Já quero iniciar dizendo que esta questão nada tem haver com espiritismo ou reencarnação. Pois não estamos tratando da possibilidade de almas encarnarem por uma segunda, terceira ou quarta vez, que é o conceito da reencarnação. Isso para nós já esta claro que não há nenhuma possibilidade e que a doutrina da Igreja “bateu o martelo” e encerrou o assunto sobre esta questão. Mas, estamos falando do que “popularmente” as pessoas chamam de almas penadas ou vagantes; outras pessoas ainda chamam isso de fantasmas e etc…É a questão de pessoas vivas, aqui na terra, dizerem terem visto almas de pessoas ou almas de parentes que morreram e coisas do tipo…
A doutrina da Igreja é bem clara nesta questão no sentido de que, quando alguém morre, imediatamente acontece o seu julgamento pessoal, julgamento este que há a possibilidade de 3 destinos: O céu, o inferno ou o purgatório. Lembrando que o Purgatório não é um destino definitivo, é um período de purificação que a alma passará, e passado este tempo, o céu será seu destino eterno.
O Catecismo em seu número 1022 diz:
“Cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja através de uma purificação (Conc. de Lião II, DS 856; Conc. de Florença, DS 1384; Conc. de Trento, DS 1820), seja para entrar de imediato na felicidade do céu (Con. de Lião II, DS 857; João XXII, DS 991; Bento XII, Benedictus Deus; Conc. de Florença, DS 1305), seja para condenar-se de imediato para sempre.” (Conc. de Lião II, DS 858; Bento XII, Benedictus Deus; Conc. de Florença, DS 1306).
Até aqui está perfeitamente entendido.
A questão é que pessoas ainda insistem em dizer que viram “almas penadas“, que viram almas de algum ente querido…
E o que dizer para estas pessoas? Simplesmente que estão loucas? Que o que viram foi fruto da sua imaginação? Foi algo que o seu estado psicológico as fizeram imaginar?
Certamente a questão do estado psicológico e emocional da pessoa precisa ser questionado, pois existem pessoas que após a morte de um ente querido entram num certo grau de desespero, e que é possível estarem realmente projetando e vendo certas “aparições” que na realidade é fruto do seu emocional abalado.
Para o Exorcista, Padre Gabriele Amorth, essa questão ainda é algo que a Igreja e os Teólogos precisam se debruçar com maior cuidado e dedicação. Ele relata que em um Exorcismo, o espírito de quem dizia estar possuindo aquela pessoa não era em si um Demônio, mas era uma alma condenada. Mas Padre Gabriele Amorth diz que com o passar do tempo e com mais Exorcismos, foi verificado que se tratava realmente de Demônios que estavam possuindo aquela pessoa e mentindo dizendo que era a alma de um condenado que estava a possui – lá.
Em um de seus livros, Padre Gabriele Amorth dedicou um capitulo a esta questão das experiências que os Exorcistas já fizeram durante o ritual do Exorcismo, e na qual se depararam com a realidade de não ser um Demônio ha possuir uma pessoa, e sim a alma de um condenado…As opiniões são bem diversas pelos Exorcistas, mas a grande maioria não acredita que possa haver esta possibilidade.
Em um dos encontros de Cura e Libertação aqui na Canção Nova, eu perguntei ao Padre Rufus Pereira sobre esta questão, e ele disse que realmente existia muitos debates sobre esta realidade, mas que a experiência dele no que se refere a Exorcismos e Libertação, ele acreditava que é sempre o Demônio a possuir uma pessoa. Ainda que o espirito insistisse em dizer que é era alma condenada, seria sempre uma mentira do Demônio.
Padre Jose Fortea, Exorcista espanhol, que defendeu há alguns meses atrás sua tese de Doutorado sobre Exorcismo, na Espanha, disse que “quanto à esta questão não há argumentos incontestáveis“, e afirma que portanto os “Teólogos precisam ainda apresentar mais estudos sobre esta realidade.”
Tive ainda a oportunidade de conversar sobre isso pessoalmente com Padre Duarte Sousa Lara, Exorcista em Portugal, por volta de Novembro de 2014, e ele também me afirmou que isso tem sido muito discutido nos encontros da Associação Internacional de Exorcistas, Associação esta que teve na data de 13 de Junho de 2014 seu estatuto jurídico aprovado pela Congregação pelo Clero.
Portanto o que fica claro para nós depois de todos estes relatos, juntamente com a doutrina da Igreja, temos a certeza que uma vez que a pessoa morre acontece de forma imediata o seu Juízo Particular. Neste Juízo a pessoa vai para o Céu, Inferno ou Purgatório…Portanto não ficam de forma nenhuma vagantes por ai, sem nenhum tipo de destino, soltas…Há um juízo e definição de estado…
Agora o que realmente ainda é um mistério, é a possibilidade de algum tipo de ação destas almas no estado/lugar em que se encontram…
Sabemos dos relato de alguns santos, como por exemplo Santa Margarida Maria Alacoque, Santa Gertrudes, e outros mais, que tiveram a experiência de ver algumas almas, e que as mesmas, afirmavam eles, eram almas do Purgatório que precisavam de Orações. Uma vez que assumiram a atitude de celebrar missas e rezar por estas almas, as mesmas pararam de aparecer à elas.
As almas que se encontram no céu se unem a nós que estamos na terra dentro da realidade que a Igreja nos ensina sobre a “Comunhão dos Santos“, que o Catecismo traz a partir do numero 946…
E as almas que se encontram no inferno, sabemos que não há mais a possibilidade de salvação para as mesmas, mas, se existe algum outro tipo de intervenção na terra, continua sendo um mistério para nós.
Um fato bem importante sobre a questão de ver almas penadas ou de parentes que morreram; é que não se pode excluir a possibilidade de uma ação do Demônio, para iludir a pessoa. Fazendo assim com que ela busque meios inapropriados como o espiritismo, a psicografia e as seitas ocultas, para terem contato com tais espíritos, e aí sim isso fará com que tais pessoas tenham contatos diretamente com demônios, como afirma São Tomas de Aquino, em sua Suma Teológica.
Então qualquer tipo de experiência que tenhamos vivido, ou que ouvimos de outras pessoas e podemos aconselhar é: Devemos rezar por estas almas! A forma mais eficaz é o oferecimento de missas para as mesmas, como nos ensina a doutrina Católica.
Ainda que não tenhamos a compreensão de tantos mistérios e desígnios de Deus, podemos nos achegar à Ele como Pai, e mesmo sem as respostas que queremos, uma coisa é certa, Seu amor não nos falta nunca; isso nos basta!
Muita gente afirma ter visto algum tipo de espírito ou conhece alguém que viu. O que a Igreja nos ensina sobre isso?
Os fantasmas
Muitas pessoas afirmam já ter visto algum tipo de assombração ou conhecem alguém que supostamente viu. Os mortos que aparecem para vivos fazem parte da nossa e de muitas outras culturas; eles alimentaram a literatura e agora alimentam o cinema, que soube explorar essa riqueza popular.
Infelizmente, tal concepção também levou a acrescentar notas extravagantes às crenças populares. Hollywood tem sua própria teologia, ditada pelo lucro dos seus filmes.
O fato é que muitos acreditam firmemente que os defuntos aparecem, e o tema faz parte das interessantes conversas de amigos, nas quais cada participante parece competir para ver quem conta a história mais assustadora, para tirar o sono dos timoratos anônimos, que jamais reconhecerão que o medo foi o que não os deixou dormir.
Mas as assombrações, os fantasmas ou os defuntos que aparecem para os vivos existem mesmo?
O que a Igreja nos ensina
Entendemos por “fantasma” a aparição de um defunto sem seu corpo físico, mas perceptível por todos os sentidos ou por alguns deles.
A Igreja, como doutrina segura, nos ensina que o ser humano pode realizar atos meritórios enquanto tem corpo; quando seu tempo acaba, com a morte, ele já não pode fazer mais nada pela própria salvação.
Também nos ensina que, quando morremos, imediatamente somos julgados por Deus e destinados de acordo com nossa vontade manifestada livremente enquanto vivíamos. Nós escolhemos viver eternamente com Deus ou viver sem Deus.
Além disso, a Igreja nos fala sobre a existência do purgatório, um estado de vida no qual nossa alma se purifica antes de contemplar Deus. De alguma maneira, o purgatório já é o céu, porque significa que já estamos salvos e esperamos a plenitude do céu, conquistada por Jesus.
As benditas almas do purgatório precisam dos nossos sufrágios para poder se purificar, e nós, os vivos, consideramos que é uma obra de misericórdia não só orar pelos nossos defuntos, mas fazer obras boas em nome deles, para “tirá-los” do purgatório.
Em nenhum momento, a Igreja nos fala de fantasmas ou defuntos que aparecem para pedir-nos que nos encarreguemos de algum assunto pendente deles durante a vida. Por outro lado, a Igreja aceita que, em alguns casos, um morto pode aparecer aos vivos.
Por exemplo, Moisés aparece para Jesus em sua transfiguração, junto com Elias, que, segundo a Bíblia, foi arrebatado ao céu em corpo e alma.
Mas, por outro lado, o próprio Jesus nos conta a parábola do pobre Lázaro e a petição do rico para que Lázaro avisasse seus irmãos sobre a existência do inferno, para que se convertessem; o pai Abraão não permite isso, recordando que eles tinham Moisés e os profetas e, que, se não lhes davam ouvidos, tampouco acreditariam em Lázaro.
É possível que um morto apareça? É possível que isso aconteça sim, com uma permissão de Deus, mas precisamos recordar que Deus leva as coisas muito a sério e que não vai permitir que os fantasmas dos mortos invadam nosso mundo real.
A necessidade de outras explicações
O fato é que muitas pessoas, dignas de todo crédito, afirmam ter visto algum tipo de “assombração” ou espírito, e este fenômeno se dá com muita frequência. Por justiça, não podemos afirmar que tais pessoas mentem. Mas o que acontece, então?
Desde o século XIX, surgiu o interesse por dar a estas aparições uma resposta lógica e, se possível, científica, e foi assim que surgiu uma disciplina (que ainda não é ciência) chamada Parapsicologia. Tal disciplina, quando levada a sério, é interessante, mas sabemos que há muitos charlatões que costumam se denominar “parapsicólogos”, sem realmente serem.
Os mais sérios entre eles explicam que tais fenômenos são produto de “espíritos encarnados”, ou seja, nós! Isso significa que os vivos é que causam este tipo de fenômenos, pelo poder da nossa mente e pela ação do inconsciente, que podem nos enganar. Podemos produzir fantasmas que não só nós vemos, mas que são vistos também pelos que estão conosco. Pois é.
Acreditar em fantasmas não vai contra a nossa fé, estritamente falando, mas vai contra o primeiro mandamento da Lei de Deus, que implica em não invocar os mortos nem pedir-lhes que respondam perguntas ditadas pela nossa curiosidade. Isso se chama necromancia e é uma prática comum entre os espíritas e espiritualistas trinitários marianos, dentre outros – por isso, eles já nem se consideram católicos.
Um nível mais simples disso consiste na ouija, que não é um jogo de mesa, e que algum jogam com a ilusão de estabelecer comunicação com um morto e com o próprio demônio. Por isso, um católico não pode “jogar” este jogo tão perigoso.
Continuaremos vendo fantasmas e encontrando pessoas que os vem; o único que podemos fazer é recomendar-lhes que façam oração pelos seus mortos, para que encontrem o descanso eterno.
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Front Católico
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