terça-feira, 18 de julho de 2017

São Francisco Solano


Apóstolo do Novo Mundo, Francisco nasceu em Montilla (Córdoba, Espanha)  a 10 de março de  1549, terceiro filho de  Mateus Sánchez Solano e de Ana Jiménez, família abastada e de nobre ascendência. Fez seus estudos em  Córdoba, junto dos jesuítas onde mostrou ser pessoa dotada de viva inteligência, dada à contemplação e à caridade.  Antes de concluir os estudos de medicina, que havia iniciado com brilhantismo, pediu para ingressar na Ordem dos Frades Menores da Província de Granada.  Em 1569, vestiu o hábito dos frades e, no ano seguinte, emitiu a profissão religiosa.

Sempre muito austero, paciente, humilde  e perfeito na observância da Regra, continuou os estudos de filosofia e teologia no Convento de Santa Maria de Loreto, em Sevilha, morando em minúsculo canto do coro. Celebrou sua primeira missa a 4 de  outubro de 1576. Em 1581 foi nomeado mestre de noviços do convento de Arruzafa (Córdoba), ofício que continuou a desempenhar no Convento de São Francisco do  Monte da Serra Morena para onde foi transferido em 1583 e onde exerceu depois as funções de guardião e de pregador. Em todas as partes, acompanhava-o a fama de santidade e de taumaturgo devido aos milagres que realizava. Quando ocorreu o alastramento da peste bubônica na vizinha cidade de Montoro, voluntariamente se ofereceu para cuidados dos empestados. Transferido em 1587 para o convento de São Luís da Zubia, perto de Granada, foi  eloquente e estimadíssimo pregador popular e apóstolo entre os  doentes e presidiários em todo o território circunvizinho.

Uma vez abandonada a ideia de  se dirigir aos países muçulmanos para morrer mártir querendo assim fugir da veneração do povo, pediu para fazer parte da expedição missionária destinada à América. No dia 28 de  fevereiro de 1589, partiu no navio Sanlucar de Barrameda com outros onze confrades  conduzidos pelo padre  Baltazar Navarro, custódio de Tucuman,  e chegou a Cartagena, na Colômbia,  em maio do mesmo ano. Daí continuou até Nome de Deus, no Panamá, que atravessou a pé até atingir as margens do Pacífico.

Quando se dirigia ao Peru, o galeão em que viajava com o grupo, afundou perto da ilha de Górgona em frente à Colômbia. Francisco se considerou pastor desta comunidade de desesperados, entre as quais, muitos escravos. Depois de dois meses de sofrimento foram recolhidos em outra embarcação e  levados até um porto ao norte do Peru. O santo frade continuou a viagem a pé até a cidade de Lima. Foi, então, designado imediatamente missionário na longínqua Tucuman, ao norte da Argentina. Para lá chegar deveria fazer a cansativa viagem de  três mil quilômetros através dos Andes a pé ou sobre o lombo de um pobre animal.

Tendo chegado a Tucuman em novembro de 1590  foi lhe dada a incumbência da  Custódia Franciscana de  São Jorge, fundada em 1565, com a finalidade de ocupar-se das missões.  Vencendo não poucas dificuldades de língua, fundou a missão ou redução de Socotonio e Madalena, das quais foi pároco missionário,  exercendo  ministério junto a indígenas Diaguitas, dos quais se tornou evangelizador, civilizador, pacificador e defensor,  tendo sido muitas vezes agraciado com  dom das línguas. Entre todas as suas grandezas conta-se a da pacificação desta população rebelde na quinta-feira santa de 1591. São atribuídos a Francisco duzentas mil conversões e batizados de infiéis. Em 1592 estendeu seu apostolado aos brancos e “crioulos”.

Em 1595 foi chamado pela obediência a dirigir-se ao Peru onde foi nomeado  guardião do convento de recoleção  de Santa Maia dos Anjos em Lima, cargo  que renunciou considerando-se  sem capacidade e sem méritos para o exercício. Em 1602 foi transferido para Trujillo, onde exerceu a função de guardião. Pregador enérgico e inspirado  ficou célebre com o fato de ter profetizado em 12 de novembro de 1603  a destruição da cidade, que aconteceu em 14 de fevereiro  de 1619. Tendo voltado a Lima e nomeado ainda uma vez guardião, no dia 20 de dezembro de 1604 percorreu ruas e praças da cidade com um crucifixo nas mãos  provocando um tal estado de comoção que obrigou o vice-rei a intervir.  Mesmo sendo muito austero, mostrava-se alegre e costumava tocar violino para alegrar-se a si mesmo e aos confrades e também como instrumento de pastoral para aproximar-se dos índios.

Devido às suas penitências, nos últimos tempos de sua vida, viveu no convento-enfermaria  conhecido como Máximo de Jesus  ( hoje São Francisco),  em Lima.  Durante o terremoto de 1609, padre Francisco levantando-se com dificuldade queria confortar a população com sua palavra de fé.   Não conseguiu mais recuperar a saúde.  Morreu santamente em Lima a  14 de julho de 1610, enquanto, a seu pedido, os frades cantavam  o Credo. Suas últimas palavras foram:  “Glorificetur Deus”. Foi sepultado na igreja do convento.  Seu corpo foi carregado pelo arcebispo de Lima, pelo vice-rei e por outros personagens ilustres.

Foi canonizado por  Bento XIII a 27 de dezembro de 1726.



Ó Deus, por São Francisco Solano conduzistes muitos povos da América ao seio da Igreja; por suas preces e méritos, uni mais estreitamente a vós os nossos corações e, por vossa bondade, fazei chegar aos povos que não vos conhecem o temor do vosso santo Nome. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

A Palavra de Deus «não é uma jaula ou uma armadilha, mas uma semente».


Papa Francisco

ANGELUS

Praça de São Pedro 
domingo, 16 de julho, 2017

Caros irmãos e irmãs, as minhas saudações!

Quando Jesus falava, utilizava uma linguagem simples e servia-se também de imagens que eram exemplos da vida quotidiana, de maneira a poder ser compreendido facilmente por todos. É por isso que as pessoas O escutavam com agrado. As pessoas apreciavam a sua mensagem que falava ao coração. Não era a linguagem complicada e difícil de compreender que utilizavam os doutores da lei do templo; essa linguagem não se compreendia bem, era cheia de rigidez e afastava as pessoas. E com esta linguagem simples, Jesus fazia compreender o mistério do Reino de Deus. Não era uma teologia complicada.

O evangelho de hoje, a parábola do semeador (cf. Mt 13, 1-23) é um exemplo desta linguagem simples. O semeador é Jesus. Notemos que através desta imagem, Jesus se apresenta como alguém que não se impõe, mas se propõe; Ele não nos atrai, conquistando-nos, mas dando-se; Ele lança a semente. Ele espalha com paciência e generosidade a sua Palavra, que não é uma jaula ou uma armadilha, mas uma semente que pode dar fruto. De que modo pode ela dar fruto? Se nós a acolhermos.

É por isso que a parábola diz respeito a todos nós: ela fala, na verdade, mais do terreno que do semeador. Jesus faz, por assim dizer, uma “radiografia espiritual” do nosso coração, que é o terreno onde cai a semente da Palavra. O nosso coração, como um terreno, pode ser bom e então a palavra dá fruto, e muito; mas também pode ser duro, impermeável. Isto acontece quando escutamos a Palavra, mas ela faz ricochete, como numa estrada. Ela não entra.

Entre o terreno bom e a estrada – que é o alcatrão – se lançarmos os grãos sobre a calçada, não se passa – há ainda dois terrenos intermediários que podemos ter em nós em níveis diversos. O primeiro é o solo pedregoso. Procuremos imaginá-lo: um terreno pedregoso é um terreno “onde não havia muita terra” (cf. v.5), por causa disso a semente germina, mas não chega a ter raízes profundas. É o coração superficial, que acolhe o Senhor, quer rezar, amar e testemunhar, mas não persevera, relaxa e nunca “levanta voo”. É um coração sem profundidade, onde as pedras da preguiça dominam sobre a boa terra, onde o amor é inconstante e passageiro. Mas aquele que acolhe o Senhor só quando lhe apetece, não dá fruto.

Orientações da CNBB sobre as hóstias sem glúten


Depois que o Papa Francisco indicou num documento datado 15 de junho, que as hóstias sem glúten são matéria “inválida” para a Eucaristia, mas permitiu que sejam usadas as que têm baixo conteúdo de glúten, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil divulgou suas “Orientações Pastorais sobre o acesso das pessoas celíacas à Comunhão Eucarística”.

No texto, a CNBB afirma que é importante que bispos, presbíteros, diáconos e ministros extraordinários da comunhão eucarística tenham conhecimento a respeito desta doença e tomem consciência dos cuidados que ela exige. E propõe oito orientações práticas dirigidas seja aos fiéis celíacos, seja aos celebrantes.

Eis o texto integral:


A doença celíaca é uma condição autoimune, desencadeada pelo consumo do glúten presente no trigo, na aveia, na cevada, no centeio e em todos os derivados destes cereais. Ela pode se manifestar em qualquer fase da vida, afetando todo o corpo e, se não tratada, pode trazer consequências graves para a saúde das pessoas celíacas. Há formas dessa doença em que a pessoa é afetada até mesmo pela presença de traços de glúten ou até pelo simples contato com ele. Segundo as estatísticas, a cada 400 pessoas, uma é celíaca. Isto coloca um desafio particular para a comunhão eucarística segura dessas pessoas.

A Congregação para a Doutrina da Fé deu orientações a esse respeito (cartas circulares aos presidentes das Conferências Episcopais – junho de 1995 e julho de 2003). De acordo com essas orientações, os Ordinários podem conceder aos presbíteros e aos leigos afetados pela doença celíaca a permissão de usar pão com pouca quantidade de glúten. A Congregação adverte, no entanto, que essa quantidade deve ser suficiente para a obtenção da panificação, não podendo ser acrescentada nenhuma matéria estranha à substância do pão.

Estabelece ainda que, quando o fluxo celíaco é tal que impeça a comunhão sob a espécie do pão, mesmo parcialmente desprovido de glúten, o fiel leigo pode comungar somente sob a espécie do vinho. O presbítero que se encontrar nesta condição pode comungar somente sob a espécie do vinho quando participar em uma concelebração.

É dever do Ordinário certificar-se de que o produto utilizado seja conforme a estas exigências. Esta licença pode ser dada para o período que durar a situação que motiva o pedido. Requer-se, portanto, uma organização litúrgica que inclua procedimentos adequados às necessidades das pessoas celíacas, para que elas não venham a sofrer discriminação e se sintam plenamente acolhidas e integradas na vida da Igreja.

É importante que bispos, presbíteros, diáconos e ministros extraordinários da comunhão eucarística tenham conhecimento a respeito desta doença e tomem consciência dos cuidados que ela exige. A fim de garantir a comunhão eucarística segura das pessoas celíacas é preciso atenção ainda ao risco de contaminação com traços de glúten nas partículas especiais e no vinho durante o armazenamento ou o manuseio.

Em vista da atenção e dos cuidados necessários, recomendamos que:

O mundo precisa de Santos, não de Templários de Facebook!


É assustador pensar no tamanho do buraco em que nossa sociedade se meteu. As famílias estão cada vez mais estranhas. Pais e mães (quando existem) terceirizam seus filhos com as escolas, que por sua vez, lhes ensinam a ser contra a família. Nossos jovens falam em empreendedorismo, mas crescem sonhando em depender cada vez mais do Estado. Falamos sempre em boas intenções e boas ações, mas parecem que elas apenas visam consertar o estrago que nossos valores deturpados provocam. Qual a solução para tudo isso? Aposto que muitos dirão “Guerra Cultural”, pois acho que é hora de propor uma nova guerra: a “Guerra Espiritual”. Precisamos de mais santos e menos Templários de Facebook.

É importante dizer que combater a cultura que nos vendem hoje é importante. Mas é como enxugar gelo. As coisas vão realmente mudar, quando o coração do homem (sua razão e afeição) forem tocados. E só existe realmente uma coisa que muda o coração do homem: o encontro com Cristo.

Mas qual a melhor maneira de fazer isso? Vivendo a SANTIDADE.

Já falamos isso, mas vamos repetir: a santidade não é um prêmio post-mortem para os católicos que foram bonzinhos em vida. A Santidade é um serviço URGENTE para a Igreja de Cristo! E só através dela será realmente possível mudar qualquer coisa na nossa sociedade.


Se você acessou nosso site recentemente, viu que estamos divulgando o livro “Quem sou eu para Julgar” da Editora LeYa, com textos e homilias do Papa Francisco. Lendo o livro, nos deparamos com esse belíssimo discurso:

“Não é, pois, com a clava do juízo que conseguiremos reconduzir a ovelha perdida ao redil, mas com a santidade de vida que é princípio de renovação e reforma na Igreja. A santidade nutre-se de amor e sabe suportar o peso de quem é mais frágil. Um missionário da misericórdia carrega o pecador sobre os próprios ombros e consola-o com a força da compaixão. E o pecador que o procura, a pessoa que vai até ele, encontra um pai.” - Papa Francisco em discurso aos Missionários da Misericórdia (9 de fevereiro de 2016)

É perfeito! Não é com a clava do juízo que se luta pelo coração do homem!!! É com a santidade que se mostra o rosto do Senhor!

Bem-aventurado Inácio de Azevedo e companheiros mártires


Era membro de uma família muito distinta. E, em todos os lugares onde há certa estratificação social, os nomes das famílias mais tradicionais acabam tomando uma certa sonoridade, em que se tem a impressão de ver a pessoa portadora de um desses nomes, com o estilo da nação a que pertence.

Este é o caso do Bem-aventurado Inácio. Ele se chamava Inácio de Azevedo de Atayde de Abreu e Malafaia. É um nome tradicional, bonito e muito português; sua sonoridade é linda, e dá a impressão da prataria portuguesa, cujos objetos são tendentes ao nobremente bojudo e seguro de si. De fato, esse nome é um pouco de prataria.

Ingressou na Companhia de Jesus em 1548, sendo anotado a seu respeito no livro da Ordem os seguintes dizeres: “Tem pais vivos. O pai possui benefícios eclesiásticos e suficiência de bens. A mãe é freira num convento do Porto.”

Estamos no século XVI; a Renascença já arrebentou, a Revolução está em curso. Mas como a Igreja ainda estava entranhada na sociedade! É uma família nobre, não de grande nobreza: o pai vivia de rendas eclesiásticas e tinha dado licença à sua esposa para ser freira, e o filho fez-se membro da Companhia de Jesus, a qual, naquele tempo, era a ponta de lança da Contra-Revolução; e tornou-se Bem-aventurado, hoje um dos padroeiros do Brasil.

Como é bonito ver a impregnação da vida eclesiástica na sociedade dessa época.

O Bem-aventurado Inácio de Azevedo havia sido pajem do Rei D. João III; e, pelo lado materno, descendia de Santa Isabel, Rainha de Portugal.

É bonito haver nele a descendência de Santa Isabel, Rainha de Portugal. Sendo pajem do Rei, ele frequentou o que a corte tinha de melhor.

Em carta ao Padre Geral, Inácio pediu para ser enviado a pontos remotos, pois não queria ficar no mesmo ambiente onde viviam seus pais.

Esse homem foi mandado da corte do Rei de Portugal – naquele tempo marcadamente um potentado, pelo tamanho do império colonial português – para o Brasil, onde havia índios com argolas atravessadas no nariz, canibais, com hálito cheirando a álcool mascado de cana fermentada, uma coisa horrorosa. Podemos imaginar a diferença! Era o que ele queria. Vemos o heroísmo que está presente em seu pedido.

Do Brasil chegavam cartas dos Padres Nóbrega e Anchieta, relatando as esperanças e as dificuldades das missões. Dois noviços jesuítas haviam sido repatriados para Portugal, por não se adaptarem às novas terras.

Vê-se como era duro aguentar…

São Francisco de Borja, recém-eleito Geral da Companhia, conhecia as especiais virtudes do Padre Inácio e o indicou para visitador apostólico nas terras do Brasil.

Quão cuidadosa era a Companhia de Jesus. Mesmo sendo poucos os jesuítas no Brasil, mandava-se um visitador apostólico incumbido de visitar a nascente Igreja daquelas terras. Percebemos o rigor da ortodoxia, da disciplina e do método.

Por outro lado, vemos como os santos se encontram nessa história: São Francisco de Borja – Geral da Companhia de Jesus, portanto, o homem que tem nas mãos o leme da Contra-Revolução – escolhe um futuro mártir para vir ao Brasil, o qual, por sua vez, descende da Rainha Santa Isabel. Que beleza!

Em julho de 1566, o colégio jesuíta de Salvador na Bahia, tendo à frente o Padre José de Anchieta e o Padre Manoel da Nóbrega, recebeu festivamente o emissário de São Francisco de Borja, numa visita que se estenderia por dois anos, e ao longo da qual o Bem-aventurado Inácio de Azevedo percorreria as principais vilas nascentes do litoral brasileiro.

Dois anos visitando o Brasil! É preciso dizer que as distâncias enormes se percorriam devagar. Em 1567, acompanhou no Rio de Janeiro a expulsão dos calvinistas.

Que bonita nota deveria ser acrescentada nas narrações dessas nossas Histórias do Brasil, nesses manuaizinhos, quando tratam da expulsão dos franceses: Nesta verdadeira vitória de Cruzada, esteve presente, com seu ardor, um futuro mártir, o Bem-aventurado Inácio de Azevedo. Daria outro conteúdo à narração.

Em carta que dirigiu de Salvador ao Geral da Companhia, ele pondera: “Também servirão, além dos padres solicitados, os irmãos oficiais, como pedreiros e todos os demais, porque há na terra muita falta deles, e custa muito fazer as coisas. Por esse motivo, em todas as partes onde residem os homens, ouço dizer que há falta de edifícios e abundância de materiais com que se pode construí-los.”

É dessas frases do Português antigo que tem um especial sabor: “há falta de edifícios, mas abundância de material”. Quase dá para ver as pequeninas cidades implorando que as florestas e as pedras sejam utilizadas para serem transformadas em edifícios. É uma coisa épica.

“Muito me consolo nestas partes, e consolar-me-ia nelas toda a minha vida, ainda que importasse ir a Portugal para ajudá-la mais, trazendo gente e oficiais.” Ir a Portugal buscar gente e oficiais, eis o plano do Padre Inácio de Azevedo.

Quer dizer, ele esteve no Brasil e viu que era preciso trazer para cá padres, irmãos coadjutores, pedreiros, carpinteiros, etc.

É muito bonito ver a Igreja Católica, por mãos dos jesuítas, tomando a primeira argamassa da sociedade temporal e modelando-a. Quase como Deus que fez primeiro o boneco de barro, para depois criar o homem.

Assim, para poder fundar aqui uma realidade eclesiástica grande, a Igreja ia modelando a realidade civil na qual ela deveria ser insuflada. Ou seja, cuidando das construções e do progresso temporal, a Igreja empreenderia também o progresso espiritual. O Bem-aventurado Inácio de Azevedo não sabia disso, mas trabalhava com ânimo.

Ele então viajou para Portugal a fim de pedir, pessoalmente, que fossem mandados jesuítas para o Brasil. Compreende-se bem sua atitude. Certamente todos tinham medo de vir ao Brasil, tão distante, remoto, vago e ameaçador. Afinal, deixar o aconchegado, bonito e saboroso Portugal, a duras penas conquistado aos árabes, e vir para o Brasil misterioso… Que diferença!

Ademais, sabe-se como o temperamento português é cauto. Ele é capaz de dar passos arriscados, mas depois de saber bem como são as coisas. Por isso eles queriam conversar com a pessoa que vinha do lugar, para depois resolver se viajariam ou não.

Então se entende o passo do Padre Inácio de Azevedo, chegando a Portugal e procurando pessoas a fim de convidá-las para vir ao Brasil.

De volta a Portugal, em 1568, Padre Inácio dirigiu-se para Almeirim, a fim de encontrar-se com o Rei D. Sebastião. Este ouviu com interesse as notícias que o missionário trazia do Brasil, dando todo o apoio à campanha de recrutamento proposta. Vemos que ele ia direto ao ponto fundamental. Foi falar com o Rei porque de um impulso do monarca dependia o andamento das coisas.

Por sua vez, os reis eram muito desejosos de receberem notícias diretas das pessoas que tinham estado nas terras recém-descobertas, porque não havia os meios de comunicação que existem hoje. O Padre Inácio deu logo início à empresa, através de sermões e visitas, exímio como era na arte de conversar.

Aqui fica consignado um traço curioso. Eu o imagino procurando as pessoas e dizendo:

– Homem, fui eu que estive lá, é assim…
– Mas deveras, estivestes lá? Contai-me…

Padre Inácio fazia a narração e pegava a ganchos os que deveriam vir. Parece-me que tudo isso faz sentir a respiração da antiga História do Brasil, de um modo pitoresco e muito honroso para a Igreja.

Seu contemporâneo, Padre Maurício Cerpe, contou a esse respeito: “Tanto que chegou a este reino, foi coisa para dar graças a Deus ver quanta gente se mover para ir ao Brasil. Não falo já de nós da Companhia, porque esses todos queriam ir com ele, mas os de fora. Onde quer que chegasse, logo se moviam de maneira que se alvoroçava a terra e uns se moviam a ir com ele, outros falavam isso como grande novidade muito para ser desejada.”

Quer dizer, ele produzia um alvoroço geral. Vejamos o que custa a grandeza de um povo. Dom Sebastião e o Bem-aventurado Inácio de Azevedo conversam; o futuro de um era morrer no mistério e na tragédia da África, e do outro, morrer na tragédia e no martírio em pleno mar. Conversando, os dois estão tecendo a grandeza de Portugal.

Mas com que homens essa grandeza se tece! Eles tinham conhecimento dos riscos que a vida quotidiana traz. Eram membros de uma nação que estava no seu apogeu.

De Portugal seguiu para Roma, a fim de pedir ao Papa São Pio V sua bênção para a empresa do Brasil. O Pontífice quis ouvir uma descrição minuciosa desse novo mundo, onde a Fé cristã começava a iluminar a noite indefinida do paganismo. E, além dos privilégios pontifícios para o Brasil, e mão livre para arregimentar pessoal seleto, o santo Pontífice concedeu indulgência plenária a todos os que acompanhassem, e muitas relíquias, terços, Agnus Dei, e outros objetos devotos.

Não consta que ele tenha ido visitar banqueiros; visitou o Pontífice e o Rei. Não consta que tenha trazido dinheiro; trouxe Agnus Dei, bênçãos, relíquias, e com isso esperava fazer o seu caminho.

São Francisco de Borja, entrementes, desejava agradecer a Dona Catarina, Rainha de Portugal, a valiosa ajuda que ela concedera ao Colégio Romano, e quis enviar-lhe uma reprodução da célebre imagem de Nossa Senhora, conhecida como pintada por São Lucas, venerada na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, e incumbiu o Padre Inácio de ser o portador do quadro.

Como Geral da Companhia, São Francisco de Borja morava em Roma. Sabendo que o Bem-aventurado Inácio ia para Portugal, quis que este fosse portador do quadro. A partir de então, a devoção ao quadro de Nossa Senhora, de São Lucas, ficaria intimamente associada ao missionário.

Em julho de 1569, o Padre Inácio partiu para Portugal, passando por Madri. Em Madri, João de Mayorca foi um dos primeiros espanhóis a aderir. E, como era pintor, esse novo missionário aproveitou para fazer várias reproduções do quadro da Virgem, destinando um deles ao Colégio da Bahia.

Quer dizer, esse pintor tirou várias cópias do quadro que era para a Rainha. E uma dessas cópias vai ter importante papel na vida do Bem-aventurado Inácio de Azevedo.

Afonso Fernandes Cançado associou-se à empresa em Portugal, e fez questão de substituir o sobrenome, pois, segundo explicava, para tal tarefa o nome Cançado não lhe caía bem.

Francisco Perez de Godói, canonista formado em Salamanca, também se juntou ao Padre Inácio. Perez de Godói era primo de Santa Teresa de Jesus que, ao tomar conhecimento de sua adesão, ficou muito alegre.

Santa Teresa, a Grande, soube, portanto, que havia um Brasil! E que um primo dela vinha para esse país, tendo ficado muito alegre com isso. Veremos daqui a pouco o papel de Santa Teresa nessa história.

Ferreiros, marceneiros, pedreiros e tecelões também acertavam detalhes para sua viagem ao Brasil. No total, entre religiosos e artesãos, haviam sido reunidos noventa elementos, que foram conduzidos para uma chácara da Companhia no Vale do Rosal a fim de aguardar a partida dos navios para a América. Porém, foram cinco meses de espera.

É preciso recordar que não havia ainda companhia de navegação regular para o Brasil. Isso apareceu apenas no século XIX. De vez em quando havia um navio que vinha para o Brasil: o Rei, a Companhia das Índias mandavam levar alguma coisa; mas era raro. Por isso transcorreram cinco meses de espera.

Durante esse período, é claro que foi feito um vasto simpósio, à la Companhia de Jesus, preparando a ida para o Brasil: direção espiritual, trabalhos, enfim, uma adaptação completa, muito bem feita!

Em maio de 1570, partiram os religiosos na esquadra do Governador Geral, D. Luiz de Vasconcelos. O Bem-aventurado Inácio de Azevedo, com mais 39 companheiros, viajava na nau Santiago. Fizeram escala na Ilha da Madeira, onde o Governador, muito vagaroso, quis prolongar a estadia, enquanto o Comandante da nau Santiago trazia a bordo mercadorias, cuja entrega nas ilhas de Las Palmas era urgente.

Esse homem tem responsabilidade no martírio que se seguiu, porque foi por causa desse atraso que eles cruzaram no caminho com a nau calvinista francesa, que agrediu o navio português e causou as mortes.

Sujeitando-se ao risco de ficar à mercê dos ataques dos piratas, esta nau poderia partir sozinha até Las Palmas, aguardando ali o restante da esquadra. A proposta foi levada a D. Luiz, tendo a ela dado seu assentimento o Padre Inácio de Azevedo.

A nau Santiago seguia avante. Em 15 de julho, já próxima da ilha de Las Palmas, defrontou-se com navio dos terríveis calvinistas franceses.

Efetivamente, esses abalroaram a nau Santiago com forte impacto. Os atacantes atingem a corveia, há tinir de espadas, brados de fidelidade a Cristo e à Igreja, mesclados aos berros e blasfêmias dos hereges; as primeiras gotas de sangue começam a tingir o chão.

O Bem-aventurado Inácio de Azevedo, que se encontrava junto ao mastro central, segurando nas mãos o quadro da Virgem de São Lucas, recebeu na cabeça o primeiro golpe, sendo jogado no mar, agonizante e segurando o quadro que ninguém lhe conseguira tirar das mãos.

Por isso ele é representado, habitualmente, flutuando já meio agonizante nas águas, mas segurando o quadro. É muito digno de nota que, estando agonizante e com a gesticulação de quem naufraga e procura mover os braços para não afundar, já não tendo provavelmente consciência de si, apesar disso ele segurasse o quadro. É claro que a quem de tal maneira segura uma imagem de Maria Santíssima, Nossa Senhora, do Céu, está segurando a alma dele.

O olhar marcado dos tripulantes portugueses continuava a fixar-se nos vultos, e eles foram em seguida jogados também ao mar, entre os quais, sobressaía a figura imóvel de Azevedo. Na Espanha, Santa Teresa de Jesus teve revelação do fato, e afirmou que vira os quarenta mártires, de coroas na cabeça, subindo triunfantes ao Céu.

Vemos que lindo fato da História do Brasil. É evidente que esse sangue foi derramado para que o Brasil fosse católico; era a razão pela qual eles estavam dando as suas vidas.

Somente o irmão João Sanchez não foi morto pelos piratas. Era cozinheiro, e esses resolveram tirar proveito de seus serviços. Foi ele que, retornando depois à Espanha, contou com pormenores todo o ocorrido. Infelizmente, abandonou a Companhia de Jesus. Essa é a criatura humana! Esse homem tinha obrigação de ser bem-aventurado também. Depois se desligou da Companhia de Jesus e voltou ao estado original.

O culto dos quarenta mártires foi autorizado em 1854, pelo Papa Pio IX. Na atual Catedral de Salvador, na Bahia, conserva-se um quadro pintado, que se diz ter sido do Beato Inácio.
Não há nenhuma prova de que o quadro tenha escapado das mãos do Bem-aventurado Inácio de Azevedo e chegado à Bahia.

Na previsão do muito batalhar a favor da ortodoxia, que haveria numa nação a qual, em certo momento da História da Igreja, seria a de maior população católica do mundo, logo no início, para irrigar isso, a Providência dispôs que houvesse quarenta mártires que nem conseguiram chegar até o Brasil – Inácio de Azevedo esteve durante dois anos aqui. O sangue deles não foi vertido no Brasil, o mar dispersou; mas foi derramado com a intenção de servir à causa católica no Brasil.

Esse sangue subiu ao Céu como suave odor, e eles rezam continuamente por nós. No Brasil ficava o Bem-aventurado Anchieta, esperando, rezando e realizando seus feitos para que algum dia o Brasil fosse uma grande nação católica.



Ó Deus, que escolhestes Inácio de Azevedo e seus trinta e nove companheiros para regarem com seu sangue as primeiras sementes do evangelho lançadas na Terra de Santa Cruz, concedei-nos professar constantemente, para vossa maior glória, a fé que recebemos de nossos antepassados. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém

domingo, 16 de julho de 2017

Jo 3,3 trata de reencarnação?


Adeptos da Nova Era e defensores do pensamento místico oriental freqüentemente citam João 3,3 para provar que a Bíblia ensina a reencarnação. Aqui, Jesus diz: “Eu lhe digo a verdade, ninguém pode ver o reino de Deus a menos que nasça de novo” 1.

De acordo com a autoridade em seitas Walter Martin, os adeptos da Nova Era interpretam este versículo como significando que “Jesus estava se referindo ao renascimento cíclico quando ele disse que se deve nascer de novo”. 2 “Nascido de novo”, então, diz-se que se refere à reencarnação da alma em outros corpos, para finalmente chegar ao nirvana. No entanto, pode-se levantar a questão de saber se tais interpretações da Nova Era fazem justiça plena ao contexto cultural e teológico desta passagem.

Renascimento e Rabinos. Primeiro, há a questão do contexto judaico da época. Os estudiosos há muito observaram paralelos entre o ensino do Novo Testamento sobre o “novo nascimento” e os provérbios rabínicos da época; Por exemplo, os judeus geralmente diziam: “O prosélito” ou o gentio que desejava se converter à fé judaica “é como um filho recém-nascido” 3.

William Barclay descreve a transformação de alguém que experimenta este “renascimento” da seguinte forma: “Tão radical foi a mudança que os pecados que ele cometeu antes de sua recepção foram acabados, por enquanto ele era uma pessoa diferente. Foi argumentado teoricamente que tal homem poderia se casar com sua própria mãe ou sua própria irmã, porque ele era um homem completamente novo, e todas as velhas conexões foram quebradas e destruídas. O judeu conhecia a idéia de renascimento.” 4

Nesse caso, o dito novo nascimento não teve nada a ver com a reencarnação, mas com a conversão para um sistema de crença, a saber , a conversão do prosélito dos gentios para a fé judaica. Isso implicaria que o “novo nascimento” de Jesus deveria ser interpretado como significando a entrada na nova aliança de graça de Jesus e a apropriação de seus benefícios necessários.

O “Renascimento” na economia de Jesus se estendeu para além da mera afirmação e aceitação que os rabinos pregaram, é claro, e incluíram uma transformação tangível do interior através da agência do Espírito Santo. Isto será demonstrado em maior detalhe abaixo.

sábado, 15 de julho de 2017

Reúnem-se para derrubar uma cruz e esta lhes cai em cima


O município espanhol de Larrabetzu – governado pelo partido de esquerda Euskal Herria Bildu – organizou um evento para derrubar uma cruz considerada “franquista”, mas a falta de previsão resultou em ao menos quatro ferido, depois que o monumento caiu perto dos que assistiam.

O monumento, denominado Cruz de Gaztelumendi, foi erguido após a Guerra Civil Espanhola, em memória aos falecidos do grupo franquista durante seus enfrentamentos com o grupo republicano.


O município espanhol decidiu em 26 de abril deste ano, por unanimidade, derrubar a cruz por sua “simbologia, situação de ruína e possibilidade de desabamento iminente”.

EUA: Falsas freiras “drag queen” leem contos para crianças em biblioteca pública.


A Biblioteca Pública de Boston, nos Estados Unidos, permitiu que um grupo blasfemo e anticatólico de drag queens disfarçadas de freiras dirigisse uma sessão de contos para crianças, como encerramento do mês do “orgulho gay”.

As falsas freiras se autodenominam The Boston Sisters of Perpetual Indulgence (As Irmãs da Indulgência Perpétua de Boston), fazem parte de uma organização mundial chamada as Irmãs da Indulgência, fundada no Domingo de Páscoa em 1979, em San Francisco, e se caracterizam por zombar das crenças, ensinamentos e práticas católicas.

As fotos do evento realizado em 29 de junho foram publicadas nas páginas do Facebook da Biblioteca Pública de Boston e da Biblioteca Infantil, recebendo centenas de críticas, especialmente dos católicos que descreveram o fato como uma ofensa à fé.

A mensagem escrita no post da biblioteca infantil diz o seguinte: “Terminemos o mês do orgulho com um drag. É a hora dos contos drag queen! Unam-se a nós na quinta-feira, 29 de junho, às 15h30, para outra visita das Irmãs da Indulgência Perpétua”.