quarta-feira, 22 de março de 2017

Papa: "Comunidade não tem "série A" de fortes e "série B" de fracos"


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 22 de março de 2017

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Já há algumas semanas o apóstolo Paulo está nos ajudando a compreender melhor em que consiste a esperança cristã. E dissemos que não era um otimismo, era outra coisa. E o apóstolo nos ajuda a entender isso. Hoje o faz em paralelo a duas atitudes de maior importância para a nossa vida e a nossa experiência de fé: a “perseverança” e a “consolação” (vv. 4.5). No trecho da Carta aos Romanos que ouvimos há pouco, são citadas duas vezes: uma em referência às Escrituras e depois ao próprio Deus. Qual é o seu significado mais profundo, mais verdadeiro? E de que modo lança luz à realidade da esperança? Estas duas atitudes: a perseverança e a consolação.

Poderíamos definir a esperança como paciência: é a capacidade de suportar, carregar nos ombros, suportar, permanecer fiéis, mesmo quando o peso parece se tornar muito grande, insustentável, e somos tentados a julgar negativamente e abandonar tudo e todos. A consolação, em vez disso, é a graça de saber colher e mostrar em toda situação, mesmo naquelas mais marcadas pela desilusão e pelo sofrimento, a presença e a ação compassiva de Deus. Ora, São Paulo nos recorda que a perseverança e a consolação nos são transmitidas de modo particular pelas Escrituras (v. 4), isso é, pela Bíblia. De fato, a Palavra de Deus, em primeiro lugar, nos leva a dirigir o olhar a Jesus, a conhecê-lo melhor e a nos conformarmos a Ele, a assemelhar sempre mais a Ele. Em segundo lugar, a Palavra nos revela que o Senhor é realmente “o Deus da perseverança e da consolação” (v. 5), que permanece sempre fiel ao seu amor por nós, isso é, que é perseverante no amor conosco, não se cansa de nos amar! É perseverante: sempre nos ama! E cuida de nós, cobrindo as nossas feridas com o carinho da sua bondade e da sua misericórdia, isso é, nos consola. Não se cansa nem mesmo de nos consolar. 

Copa do Mundo no Vaticano: Brasil está nas quartas de final


O resultado foi decidido nos pênaltis: depois do tempo normal terminar no empate de 1 a 1, o time do Colégio Pio Brasileiro levou vantagem em cima do Vaticano Anselmiano, que perdeu a última cobrança e ajudou o Brasil a conquistar o segundo lugar do grupo D da Clericus Cup, a Copa do Mundo de Futebol do Vaticano. O jogo foi no domingo (20) e a vitória de 4 a 3 garantiu a classificação da equipe canarinho para as quartas de final da competição, com uma rodada de antecedência.

Entre os sacerdotes de diversas partes do mundo que disputam a Copa está a sensação brasileira, xará do craque Neymar, do Barcelona: o Pe. Neimar, camisa 5, do Paraná, se diz ter características diversas do jogador da Seleção pois, ao invés de dribles e gols, o seu forte é a marcação. De fato, o capitão do time chegou a errar uma das cobranças do pênalti, o que não interferiu no resultado final, graças à atuação do goleiro, o Pe. Carlos Gomes.

Em entrevista ao programa Redação SportTV no Brasil, o Pe. Neimar comentou que a competição usa o cartão azul, como sinal de atenção, caso algum jogador “esteja com os ânimos mais acirrados. Quem leva o cartão, fica fora de campo por cinco minutos”, explicou ele. Ao final dos jogos, todos se unem em oração, independente do resultado. 

Por que Jesus chama Simão Pedro de pedra?


De um modo geral a Bíblia muitas vezes tipificou Jesus com as figuras da Rocha ou da Pedra. Mas em Mt 16,18 é impossível que tal CEFAS (pedra) refira-se a Jesus. Observe como todo o contexto versa em torno da pessoa do Apóstolo: é a Pedro diretamente que Jesus dirige as palavras: “Bem-aventurado és tu…, te revelou… Eu te digo… Tu és… Eu te darei…“. Observe principalmente que o próprio Simão passa a ser chamado CEFAS:

“Tu és Simão, filho de João. Serás chamado Cefas (que quer dizer Pedra)” (Jo 1,42)

Ora, se Jesus disse: “Simão tu és CEFAS e sobre esta CEFAS edificarei a minha Igreja”, como negar que Simão é a CEFAS (Pedra) sobre a qual Jesus edificou sua Igreja? Se Jesus chamou Simão de CEFAS, se toda a Bíblia chama Simão de CEFAS, como negar que CEFAS é Simão?

E o mais importante é notar que Jesus aplica a Simão a mesmíssima figura que a Bíblia aplica ao Senhor Jesus: CEFAS. Isto tem um significado profundo. Vemos que Jesus aplica a Simão, no momento da fundação da Igreja, uma figura própria de Jesus. E assim, Jesus faz de Simão um outro “Cristo”, ou seja, um representante.Justamente porque aplica a Simão a mesma figura com que a Bíblia normalmente faz referência ao Cristo. E é justamente isso que a missão do Papa significa: Ser representante de Cristo na terra.

Esta é a missão de Pedro e, na Bíblia, sempre que Deus escolhe um homem para dar-lhe uma missão sublime que abarca todo o povo de Deus, Deus muda o seu nome. Assim, Abrão se tornou Abraão, pai de todos os crentes. Jacó se tornou Israel, pai do povo da antiga aliança. E Simão se tornou CEFAS, autoridade máxima na terra sobre o povo da nova aliança. 

São Zacarias


Filho de pai grego, residente na Calábria, foi eleito Papa em 741 e morreu em 752.

Ao contrário do seu predecessor Gregório III, relativamente a Liutprando, rei dos Lombardos, julgou ser melhor partido inaugurar com ele relações amistosas. Concluiu assim um acordo bastante vantajoso, recuperando quatro fortalezas e vários patrimônios; estipulou também com ele uma trégua de trinta anos. Mas não conseguiu impedir os Lombardos de tirarem aos Bizantinos o exarcado de Ravena.

Zacarias soube tornar favorável à Igreja romana o imperador Constantino V e recebeu mesmo territórios como dádiva. Em 747 aprovou a mudança de regime na França, com a proclamação de Pepino, o Breve.

Foi um bom administrador das terras da Igreja, as quais progrediram no seu tempo. Restaurou o palácio de Latrão e embelezou, no sopé do Palatino, a igreja de Santa Maria Antiga, onde se conserva ainda o seu retrato, pintado quando ele ainda vivia.


Deus eterno e todo-poderoso, quisestes que São Zacarias governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Amém.


São Zacarias, rogai por nós!

terça-feira, 21 de março de 2017

Mundo das aparências


A confusão está tanta que todos nós ficamos perdidos no meio da lama. Reina certa escuridão no cenário brasileiro. O que é apresentado diante do nosso visual não reflete a identidade do que está por trás das aparências. É a lamentável cultura da corrupção e das falcatruas, onde a desonestidade tem sido o carro chefe. A sensação é de que não sabemos para onde estamos caminhando.

A identidade dos políticos nos preocupa. A pergunta tem sido: “em quem votar na próxima eleição?”. Está diante de nós esse grande desafio, porque mesmo os de confiança são envolvidos no clima da corrupção. Talvez a única solução fosse “jogar tudo por terra”, e começar uma geração nova de políticos, que ainda não estão contaminados pela esperteza dos donos do poder e do dinheiro.

No tempo do Antigo Testamento, Davi, um humilde pastor, foi escolhido como rei para governar o povo com justiça. Ele era um indivíduo iluminado, porque confiava em Javé. Quem vive na experiência de Deus se torna uma pessoa iluminada, e age com liberdade e autenticidade, porque não tem “rabo preso”, e nada para esconder e de se envergonhar. Falta isso em nossos governantes.

As autoridades não têm sido “segundo o coração de Deus”. Por isso, poucos estão no poder por causa do povo. A política se transformou em cabide de emprego e num privilegiado caminho de ações desonestas. É como trampolim para enriquecimento ilícito, agindo de forma a ludibriar a sensibilidade da população. Aí está o país do desconforto, consequência dessas atitudes levianas. 

Mensagem do Papa Francisco para a JMJ 2017


MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO 
PARA A XXXII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE 2017
(Domingo de Ramos, 9 de abril de 2017)

«O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas» (Lc 1, 49)

Queridos jovens!

Eis-nos de novo em caminho, depois do nosso encontro maravilhoso em Cracóvia, onde celebramos juntos a XXXI Jornada Mundial da Juventude e o Jubileu dos Jovens, no contexto do Ano Santo da Misericórdia. Deixamo-nos guiar por São João Paulo II e Santa Faustina Kowalska, apóstolos da misericórdia divina, para dar uma resposta concreta aos desafios do nosso tempo. Vivemos uma intensa experiência de fraternidade e alegria, e demos ao mundo um sinal de esperança; as bandeiras e as línguas diferentes não eram motivo de discórdia e divisão, mas ocasião para abrir as portas dos corações, para construir pontes.

No final da JMJ de Cracóvia, indiquei o próximo destino da nossa peregrinação que, com a ajuda de Deus, nos levará ao Panamá em 2019. Neste caminho, acompanhar-nos-á a Virgem Maria, Aquela que todas as gerações chamam bem-aventurada (cf. Lc 1, 48). O novo trecho do nosso itinerário liga-se ao anterior, que estava centrado nas Bem-aventuranças, mas impele-nos a avançar. Na realidade, tenho a peito que vós, jovens, possais caminhar, não só fazendo memória do passado, mas tendo também coragem no presente e esperança no futuro. Estas atitudes, sempre vivas na jovem Mulher de Nazaré, aparecem claramente expressas nos temas escolhidos para as próximas três JMJ. Neste ano (2017), refletiremos sobre a fé de Maria, quando disse no Magnificat: «O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas» (Lc 1, 49). O tema do próximo ano (2018) – «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus» (Lc 1, 30) – far-nos-á meditar sobre a caridade, cheia de coragem, com que a Virgem acolheu o anúncio do anjo. A JMJ de 2019 inspirar-se-á nas palavras «Eis a serva do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38), a resposta de Maria ao anjo, cheia de esperança.

Em outubro de 2018, a Igreja celebrará o Sínodo dos Bispos sobre o tema: Os jovens, a fé e o discernimento vocacional. Interrogar-nos-emos sobre o modo como vós, jovens, viveis a experiência da fé no meio dos desafios do nosso tempo. E abordaremos também a questão das possibilidades que tendes de maturar um projeto de vida, discernindo a vossa vocação – entendida em toda a sua amplitude de destinação – ao matrimónio, no âmbito laical e profissional, ou então à vida consagrada e ao sacerdócio. Desejo que haja uma grande sintonia entre o percurso para a JMJ do Panamá e o caminho sinodal.

O nosso tempo não precisa de «jovens-sofá»

Segundo o Evangelho de Lucas, Maria, depois de ter acolhido o anúncio do anjo respondendo «sim» à vocação de Se tornar mãe do Salvador, levanta-Se e vai, apressadamente, visitar a prima Isabel, que está no sexto mês de gravidez (cf. 1, 36.39). Maria é muito jovem; aquilo que Lhe foi anunciado é um dom imenso, mas inclui também desafios muito grandes; o Senhor garantiu-Lhe a sua presença e o seu apoio, mas há ainda muitas coisas obscuras na sua mente e no seu coração. No entanto, Maria não Se fecha em casa, não Se deixa paralisar pelo medo ou o orgulho. Maria não é daquelas pessoas que, para estar bem, precisam dum bom sofá onde ficar cómodas e seguras. Não é uma jovem-sofá! (cf. Discurso na Vigília, Cracóvia, 30/VII/2016). Vendo que servia uma mão à sua prima idosa, Ela não perde tempo e põe-Se imediatamente a caminho.

Longo é o percurso para chegar a casa de Isabel: cerca de 150 quilómetros. Mas a jovem de Nazaré, impelida pelo Espírito Santo, não conhece obstáculos. Certamente as jornadas de viagem ajudaram-Na a meditar sobre o acontecimento maravilhoso em que estava envolvida. O mesmo sucede connosco, quando fazemos uma peregrinação: ao longo da estrada, voltam-nos à mente os factos da vida, e podemos maturar o seu sentido e aprofundar a nossa vocação, descoberta em seguida no encontro com Deus e no serviço dos outros.

O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas

O encontro entre as duas mulheres, a jovem e a idosa, é repleto da presença do Espírito Santo e cheio de alegria e maravilha (cf. Lc 1, 40-45). As duas mães, bem como os filhos que trazem no ventre, quase dançam de felicidade. Isabel, impressionada pela fé de Maria, exclama: «Feliz de Ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que Te foi dito da parte do Senhor» (Lc 1, 45). Sim, um dos grandes dons recebidos pela Virgem foi o dom da fé. Acreditar em Deus é um dom inestimável, mas requer também ser acolhido; e, por isso, Isabel bendiz Maria. Ela, por sua vez, responde com o cântico do Magnificat (cf. Lc 1, 46-55), onde encontramos a frase: «O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas» (Lc 1, 49).

Podemos definir revolucionária esta oração de Maria: o cântico duma jovem cheia de fé, consciente dos seus limites mas confiante na misericórdia divina. Esta mulher corajosa dá graças a Deus, porque olhou para a sua pequenez e também pela obra de salvação que realizou no povo, nos pobres e nos humildes. A fé é o coração de toda a história de Maria. O seu cântico ajuda-nos a compreender a misericórdia do Senhor como motor da história, tanto a história pessoal de cada um de nós como a da humanidade inteira.

Quando Deus toca o coração dum jovem, duma jovem, estes tornam-se capazes de ações verdadeiramente grandiosas. As «maravilhas» que o Todo-poderoso fez na existência de Maria falam-nos também da viagem da nossa vida, que não é um vagar sem sentido, mas uma peregrinação que, não obstante todas as suas incertezas e tribulações, pode encontrar em Deus a sua plenitude (cf. Angelus, 15/VIII/2015). Dir-me-eis: «Mas, padre, eu sou muito limitado, sou pecador; que posso fazer?» Quando o Senhor nos chama, não Se detém naquilo que somos ou no que fizemos. Pelo contrário, no momento em que nos chama, Ele está a ver tudo aquilo que poderemos fazer, todo o amor que somos capazes de desencadear. Como a jovem Maria, podeis fazer com que a vossa vida se torne instrumento para melhorar o mundo. Jesus chama-vos a deixar a vossa marca na vida, uma marca que determine a história, a vossa história e a história de muitos (cf. Discurso na Vigília, Cracóvia, 30/VII/2016). 

Os apóstolos eram solteiros ou casados?


Ter a resposta desta pergunta é uma legítima curiosidade. Mas, pelo que se vê, o Espírito Santo não quis satisfazê-la.

Com certeza, somente sabemos que um dos 12 apóstolos (ou 13, se contarmos tanto Judas Iscariotes, quanto quem ocupou seu lugar, Matias) era casado: São Pedro. Tanto o Evangelho de São Mateus (8,14), quanto o de São Lucas (4,38) narram que Jesus curou a febre por que passava a sogra de Pedro.

No entanto, isso não significa necessariamente que ele estivesse casado quando conheceu o Senhor, pois poderia ser viúvo na época. A total ausência de notícias ou referências à sua mulher faz com que muitos autores se inclinem a esta possibilidade.

Eusebio de Cesarea, que perto do ano 300 escreveu a primeira História da Igreja, menciona que, segundo fontes mais antigas (Clemente de Alexandria, de um século antes), o apóstolo Felipe também foi casado, mas os detalhes que essas fontes antigas fornecem levam a pensar que há certa confusão entre o apóstolo Felipe e o diácono Felipe – um dos sete primeiros diáconos que aparecem nos Atos dos Apóstolos – ambos com o mesmo nome.

Por outro lado, pode-se ter certeza que o apóstolo João foi celibatário. Quando o Senhor o chamou, ele ainda era um adolescente, e o desprendimento que o Senhor pedia era tão radial que não dava espaço para se pensar em casamento. 

segunda-feira, 20 de março de 2017

Em vez de semear o ódio, construir a cultura da paz!


“Não pratiqueis violência nem defraudeis a ninguém, e contentai-vos com o vosso soldo” 
(Lc 3,14b).

Aproxima-se a Páscoa do Senhor. A Igreja no Brasil convida a todas as pessoas de boa vontade para refletir sobre a construção da paz em vez da violência.

Vivemos em tempos confusos em todo mundo. A humanidade perdeu a referência e as notícias de corrupção aumentam cada vez mais. O desespero de milhares de mulheres, sendo violentadas é inegável. Crianças abandonadas sem proteção; juventude desorientada, educada pelo sistema intimista e egoísta; avós sustentando netos; pais irresponsáveis e despreparados de agrotóxicos destruindo fauna, flora, vidas humanas colocando em risco a saúde pública; políticos envolvidos na corrupção e votando leis inoperantes e insustentáveis; Tribunais sustentando cadeiras políticas gerando desconfiança e insegurança na proteção dos deveres e diretos da população; a mídia elitizada semeando violência e ódio na sociedade. Estamos sem referência para construir a paz em todos os ambientes onde vivemos, nos movemos e somos.

Escreveu um teólogo, professor meu: “É urgente uma nova relação para com a Terra e para com a natureza, feita de sinergia, respeito, convivência, cuidado e sentido de responsabilidade coletiva”. A falta da ética, o respeito pela vida humana destrói a nossa convivência e a casa comum, a natureza. A reflexão sobre o bioma, deve nos conduzir para uma nova relação e comportamento existencial. 

Seguindo a reflexão do professor teólogo: “Na nossa cultura temos a figura paradigmática de São Francisco de Assis, atualizada pelo bispo de Roma, Francisco, em sua encíclica Laudato Si: cuidando da Casa Comum. Proclama o poverello de Assis “o santo padroeiro de todos os que estudam e trabalham no campo da ecologia...para ele qualquer criatura era uma irmã, unida a ele por laços de carinho. Por isso sentia-se chamado a cuidar de tudo o que existe” (n.10 e 11). Com certo humor recorda “que São Francisco pedia que, no convento, se deixasse sempre uma parte do horto para as ervas silvestres crescerem” (n.12) pois elas a seu modo também louvam a Deus.

Esta atitude de enternecimento levava-o a recolher as minhocas dos caminhos para não serem pisadas. Para São Francisco todos os seres são animados e personalizados. Por intuição espiritual descobriu o que sabemos atualmente por via científica (Crick e Dawson, os que decifraram o DNA) que todos os viventes somos parentes, primos, irmãos e irmãs, por possuirmos o mesmo código genético de base. Por isso chamava a todos de irmãos e irmãs: o sol, a lua, o lobo de Gubbio e até a morte.

Esta visão supera a cultura da violência e inaugura a cultura do cuidado e da paz. São Francisco realizou plenamente a esplêndida definição que a Carta da Terra encontrou para a paz: “é aquela plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com as outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com o Todo maior do qual somos parte” (n.16 ).