Não deixa de ser interessante, de todo modo, que um “ateu” reconheça que Deus pode perdoar o homem e que há um estado perfeito de vida que antecede o pecado do homem e que em tal estado de perfeição o homem não está fadado às consequências do pecado.
Encontrei este print no Facebook e resolvi escrever sobre a tese que ele questiona. Todos conhecem as consequências do pecado humano: o fratricídio (Caim matou Abel), a mentira, o roubo, o engano, a fraude, as ilusões, os pecados e os vícios de toda ordem, etc. Todos podem compreender pela via simples da razão que o mundo seria melhor se nele não houvesse o pecado. Por esse motivo, fez-se este post: “Se Deus manda perdoar 70 vezes 7 então por que Ele não perdoou Eva e impediu que tanta tragédia acontecesse?”.
É impossível neste ponto não olhar para Maria, a Imaculada, concebida sem a mancha original do pecado de Adão e Eva. Ela nascera pura, sem a humana inclinação para o pecado fruto da queda de nossos pais. Sobre ela não pesaram as consequências do pecado: vícios, imoralidades, concupiscência, sentimentos desordenados, ódio e rixas, etc. Ela fora a criatura mais perfeita criada por Deus. Sobre ela não pesou o que pesa sobre todos nós! Se Eva não tivesse pecado, seríamos todos como Maria!
A resposta à interpelação feita é bem simples: Há maior mérito no homem que vence, por meio da graça santificante, a sua natureza humana decaída do que no homem que nunca pecou. Maria fora preservada do pecado em vista dos méritos de Cristo. Isto nos garante a Igreja quando proclamou o dogma da Imaculada Conceição. Portanto, não por seus próprios méritos, mas, puramente por graça divina – os méritos salvíficos de Cristo – Maria fora preservada do pecado. Os méritos que ela conquistou foram posteriores à sua concepção imaculada e se devem à sua fidelidade a Deus em toda a sua vida.
Deus quis cumular o ser humano de méritos, coroá-lo de dons proporcionais ao seu esforço e mérito pessoal quando este é capaz de adequar sua vontade rebelde à graça santificante. Assim como os méritos são proporcionais às virtudes adquiridas, também as penas do inferno são proporcionais aos pecados praticados. Ademais, é muito mais nobre e honroso a Deus perdoar a ofensa sofrida do que simplesmente evitar ser ofendido pelo ser criado. Assim, a “segunda criação” ou como chamamos a nossa redenção em Cristo Jesus é muito mais meritória e maior que a primeira criação, ou a criação do mundo. Isto nos garantem os Santos Padres em suas homilias sobre a redenção e a cruz ao compará-la com o Éden.