As vítimas de abuso sexual reagiram com protesto e indignação ante o anúncio de que o Cardeal Reinhard Marx vai ser condecorado com a Cruz de Mérito Federal. Numa carta aberta ao Presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, o conselho das vítimas da Arquidiocese de Colônia exige que o prêmio ao Cardeal seja retirado. O Cardeal, que é Arcebispo de Munique, tem sido acusado de ter falhado no seu dever de investigar casos de abusos sexuais.
Honrar o arcebispo de Munique poria em causa "tudo aquilo pelo qual nós já lutamos e trabalhamos", lê a carta, assinada por Peter Bringmann-Henselder em nome do Conselho Consultivo das vítimas, que diz ter sido assinada ainda por pelos outros membros.
"Se isto acontecer, todos aqueles que já receberam a Cruz de Mérito Federal pelos seus autênticos serviços às vítimas de violência sexual devem devolvê-la, pois esta comendação perderá o seu valor real de honra ao mérito, se o Cardeal Marx for condecorado com ela".
Bringmann-Henselder é ele próprio um portador da Cruz de Mérito Federal. Ele diz que devolveria a medalha caso Marx recebesse esta honra.
"É incompreensível para nós como se pode atribuir a Cruz de Mérito Federal ao Cardeal Marx, um homem que continua a ser criticado por não ter investigado consistentemente casos de violência sexual na sua antiga diocese de Trier e que é acusado de um encobrimento neste contexto", lê-se na carta.
Do mesmo modo, o Cardeal o cardeal teria ocultado e dificultado o acesso a um parecer especializado "sobre os casos de violência sexual na arquidiocese de Freising-Munich, que deveria ser publicado em 2010".
O conteúdo desta opinião de peritos "não tem sido acessível ao público até hoje, ao contrário da opinião dos peritos da Arquidiocese de Colónia", continuou a carta.
Marx não comentou até agora as críticas e as protestas. A entrega está prevista para a próxima sexta-feira, relatou o jornal "Neue Ruhrwort". O relatório de investigação propriamente dito, que ainda não foi publicado até à data, está fechado à chave, informou hoje "Domradio". Nos próximos meses, a Arquidiocese do Município - Freising considera publicar um novo estudo que documentará casos de violência sexual entre 1945 e 2019.