo.

Com as mãos atrás das costas e amarrado, era como um carneiro escolhido de entre um grande rebanho para o sacrifício, um holocausto agradável preparado para Deus. Levantou os olhos ao céu e disse:

«Senhor Deus onipotente, Pai do vosso amado e bendito Filho Jesus Cristo, por meio do qual Vos conhecemos, Deus dos Anjos, das Potestades, de toda a criação e de todos os justos que vivem na vossa presença, eu Vos bendigo porque Vos dignastes, neste dia e nesta hora, incluir-me no número dos vossos mártires, fazer-me tomar parte no cálice do vosso Ungido e, pelo Espírito Santo, alcançar a ressurreição na vida eterna, na incorruptibilidade da alma e do corpo; no meio dos vossos mártires Vos peço que eu seja hoje recebido na vossa presença como sacrifício abundante e agradável, tal como Vós o tínheis preparado e mo destes a conhecer, e agora o realizais, ó Deus verdadeiro e sem falsidade.

Por todas as coisas Vos louvo, Vos bendigo, Vos glorifico por meio do eterno e celeste Pontífice, Jesus Cristo, vosso amado Filho. Por Ele seja dada toda a glória a Vós, em união com Ele e com o Espírito Santo, agora e nos séculos que hão de vir. Amém».

Depois de ter dito «Amém» e terminado a prece, os verdugos acenderam o fogo.

Levantou-se uma grande labareda; e então nós vimos o milagre – aqueles a quem foi concedido contemplá-lo, porque fomos guardados para anunciar aos outros as coisas que aconteceram –: o fogo tomou a forma de uma abóbada, como a vela de um navio enfunada pelo vento, e rodeou o corpo do mártir; e este estava posto no meio, não como carne que é queimada, mas como um pão que coze, ou como ouro e prata incandescente na fornalha. E sentíamos um odor de tal suavidade que parecia que se estava queimando incenso ou outro perfume precioso.



Da Carta da Igreja de Esmirna sobre o martírio de São Policarpo
(Cap. 12, 2-15, 2: Funk 1, 297-299) (Sec. II)

Apostasia contra a Igreja 1517, contra Cristo 1717 e contra Deus 1917


Há meio milênio os combates liderados pelo mundo contra a verdade da Igreja Católica conduziram a erros cada vez mais profundos e perigosos, desencadeando até as revoluções. É muito interessante notar que os processos históricos mais fundamentais da era moderna se deram em três fechas semelhantes: nos anos 1517 (protestantismo), 1717 (maçonaria) e 1917 (comunismo), nos que se manifesta, no Ocidente, um avanço verdadeiramente sistemático da apostasia da verdade de Deus, que irradia desde ali a todo o mundo.

Jesus Cristo disse a seus Apóstolos: “Como me enviou meu Pai, assim Eu vos envio”. Nesta palavra de Cristo teremos três níveis: o Pai – Cristo – os Apóstolos (a Igreja). O Pai envia a Cristo. Cristo envia os apóstolos. Cristo diz: “Quem vos escuta, a mim escuta; e quem vos rechaça, a mim rechaça, agora bem, quem me rechaça, rechaça aquele que me enviou” (Lc. 10, 16) 1. E justamente nestes três passos, teve lugar a apostasia da Verdade durante os últimos séculos: apostasia contra a Igreja Católica (1517), apostasia contra Cristo (1717), e apostasia contra Deus (1917). Este desenvolvimento é de todo conseqüente e, em seu avanço é, em certo sentido, necessário. Aquele que rechaça aos enviados de Cristo, os sucessores dos Apóstolos (é dizer a Igreja Católica), rechaça conseqüentemente também a Deus Pai. A história do último meio milênio confirmou assim, e de maneira aterradora, estas palavras de Cristo.

Em 1517, com a publicação das teses de Lutero, se marca, ao menos exteriormente, o começo decisivo do protestantismo. Dos dois “envios” mencionados Lutero reconhece somente um: a mediação de Cristo para com Deus, mas não a mediação da Igreja para com Cristo. Daqui as sentenças programáticas de Lutero. “Somente as Escrituras” e não o Magistério da Igreja; “Somente a graça” e não a mediação através do sacerdócio e dos sacramentos. “Somente Deus” e nenhuma mediação através dos Santos do Céu.

Em 1717, com a fundação da maçonaria na Inglaterra, se marca a seguinte etapa da apostasia. O rechaço absoluto da revelação de Deus dentro deste mundo. Como a encarnação de Jesus Cristo constitui o ponto culminante da revelação de Deus, será especialmente rechaçada. A filosofia maçônica não é ateia: Portanto, os maçons não são ateus, senão que defendem o deísmo (Deus já não atua mas no mundo depois da Criação) e por o agnosticismo (é impossível conhecer a verdade), e no campo da ética postulam, conseqüentemente, o liberalismo (liberdade em todos os âmbitos no lugar da autoridade ou lei). Aqui se vê a realização do primeiro passo antes mencionado: “Quem a vós rechaça, rechaça a Mim”. Assim como Lutero rechaçou a mediação da Igreja, assim também rechaçam os maçons a Cristo e com Ele, toda mediação ou ponte para Deus. É por isso que sustentam o deísmo, que rechaça a priori não somente a Divina Providência e a possibilidade dos milagres, senão também toda autoridade divina.

Em 1917, com o surto do comunismo, se marca a terceira etapa nesta revolução social contra Deus. Já que desde 1717 se há negado categoricamente a atuação de Deus no mundo e qualquer intervenção sua depois da criação, chegamos como conseqüência ao ultimo passo: ao perfeito ateísmo e antiteísmo. O comunismo é, efetivamente, em essência, um ateísmo social combativo. Não é, em nenhum caso, um sistema meramente econômico ao que se agrega somente externamente ao ateísmo. O comunismo se conecta com a Revolução Francesa, especialmente através de Rousseau. Também entre a maçonaria e o protestantismo existe uma clara relação fácil de deduzir vendo quem hão sido seus artífices: os dois principais fundadores da maçonaria são Jean Théophile Désaguliers e James Anderson, um pastor protestante e o outro teólogo protestante.

“Quem me odeia, odeia também a meu Pai” (Jo. 15, 23). O segundo nexo conseqüentemente traçado claramente por Cristo se faz realidade aqui. Esta última conseqüência que chega até o ódio de Deus, se mostra claramente no comunismo e de modo muito combativo. Se havia anunciado na maçonaria mais avançada. “Quem nega o Filho, tampouco tem o Pai” (1 Jo. 2 ,23)

Todos estes erros da Era Moderna não permaneceram somente no plano teórico, senão que transformaram a vida da humanidade e da sociedade em todos os aspectos. Conduziram necessariamente a uma perseguição de cristãos sem precedentes. De acordo a recentes declarações russas, 200.000 sacerdotes e religiosos (católicos e ortodoxos) pereceram vítimas do terror stalinista: fuzilados, enforcados, crucificados ou expostos a morrerem congelados. 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Homilética: Festa da Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro): "Pedro tu és pedra, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja".


Hoje, festa litúrgica da Cátedra de São Pedro. Festa antiga: desde o século IV. Nela, a Igreja celebra a missão, o ministério de Pedro na Igreja. Por ele mesmo, esse Apóstolo não passa de um homem meio rude, impetuoso e inconstante. Mas, por graça de Cristo, torna-se Pedra da Igreja. Cristo escolheu para o ministério petrino um Simão tão frágil, que negou o Mestre! Fica claro que a força de Pedro é Cristo: "Eu orei por ti para que a tua fé não desfaleça!" E Simão desfaleceu miseravelmente: negou o Mestre. "E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos!" - Eis aqui o ministério e o mistério de Pedro e de seus sucessores, os papas de Roma!

Observe Mateus 16: o mundo tem tantas opiniões sobre o Cristo, sobre a verdade do Evangelho, mas é a Simão Pedro que o Pai revela a verdade que não pode ser alcançada simplesmente pela força da carne e do sangue! Por isso mesmo, somente Pedro pode falar em nome de todos os discípulos. Ainda hoje é assim: somente o Sucessor de Pedro - e mais ninguém - pode falar de modo vinculante e definitivo em nome de toda a Igreja! E um concílio? Somente em valor se reconhecido e aprovado pelo Papa!

Note: o que Pedro liga na terra como cabeça visível da Igreja, Cristo, o Cabeça invisível e glorioso, liga no céu; o que Pedro, como chefe visível, desliga na terra, Cristo, o Chefe invisível, desliga no céu. E um Concílio? Somente em comunhão com Pedro: com Pedro e sob Pedro. Do contrário não há concílio, não há Colégio Episcopal, mas um monte de Bispos juntos...

Pedro é o chefe visível, o pastor supremo da Igreja... No entanto, somente Cristo é o fundamento da Igreja, somente Cristo é o Senhor e Esposo da Igreja, somente Cristo é o Guia definitivo da Igreja, somente Cristo é o sustento da Igreja! Se o Papa é infalível quando proclama dogmaticamente a fé da Igreja, como homem é tão frágil, tão falível! Mas, recordemos da palavra do senhor: "Simão, Simão, Satanás tentou peneirar-te como o trigo, mas Eu orei por ti para que a tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos!" Eis a missão, a honra, a fraqueza e a força de Pedro na Igreja, até o fim dos tempos!

A festa da Cátedra de São Pedro, ocasião mais do que especial e oportuna para rezarmos pelo Santo Padre e por todos os pastores, bispos e presbíteros, da Santa Igreja de Deus.

Disto se vê, pois, a importância de pedirmos ao Pai não só que tenha misericórdia de nossos sacerdotes e os ajude em seu ofício, mas também que os faça conforme o Coração Sacratíssimo de seu Filho, Pastor eterno e fonte de todo sacerdócio. Lembremo-nos, porém, de que a santidade dos que nos apascentam depende em boa medida da nossa própria santidade; lutemos, portanto, por sermos também nós santos e dignos de receber de Deus guias e pastores que, vendo em nós um povo bem disposto, nos auxiliem em nossa conversão diária. Viva Pedro! Viva o Papa, seja quem for e qual for o seu nome! Viva Pedro!