A confusão está tanta que todos nós ficamos perdidos no
meio da lama. Reina certa escuridão no cenário brasileiro. O que é apresentado
diante do nosso visual não reflete a identidade do que está por trás das
aparências. É a lamentável cultura da corrupção e das falcatruas, onde a
desonestidade tem sido o carro chefe. A sensação é de que não sabemos para onde
estamos caminhando.
A identidade
dos políticos nos preocupa. A pergunta tem sido: “em quem votar na próxima
eleição?”. Está diante de nós esse grande desafio, porque mesmo os de confiança
são envolvidos no clima da corrupção. Talvez a única solução fosse “jogar tudo
por terra”, e começar uma geração nova de políticos, que ainda não estão
contaminados pela esperteza dos donos do poder e do dinheiro.
No tempo do
Antigo Testamento, Davi, um humilde pastor, foi escolhido como rei para
governar o povo com justiça. Ele era um indivíduo iluminado, porque confiava em
Javé. Quem vive na experiência de Deus se torna uma pessoa iluminada, e age com
liberdade e autenticidade, porque não tem “rabo preso”, e nada para esconder e
de se envergonhar. Falta isso em nossos governantes.
As
autoridades não têm sido “segundo o coração de Deus”. Por isso, poucos estão no
poder por causa do povo. A política se transformou em cabide de emprego e num
privilegiado caminho de ações desonestas. É como trampolim para enriquecimento
ilícito, agindo de forma a ludibriar a sensibilidade da população. Aí está o
país do desconforto, consequência dessas atitudes levianas.
Deus conhece
perfeitamente o coração das pessoas e não se deixa conduzir pelas aparências.
Nas palavras proferidas por Jesus existe um indicativo: “Muitos dos primeiros
serão os últimos, e muito dos últimos, os primeiros” (Mt 19,30). Falta hoje
abertura para a luz de Deus. Por isso os frutos não são de bondade, justiça e
verdade. Reinam os frutos das “obras infrutuosas das trevas”.
Parece
existir uma cegueira generalizada na nova cultura, que impede as pessoas de
enxergar um mundo diferente daquele das simples aparências. Os olhos não miram
para o pedido de Jesus, “para que todos tenham vida, e vida em abundância” (Jo
10,10). Há uma ideologia desconcertante e de “olhos tapados” produzindo um
clima de “cegos guiando outros cegos” (Mt 15,14). Abramos os olhos.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de
Uberaba.
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