Confesso que não assisto muito aos
programas de televisão. Vez por outra, no entanto, tomo o controle remoto e
passeio pelos vários canais.
Fiz isto numa semana e fiquei
impressionando. Anunciava-se um programa “Amor e Sexo”. No comercial vi a
apologia da separação matrimonial: um “ex-marido” gabando-se de estar já no
sexto “casamento” e o animado aplauso que recebeu por tal façanha. O que
deveria ser uma dor e uma vergonha – o fracasso de um matrimônio –, uma dor
mesmo independentemente de religião e de crença, uma dor pelo simples fato de
amor não ser brincadeira, relação afetiva não ser joguete, vida familiar e
felicidade dos filhos não serem algo a se tratar de modo leviano, tornou-se, na
nossa cultura rasa e vulgar, motivo de ufania, de gabolice, de elogio e de
aplauso!
Continuei pelos canais...
Dei com um, infantil. Ali, num
programa de desenho animado destinado a crianças, com o uso aberto e descarado
de palavrões, fazia-se apologia clara, direta e insistente da prática da homossexualidade
como caminho de realização e felicidade. Mais ainda: afirmou-se diretamente que
os “inimigos dos homossexuais”, os homofóbicos miseráveis e preconceituosos,
são os simpatizantes do Partido Republicano norte-americano, os nazistas e os
cristãos!
Afirmações desse quilate num programa infantil, no
horário vespertino! De modo absolutamente desonesto, acusam-se os cristãos de
serem homofóbicos e os equipara desavergonhadamente aos nazistas! E tudo isto
num inocente desenho animado, ao qual os filhos assistem sem que os genitores
se deem conta do tipo de conteúdo nocivo que vai penetrando a consciência e a
inconsciência de suas crianças.
Estejamos atentos que não mais vivemos numa
sociedade cristã. Muito pelo contrário, a força formadora de cultura atual, a
matriz geradora do modo de pensar e viver agora é pagã, pós-cristã e até mesmo
anticristã, claramente destinada a arrancar qualquer vestígio de uma
consciência fundada na civilização cristã, agora vista como arcaica, opressiva,
repressiva e obscurantista. Assim sendo, quem desejar ser cristão de corpo,
alma e consciência, que não se iluda: esteja atento criticamente aos meios de
comunicação e aos formadores de opinião – e aqui incluo também os meios
acadêmicos. Vale hoje, plenamente, a advertência do Senhor: “Se o mundo vos
odeia – isto é, não vos preza, não vos ama, não vos tem estima, vos despreza –
sabei que primeiro odiou a Mim. Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que é
seu!”
Ser cristão, mais que em outras épocas, exige uma
ruptura com o pensamento do mundo que nos circunda e a coragem de viver valores
que brotam do Evangelho.
Dom Henrique
Soares da Costa
Bispo de
Palmares, PE
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