sábado, 15 de abril de 2017

Ela foi a primeira a adorar a Cruz… Nossa Senhora das Dores.


“Pôs-me em desolação, afogada em tristeza todo o dia” (Jer. 1, 13)

Diz São Boaventura que, depois da sepultura de Jesus, as mulheres piedosas velaram a Bem aventurada Virgem com um manto lúgubre, que lhe cobria todo o rosto. Acrescenta São Bernardo, que na volta do sepulcro para sua casa, a pobre Mãe andava tão aflita e triste, que comovia muitos a chorarem, ainda que involuntariamente. De modo que, por onde passava, todos aqueles que a encontravam, não podiam conter as lágrimas. Os santos discípulos e as mulheres que a acompanhavam, quase que choravam mais as penas de Maria do que a perda de seu Salvador.

Quando a Virgem passou por diante da Cruz, banhada ainda com o sangue do seu Jesus, foi a primeira a adorá-la. Ó Santa Cruz, disse então, eu te beijo e te adoro, já que não és mais madeiro infame, mas trono de amor e altar de misericórdia. Consagrado com o sangue do Cordeiro divino, quem em ti foi imolado pela salvação do mundo. Deixa depois a Cruz e volta à casa. Chegada ali, a aflita Mãe volve os olhos em torno, e não vê mais o seu Jesus; em vez da presença do querido Filho, apresentam-lhe aos olhos todas as recordações da sua bela vida e da sua desapiedada morte. Recorda-se dos abraços dados ao Filho no presépio de Belém, da conversação com ele por trinta anos na casa de Nazaré; Recorda-se dos mútuos afetos, dos olhares cheios de amor, das palavras de vida de vida eterna saídas daquela boca divina e depois se lhe representa a cena funesta presenciada naquele mesmo dia;

Veem-lhe à memória os cravos, os espinhos, as carnes dilaceradas do Filho, as chagas profundas, os ossos descarnados, a boca aberta, os olhos escurecidos. E com tão funesta recordação, quem poderá dizer qual tenha sido a dor, a desolação de Maria? E tu? Por que não choras?

Ah, que noite de dor foi para a Bem aventurada Virgem aquela que se seguiu à sepultura do seu divino Filho! Voltando-se a dolorosa Mãe para São João, perguntou-lhe com voz triste: Ah! Filho, onde está o teu mestre? Depois perguntou a Magdalena: Filha, dize-me, onde está o teu dileto? Ó Deus! Quem no-lo tirou?

Chora Maria, e todos os que estão com ela choram também. E tu, minha alma, não choras? – Ah! Volta-te a Maria, e roga-lhe que te admita consigo a chorar. Ela chora por amor, e tu, chora pela dor de teus pecados. Minha aflita Mãe, não vos quero deixar só a chorar; não, quero acompanhar-vos também com as minhas lágrimas. 

Papa no cárcere de Paliano: Deus nos ama até o fim, servir é semear amor.


MISSA DA ÚLTIMA CEIA

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Casa de Detenção de Paliano (Frosinone) 
Quinta-feira Santa, 13 de abril, 2017


Jesus foi ao jantar com eles na Última Ceia e, diz o Evangelho "sabendo que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai." Ele sabia que ele tinha sido traído, e que seria entregue por Judas naquela mesma noite. "Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim." Deus nos ama assim: até o fim. Ele dá vida a todos nós, e se orgulha e quer isto porque Ele ama: "até o fim". Não é fácil, porque todos nós somos pecadores, todos nós temos limites, defeitos, tantas coisas. Nós todos sabemos o que é o amor, mas não sabemos como amar a Deus sem olhar para as consequências, até o fim. E como exemplo para mostrar isso, Ele que era "o chefe", que era Deus, lava os pés de seus discípulos. Lavar os pés era um hábito, na época, antes de os almoços e jantares, porque não havia asfalto, e as pessoas andavam na poeira. Portanto, um dos gestos para receber uma pessoa em casa, e até mesmo para comer, foi lavar seus pés. Isso faziam os escravos, mas Jesus se vira e se faz como um escravo. Simão não queria fazê-lo, mas Jesus disse a ele que era assim, que Ele veio ao mundo para servir, para servir, para ser um escravo para nós, para nos dar a vida, amar até o fim.

Hoje em dia, na rua, quando eu cheguei, havia pessoas que diziam Olá: "Será que o Papa, o chefe. O chefe da Igreja ...". O chefe da Igreja é Jesus; sem brincadeira! O Papa é a figura de Jesus e eu faria o mesmo que Ele fez. Nesta cerimônia, o sacerdote lava os pés dos fiéis. Há uma inversão: o que parece ser o maior tem que fazer trabalho escravo, mas para semear amor. Para semear o amor entre nós, eu não posso te dizer hoje vai lavar os pés uns aos outros: seria uma piada. Mas o símbolo, a figura sim, vou dizer-lhe que, se você pode dar uma ajuda, faça um serviço aqui, na prisão, ao companheiro ou parceiro, faça-o. Porque isso é amor, isso é como lavar seus pés. É ser um servo dos outros.  

Em Via-Sacra, Papa denuncia vergonhas e aponta esperanças da humanidade


VIA-SACRA NO COLISEU

ORAÇÃO DO PAPA FRANCISCO

Coliseu de Roma 
Sexta-feira Santa, 14 de abril de 2017


Ó Cristo deixado sozinho e até mesmo traído pelos seus e vendido a preço baixo.

Ó Cristo julgado por pecadores, entregue pelos patrões.

Ó Cristo em angústia em carne, coroado de espinhos e vestido de púrpura. O Cristo flagelado e pregado horrivelmente.

Ó Cristo trespassado pela lança que perfurou seu coração.

Ó Cristo, morto e sepultado, tu que és o Deus da vida e existência.

Ó Cristo, nosso único Salvador, nos faça voltar a Ti novamente este ano com os olhos baixos de vergonha e com o coração cheio de esperança:

Vergonha por todas as imagens de devastação, destruição e naufrágio que se tornaram ordinárias na nossa vida.

Vergonha pelo sangue inocente que diariamente é derramado de mulheres, crianças e migrantes, de pessoas perseguidas pela cor de sua pele ou pertença étnica e social e por sua fé no Senhor.

Vergonha pelas muitas vezes que, como Judas e Pedro, O vendemos e traímos e O deixamos só a morrer pelos nossos pecados, fugindo como covardes da nossa responsabilidade.

Vergonha pelo nosso silêncio diante da injustiça, pelas mãos preguiçosas em dar e ávidas em tirar e em conquistar, pelo nossa voz forte em defender os nossos interesses e tímida em falar dos interesses dos demais. Pelos nossos pés velozes no caminho do mal e paralisados no caminho do bem.

Vergonha por todas as vezes que nós bispos, sacerdotes, consagrados e consagradas escandalizamos e ferimos o Seu corpo, a Igreja, e esquecemos o nosso primeiro amor, o primeiro entusiasmo e nossa total disponibilidade, deixando enferrujar o nosso coração e a nossa consagração.

Tanta vergonha, Senhor, mas também tanta esperança, confiante de que Jesus não nos trata pelos nossos méritos, mas unicamente segundo a abundância da Sua misericórdia, que nossas traições não negam a imensidão do seu amor; que o seu coração, materno e paterno, não se esquece de nós por causa da dureza das nossas entranhas. A esperança na certeza de que nossos nomes estão gravados em seu coração e que são colocados na pupila dos teus olhos. 

Frei Raniero: "A cruz não está contra o mundo, mas pelo mundo".


HOMILIA
Frei Raniero Cantalamessa

CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DO SENHOR
Basílica de São Pedro
Sexta-feira, 14 de abril de 2017

“A CRUZ, ÚNICA ESPERANÇA DO MUNDO”

Escutamos a narrativa da Paixão de Cristo. Trata-se, essencialmente, do relato de uma morte violenta. Notícias de mortes, e mortes violentas, quase nunca faltam nos noticiários vespertinos. Também nestes últimos dias, temos escutado tais notícias, como a dos 38 cristãos coptas assassinados no Egito no Domingo de Ramos. Estas notícias se sucedem com tal rapidez, que nos fazem esquecer, a cada noite, as do dia anterior. Por que, então, após 2000 anos, o mundo ainda recorda, como se tivesse acontecido ontem, a morte de Cristo? É que esta morte mudou para sempre o rosto da morte; ela deu um novo sentido à morte de cada ser humano. Sobre ela, reflitamos por um momento.

"Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água" (Jo 19, 33-34). No início do seu ministério, àqueles que lhe perguntavam com qual autoridade ele expulsava os vendedores do templo, Jesus disse: "Destruí este templo e em três dias eu o levantarei". "Ele falava do templo do seu corpo" (Jo 2, 19. 21), havia comentado João naquela ocasião, e eis que agora o próprio evangelista nos diz que do lado deste templo "destruído" jorram água e sangue. É uma clara alusão à profecia de Ezequiel que falava do futuro templo de Deus, daquele lado do qual jorra um fio de água que se torna primeiro um riacho, depois um rio navegável, em torno do qual floresce toda forma de vida.

Mas, penetremos no epicentro da fonte deste “rio de água viva” (Jo 7, 38), no coração trespassado de Cristo. No Apocalipse, o mesmo discípulo que Jesus amava escreve: "Com efeito, entre o trono com os quatro Viventes e os Anciãos, vi um Cordeiro de pé, como que imolado” (Ap 5, 6). Imolado, mas de pé, ou seja, trespassado, mas ressuscitado e vivo.

Existe agora, dentro da Trindade e dentro do mundo, um coração humano que bate, não só metaforicamente, mas realmente. Se, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, também o seu coração ressuscitou dentre os mortos; este coração vive, como todo o resto do seu corpo, em uma dimensão diferente da primeira, real, embora mística. Se o Cordeiro vive no céu "imolado, mas de pé”, também o seu coração compartilha o mesmo estado; é um coração trespassado, mas vivente; eternamente trespassado, precisamente porque eternamente vivente.

Há uma expressão que foi criada justamente para descrever a profundidade da maldade que pode aglutinar-se no seio da humanidade: “coração de trevas”. Depois do sacrifício de Cristo, mais profundo do que o coração de trevas, palpita no mundo um coração de luz. Cristo, de fato, subindo ao céu, não abandonou a terra, assim como, encarnando-se, não tinha abandonado a Trindade.

"Agora cumpre-se o plano do Pai – diz uma antífona da Liturgia das horas –, fazer de Cristo o coração do mundo”. Isso explica o irredutível otimismo cristão que fez uma mística medieval exclamar: "O pecado é inevitável, mas tudo ficará bem e todo tipo de coisa ficará bem " (Juliana de Norwich).

A solidão do caminho da santidade


Deus tocou o seu coração e você decidiu se entregar totalmente a Ele. Mudou suas escolhas, começou a fazer sacrifícios e rezar o terço. Não perde uma missa aos domingos e seu coração se enche de alegria de poder colocar seus dons a serviço de Deus e dos irmãos. Mas você olhou pro lado e não tinha mais ninguém.

Não estou falando da vida em comunidade dentro da Igreja. Estou falando dos seus amigos de infância, dos colegas de trabalho, do pessoal da faculdade, do cursinho, da sua família. Estou falando do mundo à sua volta.

Você olha pros lados e parece que ninguém mais procura a santidade, só você. Ninguém quer saber de rezar junto, ouvir a pregação que te emocionou, de compartilhar as dificuldades na oração, de ir com você na missa, nos retiros, nos eventos, no show daquele artista católico. Eles simplesmente não querem saber. Você fala de Deus e elas mudam de assunto, isso quando não criticam o que eles chamam de seu “novo estilo de vida”. Dizem que a santidade é impossível e que a castidade é algo impensável. Você quer viver na retidão e é taxado de chato, puritano e moralista.

Se você se identificou com tudo isso, preciso te dizer: você não está sozinho. É sério. Neste momento, há muitas pessoas, principalmente jovens, que passam pela mesma situação.

São Crescente


Nasceu em Mira, na Ásia Menor. Crescente chorou muitas vezes quando percebia pessoas que se entregavam a religiões politeístas, de muitas divindades, longe daquele que é o único Senhor e Salvador: Jesus Cristo.

Seu esforço era o de levar a sua experiência. Primeiro, através de uma oração de intercessão constante pela conversão de todos.

Certa vez, numa festa pagã aos deuses, ele se fez presente e movido pelo Espírito Santo, começou a evangelizar. Inimigos da fé cristã o levaram a um juiz, que propôs que ele “apenas” expressasse exteriormente o culto às divindades pagãs, com o objetivo de preservar sua vida.

Crescente desprezou a proposta, e foi martirizado por não negar a Jesus Cristo.

Deus onipotente e misericordioso, destes a São Crescente superar as torturas do martírio. Concedei que, celebrando o dia do seu triunfo, passemos invictos por entre as ciladas do inimigo, graças à vossa proteção. Por Cristo Senhor nosso. Amém.


São Crescente, rogai por nós!

sexta-feira, 14 de abril de 2017

O Anjo de Guarda é menos inteligente do que o demônio?


A Igreja ensina que Deus criou os Anjos muito superiores a nós. Puros espíritos, de inteligência lucidíssima e grande poder, excedem por sua natureza mesmo os homens mais bem dotados.

Com sua revolta, os Anjos maus perderam a virtude, não porém a inteligência, nem o poder. Deus costuma frear a ação deles mais ou menos, segundo os desígnios de sua Providência. Mas de per si, e segundo sua natureza, continuam eles muito superiores ao homem.

Daí o fato de que a Igreja sempre aprovou que os artistas figurassem o demônio sob a forma de um ente inteligente, sagaz, astuto, poderoso, se bem que cheio de malícia em todos os seus desígnios. Aprovou Ela até que se apresentasse o demônio como um ente de encantos fascinantes, para manifestar assim as aparências de qualidade de que o espírito das trevas pode revestir-se para seduzir os homens.


Em nosso primeiro clichê, temos um exemplo desta apresentação do demônio. Mefistófeles, com um semblante fino, astucioso, de psicólogo penetrante e cheio de lábia, instila pensamentos de perdição, suaves e profundos, ao Doutor Fausto, que dorme, e se acha em pleno sonho.

Este tipo de representação se tem tornado tão freqüente que quase não se figura o demônio senão sob este aspecto.

Tudo isto é, como dissemos, perfeitamente ortodoxo.

As representações que certa iconografia muito corrente faz dos Anjos bons em que sentido são? Mostram-nos como seres eminentemente bem intencionados, felizes, cândidos, e tudo isto é conforme à santidade, à bem-aventurança, à pureza que possuem em grau eminente. Mas essas representações passam da conta, e, querendo acentuar a bondade e a pureza dos Anjos fiéis, não sabendo de outro lado como exprimir ao mesmo tempo sua inteligência, sua fortaleza, sua admirável majestade, figuram seres insípidos e sem valor. 

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Senado se posiciona contra descriminalização do aborto pelo STF


O Senado, por meio de sua Advocacia, enviou um parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF), no qual defende as atuais leis do Brasil em relação ao aborto e afirma que eventuais mudanças quanto ao tema devem partir do Legislativo.

O parecer foi enviado em resposta à solicitação da ministra Rosa Weber, relatora da Arguição por Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) aberta pelo PSOL e pelo Instituto Anis, que pede medida cautelar que reconheça a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.

O parecer do Senado defende que os dois artigos do Código Penal questionados na ADF são aplicados no Brasil há décadas.

“Os artigos questionados não foram alterados na reforma do Código Penal promovida pela Lei nº 7.209, de 11 de julho de 1984, e são aplicados desde então pelas autoridades judiciais do País”, assinala.

Reforça ainda que, “sob a égide da Constituição da República de 1988”, o artigo 2º do Código Civil assegura os direitos do feto.

“Os aludidos dispositivos infraconstitucionais disciplinam a matéria objeto do debate, cuja eventual alteração está sendo discutida pelas Casas do Congresso Nacional por intermédio dos parlamentares eleitos pelo povo, com a participação da sociedade, por meio de consultas e audiências públicas”, completa a Advocacia do Senado Federal.