segunda-feira, 3 de abril de 2017

São Ricardo de Chichester


São Ricardo Bachedine nasceu na Inglaterra em 1197, já em meio a uma tragédia familiar: os pais, que eram nobres e ricos, de repente caíram na miséria. Logo depois, morreram e deixaram-lhe como herança muitas dívidas e um casal de irmãos.

Por isso Ricardo teve de deixar os estudos com os beneditinos em Worcester e voltou para casa para ajudar a restaurar as finanças. A situação melhorou e ele voltou para os estudos, deixando as propriedades aos cuidados de um bom administrador, resguardando, assim, os irmãos de qualquer imprevisto. 

São Ricardo completou sua formação na Universidade de Oxford, onde foi eleito reitor. Desde então, começou sua atuação em prol da Igreja, pois eram anos de grande corrupção moral. 

O povo, ignorante e supersticioso, aceitava passivamente a vida devassa dos nobres e do clero, que há muito estava afastado da disciplina monástica.

Ricardo, ao contrário, vivia com austeridade e passou a lutar por uma reforma geral nos meios católicos, para com isso elevar o nível de vida do povo, tanto material quanto espiritual.

Na universidade, favoreceu a aceitação dos frades franciscanos e dominicanos, que aos poucos instituíram a volta da disciplina e da humildade entre os religiosos e seus agregados.

Essa postura acabou gerando retaliações do rei Henrique III ao bispo da Cantuária, sob a orientação de quem Ricardo agia. Perseguido pelo rei, o bispo buscou exílio na França e Ricardo o acompanhou fielmente até que morresse.

Foi neste período que, por insistência do bispo, ordenou-se sacerdote, apesar dos seus quarenta e cinco anos.

Os seus talentos e sua dedicação foram recompensados um ano depois, quando o arcebispo da Cantuária consagrou-o bispo de Chichester. Henrique III ficou furioso, apossando-se dos bens da diocese e proibindo Ricardo de assumir seu cargo.

Mas Ricardo não se intimidou, voltou disfarçado de mendigo e, na clandestinidade, atuou durante dois anos, organizando o trabalho pastoral da diocese junto ao povo explorado.

Entretanto o papa Inocêncio IV perdeu a calma e ameaçou excomungar o rei, que teve de aceitar Ricardo como bispo de Chichester.

Assim, ele pôde atuar com liberdade até morrer, em Dover, no dia 3 de abril de 1253, a caminho de uma cruzada. 

Ricardo foi sepultado no cemitério da catedral de Chichester e sua santidade era tanta que, nove anos depois, o papa Ubaldo IV o canonizou.

Em 1276, com a presença do casal real dos ingleses e outras cabeças coroadas da Europa, o corpo de são Ricardo foi transferido para um relicário dentro do altar maior da catedral, o qual depois foi destruído pelo cismático rei Henrique VIII, em 1528.


Mas suas relíquias foram secretamente levadas para várias igrejas da diocese. Somente em 1990 elas foram reunidas e voltaram para a catedral de Chichester, onde foram depositadas na urna sob o mesmo altar. 

São Ricardo é festejado, tanto pelos católicos como pelos anglicanos, no dia 3 de abril, sendo venerado como padroeiro dos cavaleiros e dos cocheiros.


Deus eterno e todo-poderoso que pudestes o bispo São Ricardo à frente do vosso povo, amparai-nos por sua intercessão com sua solicitude de Pai. Por Cristo, Senhor Nosso. Amém. São Ricardo, rogai por nós!

domingo, 2 de abril de 2017

Papa Francisco reza pelo Congo, Colômbia, Venezuela e Paraguai


VISITA PASTORAL DO PAPA FRANCISCO 
EM CARPI E MIRANDOLA

ANGELUS
Quinto Domingo da Quaresma, 02 de abril de 2017


APELOS

Estou profundamente triste pela tragédia que atingiu a Colômbia, onde um deslizamento de terra gigante causado por chuvas torrenciais, atingiu a cidade de Mocoa, causando numerosos mortos e feridos. Rezo pelas vítimas e asseguro a minha proximidade com aqueles que estão de luto pela morte de entes queridos, e agradeço a todos aqueles que estão trabalhando para trazer alívio.

Continuam a surgindo relatos de confrontos armados sangrentos na região de Kasai, na República Democrática do Congo, confrontos estão causando mortes e deslocamentos e que também afetam pessoas e bens da Igreja: igrejas, hospitais, escolas... eu lhes asseguro a minha proximidade a esta nação e exorto-vos todos a rezar pela paz para que os corações dos arquitetos de tais crimes não permaneçam escravos do ódio e da violência, porque o ódio e a violência sempre destroem.

Além disso, eu sigo com grande atenção ao que está acontecendo na Venezuela e no Paraguai. Eu oro por essas pessoas, muito queridas para mim, e exorto todos a perseverar incansavelmente, evitando qualquer tipo de violência e na busca de soluções políticas.

Aluno foi suspenso por discordar de professora muçulmana que disse ser falsa a crucificação de Cristo


Há uma semana, uma Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, suspendeu um estudante cristão por confrontar uma professora muçulmana que considerou a crucificação de Cristo “falsa” e assegurou que os apóstolos não acreditavam na sua divindade.

Marshall Polston, estudante de 20 anos do Rollins College, foi suspenso em 24 de março, a pedido da professora de humanidades muçulmana, Areeje Zufari.

“Foi muito desagradável e estranho. Viajei pelo Oriente Médio, dei Conferências na Universidade de Salahaddin e submergi na cultura muçulmana durante muitos anos. Honestamente, isso me lembrou de alguns dos grupos mais radicais que eu pesquisei no exterior”, disse Polston ao Central Florida Post.

Depois de trocar ideias com Zufari durante a aula, o aluno confirmou que a professora colocou uma nota baixa em um trabalho importante e se recusou a explicar o motivo.

“Eu estava chateado. Eu nunca recebi uma nota menor que A. Eu estava realmente interessado em descobrir como melhorar ou pelo menos entender a nota”, disse Polston.

Entretanto, não demorou muito para que a professora apresentasse um queixa de Polston ao “decano de segurança” da universidade e cancelou a aula depois de assegurar que o estudante a deixou “insegura”. 

Por que a Páscoa não tem data fixa?


Ao chegar a Páscoa, muitos se perguntam: em que dia cairá? Por que não há uma data fixa?

Sabemos que a Páscoa cristã se celebra sempre num domingo, mas a cada ano variam-se as semanas e, às vezes, o mês. Entre os católicos, costumeiramente se diz que não há Páscoa antes de São José (19 de março) nem depois de São Marcos (25 de abril). 

As expressões “Páscoa baixa”, “Páscoa média” e “Páscoa alta” estão relacionadas a esta movimentação da maior das efemérides cristãs que transita entre as últimas semanas de março e a última de abril. 

Para se calcular a data da Páscoa, quando se celebra a jubilosa Ressurreição do Senhor, são importantes duas referências: a história do povo de Israel e a ciência da astronomia. Na verdade, as duas coisas andam juntas. Na Páscoa judaica (Pessah, na língua hebraica), recorda-se a passagem da noite em que povo hebreu ficou livre da escravidão do Egito, depois de uma série de inequívocas intervenções de Deus, primeiro com pragas enviadas ao Faraó opressor, e uma sequência de bênçãos prodigiosas, como a passagem do Anjo Exterminador, a travessia do Mar Vermelho, o Maná do Deserto, as codornizes, a água que brotou da rocha e outros sinais. Tal libertação se deu no primeiro plenilúnio após o equinócio da primavera do hemisfério norte, que acontece entre os dias 19 a 21 de março. 


A morte de Cristo também se deu numa sexta-feira, antes da festa da Páscoa do povo hebreu, repousando na penumbra do sepulcro no Shabat (sábado) e ressuscitando na manhã clara do primeiro dia da semana, que os cristãos desde então chamam de Domingo, ou seja, Dies Domini (Dia do Senhor).

O equinócio é um fenômeno natural constatado pela astronomia, quando o sol, pela sua posição em relação à Terra e à Lua, emite seus raios de forma exatamente perpendicular à linha do equador, ocorrendo então a equiparação das horas do dia e da noite, tendo cada um pontualmente 12 horas. O termo ‘equinócio’ tem origem na língua latina: aequus (igual) e nox (noite). No ano há dois equinócios: o de março, entre os dias 19 e 21, que dá início a estação da primavera no hemisfério norte e outono, no hemisfério sul; e o de setembro, entre os dias 20 e 23, que estabelece o início das novas estações nos dois hemisférios, de forma inversa à anterior. 

O canto e a música na Liturgia


Em todos os estudos sobre o canto e a música na Liturgia, devemos ter bem claro o princípio fundamental formulado pelo Concílio Vaticano II: “… a música sacra será tanto mais santa, quanto mais intimamente estiver ligada à ação litúrgica…” (SC 112c). Assim, uma autêntica celebração exige que se observe exatamente o sentido e a natureza próprios de cada parte e de cada canto. Quanto mais gerais forem então os textos dos cantos e menos ligados à ação litúrgica ou ao tempo e à festa, tanto mais podemos dizer que não são eles litúrgicos, pois o importante é cantar a Liturgia, e não simplesmente cantar na Liturgia, como tantas vezes acontece.

Inserido na Liturgia, como parte integrante desta, o canto litúrgico participa de sua sacramentalidade, tornando-se então mistagógico, ou seja, capaz de conduzir a assembleia celebrante ao âmago do mistério. Por isso, é canto objetivo, que nasce da fé bíblica e eclesial, canto, pois, ritual, com função ministerial na Liturgia, seja acompanhando um rito, como é o caso dos cantos processionais (Entrada, Oferendas e Comunhão), seja por ser ele mesmo o rito, como no caso do “Glória” e do “Santo”. O mesmo não se pode dizer do canto simplesmente religioso, devocional, limitando-se este a sentimentos de ordem puramente subjetiva, sem ligar-se portanto à objetividade litúrgica.

Traduzindo o pensamento conciliar e o ensinamento da Igreja, queremos dizer então que, na Liturgia, não se canta por cantar. Não se canta para encher espaço ou cobrir possíveis vazios na celebração. Também não se canta por ser o canto bonito e cheio de mensagens, simplesmente. O canto, na Liturgia, não é divertimento nem se destina a tornar a celebração mais leve, mais agradável, mais movimentada. O canto litúrgico nunca pode ser mero enfeite, pois ele tem, na celebração, uma função ministerial, que lhe é própria. Às vezes, porém, certos cantos nos deixam a impressão de estarem apenas embelezando o momento celebrativo.

Na Liturgia, o canto une as pessoas, anima e dá vida à celebração, como afirma Ione Buyst. Facilita passar de “uma só voz” a “um só coração” e, finalmente, a “uma só alma”, como se vê na espiritualidade das comunidades primitivas (cf. At 4,32a). Podemos, pela Liturgia, unir nossa voz à dos anjos, em Liturgia terrestre e celeste, como acontece de fato no canto do “Santo”, sendo realmente nosso canto exultação de um povo feliz e redimido, que caminha para a casa do Pai. 

Universal chama Eucaristia de “Pão do Mal” em folheto distribuído aos seguidores


Em um  ato que escandalizou fieis da Igreja Católica, a  Igreja Universal do Reino de Deus  comparou a Eucaristia ao “Pão do Mal”. A hóstia para os católicos não apenas simboliza, mas é o Corpo de Cristo, o centro da Fé da Igreja fundada por Jesus Cristo e que perdura na história há mais de dois mil anos. 

O fato que chocou os católicos aconteceu na cidade de Taquaritinga no Estado de São Paulo. Em um envelope distribuído pela Seita aos seus seguidores é orientado a fazer uma espécie de simpatia: pegar uma hóstia, colocá-la em lugar visível até o dia determinado quando deverá ser levada para uma reunião da seita.

Em comunicado em nome das cinco  paróquias da cidade, os padres se disseram escandalizados. “Esta associação simbólica é um fato abominável que nenhum cristão católico pode aceitar calado se ama sua fé e adora a Nosso Senhor Jesus Cristo presente no sacramento da Santa Eucaristia“. Por sua vez, em nota encaminhada ao blog, a Igreja Universal do Reino de Deus nega o fato. “Esclarecemos que o citado folheto não traz qualquer referência à hóstia e não faz nem remota ligação desse símbolo católico como ‘pão do mal”.

A postura da Universal segundo a nota dos padres ameaça a boa convivência. “É certo que todos temos a liberdade e o direito de expressão, mas chegamos ao limite do inaceitável, que ameaça a boa convivência entre pessoas de distintas crenças a partir do momento que nos escandaliza, bem como a todo o nosso povo, ofendendo a nossa sensibilidade religiosa. Os símbolos, doutrinas e costumes católicos são sagrados e, portanto, devem ser respeitados”.

No texto da IURD é afirmado que a instituição repudia ataques à fé alheia. “Na verdade, repudiamos com veemência qualquer ataque à fé ou às crenças dos adeptos de qualquer religião, até porque são os fieis da Igreja Universal do Reino de Deus as maiores vítimas do preconceito religioso no Brasil”.

Confira a íntegra da nota da Universal


Com referência à postagem “Universal chama Eucaristia de ‘Pão do Mal’ em simpatia distribuída aos seguidores”, publicada no blog Ancoradouro do jornal O Povo, esclarecemos que o citado folheto não traz qualquer referência à hóstia e não faz nem remota ligação desse símbolo católico como “pão do mal”.

Na verdade, repudiamos com veemência qualquer ataque à fé ou às crenças dos adeptos de qualquer religião, até porque são os fieis da Igreja Universal do Reino de Deus as maiores vítimas do preconceito religioso no Brasil.

Aliás, é o mesmo tipo de preconceito que transborda do texto assinado pelo Sr. Vanderlúcio Souza, utilizando expressões como “simpatia” e “seita”, que tentam zombar e diminuir dos milhões de adeptos da Universal em todo o mundo.

Solicitamos que estes esclarecimentos sejam publicados na íntegra no blog Ancoradouro, com urgência.

Atenciosamente,
UNIcom: Departamento de Comunicação Social e de Relações Institucionais da Universal 

Nossa Senhora do Desterro


Nossa Senhora do Desterro tem origem na Bíblia como nos narra São Mateus em seu Evangelho (Mt 2, 13-23), quando a Sagrada Família teve que fugir com o Menino Jesus para o Egito, por causa da perseguição do Rei Herodes. Nossa Senhora permaneceu cerca de quatro anos fugitiva, desterrada no Egito.

A devoção dos refugiados, os que não tem Pátria, os que não tem esperança no futuro. Como os milhões de brasileiros que saem do país em busca de uma vida melhor. Ou os milhões de refugiados da guerra ao redor do mundo. Nossa Senhora do Desterro é a padroeira dos que tiveram que deixar sua Pátria para procurar trabalho em outro lugar ou se refugiaram em outras terras. Na Itália, ela é a Madona degli Emigrati, a Mãe dos imigrantes.

É a Mãe à qual todos rezam para serem bem recebidos em terras estrangeiras, para conseguirem novas amizades e trabalho.

Maria nos ensina a espiritualidade do desterro, o saber acolher qualquer irmão de qualquer lugar. Como sempre dizia São Bento a seus monges: Chegou o visitante, chegou o migrante, chegou Cristo.

Os que rezam a Nossa Senhora do desterro, por sua promessa, serão protegidos contra a fome, a peste, a guerra e das doenças contagiosas. Os seus inimigos não terão poder de ofendê-los, nem roubá-los. Resistirão às tentações do demônio.

Todos os que tiverem confiança nas misericórdias da Mãe do Desterro, serão felizes em seus negócios e viagens. Não morrerão sem a confissão e ficarão livres de uma morte repentina.

Como vimos, José e Maria tiveram que fugir de sua pátria com seu pequeno filho Jesus e ficaram lá por 4 anos. Jesus passou pela experiência do desterro, junto com sua família. E o  próprio Jesus nos diz no Evangelho de São Mateus: Eu era forasteiro e me acolheste.

No ano de 1673, o fundador de Florianópolis, cidade que se chamava Desterro, hoje capital de Santa Catarina, Francisco Dias Velho, trouxe uma imagem de Nossa Senhora do Desterro para a ilha e ali construiu uma pequena capela em honra de Maria do Desterro, iniciando sua devoção no Brasil.

O Papa Pio X, quando da construção da Catedral de Florianópolis, dedicou Nossa Senhora do Desterro como Padroeira da cidade. Existem no Brasil muitas cidades que mantém a devoção a Nossa Senhora do Desterro, com capelas e igrejas em sua homenagem.



Ó Bem Aventurada Virgem Maria, Mãe do Nosso Senhor Jesus Cristo, Salvador do Mundo, Rainha do Céu e da terra, advogada dos pecadores, auxiliadora dos cristãos, protetora dos pobres, consoladora dos tristes, amparo dos órfãos e viúvas, alivio das almas que penam, socorro dos aflitos, desterradora das indigências, das calamidades, dos inimigos corporais e espirituais, da morte cruel, dos tormentos eternos, de todo bicho e animal peçonhento, dos maus pensamentos, dos sonhos pavorosos, das cenas terríveis e visões espantosas, do rigor do dia do juízo final, das pragas, dos incêndios, desastres, bruxarias e maldições, dos malfeitores, ladrões, assaltantes e assassinos. Minha amada Mãe, eu prostrado agora aos vossos pés, com piedosíssimas lágrimas, cheio de arrependimento das minhas pesadas culpas, por vosso intermédio imploro perdão a Deus infinitamente Bom. Rogai a vosso Divino Filho Jesus, por nossas famílias, para que ele desterre de nossas vidas todos estes males, nos dê o perdão de nossos pecados, e nos enriqueça com sua divina graça e misericórdia. Cobri-nos com vosso Manto maternal, ó divina estrela dos montes. Desterrai de nós todos ao males e maldições. Afugentai de nós a peste e os desassossegos. Possamos, por vosso intermédio, obter de Deus a cura de todas as doenças, encontrar as portas do Céu abertas, e convosco ser felizes por toda a eternidade. Amém. Nossa Senhora do Desterro, rogai por nós que recorremos a Vós.

sábado, 1 de abril de 2017

4ª Pregação da Quaresma 2017: “O Espírito Santo nos introduz no mistério da ressurreição de Cristo”.


O ESPÍRITO SANTO NOS INTRODUZ 
NO MISTÉRIO DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Refletimos nas duas primeiras meditações quaresmais sobre o Espírito Santo, que nos insere, nos introduz, na plena verdade sobre a pessoa de Cristo, fazendo-nos proclamá-lo Senhor e verdadeiro Deus. Na última meditação passamos do ser para o agir de Cristo, da sua pessoa para as suas obras, e, especialmente, para o mistério da sua morte redentora. Hoje nos propomos meditar sobre o mistério da sua e da nossa ressurreição.

São Paulo atribui abertamente a ressurreição de Jesus da morte, à obra do Espírito Santo. Ele diz que Cristo "foi constituído Filho de Deus com poder, segundo o Espírito de santidade, em virtude da ressurreição dos mortos” (Rm 1,4). Em Cristo, tornou-se realidade a grande profecia de Ezequiel sobre o Espírito que entra nos ossos secos, ressuscita-os dos seus túmulos e faz de um grande número de mortos "um grande exército" de ressuscitados à vida e à esperança (cf. Ez 37, 1-14).

Mas, não gostaria de continuar a minha meditação seguindo essa linha de raciocínio.  Fazer do Espírito Santo o princípio inspirador de toda a teologia (intenção da assim chamada Teologia do terceiro artigo!) não significa colocar o Espírito Santo, à força, em toda afirmação, nomeando-o a cada passo. Não estaria na natureza do Paráclito que, como aquela da luz, ilumina todas as coisas permanecendo, ele próprio, por assim dizer, na sombra, como nos bastidores. Mais que falar “do” Espírito Santo, a Teologia do terceiro artigo consiste em falar “no” Espírito Santo, com tudo o que esta simples mudança de preposição comporta.

1. A ressurreição de Cristo: abordagem histórica

Antes de mais nada, digamos algo sobre a ressurreição de Cristo como fato “histórico”. Podemos definir a ressurreição como um evento histórico, no sentido usual deste termo, que é de realmente acontecido, no sentido, isto é, onde histórico se opõe a mítico e a lendário? Para expressar-nos em termos do debate recente: Jesus ressuscitou apenas no kerygma, ou seja, no anúncio da Igreja (como alguém afirmou na linha de Rudolf Bultmann), ou, pelo contrário, ressuscitou também na realidade e na história? E mais: ele ressuscitou, a pessoa de Jesus, ou ressuscitou somente a sua causa, no sentido metafórico no qual ressuscitar significa sobreviver, ou a vitória de uma ideia, após a morte da pessoa que a propôs?

Vemos, portanto, em que sentido se dá uma abordagem também histórica à ressurreição de Cristo. Não porque qualquer um de nós aqui tenha a necessidade de ser persuadido a respeito disso, mas, como disse Lucas no começo do seu evangelho, “para que verifiques a solidez dos ensinamentos que recebeste” (cf. Lc 1, 4) e que transmitimos aos demais.

A fé dos discípulos, salvo algumas excepções (João, as piedosas mulheres), não resiste ao teste do seu trágico fim. Com a paixão e a morte, a escuridão cobre tudo. Seu estado de espírito emerge das palavras dos dois discípulos de Emaús: "Esperávamos que fosse ele… mas já faz três dias" (Lc 24, 21). Estamos em um beco sem saída da fé. O caso Jesus é considerado encerrado.

Agora – continuando nosso trabalho de historiadores – vamos para alguns anos, ou melhor, algumas semanas, depois. O que encontramos? Um grupo de homens, o mesmo que esteve ao lado de Jesus, que vai repetindo, em voz alta, que Jesus de Nazaré é o Messias, o Senhor, o Filho de Deus; que está vivo e que virá para julgar o mundo. O caso de Jesus não só foi reaberto, mas, em pouco tempo foi levado a uma dimensão absoluta e universal. Aquele homem afeta não só o povo de Israel, mas todos os homens de todos os tempos. “A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular” (1Pd 2, 4), ou seja, começo de uma nova humanidade. A partir de agora, sabendo ou não, não há nenhum outro nome debaixo do céu dado aos homens, no qual é possível salvar-se, a não ser aquele de Jesus de Nazaré (cf. At 4, 12).

O que provocou tal mudança que fez com que os mesmos homens que antes haviam negado Jesus ou tinham fugido, agora dizem em público estas coisas, fundam Igrejas e se deixam, inclusive, prender, flagelar, matar por ele? Em coro, eles nos dão esta resposta: “Ressuscitou! Nós vimos!”. O último ato que pode fazer o historiador, antes de ceder a palavra à fé, é verificar aquela resposta.

A ressurreição é um acontecimento histórico, em um sentido muito particular. Ela está no limite da história, como aquele fio que separa o mar da terra firme. Está dentro e fora ao mesmo tempo. Com ela, a história se abre ao que está além da história, à escatologia. É, portanto, em certo sentido, a ruptura da história e a sua superação, assim como a criação é o seu começo. Isto significa que a ressurreição é um evento em si mesmo não testemunhável e atingível com as nossas categorias mentais que são todas ligadas à experiência do tempo e do espaço. E, de fato, ninguém vê o momento em que Jesus ressuscita. Ninguém pode dizer que viu Jesus ressuscitar, mas só de tê-lo visto ressuscitado.

A ressurreição, portanto, é conhecida a posteriori, em seguida. Como é a presença física do Verbo em Maria que demonstra o fato que se encarnou; assim a presença espiritual de Cristo na comunidade, evidenciada pelas aparições, demonstra que ressuscitou. Isso explica o fato de que nenhum historiador profano diga uma palavra sobre a ressurreição. Tácito, que também lembra da morte de um “um certo Cristo” nos dias de Pôncio Pilatos[1], cala sobre a ressurreição. Aquele evento não tinha relevância e sentido a não ser para quem experimentava as suas consequências, no seio da comunidade.

Em que sentido, então, falamos de uma abordagem histórica para a ressurreição? Aquilo que se apresenta para a consideração do historiador e o permite falar da ressurreição, são dois fatos: primeiro, a súbita e inexplicável fé dos discípulos, uma fé tão tenaz a ponto de resistir até mesmo à prova do martírio; segundo, a explicação de tal fé que os interessados nos deixaram. Escreveu um exegeta eminente: "No momento decisivo, quando Jesus foi capturado e executado, os discípulos não cultivavam nenhum pensamento sobre a ressurreição. Eles fugiram e deram por encerrado o caso de Jesus. Algo teve de intervir que, em um curto espaço de tempo, não só provocou a mudança radical de seu estado de espírito, mas os levou também a uma atividade totalmente diferente e à fundação da Igreja. Esse "algo" é o núcleo histórico da fé pascal[2]".

Foi justamente notado que, se se nega o caráter histórico e objetivo da ressurreição, o nascimento da fé e da Igreja se tornaria um mistério ainda mais inexplicável do que a própria ressurreição: "A ideia de que o imponente edifício da história do cristianismo seja como uma enorme pirâmide pendurada sobre um fato insignificante é, certamente, menos credível do que a afirmação de que todo o evento – ou seja, o dado de fato mais o significado inerente a ele – tenha realmente ocupado um lugar na história comparável ao que lhe atribui o Novo Testamento[3]”.

Qual é, então, o ponto de chegada da pesquisa histórica com relação à ressurreição? Podemos apreendê-lo nas palavras dos discípulos de Emaús. Alguns discípulos, na manhã da Páscoa, foram ao túmulo de Jesus e descobriram que as coisas estavam como haviam relatado as mulheres, que foram antes deles, “mas a ele, não o viram” (cf. Lc 24, 24). Até a história vai a sepulcro de Jesus e deve constatar que as coisas estão da forma como disseram os testemunhos. Mas ele, o Ressuscitado, não o vê. Não basta constatar historicamente os fatos, é necessário “ver” o Ressuscitado, e isso a história não pode dar, mas só a fé[4].  Quem chega correndo da terra firme rumo a costa do mar deve parar de repente; pode ir além com o olhar, mas não com os pés.