terça-feira, 18 de maio de 2021

Cristãos são vítimas da violência em Gaza, denuncia Custódio da Terra Santa



Os cristãos na Terra Santa são vítimas inocentes da violência entre palestinos e israelenses na Faixa de Gaza, denunciou o Custódio da Terra Santa, padre Francesco Patton. “Eles se encontram no meio de dois protagonistas maiores que lutam entre si e acabam esmagados”, disse Patton. Segundo o custódio, a grande maioria dos cristãos na Palestina e em Israel é composta de árabes e trabalhadores estrangeiros.

O Custódio da Terra Santa é o ministro provincial, isto é, o superior principal, dos frades menores franciscanos que vivem no Oriente Médio.

“Basta dizer que uma das primeiras vítimas dos foguetes disparados de Gaza foi uma mulher indiana, migrante que trabalhava como cuidadora. Uma mulher de fé cristã que frequentava a nossa pastoral para os católicos indianos”, disse o custódio à agência de notícias da Conferência Episcopal Italiana.

“Até este momento não fomos afetados e não houve ataques contra nós”, disse Patton sobre os lugares santos. “Os santuários estão abertos regularmente, principalmente pela manhã por medida de precaução, como foi durante a pandemia, que em Israel já está sendo superada”.

Padre Patton lamenta que, apesar de se ter conseguido vencer a pandemia do coronavírus, “não é possível vencer a violência que ciclicamente volta a ensanguentar esta terra, como se o sangue derramado até agora não bastasse. Estamos vendo que, quando o fogo começa, fica difícil contê-lo”.

Para o padre Patton, “a polarização que testemunhamos nos últimos tempos produziu autênticas explosões de ódio destrutivo”.

“A morte de civis, com o número de vítimas aumentando a cada dia, alimenta uma espiral de violência em lados opostos”, situação que também afeta a convivência entre cidadãos israelenses. Cidades de Israel com população árabe e judia também experimentam violência sectária. “Estão abalando o equilíbrio da coexistência entre árabes-israelenses e judeus-israelenses dentro das cidades israelenses, onde foram registrados atualmente espancamentos, motins, saques e atos de intimidação”, disse o padre.

Símbolo em escolas católicas é a cruz, diz arcebispo canadense sobre bandeira gay



“A cruz fora das escolas católicas e de qualquer igreja, hospital ou instituição católica indica nosso compromisso de que todos os que entram sejam bem-vindos e amados em sua beleza e singularidade como filhos de Deus”, disse a Arquidiocese de Toronto em comunicado oficial depois que o Conselho Escolar Católico proclamou junho como o mês do “orgulho gay” e ordenou hastear a bandeira do movimento LGBT nas escolas que administra.

O sistema escolar católico na província de Ontário, da qual Toronto é a capital, é financiado por impostos e as escolas não são propriedade das dioceses em que operam. Embora os bispos estabeleçam currículos catequéticos e garantam o ministério sacramental em ambientes escolares, eles não exercem controle sobre os conselhos eleitos.

Os governos regionais estabelecem regras básicas para o funcionamento das escolas. As decisões locais são tomadas pelos conselhos diretivos eleitos pelos católicos nas eleições municipais.

No dia 6 de maio, o Conselho Escolar Católico de Toronto, eleito por voto popular, aprovou três moções: uma proclamando o “Mês do Orgulho LGBT” em junho de cada ano, outra permitindo que a bandeira gay fosse hasteada em todas as escolas e outra que permitia o hasteamento da bandeira gay na secretaria da escola. A assessoria “LGBTQ2S+” do conselho recomendou a aprovação das três moções.

Antes da votação do conselho, a arcebispo de Toronto, dom Thoas Collins, afirmou que os pais fazem uma “escolha clara” quando mandam seus filhos para uma escola católica. “Eles, com razão, esperam que administradores, diretores, professores e todos os parceiros na educação garantam que o ensino católico seja apresentado, vivido e inserido em tudo o que fazemos”.

“O símbolo apropriado que representa a nossa fé, a inclusão e aceitação dos outros, é a cruz, que é visível na entrada de cada escola católica. É o principal símbolo da nossa fé cristã: leva-nos a contemplar o amor generoso e sacrificado de Jesus, quando dá a vida por todos nós”.

Bispo militar do Peru pede ajuda de Deus para livrar seu país do comunismo



O ordinário militar do Peru, Dom Juan Carlos Vera Plascencia, pediu a Deus que libertasse o país da ameaça do comunismo. A nota foi feita pelo bispo peruano como uma opinião pessoal e informal, publicada nas redes sociais e no site da Federação de Jornalistas do Peru, em 17 de maio.

ACI Prensa consultou uma autoridade militar que confirmou que se tratava de um comentário informal, mas o bispo Vera aceitou que a declaração fosse divulgada, considerando as circunstâncias extremas que o Peru atravessa.

“Acredito que não podemos e nem devemos homenagear um comunista. Estaríamos assim sendo cúmplices da tragédia vivida com os grupos terroristas Sendero Luminoso e MRTA”, disse o bispo em seu comentário pessoal.

Dom Vera fez seu comentário diante da situação eleitoral do Peru. No dia 6 de junho, será realizado o segundo turno das eleições que definirão o próximo presidente do país.

Segundo a última pesquisa de intenção de voto da Ipsos, Pedro Castillo, candidato do partido comunista Perú Libre, teria 51,1% dos votos válidos. Castillo liderou a greve dos professores de 2017, que deixou os alunos das escolas públicas sem aulas por meses.

A candidata oponente de Castillo é de direita e se chama Keiko Fujimori, do Partido Fuerza Popular. Investigada por suposta lavagem de dinheiro, Keiko Fujimori teria 48,9% dos votos válidos, segundo a Ipsos, com 14,7% de votos nulos ou em branco.

“Eu sei o que é o Sendero. Vivi em Puquio, Ayacucho, de 1987 a 1990. Vi como eles matavam sem piedade as pessoas dos povoados, com pedras na cabeça… em uma emboscada, dinamitaram a 10 jovens do Exército. Meu Deus! Que tempos eu vivi, recolhendo os pedaços dos corpos dos jovens soldados peruanos”, afirmou o bispo.

Depois, dom Vera lembrou algo que ocorreu em 1988, quando foi ordenado sacerdote. “O Sendero Luminoso quase me matou. O povo me abraçou antes do tiroteio e aquilo me salvou. A Igreja sempre esteve lá presente, através dos sacerdotes, e nunca foi embora de lá. Ficamos por decisão própria, porque o povo precisava de um acompanhamento espiritual”.

No comentário pessoal e informal, dom Vera afirmou que “esta situação traz a lembrança de todo o meu passado. Keiko é a única opção. Ela terá a oportunidade de reparar o passado, como Alan García o fez em seu momento, e acredito que ela lutará por um Peru livre e independente. Castillo não! Porque tirará as opções de liberdade dos peruanos e seremos submetidos, como Cuba, Bolívia e Venezuela. Seremos terra de ninguém e um campo de batalha comunista”.

“Nossa pátria corre um grande risco de perder a sua identidade e, principalmente, a sua religiosidade católica. Peçamos ao Senhor dos Milagres e à Bem-aventurada Virgem das Mercês que nos livre do comunismo”, conclui o Ordinário Militar em seu comentário pessoal.

Único pároco católico na Faixa de Gaza: “A situação é gravíssima”


O padre Gabriel Romanelli, único pároco católico da Faixa de Gaza disse que a situação no lugar é gravíssima depois de 5 dias de combates entre o Exército de Israel e o grupo islâmico radical Hamas, que controla Gaza, que já deixaram 119 mortos no território palestino, 31 dos quais, crianças, e 8 em Israel, entre os quais duas crianças.

É o pior enfrentamento entre as duas partes desde 2014.

O padre Romanelli é pároco da igreja da Sagrada Família, única paróquia católica da Faixa de Gaza. “A situação é muito ruim. De noite e de dia temos bombardeios. Habitualmente eles se dão só à noite e de dia há vida mais ou menos normal. Mas nestes dias tanto de noite como de dia há bombardeios, mísseis da parte da Faixa e outros que são a resposta israelense com aviação e tanques”, disse o padre. “Até quando param o silêncio é estranho e fazem a gente se sentir no olho do furacão.”

O pároco afirma que, desde novembro de 2019 não havia “ares de guerra” na região e até “se via um progresso material, havia mais negócios e as casas estavam melhor.” Depois do início dos ataques, porém, a população vive “com muita incerteza”.

O sacerdote do Instituto do Verbo Encarnado diz que “não há bairro ou cidade que não tenha sido atingida” na Faixa de Gaza. “As autoridades israelenses garantem que, enquanto durar a agressão, continuarão bombardeando, e os palestinos dizem que, enquanto não pare o avanço, continuarão respondendo.”

A Faixa de Gaza tem cerca de dois milhões de habitantes, dos quais 1.077 são cristãos e, desses, 133, católicos.

“Nossa paróquia é uma comunidade pequena, mas bonita e forte. Os ortodoxos gregos também vêm a ela. Somos 133 católicos contando os 13 religiosos da comunidade do Verbo Encarnado. Nós nos dividimos para entrar em contato com as famílias para que sintam a proximidade espiritual e material da paróquia tanto os católicos como os ortodoxos, assim como as famílias pobres muçulmanas”, disse o sacerdote à ACI Prensa, serviço em espanhol do grupo ACI.

Presidente turco telefona a Francisco para falar de conflito em Israel



Papa Francisco falou por telefone com o presidente da Turquia, Recep Tayyp Erdogan, sobre o conflito entre Israel e palestinos hoje, 17 de maio, às 9h de Roma (5h horário de Brasília). O governo da Turquia foi o primeiro a divulgar que a conversa havia acontecido. Depois, a Sala de Imprensa da Santa Sé confirmou a chamada.

A atual crise entre Israel e palestinos começou pela ordem de despejo emitida pela Suprema Corte de Israel contra moradores de um bairro palestino de Jerusalém. Em 7 de maio, dia do encerramento do Ramadã muçulmanos palestinos entraram em confronto com a polícia israelense, que fechou o acesso à mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém.

A crise se agravou com a intervenção do grupo radical islâmico Hamas, que controla a faixa de Gaza, de onde lançou foguetes contra cidades israelenses. Israel respondeu com bombardeios contra alvos do Hamas em Gaza.

Nas audiências gerais dos dias 9 e 17 de maio, o papa Francisco conclamou ao diálogo e ao fim da violência na região.

Segundo o comunicado do governo turco divulgado pela agência italiana de notícias ANSA, Erdogan pediu ao papa um compromisso entre "muçulmanos, cristãos e toda a humanidade" para pôr fim ao "massacre" contra os palestinos.

Erdogan é presidente da Turquia desde 2014. De 2003 a 2014, foi primeiro-ministro do país. Líder do partido islamista Justiça e Desenvolvimento, Erdogan tem o projeto estratégico de pôr a Turquia como líder do mundo muçulmano, disputando a hegemonia com Arábia Saudita, Egito e Irã. Turquia e Irã não são países árabes. Daí sua intervenção na questão entre Israel e palestinos. O presidente turco ameaçou romper relações diplomáticas com Israel em 2017 caso Jerusalém fosse reconhecida como a capital do Estado de Israel. Israel considera Jerusalém sua capital e organizações palestinas reivindicam a cidade como capital de um eventual estado palestino. Poucos países do mundo reconhecem Jerusalém como capital israelense. A maior parte dos países do mundo mantêm suas embaixadas junto ao governo de Israel em Tel Aviv.

O apelo diplomático do presidente turco em favor dos palestinos na Faixa de Gaza ocorre em um momento tenso nas relações entre a Santa Sé e a Turquia.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Palavra de Vida: «Deus é amor: quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele.» (1 Jo 4, 16)



“Deus é amor”: é a definição mais luminosa de Deus na Sagrada Escritura, que aparece apenas duas vezes, precisamente neste texto, uma carta ou talvez uma exortação que ecoa o quarto Evangelho. De facto, o autor é um discípulo que dá testemunho da tradição espiritual do apóstolo João. Ele escreve a uma comunidade cristã do primeiro século que, infelizmente, já se confrontava com uma das provas mais dolorosas, ou seja, a discórdia, a divisão quer no âmbito da fé, quer do testemunho. Deus é amor: Ele, enquanto Trindade, vive em si mesmo a plenitude da comunhão e transmite este amor às suas criaturas. A quantos o acolhem, dá-lhes o poder de se tornarem seus filhos (1), com o seu próprio DNA, capazes de amar. E o Seu é um amor gratuito, que liberta de todo o medo e timidez (2). 

Depois, para que se realize a promessa da recíproca comunhão: nós em Deus e Deus em nós, é necessário “permanecer” neste mesmo amor ativo, dinâmico, criativo. Por conseguinte, os discípulos de Jesus são chamados a amarem-se uns aos outros, a dar a vida; são chamados a partilhar os bens com quem se encontra em necessidade. Com este amor, a comunidade permanece unida, profética, fiel. 

«Deus é amor: quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele.» 

É um anúncio forte e claro também para nós, hoje, que nos podemos sentir esmagados por acontecimentos imprevisíveis e dificilmente controláveis, como a pandemia ou outras tragédias pessoais ou coletivas. Sentimo-nos perdidos e as- sustados, mais tentados a fecharmo-nos em nós mesmos, a levantar muros para nos protegermos daqueles que parecem ameaçar as nossas seguranças, do que a construir pontes para nos encontrarmos. 

Nestas circunstâncias, como é possível continuar a acreditar no amor de Deus? É possível continuar a amar?

Josiane, libanesa, estava longe do seu país quando teve conhecimento da terrível explosão no porto de Beirute, em agosto de 2020. Confidencia aos que, como ela, vivem a Palavra de vida: «No meu coração senti dor, cólera, angústia, tristeza, confusão. Irrompia com força a pergunta: não bastava o que o Líbano já tinha sofri- do antes? Pensava naquele bairro arrasado, onde nasci e vivi; onde, agora, familiares e amigos morreram, estão feridos ou ficaram desalojados; onde os prédios, as escolas, os hospitais, que conheço muito bem, estão destruídos.

Procurei estar próxima da minha mãe e dos meus irmãos, responder às muitas mensagens de tantas pessoas que declaravam solidariedade, afeto, oração; escutando a todos, nesta profunda ferida que se tinha aberto. Queria acreditar, e ACREDITO, que estes encontros com quem sofre são um chamamento ao qual temos que responder com o amor que Deus colocou no nosso coração.

Para além das lágrimas, descobri uma luz ao ver tantos libaneses, muitos deles jovens, que se ergueram, olharam à sua volta e prestaram auxílio aos que se encontravam em necessidade. Nasceu em mim a esperança que surjam muitos jovens dispostos a comprometerem-se seriamente na política, convencidos que a solução se encontra no diálogo verdadeiro, na concórdia, em descobrirmo-nos irmãos, porque o somos de fato. 

Padre prega contra falsas doutrinas e é repreendido por bispo



O padre Luciano de Almeida foi acusado de racismo e preconceito por uma associação de defesa de religiões afro-brasileiras por advertir os fiéis sobre superstições e falsas doutrinas durante uma homilia no domingo do Bom Pastor, 25 de abril na paróquia Senhor Bom Jesus, em Taquara (RS). A diocese de Novo Hamburgo emitiu nota oficial em que pediu “desculpas às diversas entidades religiosas pelo acontecido e em especial às de raiz africana”. À ACI Digital, o padre disse que continuará ensinando o que afirma a doutrina católica. “Vou continuar com o mesmo jeito de pregar, porque não falo para agradar os outros, falo para agradar a Deus”.

Ao pregar sobre o Bom Pastor, padre Luciano afirmou que “o que não é de Deus, o que não é voz do Senhor, o que não conduz à eternidade não pode fazer parte da minha vida”.

“Como pode um católico querer que sua vida vá adiante, que sua casa, sua família, seu rebanho persevere, se dentro de casa tem buda, tem bruxa, tem incenso comprado em lojas de macumba para aromatizar o ambiente?”, perguntou.

O pároco disse que “dói o coração” saber que há pessoas que vão à missa, mas, durante a semana, frequentam centro espírita, acreditam em horóscopo, em astrologia, ou que têm objetos supersticiosos em casa, mas não têm “nenhuma cruz na parede”.

“Dói saber que vão ao centro espírita para poder ser enganado pelo demônio dizendo que aquele que faleceu está lá falando comigo. Mentira! O homem nasce uma vez só e morre. E o único que fala a nós é Jesus e as pessoas que Jesus permitiu que aparecessem a nós como testemunhas da sua ressurreição, e estas pessoas se resumem a uma só, a Virgem Maria”, disse. O sacerdote também citou alguns costumes de outras religiões, que envolvem sacrifício animal e o uso de sangue, e afirmou que “o único sangue que redimiu foi o de Cristo”.

Além disso, alertou os pais sobre “ideologias que muitos colégios estão colocando na cabeça dos filhos de vocês: o comunismo, o socialismo, o feminismo. Fiquem atentos!”.

Padre Luciano também perguntou: “quando é que você vai ouvir de verdade a voz de Deus?”. Em seguida, falou sobre o batismo, “que produz em nós um marca indelével”, isto é, que “ninguém pode tirar”. “Quando nós chegarmos diante do Senhor, Ele vai nos reconhecer, porque somos Dele”, disse e acrescentou que “só Jesus é capaz de nos levar ao céu, ninguém mais”.

Uma jovem começou a xingar o sacerdote ainda durante a celebração. Diante dos xingamentos, padre Luciano afirmou que o fato corroborava o que havia pregado. “Vocês estão vendo. Sou machista, sou preconceituoso... É a palavra de Deus. Vocês viram o que entrou no coração dos nossos jovens e foi muito bom que isso aconteceu, porque vemos como as coisas têm sido conduzidas. Assim, percebemos que o mal está em nossas casas”, disse.

A Associação Independente em Defesa das Religiões Afro Brasileiras (Asidrab) publicou nota de repúdio às declarações que classificou como “racistas e preconceituosas”. Afirmou ainda que as falas do pároco configuram “possível prática do crime de racismo religioso”.

“No caso ocorrido, no referido culto, há nítida incitação, por parte do padre, contra os adeptos de matriz africana e demais crenças”, disse a nota.

Além disso, a Asidrab disse que “as medidas administrativas, cíveis e criminais já estão sendo tomadas, e os envolvidos serão responsabilizados por isso”. No dia 29 de abril, a associação informou por meio de sua página no Facebook que o seu presidente, Pai Tiago de Bará, havia ido à Delegacia de Combate aos Crimes de Intolerância e registrado a ocorrência policial contra o padre Luciano de Almeida. O pároco, porém, afirmou à ACI Digital que ainda não recebeu nenhuma notificação.

O caso teve grande repercussão nas redes sociais. A celebração foi transmitida por meio do Youtube, mas, a Diocese solicitou que o vídeo fosse excluído do canal, “o que foi feito de imediato”, segundo a nota da diocese.

Padre Luciano disse ver “com muita dor” toda a repercussão do caso, “porque foram jovens da paróquia que editaram o vídeo e publicaram, jovens que são a favor de aborto, de ideologias. Eles se sentiram ofendidos com minha homilia e editaram o vídeo”, relatou.

Quanto à medida judicial tomada pela Asidrab, padre Luciano diz ter conversado com um juiz que “disse que não cometi crime algum, pois estava falando para meus fiéis católicos”.

“Eu não preguei nada diferente, foi a mesma homilia nas três missas daquele dia. Falei apenas o que ensina a doutrina. E este sempre foi o meu modo de pregar”, disse.

Missa de Paulo Gustavo teve comunhão de seu companheiro e ataque à ‘homofobia’



A missa de sétimo dia do ator e humorista Paulo Gustavo foi celebrada na terça-feira dia 11 de maio ao pé do Cristo Redentor no Rio de Janeiro (RJ) com transmissão ao vivo pela TV. Paulo Gustavo, abertamente homossexual que vivia com o médico Thales Bretas com quem criava dois meninos, morreu no dia 4 de maio, aos 42 anos, de Covid-19. Ele estava internado desde 13 de março no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro.

Bretas, apresentado frequentemente pela mídia como “marido” do ator, discursou durante a missa. “O amor é transformador, e o nosso não só me evoluiu para sempre como alcançou milhares de famílias com o exemplo de tolerância, respeito e união”, disse. “Que sorte a minha viver um amor tão lindo, verdadeiro e correspondido, mesmo que por pouco tempo. Tínhamos tantos planos para tantos anos, acho que é para além dessa nossa encarnação”, referindo-se aparentemente à crença na reencarnação das almas que não é aceita pelo catolicismo.

A cineasta Susana Garcia, amiga e diretora de filmes de Paulo Gustavo falou do ator como um lutador em discurso durante a missa. “Em sua honra, seremos cada vez mais um imenso mar de força, determinação e coragem contra tudo que nega a vida”, disse a cineasta. “Você lutou contra o preconceito, contra o racismo, contra a homofobia! Você fazia esse país se curar através do riso”.

Bretas, como vários dos presentes, recebeu a comunhão do concelebrante, padre Jorge Luiz Neves, conhecido como padre Jorjão.

O Catecismo da Igreja Católica afirma no parágrafo 1385 que “aquele que tiver consciência dum pecado grave deve receber o sacramento da Reconciliação antes de se aproximar da Comunhão”. O mesmo catecismo define o homossexualismo como pecado grave.

Em entrevista à ACI Digital, padre Jorjão disse não ter acesso à consciência das pessoas para negar a Eucaristia.

Segundo o padre, antes da missa e do início da transmissão pela TV, o padre Omar Raposo, reitor do santuário do Cristo Redentor e celebrante principal, avisou “quem poderia comungar e como se comunga”, isto é, “teve todo um cuidado”.


Padre Jorjão disse que “não tinha como saber se ele (Bretas) se confessou ou não.

“Durante todo esse tempo que o Paulo Gustavo esteve internado ou até após a sua morte, ele pode ter se arrependido, se confessado. Quem poderá dizer se ele buscou a confissão nesses últimos dias?”, questionou.

Segundo o sacerdote, “se negasse a comunhão, poderia gerar um escândalo maior” e citou casos em que viu ser negada a comunhão e depois se soube que a pessoa poderia ter comungado.

“Pode receber a comunhão quem está em estado de graça”, disse padre Jorjão, e isso “foi avisado antes da Missa”. Entretanto, “é o fiel que vai saber se está em estado de graça ou não, o padre não tem como ler a consciência da pessoa. Se receber a comunhão sem estar em estado de graça, a responsabilidade é do fiel”.

À ACI Digital, o sacerdote citou as palavras de São Paulo: “Quem comer o pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, cada qual a si mesmo e então coma desse pão e beba deste cálice; pois quem come e bebe, sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação”.