Numa
época marcada pelo consumo, o bispo de Iparemi (GO), presidente da
Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora, dom
Guilherme Werlang lembra que o comércio não pode nos dar a paz. O
religioso afirma que estamos vivendo numa época comandada pelo
dinheiro, definido pelo papa Francisco com um “falso deus” em sua
encíclica Laudato Si.
“O
Natal só pode ser celebrado se tivermos o menino Jesus e o comércio
roubou dos cristãos e da humanidade a criança. Trocou a essência
do Natal pelo papai Noel”, afirmou. Para dom Guilherme, as luzes e
os enfeites podem ser importantes, mas só se sua finalidade for para
homenagear a verdadeira luz.
O
verdadeiro sentido do Natal, roubado pelo sentido comercial que a
data adquiriu, precisa ser recuperado na avaliação de dom
Guilherme. “Se você perguntar para 100 crianças se preferem o
menino Jesus ou o Papai Noel? A maioria dirá que prefere o papai
Noel, inclusive os filhos das famílias cristãs. Muitas crianças de
famílias cristãs não sabem dizer uma ou três frases sobre o
menino Jesus”.
Para
o bispo é necessário revolver este problema encontrando novamente a
criança, o menino Jesus, na gruta de Belém, filho de Maria,
concebido pelo poder do Espírito Santo. “Só ele pode nos trazer a
paz, o amor, a reconciliação, a justiça, o perdão. Sem essa
criança, que Deus nos envia, como a luz do mundo, nós continuaremos
a tatear na escuridão da noite da humanidade”, disse.
Partilha
e solidariedade –
O Natal deve ser uma época para, na visão de dom Guilherme, além
de compartilhar a vida e esperança, viver a solidariedade. “Nesta
época, precisamos compartilhar dos bens que possuímos,
especialmente o alimento”, disse.
Dom
Guilherme conta que na diocese de Ipameri (GO), a Catedral do Divino
Espírito Santo, as pastorais sociais e o movimento de Cursilho de
Cristandade junto com a rádio local realizam todo ano o Natal da
Solidariedade. Uma equipe passa, durante os três sábados que
antecedem a data, em todos os supermercados arrecadando alimentos que
são doados para famílias mais pobres cadastradas. Em 2016 foram 400
cestas básicas. Este ano pretendem chegar a 500 cestas.
O
Natal quando não for baseado no consumo, mas no amor e na
solidariedade, será capaz de fazer o que previu Isaías: anunciar ao
povo brasileiro que é hora da alegria, de reacender a esperança no
coração da humanidade, de olhar prá frente e dizer com Deus nós
seremos vencedores. “Que o Natal possa nos fazer superar o egoísmo,
o egocentrismo, o consumismo e possa plantar em nosso coração a
semente do amor, da justiça e da paz”, desejou.
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CNBB
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