quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A Igreja fica temporariamente sem o seu pastor



A Igreja sente, a partir de agora, a falta de seu pastor que dirige a Igreja de Cristo. Nesse momento nós ficamos em oração e vigília para que Deus encaminhe um novo papa, sucessor de Pedro que possa guiar, com serenidade, a Igreja nesses tempos difíceis. Sabemos que a Igreja é instituição divina e sempre é assistida pelo Espirito Santo. Apesar dos erros humanos de alguns cristãos não apagam o brilho da Igreja no mundo. Ela é querida por Deus. O mundo passa por ondas que querem abalar a fé, mas quando temos a presença de Deus na nossa vida e na nossa comunidade de fé, tudo concorre para o bem dela. O amor de Deus transborda em todos os lugares onde está a Igreja de Cristo. O papa emérito Bento XVI soube guiar com coragem esta Igreja e sabe que com a graça de Deus será um grande homem de oração pela nossa Igreja.

A Sé Apostólica está vacante. Às 20h de Roma (16h em Brasília) a Igreja entrou no período de vacância. A partir de agora, Bento XVI , o Papa emérito, não é mais o Pontífice da Igreja Católica e o trono de Pedro está vazio. Em Castel Gandolfo, o momento foi simbolizado pelo som das badaladas dos sinos e o fechamento da porta da residência pontifícia. Os fiéis presentes gritavam “Viva o Papa”, enquanto se fechavam as portas. 

Outra ação marcante foi a ausência da Guarda Suíça: os oficiais recuaram as armas e deixaram a proteção do Papa. A segurança do local onde está Bento XVI será feita, a partir de agora, por uma guarda italiana. A página oficial do Vaticano na internet foi alterada também às 16h. No lugar da imagem de Bento XVI está agora escrito: “Apostolica Sedes Vacans” – A Sé Apostólica está vacante.

Padre Francisco Fernandez, brasileiro residente em Roma, relata o clima entre os religiosos nesse momento: “Aqui em nossa casa (Colégio Sacerdotal João Paulo II), há um clima de serenidade e aparente normalidade. Cada um, se interrogado pessoalmente, falará de um certo aperto no coração. Não é fácil para nós padres vermos a partida de um Papa de tamanha grandeza. Bento XVI nos deixa escrita uma página de Evangelho vivido. Talvez a palavra que melhor expresse o momento seja, de fato, aquela mais usada pelo Santo Padre esses dias: obrigado!” Nos próximos dias os cardeais se reunirão para definir a data do Conclave.

Assim, nós ficamos com coração apertado devido a saída desse papa que soube conduzir os cristãos católicos e a todos a palavra de Cristo que traz a paz, a unidade, a fraternidade e diálogo. Jesus sempre está conosco e não nos deixa só em nenhum momento. Ele que deu esse mandato a Pedro e a todos os seus sucessores de guiar a sua Igreja e apascentar o seu rebanho que agora fica temporariamente sem o pastor e vazio a cadeira de Pedro. Cabe a nós unir, com toda a Igreja, na oração de confiança em Deus para que seja escolhido um novo papa de acordo com o coração de Deus para enfrentar os desafios do momento presente e continuar nos confirmando na fé em Cristo, no seu magistério, onde podemos trilhar seguros rumos a eternidade, construindo o Reino já no nosso meio. Que haja um só coração em oração na fé, na esperança e na verdadeira caridade, amém! 


Jose Benedito Schumann Cunha*
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*Bacharel em teologia.
Fonte: Vocacionados Menores.

Agradecidos, Bento XVI



Com reverência e grande apreço, somos agradecidos pelo pontificado de Bento XVI que, como sucessor do apóstolo Pedro, ajudou a Igreja, em tempos de aceleradas mudanças e enormes desafios humanitários, a cumprir sua tarefa missionária: anunciar o Evangelho da vida, para fazer de todos discípulos e discípulas de Jesus Cristo.

O agradecimento reverente projeta luzes sobre um ministério exercido com extrema lealdade, humildade edificante, cultivado a partir de uma sabedoria temperada, admirável envergadura intelectual aliada a uma espiritualidade reveladora de uma profunda intimidade com Deus. Essas qualidades de Bento XVI, para além das vicissitudes humanas enfrentadas nas instituições todas, produzindo desafios relacionais e existenciais, traçou para a Igreja horizontes que a capacitaram ainda mais no enfrentamento das questões fundamentais da fé no seu diálogo imprescindível com a razão.


Um caminho exigente, na contramão de uma religiosidade entendida e vivida como mágica milagreira ou como lugar da conquista e de exercícios inadequados do poder que seduz, desfigura e distancia-se da condição de todos como servos da vinha do Senhor. Há de se recordar que Bento XVI, em 2005, dirigindo-se pela primeira vez à multidão presente na Praça de São Pedro, delineia a consciência clara de seu entendimento sobre sua pessoa e sobre seu ministério iniciante como sucessor de Pedro. Ele se apresenta - como não pode deixar de ser a apresentação dos discípulos de Jesus, sejam quais forem as circunstâncias, cargos, ofícios e responsabilidades - como simples servo da vinha do Senhor, chamado naquele momento ao exigente serviço como Papa.

Esse simples servo, com envergadura moral, intelectual e espiritual de gigante na fé, dialogou com seu Deus, em confiança amorosa, para decidir, por iluminação própria da fé e da inteligência, que era um bem maior concluir sua tarefa no ministério petrino. Sua renúncia causou, naturalmente, comoção e reações de grande surpresa. Ninguém destes tempos vivera uma situação semelhante. O inusitado da renúncia de um Papa, na realidade dos tempos atuais, em se considerando os enormes desafios vividos pela Igreja Católica, no enfrentamento de questões espinhosas, como a chaga da pedofilia, ou no diálogo com o mundo, quando se pensa a secularização e o relativismo ético, projetou um oceano de conjecturas e suposições.

No turbilhão de hipóteses e análises, muitas delas inadequadas, maliciosas e até perversas, uma luz de razão e humanismo focaliza a dimensão da fé. A renúncia do Papa Bento XVI desenha no horizonte da Igreja e também da sociedade contemporânea a mais genuína e indispensável lição do Evangelho. Sua renúncia se assenta, antes de tudo, na confiança no seu Mestre e Senhor e na mais qualificada conquista espiritual de simplicidade e humildade. Estas virtudes geram a coragem do desapego, a alegria da liberdade e a consciência lúcida do seu lugar, agora como orante no acompanhamento e sustento da Igreja na sua missão.

Houve quem jogou a hipótese de uma “descida da cruz”. Bento XVI, sabiamente e de modo sereno, ajusta a possível incompreensão, ponderando que não desceu da cruz, mas está aos pés do crucificado. Sublinha sua condição de discípulo e servo, jamais de Senhor e Salvador. A lição é desconcertante e interpelante. Não simplesmente porque é inusitado um Papa renunciar, mas, sobretudo, porque remete ao mais genuíno sentido de humildade e desapego para ajudar a humanidade e, particularmente, a Igreja no exercício mais essencial de seu peregrinar, aquele de fixar mais, acima de tudo, seu olhar em Jesus, o Salvador.

Este é o ensinamento que Bento XVI nos oferece como testemunho de fé, de sábia localização da condição humana nas mãos e no coração de Deus. Uma lição simples e profunda. Deus fez de Bento XVI um instrumento para indicar ao mundo contemporâneo e à sua Igreja que o terror da falta de sentido, os absurdos das lutas pelo poder, a desqualificação humana produzida pela maledicência e pelas arbitrariedades só têm cura quando se elege este lugar de simples servo da vinha para viver e para ser. Esta lição, aprendida e vivida, dará rumo novo à sociedade e à Igreja. Somos agradecidos, Bento XVI.


Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)

Bento XVI saberá quem é o novo Papa pelo anúncio oficial



Respondendo a perguntas de jornalistas, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé reiterou que Bento XVI saberá da eleição do novo Papa somente no anúncio público do Cardeal Protodiácono (no Habemus Papam, ndr) a ser feito, como de costume, no Balcão central da Basílica de São Pedro.

No final da manhã desta quinta-feira o religioso jesuíta, Pe. Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé,  concedeu uma coletiva para repercorrer a audiência dos cardeais com o Papa e para explicar alguns procedimentos dos próximos dias e para esta quinta-feira, final do Pontificado.

De fato, Pe. Lombardi havia antecipado que Bento XVI lançaria seu último tweet no momento de deixar o Vaticano. O twett foi lançado às 17h15 locais, com a seguinte mensagem: "Obrigado pelo vosso amor e o vosso apoio! Possais viver sempre na alegria que se experimenta quando se põe Cristo no centro da vida".
"Depois, como o Pontifício Conselho das Comunicações Sociais havia esclarecido, a conta Pontifex ficará suspensa durante o período de sé vacante, podendo ser retomada pelo novo Papa, se ele o quiser, se o considerar oportuno.

Haverá outros momentos salientes que serão transmitidos pelo Centro Televiso Vaticano (CTV).

O CTV transmitiu ao vivo as imagens do fechamento da porta da residência pontifícia de Castel Gandolfo, às 20h locais, horário do encerramento do Pontificado de Bento XVI. No meso horário, no Vaticano, foram colocados alguns simples lacres no apartamento pontifício e no elevador que conduz ao mesmo.

Pe. Lombardi ressaltou no início da coletiva que foram 144 os cardeais presentes na Sala Clementina, no Vaticano, no encontro da manhã desta quinta-feira com o Papa, e evidenciou algumas passagens do discurso que Bento XVI dirigiu aos purpurados. De fato, destacou o ato de obediência que o Papa já fez a seu sucessor.

"É muito bonito e também muito original, disse Pe. Lombardi. Justamente nos impressionou e nos revela a atitude com a qual o Papa vive e viverá essa eleição."

E sobre o anel do pescador, Pe. Lombardi afirmou que o mesmo será inutilizado:

"Daquilo que eu sei, no passado, quer o carimbo, quer o selo de chumbo, quer o anel não precisavam ser destruídos de modo a não sobrar nem mesmo um só pedaço. Basta que sejam danificados de modo tal que não sejam mais funcionais para aquilo a que servem."

Todos os dias se terá, neste período de vacância da Santa Sé, às 13h locais, uma coletiva com os jornalistas, foi o que afirmou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi.
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Fonte: CNBB.

Em clima de despedida, Castel Gandolfo acolhe Bento XVI

Papa Bento transmite saúda os fiéis de Castel Gandolfo


A pequena cidade de Castel Gandolfo recebeu o Papa Bento XVI na tarde desta quinta-feira, 28, após ter deixado o Vaticano no fim do seu pontificado. O helicóptero do Papa pousou na cidade situada na região do Lácio, na Itália, às 17h24 (horário de Roma), às 13h24 pelo horário de Brasília.

Já na sacada da residência, com breves palavras, o Papa se dirigiu ao povo agradecendo o carinho com que foi recebido e afirmando que se sente muito bem com a presença de cada fiel. 

Bento XVI destacou que os próximos dias em Gandolfo serão, não como Pontífice, mas como peregrino, “um peregrino que conclui a última etapa de sua peregrinação”, disse o Pontífice.

“Gostaria ainda com meu coração, trabalhar pelo bem comum, pelo bem da Igreja e da humanidade. Vamos em frente com o Senhor pelo bem da Igreja e do mundo”, afirmou.

O Papa concluiu a breve fala abençoando os fiéis e desejando a todos uma boa noite.

Milhares de fiéis aguardavam a chega de Bento XVI em frente à residência pontifícia onde ficará hospedado o Santo Padre até o término do Conclave.

Os fiéis recepcionaram o Papa com faixas expressando apoio oracional e palavras de gratidão ao Pontífice que durante quase oito anos governou a Igreja de Cristo.
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Por: André Alves - da redação

Fonte: Canção Nova.

Bento XVI deixa o Vaticano e segue para Castel Gandolfo

Bento XVI deixa o Vaticano e segue para Castel Gandolfo


Exatamente às 16h58h (horário de Roma, 12h58h em Brasília), o Papa Bento XVI deixou o Vaticano, após receber vários cumprimentos.

O Papa se dirigiu de automóvel para o heliporto, onde embarcou às 17h07 (13h07 em Brasíla) para Castel Gandolfo, trajeto que tem duração média de 15 minutos.

Bento XVI sobrevoou vários locais da cidade de Roma antes de seguir viagem.

Uma multidão de fiéis aguardam Bento XVI no Palácio Apostólico de Castel Gandolfo. Ali o Santo Padre deve dirigir uma pequena saudação aos fiéis.

A Sede vacante terá início às 20h (horário de Roma, 16h em Brasília) desta quinta-feira, 28. A partir desse momento, Bento XVI será chamado Papa emérito ou Romano Pontífice Emérito.

Bento XVI ficará em Castel Gandolfo até meados do mês de maio, quando ingressará no Mosteiro Mater Ecclesia, no Vaticano.
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Por: Kelen Galvan
Da Redação



Papa Bento XVI posta sua última mensagem no Twitter

O Papa Bento XVI twittou nesta quinta-feira, 28, sua última mensagem como Pontífice, via twitter – @pontifex.

Na mensagem, o Santo Padre escreve: “Obrigado pelo vosso amor e o vosso apoio! Possais viver sempre na alegria que se experimenta quando se põe Cristo no centro da vida”.

A menção do Papa na rede social tinha sido prevista durante coletiva de imprensa, nesta manhã, no Vaticano, e ocorre no momento em que Bento XVI deixa o Santa Sé e segue para Castel Gandolfo.

Após esse último tweet, conforme já havia pontuado o Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, o perfil do Papa no twitter ficará suspenso, deixando a possibilidade do novo Papa retomá-lo, caso queira.
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Por: André Alves
Da redação
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Fonte: Canção Nova.

Bento XVI garante reverência e obediência ao novo Papa



Na manhã desta quinta-feira, 28 de fevereiro, o Papa Bento XVI teve um encontro com os membros do Colégio dos Cardeais, renovou seu compromisso de permanecer unido a todos, pediu que permaneçam em oração e declarou, solenemente, incondicionada reverência e obediência ao futuro Papa.

Assim como o cardeal Sodano, o Papa também citou a experiência dos discípulos de Emaús, afirmando que também para ele foi uma alegria caminhar em companhia dos cardeais nesses anos na luz da presença do Senhor ressuscitado. 

Como disse ontem diante de milhares de fiéis que lotavam a Praça S. Pedro, a solidariedade e o conselho do Colégio foram de grande ajuda no seu ministério. “Nesses oito anos, vivemos com fé momentos belíssimos de luz radiosa no caminho da Igreja, junto a momentos em que algumas nuvens se adensaram no céu. Buscamos servir Cristo e a sua Igreja com amor profundo e total. Doamos a esperança que nos vem de Cristo e que é a única capaz de iluminar o caminho. Juntos, podemos agradecer ao Senhor que nos fez crescer na comunhão. Juntos, podemos pedir para que nos ajude a crescer ainda nessa unidade profunda, de modo que o Colégio dos Cardeais seja como uma orquestra, onde as diversidades, expressão da Igreja universal, concorrem à superior e concorde harmonia.

Aos Cardeais, o Papa expressou “um pensamento simples” sobre a Igreja e sobre o seu mistério, que constitui para todos nós a razão e a paixão da vida, escrita por Romano Guardini. Ou seja, de que a Igreja não é uma instituição excogitada, mas uma realidade viva. Ela vive do decorrer do tempo, transformando-se, mas em sua natureza permanece sempre a mesma. O seu coração é Cristo.

“Parece que esta foi a nossa experiência ontem na Praça. Ver que a Igreja é um corpo vivo, animado pelo Espírito Santo, e vive realmente da força de Deus. Ela está no mundo, apesar de não ser do mundo. É de Deus, de Cristo, do Espírito Santo e nós o vimos ontem. Por isso é verdadeira e eloquente a outra famosa expressão de Guardini:

A Igreja se desperta no ânimo das pessoas. A Igreja vive, cresce e se desperta nos ânimos que, como a Virgem Maria, acolhem a palavra de Deus e a concebem por obra do Espírito Santo. Oferecem a Deus a própria carne e o próprio trabalho em sua pobreza e humildade, se tornando capazes de gerar Cristo hoje no mundo.

Através da Igreja, disse o Papa, o mistério da encarnação permanece presente sempre. E fez um apelo aos Cardeais:

“Permaneçamos unidos, queridos irmãos, neste mistério, na oração, especialmente na Eucaristia cotidiana, e assim serviremos a Igreja e toda a humanidade. Esta é a nossa alegria que ninguém pode nos tirar. Antes de saudá-los pessoalmente, desejo dizer que continuarei próximo com a oração, especialmente nos próximos dias, para que sejais plenamente dóceis à ação do Espírito Santo na eleição do novo Papa. Que o Senhor vos mostre quem Ele quer. E entre vós, entre o Colégio dos cardeais, está também o futuro Papa, ao qual já hoje prometo a minha incondicionada reverência e obediência.”
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Fonte: CNBB.

O afeto dos cardeais ao Papa



“Hoje, queremos mais uma vez expressar-lhe toda a nossa gratidão.” Assim, o Decano do Colégio Cardinalício, Card. Angelo Sodano, saudou o Papa Bento XVI, na Sala Clementina, em nome de todos os cardeais presentes em Roma.

“Com grande trepidação, os Padres Cardeais se unem ao seu redor, Santidade, para manifestar-lhe mais uma vez seu profundo afeto e expressar-lhe viva gratidão por seu testemunho de abnegado serviço apostólico, pelo bem da Igreja de Cristo e de toda a humanidade.” 

Recordando as palavras pronunciadas pelo Pontífice sábado passado, no final dos Exercícios Espirituais, quando agradeceu a todos por esses quase oito anos, durante os quais seus colaboradores carregaram com competência, afeto, amor e fé o peso do ministério petrino, o Cardeal afirmou que é o Colégio que deve agradecer pelo exemplo que o Papa deu em todo este período:

“Em 19 de abril de 2005, Sua Santidade se inseriu na longa cadeia de Sucessores do Apóstolo Pedro e hoje, 28 de fevereiro de 2013, está prestar a deixar-nos, à espera que o timão da barca de Pedro passe a outras mãos. Assim, prosseguirá a sucessão apostólica, que o Senhor prometeu à sua Santa Igreja, até quando se ouvir sobre a terra a voz do Anjo do Apocalipse que proclamará ‘Já não haverá mais tempo... então o mistério de Deus estará consumado’. Terminará assim a história da Igreja, com a história do mundo, com o advento de novos céus e terra nova.”

O Cardeal Sodano afirmou que, “com profundo amor”, os cardeais tentaram acompanhá-Lo no seu caminho, revivendo a experiência dos discípulos de Emaús, os quais, depois de caminharam com Jesus, disseram um ao outro: ‘Não ardia o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho?’.

“Sim, Padre Santo, saiba que o nosso coração também ardia enquanto caminhávamos juntos nesses últimos oito anos. Hoje, queremos mais uma vez expressar-lhe toda a nossa gratidão. Em coro, repetimos uma expressão típica de sua querida terra natal: ‘Vergelt's Gott’, Deus lhe pague!”
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Fonte: CNBB.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Na íntegra, última Catequese de Bento XVI



Catequese 
Praça São Pedro
Quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


Venerados irmãos no Episcopado e no Sacerdócio!
Ilustres Autoridades!
Queridos irmãos e irmãs!

Agradeço-vos por terem vindo em tão grande número para esta minha última Audiência geral.

Obrigado de coração! Estou realmente tocado! E vejo a Igreja viva! E penso que devemos também dizer um obrigado ao Criador pelo tempo belo que nos doa agora ainda no inverno.

Como o apóstolo Paulo no texto bíblico que ouvimos, também eu sinto no meu coração o dever de agradecer sobretudo a Deus, que guia e faz crescer a Igreja, que semeia a sua Palavra e assim alimenta a fé no seu Povo. Neste momento a minha alma se expande para abraçar toda a Igreja espalhada no mundo; e dou graças a Deus pelas “notícias” que nestes anos do ministério petrino pude receber sobre a fé no Senhor Jesus Cristo, e da caridade que circula realmente no Corpo da Igreja e o faz viver no amor, e da esperança que nos abre e nos orienta para a vida em plenitude, rumo à pátria do Céu.


Sinto levar todos na oração, um presente que é aquele de Deus, onde acolho em cada encontro, cada viagem, cada visita pastoral. Tudo e todos acolho na oração para confiá-los ao Senhor: para que tenhamos plena consciência da sua vontade, com toda sabedoria e inteligência espiritual, e para que possamos agir de maneira digna a Ele, ao seu amor, levando frutos em cada boa obra (cfr Col 1,9-10).

Neste momento, há em mim uma grande confiança, porque sei, todos nós sabemos, que a Palavra de verdade do Evangelho é a força da Igreja, é a sua vida. O Evangelho purifica e renova, traz frutos, onde quer que a comunidade de crentes o escuta e acolhe a graça de Deus na verdade e vive na caridade. Esta é a minha confiança, esta é a minha alegria.

Quando, em 19 de abril há quase oito anos, aceitei assumir o ministério petrino, tive a firme certeza que sempre me acompanhou: esta certeza da vida da Igreja, da Palavra de Deus. Naquele momento, como já expressei muitas vezes, as palavras que ressoaram no meu coração foram: Senhor, porque me pedes isto e o que me pede? É um peso grande este que me coloca sobre as costas, mas se Tu lo me pedes, sobre tua palavra lançarei as redes, seguro de que Tu me guiarás, mesmo com todas as minhas fraquezas. E oito anos depois posso dizer que o Senhor me guiou, esteve próximo a mim, pude perceber cotidianamente a sua presença. Foi uma parte do caminho da Igreja que teve momentos de alegria e de luz, mas também momentos não fáceis; senti-me como São Pedro com os Apóstolos na barca no mar da Galileia: o Senhor nos doou tantos dias de sol e de leve brisa, dias no qual a pesca foi abundante; houve momentos também nos quais as águas eram agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia dormir. Mas sempre soube que naquela barca está o Senhor e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é Sua. E o Senhor não a deixa afundar; é Ele que a conduz, certamente também através dos homens que escolheu, porque assim quis. Esta foi e é uma certeza, que nada pode ofuscá-la.  E é por isto que hoje o meu coração está cheio de agradecimento a Deus porque não fez nunca faltar a toda a Igreja e também a mim o seu consolo, a sua luz, o seu amor.

Estamos no Ano da Fé, que desejei para reforçar propriamente a nossa fé em Deus em um contexto que parece colocá-Lo sempre mais em segundo plano. Gostaria de convidar todos a renovar a firme confiança no Senhor, a confiar-nos como crianças nos braços de Deus, certo de que aqueles braços nos sustentam sempre e são aquilo que nos permite caminhar a cada dia, mesmo no cansaço. Gostaria que cada um se sentisse amado por aquele Deus que doou o seu Filho por nós e que nos mostrou o seu amor sem limites. Gostaria que cada um sentisse a alegria de ser cristão. Em uma bela oração para recitar-se cotidianamente de manhã se diz: “Adoro-te, meu Deus, e te amo com todo o coração. Agradeço-te por ter me criado, feito cristão…”. Sim, somos contentes pelo dom da fé; é o bem mais precioso, que ninguém pode nos tirar! Agradeçamos ao Senhor por isto todos os dias, com a oração e com uma vida cristã coerente. Deus nos ama, mas espera que nós também o amemos!

Mas não é somente a Deus que quero agradecer neste momento. Um Papa não está sozinho na guia da barca de Pedro, mesmo que seja a sua primeira responsabilidade. Eu nunca me senti sozinho no levar a alegria e o peso do ministério petrino; o Senhor colocou tantas pessoas que, com generosidade e amor a Deus e à Igreja, ajudaram-me e foram próximas a mim. Antes de tudo vós, queridos Cardeais: a vossa sabedoria, os vossos conselhos, a vossa amizade foram preciosos para mim; os meus Colaboradores, a começar pelo meu Secretário de Estado que me acompanhou com fidelidade nestes anos; a Secretaria de Estado e toda a Cúria Romana, como também todos aqueles que, nos vários setores, prestaram o seu serviço à Santa Sé: são muitas faces que não aparecem, permanecem na sombra, mas propriamente no silêncio, na dedicação cotidiana, com espírito de fé e humildade foram para mim um apoio seguro e confiável. Um pensamento especial à Igreja de Roma, a minha Diocese! Não posso esquecer os Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio, as pessoas consagradas e todo o Povo de Deus: nas visitas pastorais, nos encontros, nas audiências, nas viagens, sempre percebi grande atenção e profundo afeto; mas também eu quis bem a todos e a cada um, sem distinções, com aquela caridade pastoral que é o coração de cada Pastor, sobretudo do Bispo de Roma, do Sucessor do Apóstolo Pedro. Em cada dia levei cada um de vós na oração, com o coração de pai.

Gostaria que a minha saudação e o meu agradecimento alcançasse todos: o coração de um Papa se expande ao mundo inteiro. E gostaria de expressar a minha gratidão ao Corpo diplomático junto à Santa Sé, que torna presente a grande família das Nações. Aqui penso também em todos aqueles que trabalham para uma boa comunicação, a quem agradeço pelo seu importante serviço.

Neste ponto gostaria de agradecer verdadeiramente de coração todas as numerosas pessoas em todo o mundo, que nas últimas semanas me enviaram sinais comoventes de atenção, de amizade e de oração. Sim, o Papa não está nunca sozinho, agora experimento isso mais uma vez de um modo tão grande que toca o coração. O Papa pertence a todos e tantas pessoas se sentem muito próximas a ele. É verdade que recebo cartas dos grandes do mundo – dos Chefes de Estado, dos Líderes religiosos, de representantes do mundo da cultura, etc. Mas recebo muitas cartas de pessoas simples que me escrevem simplesmente do seu coração e me fazem sentir o seu afeto, que nasce do estar junto com Cristo Jesus, na Igreja. Estas pessoas não me escrevem como se escreve, por exemplo, a um príncipe ou a um grande que não se conhece. Escrevem-me como irmãos e irmãs ou como filhos e filhas, com o sentido de uma ligação familiar muito afetuosa. Aqui pode se tocar com a mão o que é a Igreja – não uma organização, uma associação para fins religiosos ou humanitários, mas um corpo vivo, uma comunhão de irmãos e irmãs no Corpo de Jesus Cristo, que une todos nós. Experimentar a Igreja deste modo e poder quase tocar com as mãos a força da sua verdade e do seu amor é motivo de alegria, em um tempo no qual tantos falam do seu declínio. Mas vejamos como a Igreja é viva hoje!

Nestes últimos meses, senti que as minhas forças estavam diminuindo e pedi a Deus com insistência, na oração, para iluminar-me com a sua luz para fazer-me tomar a decisão mais justa não para o meu bem, mas para o bem da Igreja. Dei este passo na plena consciência da sua gravidade e também inovação, mas com profunda serenidade na alma. Amar a Igreja significa também ter coragem de fazer escolhas difíceis, sofrer, tendo sempre em vista o bem da Igreja e não de si próprio.

Aqui, permitam-me voltar mais uma vez a 19 de abril de 2005. A gravidade da decisão foi propriamente no fato de que daquele momento em diante eu estava empenhado sempre e para sempre no Senhor. Sempre – quem assume o ministério petrino já não tem mais privacidade alguma. Pertence sempre e totalmente a todos, a toda a Igreja. Sua vida vem, por assim dizer, totalmente privada da dimensão privada. Pude experimentar, e o experimento precisamente agora, que se recebe a própria vida quando a doa. Antes disse que muitas pessoas que amam o Senhor amam também o Sucessor de São Pedro e estão afeiçoadas a ele; que o Papa tem verdadeiramente irmãos e irmãs, filhos e filhas em todo o mundo, e que se sente seguro no abraço da vossa comunhão; porque não pertence mais a si mesmo, pertence a todos e todos pertencem a ele.

O “sempre” é também um “para sempre” – não há mais um retornar ao privado. A minha decisão de renunciar ao exercício ativo do ministério não revoga isto. Não retorno à vida privada, a uma vida de viagens, encontros, recepções, conferências, etc. Não abandono a cruz, mas estou de modo novo junto ao Senhor Crucificado. Não carrego mais o poder do ofício para o governo da Igreja, mas no serviço da oração estou, por assim dizer, no recinto de São Pedro. São Benedito, cujo nome levo como Papa, será pra mim de grande exemplo nisto. Ele nos mostrou o caminho para uma vida que, ativa ou passiva, pertence totalmente à obra de Deus.

Agradeço a todos e a cada um também pelo respeito e pela compreensão com o qual me acolheram nesta decisão tão importante. Continuarei a acompanhar o caminho da Igreja com a oração e a reflexão, com aquela dedicação ao Senhor e à sua Esposa que busquei viver até agora a cada dia e que quero viver sempre. Peço-vos para lembrarem-se de mim diante de Deus e, sobretudo, para rezar pelo Cardeais, chamados a uma tarefa tão importante, e pelo novo Sucessor do Apóstolo Pedro: o Senhor o acompanhe com a sua luz e a força do seu Espírito.

Invoquemos a materna intercessão da Virgem Maria Mãe de Deus e da Igreja para que acompanhe cada um de nós e toda a comunidade eclesial; a ela nos confiemos, com profunda confiança.

Queridos amigos! Deus guia a sua Igreja, a apoia mesmo e sobretudo nos momentos difíceis. Não percamos nunca esta visão de fé, que é a única verdadeira visão do caminho da Igreja e do mundo. No nosso coração, no coração de cada um de vós, haja sempre a alegre certeza de que o Senhor está ao nosso lado, não nos abandona, está próximo a nós e nos acolhe com o seu amor. Obrigado!

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Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Fonte: Canção Nova