terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Mestre, que eu veja!


Muitas vezes, na sua história, o povo de Deus experimentou a escravidão, o exílio e a opressão. Muitas vezes Israel experimentou-se como um nada e viu-se numa escuridão tremenda. Parecia que o povo iria acabar-se! Assim, por exemplo, em 722 aC, quando os assírios varreram do mapa o reino do Norte, o Reino de Israel e, em 597 e 587 aC, quando os israelitas do Reino de Judá foram levados para o exílio em Babilônia. É quase um escândalo, mas é verdade: a história do povo de Deus é uma história de dor e de angústia! Pois bem, é no meio de tal angústia e escuridão que o Profeta fala hoje e diz palavras de esperança, de ânimo e de alegria: “Exultai de alegria, aclamai a primeira entre as nações!

Eis que os trarei do país do Norte e os reunirei desde as extremidades da terra”. No meio da desgraça, Deus consola o seu povo: irá salvá-lo, reuni-lo, fazê-lo reviver. Mas, quem é esse povo? No que se tornou? Quem somos nós, povo de Deus? “Entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes. Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre preces, eu os conduzirei por torrentes d’água por um caminho reto onde não tropeçarão… tornei-me um pai para Israel e Efraim é o meu primogênito”. O Israel que vai experimentar a salvação de Deus é um povo pobre, capenga, humilde… um povo que não conta nada aos olhos do mundo! Como não recordar as palavras de São Paulo aos coríntios? “Vede quem sois, irmãos, vós que recebestes o chamado de Deus; não há entre vós muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de família prestigiosa. Mas o que é loucura no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e, o que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é forte; e o que no mundo é vil e desprezado, o que não é, Deus escolheu para reduzir a nada o que é” (1Cor 1,26-28).

Quando pensamos na nossa civilização atual, nos nossos valores, exaltando a eficiência, a riqueza, o conforto, o bem-estar, o vigor e forma física, a saúde… Como os critérios de Deus são diferentes! Israel é imagem da Igreja e é imagem de cada um de nós, membro do povo de Deus da nova Aliança. À medida que descobrirmos nossas pobrezas pessoais e eclesiais, podemos também ter certeza que o Senhor não nos abandona: ele nos chama, ele nos reúne, ele nos salva: “Entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes”, gente fraca, gente sem força, gente incapaz de se defender… Mas, Deus é nossa defesa: defesa da Igreja, defesa de cada um de nós! Se caminharmos, muitas vezes, chorando, semeando com lágrimas o caminho de nosso seguimento de Cristo, haveremos de voltar cantando, na força e na graça do Senhor: “Mudai a nossa sorte, ó Senhor, como torrentes no deserto. Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria. Chorando de tristeza sairão, espalhando suas sementes; cantando de alegria voltarão, carregando os seus feixes”. Somente pode experimentar isso aqueles que sabem e experimentam que são pobres diante de Deus, aqueles que sentem sua própria fraqueza! Esta é a experiência que o cristão deve fazer sempre na sua vida, seja pessoalmente, seja como Igreja! Somos pobres, mas Deus é nossa riqueza; somos fracos, mas Deus é nossa força! 

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

O Ocidente: sem Cristo, na tolice e na escuridão


Casualmente, vi na televisão um programa sobre a Chapada dos Veadeiros. Surpreso, fiquei sabendo de quantas pessoas vivem ali à espera de um contato com extraterrestres. Um desses devotos dos ETs vive numa verdadeira disciplina ascética, preparando-se para o encontro com os seres de outros planetas; é vegetariano, vive na pobreza e fez voto de castidade; chega mesmo a rezar para eles...

Como é louca a humanidade! Como é desorientada a nossa civilização ocidental! Primeiro, a partir do século XVIII, declaramos que o homem se tornara adulto e emancipado. Era necessário matar toda verdade religiosa e tudo quanto não coubesse na cachola miúda da razão humana. Assim, negou-se toda religião sobrenatural, toda revelação de Deus a Israel e inventou-se, no Ocidente, um deus distante, teórico, Arquiteto do Universo, distante, frio e inútil... Depois, nosso Ocidente negou Deus de vez: era preciso matar Deus – dizia-se – para que o homem vivesse de verdade. Assim, esta nossa civilização ocidental, colocou o homem no trono que pertence somente a Deus.

Esta razão endeusada e este homem no centro de tudo (na escola no ensinaram o absurdo que foi um ótimo negócio passar do teocentrismo medieval para o antropocentrismo do renascimento, como se o homem fosse Deus e Deus fosse apenas um detalhe...) levaram o Ocidente a duas guerras crudelíssimas, com mais 70 milhões de mortos... Depois das guerras (do nazismo em nome da razão, do fascismo em nome da racionalidade, do marxismo em nome da ciência e da história), veio a ressaca: não se crê mais em nada: nem no Deus revelado, nem na razão, nem nas instituições, nem nos grandes projetos...

Agora, não é mais o homem no centro; é somente o indivíduo, sozinho, fechado, egoísta, com uma ilusãozinha, uma moralzinha, um projetozinho, um deusinho segundo a sua imagem e semelhança medíocre e escrava de mil paixões... 

domingo, 28 de janeiro de 2018

Não mais vivemos numa sociedade cristã


Confesso que não assisto muito aos programas de televisão. Vez por outra, no entanto, tomo o controle remoto e passeio pelos vários canais.

Fiz isto numa semana e fiquei impressionando. Anunciava-se um programa “Amor e Sexo”. No comercial vi a apologia da separação matrimonial: um “ex-marido” gabando-se de estar já no sexto “casamento” e o animado aplauso que recebeu por tal façanha. O que deveria ser uma dor e uma vergonha – o fracasso de um matrimônio –, uma dor mesmo independentemente de religião e de crença, uma dor pelo simples fato de amor não ser brincadeira, relação afetiva não ser joguete, vida familiar e felicidade dos filhos não serem algo a se tratar de modo leviano, tornou-se, na nossa cultura rasa e vulgar, motivo de ufania, de gabolice, de elogio e de aplauso!

Continuei pelos canais...

Dei com um, infantil. Ali, num programa de desenho animado destinado a crianças, com o uso aberto e descarado de palavrões, fazia-se apologia clara, direta e insistente da prática da homossexualidade como caminho de realização e felicidade. Mais ainda: afirmou-se diretamente que os “inimigos dos homossexuais”, os homofóbicos miseráveis e preconceituosos, são os simpatizantes do Partido Republicano norte-americano, os nazistas e os cristãos!

Afirmações desse quilate num programa infantil, no horário vespertino! De modo absolutamente desonesto, acusam-se os cristãos de serem homofóbicos e os equipara desavergonhadamente aos nazistas! E tudo isto num inocente desenho animado, ao qual os filhos assistem sem que os genitores se deem conta do tipo de conteúdo nocivo que vai penetrando a consciência e a inconsciência de suas crianças. 

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Mensagem do Papa para o 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais


MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O LII DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

Tema: «"A verdade vos tornará livres” (Jo 8, 32). 
«Fake news e jornalismo de paz»
[13 de maio de 2018]

Queridos irmãos e irmãs!

No projeto de Deus, a comunicação humana é uma modalidade essencial para viver a comunhão. Imagem e semelhança do Criador, o ser humano é capaz de expressar e compartilhar o verdadeiro, o bom e o belo. É capaz de narrar a sua própria experiência e o mundo, construindo assim a memória e a compreensão dos acontecimentos. Mas, se orgulhosamente seguir o seu egoísmo, o homem pode usar de modo distorcido a própria faculdade de comunicar, como o atestam, já nos primórdios, os episódios bíblicos dos irmãos Caim e Abel e da Torre de Babel (cf. Gn 4, 1-16; 11, 1-9). Sintoma típico de tal distorção é a alteração da verdade, tanto no plano individual como no coletivo. Se, pelo contrário, se mantiver fiel ao projeto de Deus, a comunicação torna-se lugar para exprimir a própria responsabilidade na busca da verdade e na construção do bem. Hoje, no contexto duma comunicação cada vez mais rápida e dentro dum sistema digital, assistimos ao fenómeno das «notícias falsas», as chamadas fake news: isto convida-nos a refletir, sugerindo-me dedicar esta Mensagem ao tema da verdade, como aliás já mais vezes o fizeram os meus predecessores a começar por Paulo VI (cf. Mensagem de 1972: «Os instrumentos de comunicação social ao serviço da Verdade»). Gostaria, assim, de contribuir para o esforço comum de prevenir a difusão das notícias falsas e para redescobrir o valor da profissão jornalística e a responsabilidade pessoal de cada um na comunicação da verdade.

1. Que há de falso nas «notícias falsas»?

A expressão fake news é objeto de discussão e debate. Geralmente diz respeito à desinformação transmitida on-line ou nos mass-media tradicionais. Assim, a referida expressão alude a informações infundadas, baseadas em dados inexistentes ou distorcidos, tendentes a enganar e até manipular o destinatário. A sua divulgação pode visar objetivos prefixados, influenciar opções políticas e favorecer lucros económicos.

A eficácia das fake news fica-se a dever, em primeiro lugar, à sua natureza mimética, ou seja, à capacidade de se apresentar como plausíveis. Falsas mas verosímeis, tais notícias são capciosas, no sentido que se mostram hábeis a capturar a atenção dos destinatários, apoiando-se sobre estereótipos e preconceitos generalizados no seio dum certo tecido social, explorando emoções imediatas e fáceis de suscitar como a ansiedade, o desprezo, a ira e a frustração. A sua difusão pode contar com um uso manipulador das redes sociais e das lógicas que subjazem ao seu funcionamento: assim os conteúdos, embora desprovidos de fundamento, ganham tal visibilidade que os próprios desmentidos categorizados dificilmente conseguem circunscrever os seus danos.

A dificuldade em desvendar e erradicar as fake news é devida também ao facto de as pessoas interagirem muitas vezes dentro de ambientes digitais homogéneos e impermeáveis a perspetivas e opiniões divergentes. Esta lógica da desinformação tem êxito, porque, em vez de haver um confronto sadio com outras fontes de informação (que poderia colocar positivamente em discussão os preconceitos e abrir para um diálogo construtivo), corre-se o risco de se tornar atores involuntários na difusão de opiniões tendenciosas e infundadas. O drama da desinformação é o descrédito do outro, a sua representação como inimigo, chegando-se a uma demonização que pode fomentar conflitos. Deste modo, as notícias falsas revelam a presença de atitudes simultaneamente intolerantes e hipersensíveis, cujo único resultado é o risco de se dilatar a arrogância e o ódio. É a isto que leva, em última análise, a falsidade. 

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Espanha: Diocese exige explicações de sacerdote que "pediu demissão" pelo Facebook


A Diocese de Orihuela-Alicante (Espanha) convocou de forma “imediata e formal” o sacerdote Miguel Angel Schiller, pároco da cidade de Alfàs del Pi, depois de ter criticado duramente a Igreja no seu perfil do Facebook e com uma linguagem ofensiva afirmou que aguardava sua demissão.

Segundo informaram através de um comunicado, “a diocese de Orihuela-Alicante, ao saber das afirmações realizadas pelo Pe. Miguel Angel Schiller Villalta e publicadas em vários meios de comunicação, de forma imediata e formal, seguindo a norma eclesial, convidou o sacerdote a fim de escutar a sua declaração a respeito de tais afirmações”.

“Peço demissão. Quero deixar esse negócio de corrupção que é a igreja”, assegurou em uma de suas primeiras mensagens no Facebook que já foram excluídas.


Nas mensagens pelo Facebook, o sacerdote assegurou que só conheceu um Bispo "bom", referindo-se a Dom Jesus Murgui, bispo atual de Orihuela-Alicante, enquanto usou adjetivos depreciativos ao referir-se aos outros.

O sacerdote disse que, quando for “demitido” se dedicará a “escutar música, celebrar a Missa na minha capela; ler e rezar sozinho diante de Deus... terei mais renda, mas não terei que falsificar renda para pagar uma Igreja que não é minha”.

PT transforma igreja em comitê de defesa do Lula no RN


O Partido dos Trabalhadores (PT) no Rio Grande do Norte (PT RN), lançou no último dia 19, um "Comitê Popular em Defesa da Democracia e do Direito de Lula ser candidato". O local escolhido pelos petistas para a campanha eleitoreira foi a Paroquia de Santana, na zona rural de Campo Grande.


O encontro reuniu líderes partidários do município, além da vereadora Isolda Dantas, de Mossoró, e o deputado Estadual Fernando Mineiro que, diante do altar da igreja, celebrou sua "Missa" em defesa do "Deus" Lula, proferindo palavras de ódio contra opositores políticos e atacando a justiça brasileira.

Quantos bebês já foram abortados em 2018?


Mais de 1,1 milhão de bebês já foram mortos através do aborto neste ano recém-começado – pelo menos até o momento em que esta matéria foi publicada. O número continua aumentando – e você pode conferir essa estatística em tempo real em um contador do site Worldometers, que propicia a dimensão do problema que o aborto representa em todo o mundo.

O site se baseia em estatísticas da Organização Mundial da Saúde, que estima que aconteçam no mundo todo entre 40 e 50 milhões de abortos todos os anos – cerca de 125 mil por dia. Como todos os contadores do site, um algoritmo processa esse dado transformando-o em um contador em tempo real.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Papa se desculpa com vítimas de abuso por seu apoio a um bispo polêmico por falta de "provas".


Na coletiva de imprensa que concedeu no avião papal que o levou de Lima para Roma, o Papa Francisco se desculpou pela palavra “prova”, que usou em sua resposta sobre o Bispo chileno Juan Barros, que é acusado por algumas pessoas de encobrir os crimes do sacerdote Fernando Karadima, e que gerou uma série de críticas no país sul-americano.

No dia 18 de janeiro, antes de celebrar a Missa em Iquique, o Papa disse aos jornalistas: “No dia que me trouxerem uma prova contra Dom Juan Barros, eu vou falar a respeito. Não há nenhuma prova contra ele. Tudo é calúnia. Está claro?”.

Dom Barros lidera a Diocese de Osorno desde 2015 e sempre se disse inocente de encobrir os abusos do sacerdote Fernando Karadima, declarado culpado pela Congregação para a Doutrina da Fé em fevereiro de 2011.

No avião papal, uma jornalista chilena questionou o Santo Padre: “Por que acredita mais no testemunho de Dom Barros do que no das vítimas? Não se trai um pouco essa confiança que o senhor mesmo cultivou no Chile?

Francisco, que no dia 16 de janeiro se reuniu com um grupo de vítimas de abusos, disse que compreendia a pergunta da jornalista e pediu desculpas por ter usado a palavra “prova” em vez de “evidência”.

“O que sentem os abusados? E com isso devo pedir desculpas, porque a palavra ‘prova’ feriu, feriu muitos abusados: ‘Ah, eu tenho que ir buscar a evidência disso?’. Não. É uma palavra de tradução do princípio legal, é ferida... E lhes peço perdão se os feri sem perceber. É uma ferida sem querer”.

O Papa Francisco disse que em Iquique “a palavra ‘prova’ é a que me traiu e gerou confusão. Eu falaria de evidências. E claro, então eu sei que há muitas pessoas abusadas e que não podem trazer uma prova, não a têm. E que não podem, ou às vezes a têm mas têm vergonha, que cobrem e sofrem em silêncio. O drama dos abusados é tremendo, é tremendo”.

“Isso me causou tanta dor, porque os recebo (as vítimas)... no Chile eu os recebi... dois se sabe e houve outros mais escondidos”, indicou.

Francisco assinalou que “a palavra ‘prova’”, em sua resposta aos jornalistas em Iquique, “não era a melhor para aproximar-me de um coração dolorido. Eu diria ‘evidências’. O caso de Barros foi estudado, reestudado, e não há evidências. É o que quis dizer. Não tenho evidências para condenar. Então, se eu condenasse sem evidências ou sem certeza moral, eu cometeria um delito de mau juiz”.