O
anjo do Senhor, encarregado de dar aos pastores a alegre notícia do
nascimento de Jesus, em Belém, assim se expressou: “eu
vos anuncio uma grande alegria: hoje, na cidade de Davi, nasceu para
vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lc
2,10-11).
Quando os pastores chegaram à Gruta de Belém, viram este
sinal: um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura
(Lc 2,7). Jesus veio ao mundo sem um lugar para nascer e viver.
Nasceu numa gruta improvisada. Foi acolhido, de improviso, numa
manjedoura. E de lá encantou, provocou, redimiu e salvou o mundo.
Deus, em Belém, quebrou o silêncio do universo e preencheu o vazio
da existência humana. Assim como a Estrela de Belém é maior do que
todas as outras estrelas, a manjedoura de Belém é também maior do
que todas as manjedouras do mundo. Ela é o hi
fi das
redes sociais de Deus. A manjedoura que acolheu Jesus, seu primeiro
berço, hoje está vazia, como vazia está a vida humana. Há um
esvaziamento muito grande na vida, na mente e no coração de muitas
pessoas. Consequentemente, há um progressivo esvaziamento do
espírito do Natal.
Em
tempo passado, era politicamente correto cantar:
“Tudo
está no seu lugar, graças a Deus” (Benito
de Paula). Hoje não é nem político e nem correto. Tudo ou quase
tudo no Brasil está fora de lugar. A sociedade brasileira está
doente, dando sinais inequívocos de morte: a política e a economia
não estão nos seus lugares. Os traficantes, de todas as matizes,
estão fora de lugar. A violência e a corrupção estão fora de
lugar. Os crimes organizados estão fora de lugar. A discriminação
e o preconceito estão fora de lugar. Os revolucionários, os
reacionários e os conservadores estão fora de lugar. A agende da
ideologia de gênero está fora de lugar, ao desconstruir os
conceitos de pessoa e de família. Papai Noel não está no seu
lugar. O Natal não está no seu lugar. Jesus não está no seu
lugar. Tudo, enfim, está fora de lugar.