São raros os dados
sobre as origens, a infância e a juventude de José, o humilde carpinteiro de
Nazaré, pai terrestre e adotivo de Jesus Cristo, e esposo da Virgem de todas as
virgens, Maria. Sabemos apenas que era descendente da casa de David. Mas, a parte
de sua vida da qual temos todo o conhecimento basta para que sua canonização
seja justificada. José é, praticamente, o último elo de ligação entre o Velho e
o Novo Testamento, o derradeiro patriarca que recebeu a comunicação de Deus
vivo, através do caminho simples dos sonhos. Sobretudo escutou a palavra de
Deus vivo. Escutando no silêncio.
Nas Sagradas
Escrituras não há uma palavra sequer pronunciada por José. Mas sua missão na
História da Salvação Humana é das mais importantes: dar um nome a Jesus e fazê-lo
descendente de Davi, necessário para que as profecias se cumprissem. Por isso,
na Igreja, José recebeu o título de "homem justo". A palavra
"justo" recorda a sua retidão moral, a sua sincera adesão ao
exercício da lei e a sua atitude de abertura total à vontade do Pai celestial.
Também nos momentos difíceis e às vezes dramáticos, o humilde carpinteiro de
Nazaré nunca arrogou para si mesmo o direito de pôr em discussão o projeto de
Deus. Esperou a chamada do Senhor e em silêncio respeitou o mistério,
deixando-se orientar pelo Altíssimo.
Quando recebeu a
tarefa, cumpriu-a com dócil responsabilidade: escutou solícito o anjo, quando
se tratou de tomar como esposa a Virgem de Nazaré, na fuga para o Egito e no
regresso para Israel (Mt 1 e 2, 18-25 e13-23). Com poucos mas significativos
traços, os evangelistas o descreveram como cuidadoso guardião de Jesus, esposo
atento e fiel, que exerceu a autoridade familiar numa constante atitude de
serviço. As Sagradas Escrituras nada mais nos dizem sobre ele, mas neste
silêncio está encerrado o próprio estilo da sua missão: uma existência vivida
no anonimato de todos os dias, mas com uma fé segura na Providência.
Somente uma fé
profunda poderia fazer com que alguém se mostrasse tão disponível à vontade de
Deus. José amou, acreditou, confiou em Deus e no Messias, com toda sua
esperança. Apesar da grande importância de José na vida de Jesus Cristo não há
referências da data de sua morte. Os teólogos acreditam que José tenha morrido
três anos antes da crucificação de Jesus, ou seja quanto Ele tinha trinta
anos.
Por isso, hoje é dia
de festa para a Fé. O culto a São José começou no Egito, passando mais tarde
para o Ocidente, onde hoje alcança grande popularidade. Em 1870, o Papa Pio IX
o proclamou São José, padroeiro universal da Igreja e, a partir de então,
passou a ser venerado no dia 19 de março. Porém, em 1955, o Papa Pio XII fixou
também, o dia primeiro de maio para celebrar São José, o trabalhador. Enquanto,
o Papa João XXIII, inseriu o nome de São José no Cânone romano, durante o seu
pontificado.
Comentário dos
Textos Bíblicos
1ª
Leitura: 2Sm 7,4-5a.12-14a.16
A
linha messiânica veterotestamentária, que tiveram seus momentos mais salientes
no Proto-Evangelho (Gn 3,15), nos Oráculos de Balaão (Nm 22,24), encontra aqui,
no messianismo ideal de Davi, o seu momento mais forte. É interessante o jogo
de palavras: “bayit” (casa-dinastia) e os termos “zera” (germe), “olam” (eterno).
Toda a profecia parece ser construída sobre uma oposição: não será Davi que
fará uma casa (um templo) para o Senhor (v.5), mas o Senhor é que fará uma casa
(uma dinastia) para Davi (v.11).
A
promessa se refere essencialmente à permanência da linha davídica sobre o trono
de Israel (VV.12-16). É assim que é compreendida por Davi (VV. 19.25.27.29) e
pelo Sl 88,30-38;131,11-12. O oráculo vai, pois, além da pessoa do primeiro
sucessor de Davi, Salomão (ao qual é aplicado o acréscimo do v.13).
Mas
pode se entrever nas entrelinhas da profecia um descendente privilegiado em
quem Deus porá sua complacência. É um elo da cadeia de profecias sobre o Messias,
filho de Davi.
2ª
Leitura: Rm 4,13.16-18.22
Colocado
na festa litúrgica de São José, este trecho bíblico quer ajudar-nos a reler a
vida do Santo à luz da fé de Abraão. De fato, ele é filho de Davi e descendente
de Abraão (Mt 1,1.16.20). É justo (Mt 1,19), daquela justiça que vem da fé (Rm
4,13); nisto, portanto manifesta-se verdadeiro descendente de Abraão e portador
das promessas (4,16). Como Abraão, José acreditou na palavra que lhe foi dita
(4,17;Mt 1,24) e esperou contra toda esperança (4,18).