quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Grupo de Bispos e Padres escrevem Carta a Jair Bolsonaro



Deputado Jair Bolsonaro,

Somos um grupo de bispos e padres católicos que lhe escreve esta nota na tentativa de esclarecer, ao deputado e aos seus eleitores, que tipo de atuação política deve-se esperar da hierarquia da Igreja Católica.

1 – Fatos: Nota-se com frequência a manifestação de apoio explícito de ministros evangélicos em campanhas eleitorais. Deve-se, porém, notar, sem detrimento do papel cívico importante dessas pessoas, que as igrejas evangélicas não são organizadas hierarquicamente e que seus pastores gozam de maior liberdade de engajamento político.

O deputado deve ter notado, em sua longa atuação parlamentar, que inúmeros pastores evangélicos exercem o mandato de deputado e de senador, por exemplo, e com isso prestam um excelente serviço à sociedade brasileira.

Já do lado católico, em regra geral, quando algum padre é eleito como parlamentar: 1) ele não possui o apoio da hierarquia católica; 2) e geralmente defende mais os programas da esquerda do que os valores inegociáveis do magistério católico.

2 – Explicação dos fatos: Para compreender porque as coisas são assim, poderíamos fazer uma comparação com a estrutura do Estado Brasileiro, tão bem conhecida pelo deputado.

Assim como nenhum general da ativa irá declarar seu apoio institucional ao Deputado Jair Bolsonaro, também nenhum bispo da hierarquia católica irá declarar este apoio.

Por que isso? É porque a função institucional e suprapartidária das Forças Armadas é garantir o cumprimento da Constituição, não importe quem ganhar! Isso dá segurança ao país. Ganhe quem ganhar, o brasileiro deveria poder dormir tranquilo sabendo que a Constituição será respeitada.

E a Hierarquia Católica? A Hierarquia também possui uma função suprapartidária de garantir aos fiéis católicos a defesa dos chamados “valores inegociáveis”: a vida, a família, a educação dos filhos pelos pais, etc. Ganhe quem ganhar, este deveria ser o papel da hierarquia. 

Meninos são revolucionários, homens são conservadores



Tive ímpetos revolucionários durante minha adolescência. Muitos de nós tiveram. É uma soma de dúvidas, incertezas, percepção de situações difíceis que transcendem nossa capacidade de entendimento e influência externa, principalmente do ambiente cultural e estudantil.

A paixão pelo ideal revolucionário brota na soma das incertezas. A expectativa de mudança a qualquer preço, somada à inadequação típica do jovem, alimentam a sensação de necessidade de ação iminente. O rebelde juvenil considera que não pode esperar, que é preciso agir, que não ser o agente da mudança é atuar em prol do conformismo e, claro, conta com meia dúzia de professores/influenciadores culturais o incitando justamente a isso.

Tal ímpeto quase sempre se manifesta de modo destrutivo. O pensamento do revolucionário exige transformação, mas através da destruição das estruturas vigentes. Não há diálogo possível, ou sequer uma construção gradativa que permita a realização daquilo que ele deseja. Não. Só o que funciona é destruir o “sistema”. Derrubá-lo aos escombros para depois reconstruir.

E é isso que os torna meninos. E são meninos quando têm delírios revolucionários aos quinze, aos vinte, aos quarenta ou, com cabelos brancos, aos sessenta.

Meninos pensam que podem transformar a sociedade para melhorá-la. Homens entendem que precisam conservá-la para que não piore mais.

Homens se tornam conservadores quando ultrapassam a imaturidade juvenil, porque entendem os valores que a sociedade mantém, e passam a discernir que eles só existem graças aos pilares que, não por acaso, os revolucionários tencionam destruir.

É no momento que formam família, quando compreendem o esforço de seus próprios pais em sua criação, que percebem as próprias conquistas advindas do trabalho e a necessidade de manterem a família e os bens honestamente conquistados em segurança.

O ódio cego pela religião, típico do menino rebelde, dá lugar ao reconhecimento do papel social e moral da formação religiosa na sociedade humana, percebendo por fim que tudo o que o revolucionário quer derrubar é justamente o que nos sustentou como seres civilizados e nos salvou da barbárie. 

Os valores da família empurram a candidatura de Bolsonaro


A liderança inconteste de Jair Bolsonaro na corrida presidencial desconstruiu um monte de arrazoados produzidos por especialistas de toda ordem que observaram a eleição de 2018 com os olhos de 2014.

Como diria Chico Buarque, a internet passou na janela e só eles não viram. E, por meio dela, ao longo dos últimos anos, Bolsonaro conversou com a família brasileira e se apresentou como o único candidato viável a defender os valores dela.

Sob a tutela do politicamente correto, partidos de esquerda, parte da imprensa e da academia impõem uma agenda que faz sucesso no Leblon e na Vila Madalena, mas que está longe de representar o pensamento do povo brasileiro. Contra a corrente, Bolsonaro foi ele mesmo – e está nadando de braçada.

Não receia o confronto ao falar de identidade de gêneros, escolas sem partido, casamento homoafetivo, descriminalização da maconha. Quando Bolsonaro diz que a “minoria deve seguir a maioria”, é à essa agenda que ele se refere. E com razão: a maioria da população brasileira não quer agressão a homossexuais, nem pena de morte a quem fuma um baseado; pede apenas que limites sejam estabelecidos. O eleitor de Bolsonaro não acha certa uma união que infrinja aquilo em que ele acredita (87% dos brasileiros são cristãos), não acha certo que se consuma drogas ilegais e não seja punido, não acha certo o professor ensinar para o seu filho aquilo que não está previsto na base curricular.

Simples assim. 

O Voto Católico



O voto é a execução do direito de escolha e do amor pela pátria, pelo próximo. Nas palavras de Sua Santidade Papa Francisco, "o voto é uma das mais elevadas formas de caridade!". Então, como um bom católico deve pautar seu voto, para que além de trazer o bem comum para a sociedade, ele possa honrar a Deus enquanto cidadão de um Estado Democrático? Primeiro é importante lembrar que a Doutrina Social Da Igreja deixa claro que o exercício de candidatura é papel dos leigos, ou seja, o clero tem papel da instrução da fé e social, o Estado em si, é responsabilidade do(a) leigo(a). 

Algumas dicas que podem te ajudar a votar são: 

1. NÃO AO ABORTO 

Um católico não deve, em hipótese nenhuma, apoiar um candidato(a) ou discursar a favor do aborto. A Igreja Católica é a favor da vida desde sua concepção até sua morte natural. Qualquer candidato(a) que se coloque declaradamente favorável ou aceite a possibilidade do aborto, seja qual for a circunstância, deve ser excluído de nossa intenção de voto. 

Referências: 
CIC 2272, 2270, 2272, 2273 e 2274. 
Link para consulta: AQUI.

2. O ESTADO E A LIBERDADE PESSOAL 

A Igreja crê firmemente no papel do Estado enquanto mediador social, isso é, não aceita qualquer postura totalitária do governo. O católico deve se opor à possibilidade de um Estado que doutrine, política ou ideologicamente, qualquer indivíduo. O Estado não é Deus, deve servir ao povo e não o tornar dependente de sua política e/ou ideologia. 

Referências: 
CIC 1904, 1910, 1183, 2372, 2499 e 2113. 
Link para consulta: AQUI.

3. O PERIGO DAS IDEOLOGIAS 

A Igreja Católica é contra ideologias de teor marxista, ou seja, deve ser excluída a possibilidade de apoio aos candidatos que defendam qualquer aproximação ao comunismo, assim como ao socialismo. Tais regimes são excomungados da Igreja, assim como todos aqueles que, cientes do decreto, promulgado pelo Papa Pio XII, contra o comunismo e o socialismo, continuem apoiando tais práticas. Além disso, na prática do “capitalismo", a Igreja recusa o individualismo e o primado absoluto da lei do mercado sobre o trabalho humano. A regulamentação da economia exclusivamente por meio do planejamento centralizado perverte na base os vínculos sociais; sua regulamentação unicamente pela lei do mercado vai contra a justiça social, 'pois há muitas necessidades humanas que não podem ser atendidas pelo mercado'. É preciso preconizar uma regulamentação racional do mercado e das iniciativas econômicas, de acordo com uma justa hierarquia dos valores e em vista do bem comum." 

CIC 2245 e 2424 
Decretum Contra Communismum – Pio XII 
Divinis Redemptoris - Pio XI 

4. A IDEOLOGIA DE GÊNERO 

Sobre a questão da ideologia de gênero: acreditamos que tal pensamento é digno do título de demoníaco, querendo afastar nossas crianças da Verdade, que é o próprio Deus. Tal prática ideológica só existe para abalar a estrutura base de nossa sociedade, a família, e deve ser rechaçada pelo católico. Qualquer candidato(a) que apoie a Ideologia de Gênero, está em discordância total com a Igreja, e não merece o voto de confiança do povo de Deus. 

JOÃO PAULO II, Discurso ao Corpo Diplomático (12 de Janeiro de 2004) 

CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Nota Doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política (24 de Novembro de 2002) 

Nota Pastoral sobre o perigo da Ideologia de Gênero no Plano Municipal de Educação 

5. SOBRE A LIBERDADE 

A Igreja luta pela liberdade de expressão, de mídia e pela liberdade religiosa. Qualquer candidato(a) que se mostre a favor de um controle sobre instituições que se enquadrem nos quadros citados acima, não deve ter nosso apoio. O exercício da liberdade não implica o direito de tudo dizer e fazer. É falso pretender que «o homem, sujeito da liberdade, se basta a si mesmo, tendo por fim a satisfação do seu interesse próprio no gozo dos bens terrenos» CIC 1740 . Por outro lado, as condições de ordem econômica e social, política e cultural, requeridas para um justo exercício da liberdade, são com demasiada frequência desprezadas e violadas. 

CIC 2223, 1731, 2211, 2304, 2498, 2245, 1907, 2107, 2108, 2109. 
Link para consulta: AQUI.

Princesa sai da linha de sucessão do trono britânico por tornar-se católica


A princesa Alexandra de Hanôver faz parte da linha de sucessão de dois tronos: o do Reino Unido e o de Mônaco. Ou melhor, fazia. Desde o mês passado, quando decidiu se tornar católica e recebeu o sacramento da confirmação, ela não pode mais ascender ao trono britânico. As regras da sucessão do Reino Unido proíbem que o monarca e os herdeiros do trono sejam católicos, porque o soberano é ao mesmo tempo chefe da Igreja Anglicana.

Alexandra, de 19 anos, nasceu na Áustria e é a filha única de Ernst de Hanôver e Caroline de Mônaco – que tem outros três filhos do casamento anterior. Ela foi criada como luterana, a denominação de seu pai, embora a sua mãe seja católica. Caroline é filha de Grace Kelly, a renomada atriz norte-americana que se tornou princesa de Mônaco após seu casamento com o soberano Rainier III. O atual soberano de Mônaco é o irmão de Caroline, Alberto II.

Divulgada a lista de candidatos que assinaram o termo de compromisso contra o aborto


O Movimento Brasil Sem Aborto divulgou nesta terça-feira (02/10) a lista dos candidatos a deputado federal e senador que assinaram o termo de compromisso no qual assumem formalmente a promessa de lutar contra projetos que tentem descriminalizar o aborto, apoiar propostas que protejam a vida desde a concepção e se oponham à invasão das atribuições constitucionais do poder legislativo.

Para assinar o termo, além de concordar com esses princípios básicos, também foram exigidos mais três pré-requisitos:

Que o candidato a deputado federal ou senador esteja devidamente inscrito no Tribunal Eleitoral.

Que seja candidato Ficha Limpa, conforme a Lei Complementar 135/2010

Que não seja filiado a partido político que em seu estatuto, resolução, mobilização popular e/ou ação judicial defendam a legalização do aborto em nosso país.

Para ler o texto do termo com o qual os candidatos tiveram de concordar, clique aqui.

Convém destacar que a lista a seguir não pretende apresentar a totalidade dos candidatos que realmente são comprometidos com a defesa da vida em todo o país, mas sim destacar aqueles que assumiram esse compromisso formalmente, assinando o documento proposto, autenticando-o em cartório e entregando dentro do prazo estipulado.

Confira os nomes por cargo e estado:

terça-feira, 2 de outubro de 2018

O católico pode negar Lula, mas apoiar Ciro?



Há quem diga que, diante da possibilidade de um segundo turno entre Bolsonaro e Ciro, optaria por este, pois aquele superaria em quesito de ódio aos princípios católicos. Seria verdade? Nesta próxima seção de “Análise de políticos à luz da DSI” tentaremos esclarecer.

Nascido em Pindamonhangaba, Ciro Gomes formou-se em Direito pela Universidade Federal do Ceará. Desde jovem já possuía um apreço grande pela política, era militante estudantil e disputou, em 1979, as eleições da UNE. Nessa época, embora não fosse um comunista de carteirinha, era vinculado ao PCB (Partido Comunista Brasileiro) e, como ele mesmo disse, a sua “aproximação era mais com a esquerda católica" [1]. Dessa afirmação, já imaginamos o que vem por aí.

Fez um bom passeio na política brasileira. Esteve em sete partidos. Foi eleito pela primeira vez em 1982, concorrendo pelo PDS, como deputado estadual do Ceará. Depois, em 1983, filiou-se ao PMDB, partido pelo qual se elegeu prefeito de Fortaleza em 1988. Vale ressaltar que neste mandato implantou o primeiro imposto progressivo do Brasil. Se trata do aumento progressivo da tributação por dois motivos: em razão do valor do imóvel e do descumprimento da função social. Embora a Igreja seja contundente quanto à função social da propriedade, ao ser enfática no dever do proprietário de utilizar dos seus bens e recursos deles providos para promoção do bem comum, sem permitir a ociosidade da propriedade e fazer dela ocasião de danos sociais, este tema do imposto progressivo se mostra delicado. Por óbvio, a sua aplicação em razão do valor do imóvel nada mais é do que a estratégia marxista da distribuição forçada de renda dos mais ricos aos mais pobres, ou melhor, da coletivização da propriedade, passando tudo para o “papai” Estado distribuir conforme seu bel prazer – sabemos bem que, muito provavelmente, será para si próprio. Porém, a tributação progressiva em razão do descumprimento da função social, embora pareça estar em consonância com os ensinamentos do magistério “O direito à propriedade privada é intrinsecamente inerente à função social" [2] tem-se que pensar que a tributação faz com que a pena seja paga ao Estado pouco efetivo na distribuição de renda, em vez de ser paga à sociedade.

Ciro Gomes foi um dos fundadores do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) que hoje já está escancarado como papel higiênico do PT, mas que segundo ele seria “uma alternativa progressista, não-reacionária de oposição ao PT” [3]. Vale lembrar que um ano antes, em 1989, o PSDB apoiou Lula no segundo turno na eleição em que este disputava contra Fernando Collor, com afirmação pública de Ciro Gomes de que teria dado seu voto a Lula. 

A distância entre Marina Silva e a Doutrina Social da Igreja



Uma velha conhecida. Hoje amplamente famosa como a oportunista das corridas presidenciais. Nascida em Rio Branco, no Acre, Marina Silva surge, mais uma vez, como candidata à Presidência da República. Ainda que permaneça remota a possibilidade de vencer as eleições, desta vez, provavelmente, seja a sua maior chance de alcançar o segundo turno.

Seria, então, admissível de se cogitar ceder um voto a ela? Qual é a proximidade que as ideias de Marina Silva têm com a Doutrina Social da Igreja? Tentaremos responder essas perguntas em mais um texto da seção ‘Análise de Políticos à luz da DSI’.

Marina e o aborto

Para não delongar no que acredito ser de maior interesse do leitor, trago à tona, em primeiríssimo lugar, a posição da acreana quanto ao princípio que fundamenta toda a Doutrina Social, o princípio da dignidade humana, no que concerne à inviolabilidade da vida.

Desde a primeira vez que decidiu se arriscar na disputa presidencial em 2010, Marina já se posicionou contrária ao aborto, porém de uma maneira que deixa péssimas brechas interpretativas. Disse ela que se trata de um tema complexo a ser debatido em plebiscito. "Proponho o debate democrático de um tema que não é fácil de ser enfrentado, na sociedade brasileira inclusive” [1]. No site de seu partido, Marina deixa claro seu posicionamento ao expor:

"Na questão do aborto eu não me somo àqueles que ficam satanizando e aos que têm teses dizendo que é o caminho. Eu prefiro ir para o embate. Não defendo por questões filosóficas, éticas e religiosas. Eu não defendo, porque eu defendo a vida. E não acho que uma mulher que teve que lançar mão de uma situação extrema como essa deva ir para cadeia. Uma pessoa como essa precisa de acolhimento. Precisa de todo o respeito em relação a sua condição e, a maioria das pessoas que fazem essa escolha, elas pagam um preço emocional muito grande na maioria das vezes” [2]

O grande entrave desse pronunciamento está no fato de que, embora ela se confesse pró-vida e hostil ao aborto, abre margem, conforme grifo acima, para interpretarmos que poderia acatar a sua descriminalização. Ou seja, não se pode abortar, mas caso alguma mulher decida por isso, também não poderá ser presa.

Outra questão de imensa importância reside na sua tendência excessiva em submeter determinados assuntos à opinião popular sendo que, em se tratando do aborto, por exemplo, não deve estar, de forma alguma, sujeito ao crivo do povo, pois o direito à vida é algo que não pode ser anulado mediante plebiscito ou qualquer outra forma de consulta popular.

Ninguém, absolutamente ninguém, seja do Executivo, Legislativo, Judiciário ou mesmo o povo, pode assumir para si o direito de decidir se bebês indefesos devem ou não viver. “Deus é o poder supremo que está acima de todos os poderes” [3]. É a ordem natural instituída por Deus que define e ponto final. Pois, se por acaso o povo votar pela aprovação do aborto, esta decisão então deverá ser acatada em nome da democracia? Nem tudo deve ser democratizado, principalmente a inviolabilidade da vida humana.

Portanto, ainda que seja louvável a postura de Marina perante o tema do aborto, não demonstra inteira firmeza, muito menos transmite total confiança de que, em seu mandato, a vida será incondicionalmente protegida.