quinta-feira, 7 de março de 2019

“Quaresma é o tempo para reencontrar a rota da vida”, diz Papa


SANTA MISSA, BÊNÇÃO E IMPOSIÇÃO DAS CINZAS
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica de Santa Sabina
Quarta-feira, 6 de março de 2019


«Tocai a trombeta em Sião, ordenai um jejum» (Jl 2, 15): diz o profeta na primeira Leitura. A Quaresma abre-se com um som estridente: o som duma trombeta que não afaga os ouvidos, mas proclama um jejum. É um som intenso, que pretende abrandar o ritmo da nossa vida, sempre dominada pela pressa, mas muitas vezes não sabe bem para onde vai. É um apelo a deter-se – um “parar!” para ir ao essencial, a jejuar do supérfluo que distrai. É um despertador da alma.

Ao som deste despertador segue-se a mensagem que o Senhor transmite pela boca do profeta, uma mensagem breve e veemente: «Voltai para Mim» (2, 15). Voltar. Se devemos voltar, isso quer dizer que a direção seguida não era justa. A Quaresma é o tempo para reencontrar a rota da vida. Com efeito, no caminho da vida – como em todos os caminhos –, aquilo que verdadeiramente conta é não perder de vista a meta. Pelo contrário, quando o que interessa na viagem é ver a paisagem ou parar a comer, não se vai longe. Cada um de nós pode interrogar-se: no caminho da vida, procuro a rota? Ou contento-me de viver o dia a dia, pensando apenas em sentir-me bem, resolver alguns problemas e divertir-me um pouco? Qual é a rota? Talvez a busca da saúde, que hoje muitos dizem vir em primeiro lugar, mas mais cedo ou mais tarde faltará? Porventura a riqueza e o bem-estar? Mas não é para isso que estamos no mundo. Voltai para Mim, diz o Senhor. Para Mim: o Senhor é a meta da nossa viagem no mundo. A rota deve ser ajustada na direção d’Ele.

Hoje, para encontrar a rota, é-nos oferecido um sinal: cinzas na cabeça. É um sinal que nos faz pensar naquilo que trazemos na cabeça. Frequentemente, os nossos pensamentos seguem coisas passageiras, coisas que vão e vêm. Os grãos de cinza que receberemos pretendem dizer-nos, com delicadeza e verdade: de tantas coisas que trazes na cabeça, atrás das quais corres e te afadigas diariamente, nada restará. Por mais que te afadigues, não levarás contigo qualquer riqueza da vida. As realidades terrenas dissipam-se como poeira ao vento. Os bens são provisórios, o poder passa, o sucesso declina. A cultura da aparência, hoje dominante e que induz a viver para as coisas que passam, é um grande engano. Pois é como uma fogueira: uma vez apagada, ficam apenas cinzas. A Quaresma é o tempo para nos libertarmos da ilusão de viver correndo atrás de pó. A Quaresma é descobrir que somos feitos para o fogo que arde sempre, não para a cinza que imediatamente se some; para Deus, não para o mundo; para a eternidade do Céu, não para o engano da terra; para a liberdade dos filhos, não para a escravidão das coisas. Hoje podemos interrogar-nos: De que parte estou? Vivo para o fogo ou para as cinzas?

quarta-feira, 6 de março de 2019

Quaresma: o jejum das redes sociais para crescer na fé



O período de conversão da Quaresma é propício para descobrir o tesouro da intimidade com Deus e para se chegar na Páscoa transformados. Em reportagem especial sobre o jejum das redes sociais, conheça também outras práticas penitenciais e de caridade como propósitos para melhor viver o mistério pascal.

“Na correria do dia a dia, na loucura da vida de dona de casa, de mãe, esposa e trabalho fora de casa, a gente quase nunca tira um tempo de qualidade pra se encontrar com Deus. Mas pra dar uma olhadinha no celular a gente sempre dá um jeitinho, né! E isso nos envolve de uma forma, que a gente fica horas sem nem mesmo perceber. ”

Para o período da Quaresma, Adriene Bazilio, de Goiânia/GO, decidiu dar mais tempo para estar com Deus, não usando as redes sociais. Ela tem 38 anos, é casada, mãe de dois filhos, assistente administrativa e dona de casa. Não é a primeira vez que faz uma prática penitencial “para poder crescer no amor”, geralmente faz na alimentação: “creio que o crescimento da fé, através dessas práticas, se dá muito mais pela nossa intenção, do que pela escolha do que a gente vai se abster”.

Pausa para Facebook e Instagram

O período de 40 dias de penitência, oração e caridade rumo à Páscoa nos chama a encarnar um período concreto de conversão para podermos viver a beleza do mistério pascal. A escolha de fazer jejum das redes sociais é uma prática penitencial adaptada por muita gente hoje em dia para fortalecer o espírito e a nossa intimidade com Deus, como acontece há anos com o Pe. Arnaldo Rodrigues, da Arquidiocese do Rio de Janeiro:

“Já tem alguns anos que, durante o período da Quaresma, e também no período do Advento, deixo de utilizar algumas redes sociais, como o Facebook e o Instagram. Essa, dentre outras, é uma forma de fazer um pequeno sacrifício, para estar cada vez mais unido com a vida em oração a Deus e também um sacrifício em prol da Igreja e de todas as outras intenções que oferecemos neste período quaresmal. É importante fazer qualquer tipo de prática penitencial para fortalecer a nossa vida espiritual. É uma oportunidade, sobretudo para os jovens, e um conselho para aproveitar este momento para diminuir o uso: uma vez ao dia, ou a cada dois dias, ou uma vez a cada três dias ou uma vez por semana... Mas é importante lembrar que cada sacrifício que faço deve estar unido em oração, pedindo a Deus todos os dias a graça de Deus para poder cumprir.” 

“Uma das principais exigências da espiritualidade quaresmal é a fraternidade”, diz Cardeal na Abertura da CF 2019



O presidente da CNBB, cardeal Sergio da Rocha, durante cerimônia de lançamento da Campanha da Fraternidade 2019, na sede provisória da Conferência, na manhã desta Quarta-feira de Cinzas, dia 6 de março, reforçou a importância de ligar o tema da Campanha da Fraternidade (CF) com a espiritualidade quaresmal:  A Campanha “ocorre durante a quaresma porque quer ser sinal e instrumento de vivência quaresmal“. Ele ainda recordou: “sabemos que uma das principais exigências da espiritualidade quaresmal é justamente a fraternidade, o amor fraterno, com seus vários níveis e exigências“. Ele estava acompanhado na cerimônia pelo secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Além deles, também foram convidados para o ato Geniberto Paiva Campos, médico cardiologista do Observatório do Distrito Federal; Gilberto Vieira dos Santos, secretário-adjunto do Conselho Indigenista Missionário (Cimi); e Vânia Lúcia Ferreira Leite, membro da Pastoral da Criança e do Conselho Nacional de Saúde.

Dom Sergio recordou, ema sua intervenção na cerimônia, a mensagem do Papa Francisco para a Campanha da Fraternidade que foi lida no início da cerimônia: os cristãos “devem buscar uma participação mais ativa na sociedade como forma concreta de amor ao próximo, que permita a construção de uma cultura fraterna baseada no direito e na justiça". 

Papa Francisco envia mensagem à Igreja no Brasil sobre a Campanha da Fraternidade 2019



MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
 AOS FIÉIS BRASILEIROS POR OCASIÃO DA
 CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2019

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Com o início da Quaresma, somos convidados a preparar-nos, através das práticas penitenciais do jejum, da esmola e da oração, para a celebração da vitória do Senhor Jesus sobre o pecado e a morte. Para inspirar, iluminar e integrar tais práticas como componentes de um caminho pessoal e comunitário em direção à Páscoa de Cristo, a Campanha da Fraternidade propõe aos cristãos brasileiros o horizonte das “políticas públicas”.

Muito embora aquilo que se entende por política pública seja primordialmente uma responsabilidade do Estado cuja finalidade é garantir o bem comum dos cidadãos, todas as pessoas e instituições devem se sentir protagonistas das iniciativas e ações que promovam «o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição» (Gaudium et spes, 74).

Cientes disso, os cristãos - inspirados pelo lema desta Campanha da Fraternidade «Serás libertado pelo direito e pela justiça» (Is1,27) e seguindo o exemplo do divino Mestre que “não veio para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28) - devem buscar uma participação mais ativa na sociedade como forma concreta de amor ao próximo, que permita a construção de uma cultura fraterna baseada no direito e na justiça. De fato, como lembra o Documento de Aparecida, «são os leigos de nosso continente, conscientes de sua chamada à santidade em virtude de sua vocação batismal, os que têm de atuar à maneira de um fermento na massa para construir uma cidade temporal que esteja de acordo com o projeto de Deus» (n. 505). 

terça-feira, 5 de março de 2019

Quem são os Vétero Católicos?


Os velhos-católicos são católicos que não aceitaram a definição da infalibilidade do Papa em matéria de fé e de Moral, defini­ção proferida pelo Concílio do Vaticano I (1870). O respectivo clero é casado e celebra validamente a S. Missa, pois estão na linha da suces­são apostólica. Bem diverso é o caso de padres católicos que deixam o ministério (com ou sem a devida autorização) para se casar: estes não se tornam membros da comunidade vétero-católica, que, juridicamente in­depende da Igreja Católica. Há, pois, duas situações bem diferentes uma da outra: a dos padres vétero-católicos que não pertencem à comu­nhão da Igreja Católica, e a dos padres católicos, que permanecem na comunhão da Igreja Católica, embora em condições, muitas vezes, ilegais.

Em fins de 2005 a imprensa publicou notícias que deixaram confu­sos muitos leitores. Em síntese foi dito que o padre católico desejoso de se casar é enviado pela autoridade da Igreja Católica a esse seu ramo dito "dos Velhos-Católicos"; onde se podem casar e continuam a exercer seu ministério. Vamos esclarecer o assunto, começando por transmitir as notícias colhidas no O IMPARCIAL do Maranhão aos 31/12/2005.

1. O problema

Lê-se no periódico O IMPARCIAL, de São Luís do Maranhão aos 31/12/05:

“ E a praia do Olho d'Água continua sendo o cenário preferido para muitos festejarem a chegada do ano-novo. Desta vez a famosa praia será palco da primeira missa celebrada pelos padres da igreja Vétero-Católica. A expectativa é que as pessoas que estejam na praia na hora da grande virada possam direcionar seus pensamentos a Deus e pedir mui­ta paz para 2006.

Segundo os representantes da igreja Vétero-Católica, os padres José Caetano Cardoso de Souza e José Maria de Andrade, a missa terá início às 23h30, para que às 00h seja o ápice da celebração. 'À meia-noite esta­remos no momento da consagração, com o vinho e a hóstia sagrada cele­brando a vida para todo o Maranhão', disse o padre Caetano.

Apesar de não ser conhecida do público, esta vertente da igreja católica existe desde 1889, com origem na Holanda. Chegou ao Brasil na década de 30 e sua sede, a qual possui até um futuro arcebispo fica em Curitiba (PR). A igreja, que ao pé da letra significa a igreja dos "Velhos Católicos" é conhecida por ser uma congregação de padres casados, ou seja, os padres que saíram da igreja dita "tradicional" por infringir uma das leis do Vaticano, o celibato.

Apesar de não fazerem mais parte da tradicional igreja católica ro­mana, os padres, por possuírem a vocação e a ordenação, continuam cumprindo com obrigações de representantes de Deus. Segundo o padre Caetano, os padres da Vétero-Católica podem fazer tudo o que um padre 'tradicional' faz. 'A Igreja é reconhecida pelo Vaticano. Só não é conheci­da da grande massa porque acho que a igreja católica romana tem medo de perder seu poder', comentou.

O reconhecimento é tão certo que no momento que um padre saí do grupo da igreja católica, pode recorrer ao Vaticano, a um Conselho para que este o encaminhe a esta vertente e possa ser reconhecido por um padre máximo, que tem o mesmo poder de um arcebispo tradicional. As pessoas que nos conhecem preferem assistir às nossas missas, fazer seus casamentos conosco. As pessoas estão insatisfeitas com os rumos da tra­dicional igreja católica, com este tanto de escândalos que estão aí”.

Para elucidar a questão, começaremos por expor quem são os velhos-católicos.

segunda-feira, 4 de março de 2019

CNBB lança Campanha da Fraternidade 2019 em Brasília (DF)


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abre oficialmente na quarta-feira de cinzas, 6/3, a Campanha da Fraternidade (CF) 2019 com o tema “Fraternidade e Políticas Públicas” e o lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1,27). O lançamento acontecerá na sede provisória da entidade em Brasília (DF).

Nesta Campanha, a ser desenvolvida mais intensamente no período da Quaresma, a Igreja Católica buscará chamar a atenção dos cristãos para o tema das políticas públicas, ações e programas desenvolvidos pelo Estado para garantir e colocar em prática direitos que são previstos na Constituição Federal e em outras leis.

Nesta CF 2019, a Igreja no Brasil pretende estimular a participação dos cristãos em políticas públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais da fraternidade.  O texto-base da campanha, que será distribuído aos jornalistas na abertura, descreve, entre outros tópicos, sobre o ciclo e etapas de uma política pública e faz a distinção entre as políticas de governo e as políticas de Estado, bem como apresenta os canais de participação social, como os conselhos previstos na Constituição Federal de 1988.

A vitória do mal na avenida


Quando se é para chamar  atenção, atrair holofotes o caminho mais promissor é destacar a religião, se for a cristã, é como acertar na loteria. Tem sido assim com celebridades pop, programas de humor na TV aberta e nos canais de alguns youtubers . No Carnaval não poderia ser diferente.

O enredo era sobre o surgimento do tabaco a partir de uma lenda árabe, mas a mensagem passada na avenida foi uma fictícia vitória de Satanás sobre Jesus. Uma dramatização que atinge o sentimento religioso de milhões de brasileiros, mas nada de anormal para a crítica e os promotores da festa.

Em um desfile onde tudo se é pensado nos mínimos detalhes e  ao longo de vários meses, só uma pessoa muito sem inteligência para acreditar que aquele homem coroado de espinhos, cabelos longos, apenas os quadris cobertos, caído sob o tridente de “Satanás “, na verdade não é Jesus, mas Antão, santo dos primeiros séculos cuja representações icônicas giram em torno de um senhor de semblante austero e sempre vestido de túnica.

Arquivos do pontificado de Pio XII serão abertos em 2020, anuncia Papa



O Papa Francisco recebeu em audiência nesta segunda-feira, 4, um grupo de colaboradores e responsáveis do Arquivo Secreto Vaticano, por ocasião dos 80 anos da eleição do Papa Pio XII, Servo de Deus. No encontro, anunciou a abertura dos arquivos vaticanos referentes a esse Pontífice daqui a um ano, em 2 de março de 2020.

“Decidi que a abertura dos Arquivos Vaticanos referentes ao Pontificado de Pio XII se dará em 2 de março de 2020, a um ano exato do octogésimo aniversário da eleição de Eugenio Pacelli à Cátedra de Pedro”, afirmo Francisco.

O Santo Padre lembrou que Pio XII conduziu a Igreja em um dos momentos mais tristes e obscuros do século XX, conturbado pela última guerra mundial. Por desejo de Bento XVI, desde 2006 a equipe do Arquivo Secreto Vaticano trabalha em um projeto comum de preparação da documentação produzida durante o pontificado de Pio XII, a qual, em parte, São Paulo VI e São João Paulo II já tornaram consultáveis.

“O trabalho de vocês se desenvolve no silêncio e distante dos clamores, cultiva a memória e, em certo sentido, parece-me que possa ser comparado ao cultivo de uma majestosa árvore, cujos ramos estão voltados para o céu, mas cujas raízes estão firmemente ancoradas na terra”.