domingo, 10 de março de 2013

O inferno? Quase ninguém mais acredita nele!



A razão por que muitos em nossos tempos não acreditam no inferno, é que nunca tiveram explicação exata do que ele significa: é frequente conceber-se o inferno como castigo que Deus inflige de maneira mais ou menos arbitrária, como se desejasse impor-se vingativamente como Soberano Senhor; o réprobo seria atormentado maldosamente por demônios de chifres horrendos, em meio a um incêndio de chamas, etc. — Não admira que muitos julguem tais concepções inventadas apenas para incutir medo ; não seriam compatíveis com a noção de um Deus Bom.

Na verdade, o inferno não é mais do que a consequência lógica de um ato que o homem realiza de maneira consciente e deliberada aqui na terra; é o indivíduo quem se coloca no inferno (este vem a ser primàriamente um estado de alma; vão seria preocupar-se com a sua topografia) ; não é Deus quem, por efeito de um decreto arbitrário, para lá manda a criatura, é o que passamos a ver.

Admitamos que um homem nesta vida conceba ódio a Deus (ou ao Bem que ele julgue ser o Fim último, Deus) e O ofenda em matéria grave, empenhando toda a sua personalidade (pleno conhecimento de causa e liberdade de arbítrio); essa criatura se coloca num estado de habitual aversão ao Senhor. Caso morra nessas condições, sem retratar, nem mesmo no seu íntimo, o ódio ao Sumo Bem, que sorte lhe há de tocar ?


A morte confirmará definitivamente nessa alma o ódio de Deus, pois a separará do corpo, que é o instrumento mediante o qual ela, segundo a sua natureza, concebe ou muda suas disposições. Depois da morte, tal criatura de modo nenhum poderá desejar permanecer na presença de Deus; antes espontaneamente pedirá afastar-se d'Ele. Não será necessário que, para isto, .o Juiz supremo pronuncie alguma sentença; o Senhor apenas reconhecerá, da sua parte, a opção tomada pela criatura ; Ele a fez livre e respeitará esta dignidade, em hipótese nenhuma forçando ou mutilando o seu alvitre.

Eis, porém, que desejar afastar-se de Deus e permanecer de fato afastada, vem a ser, para a alma humana, o mais cruciante dos tormentos. Com efeito, toda criatura é essencialmente dependente do Criador, do qual reflete uma imagem ou semelhança ; por conseguinte, ela tende por sua própria essência a se conformar ao seu Exemplar (é a natureza quem o pede, antecedentemente a qualquer opção da vontade livre); caso o homem siga esta propensão, ele obtém a sua perfeição e felicidade. Dado, porém, que se recuse, a fim de servir a si mesmo, não pode deixar de experimentar os protestos espontâneos e veementíssimos da natureza violentada. A existência humana torna-se então dilacerada : o pecador sente, até nas mais recônditas profundezas do seu ser, o brado para Deus ; esse brado, porém, ele o sufocou e sufoca, para aderir a um fim inadequado, fim que, em absoluto, ele não quer largar apesar do terrível tormento que a sua atitude lhe causa. — Na vida presente, a dor que o ódio ao Sumo Bem acarreta, pode ser temperada pela conversão a bens aparentes, mas precários..., pela auto-ilusão ; na vida futura, porém, não haverá possibilidade de engano!

É nisto que consiste primariamente o inferno. Vê-se que se trata de uma pena infligida pela ordem mesma das coisas, não de uma punição especialmente escolhida , entre muitas outras por um Deus que se quisesse “vingar” da criatura. Em última análise, dir-se-á que no inferno só há indivíduos que nele querem permanecer. — A este tormento espiritual se acrescenta no inferno uma pena física, geralmente designada pelo nome de fogo; certamente não se trata de fogo material, como o da terra, mas de um sofrimento que as demais criaturas acarretam para o réprobo, e acarretam muito naturalmente. Sim; quem se incompatibiliza com o Criador não pode deixar de se incompatibilizar com as criaturas, mesmo com as que igualmente se afastaram de Deus (o pecador é essencialmente egocêntrico), de sorte que os outros seres criados postos na presença do réprobo vêm a constituir para este uma autêntica tortura (não se poderia, porém, precisar em que consiste tal tormento).

Por último, entende-se que o inferno não tenha fim ; há de ser tão duradouro quanto a alma humana, a qual por sua natureza é imortal; Deus não lhe retira a existência que lhe deu e que, em si considerada, é grande perfeição. Embora infeliz, o réprobo não destoa no conjunto da criação, pois por sua dor mesma ele proclama que Deus é a Suma Perfeição, da qual ele se alheou (é preciso, nos lembremos bem de que Deus, e não o homem, é o centro do mundo).

Não se pense em nova “chance” ou reencarnação neste mundo. Esta, de certo modo, suporia que Deus não leva a sério as decisões que o homem toma, empenhando toda a sua personalidade; o Senhor não trata o homem como criança que não merece respeito. De resto, a reencarnação é explicitamente excluída por textos da Sagrada Escritura como os que se acham citados sob o no 8 deste fascículo.

Eis a autêntica noção do inferno, que às vezes é encoberta por descrições demasiado infantis e fantasistas.


D. Estêvão Bettencourt
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Veja a propósito E. Bettencourt, A vida que começa com a morte (ed. AGIR) Cap. VI.
Fonte:  Revista Pergunte e Responderemos. No. 03, Julho de 1957. Pág. 10-12. 
Disponível em: Veritatis Splendor

sábado, 9 de março de 2013

Nota de Falecimento


A Equipe de Liturgia "Vida Nova" da Igreja Matriz perdeu hoje um importante membro: dona Helena. Ela encontrava-se internada há alguns dias e hoje pela manhã tendo algumas complicações veio a falecer. Oremos a Deus Pai todo-poderoso, que ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos e dará vida também aos nossos corpos mortais a fim de que Ele revele a dona Helena o esplendor de Sua face. Ao mesmo tempo manifestamos nossa solidariedade aos familiares e amigos, e também à equipe de Liturgia "Vida Nova" por meio do qual dona Helena dedicou grande parte de sua vida nos serviços a Deus e à Igreja. Que descanse em paz!

Atenciosamente, PNSPS.

O Centro da Unidade



O Papa, sucessor de Pedro, é antes de tudo a garantia da unidade, chefe visível da Igreja, segundo a determinação de Cristo: “Apascenta as minhas ovelhas [...] apascenta os meus cordeiros” (Jo 21, 15-19). Nunca houve da parte dos católicos papolatria, mas, sim, uma veneração especial para com aquele que pastoreia a grei do Filho de Deus. Enquanto comunidade que se insere na história, a Igreja possui uma organização social e uma estrutura hierárquica, sendo inegável o primado pontifício de acordo com os textos bíblicos.

Ao se falar da Igreja, porém, cumpre que nunca se esqueça o caráter teândrico da mesma. A Igreja na parte divina ela é incorruptível, na parte humana há falhas. Nota-se, por isto mesmo, em muitos textos apresentados na mídia ao ensejo da renúncia de Bento XVI uma terrível confusão no que concerne à eclesiologia. Há aspectos dogmáticos, morais, históricos que não podem ser abordados confusamente sob pena de se distorcer a verdade e causar confusão entre os fiéis. Impera então uma generalização perversa e se fala numa Igreja envelhecida, crepuscular, que se definha.


Aspectos históricos não podem ser analisados fora do contexto em que se deram. Assim, por exemplo, o Dictatus papae que foi um conjunto de 27 proposições publicado pelo Papa Gregório VII. Foi uma obra de direito canônico na Idade Média elaborada por canonistas que recolheram uma série de textos sob o poder papal num posicionamento claro diante dos Imperadores. Traduzir o Dictatus papae por Ditadura do Papa é já colocar uma análise preconceituosa do reflexo deste documento na história posterior da Igreja. Dictatus significa manifesto a ser divulgado. Sob o ponto de vista histórico a Igreja sempre enfrentou procelas, mas, assistida pelo Espírito Santo, princípio vital pelo qual ela recebe as forças divinas que nela atuam, nunca falhou na sua missão de salvação.

No século XIX, a título de exemplo, surgiram o iluminismo, o josefinismo, o febronianismo, as ideologias de Jean Jacques Rousseau e dos jacobinos, as agitações da Revolução Francesa. Entretanto, nunca deixou de haver uma restauração ou renovação no interior da Igreja que sempre contou também com grandes teólogos. Esforço secular para fazer Deus presente no mundo numa evangelização constante dos fiéis. O mesmo ocorreu no século XX e no início do novo milênio. Dentro desta multiplicidade de aspectos convém notar que a Cúria Romana é o órgão administrativo do Estado do Vaticano, constituído pelas autoridades que coordenam e organizam o funcionamento da Igreja Católica. Trata-se do governo da Igreja. Curia no latim medieval significa "corte" no sentido de "corte real", pelo que a Cúria Romana é a corte papal, que assiste o Papa nas suas funções. Circulam denúncias entre as quais o mau uso de dinheiro, disputas de poder, relações homossexuais e até um plano para revelar a homossexualidade do editor de uma publicação católica, tudo isso dentro da Cúria. É o lado humano da Igreja que o novo Papa terá que enfrentar. Qualquer desvio que signifique o desprezo de um dos dez preceitos do decálogo jamais será tolerado, não apenas a prostituição gay, prato preferido de certos puritanos que deveriam fazer um exame de consciência e reconhecer os próprios pecados e emendar de vida.

Ao comentar texto anterior deste articulista, um notável médico católico, residente no Rio de Janeiro, assim se expressou: “Sabe-se que não se muda a essência da doutrina. Medidas disciplinares, porém, são urgentes. Os padres sexualmente doentes devem ser afastados e alguns até eliminados de suas atividades. Tratamentos, em geral, são falhos. O mal que fazem é destrutivo. Hoje, as reações são maiores seja das vítimas, quanto de seus familiares. A repercussão disto é ruim. Não adianta tampar o sol com peneira com desculpas não muito aceitas”. Não há dúvida, porém, que o próximo Papa tomará todas as medidas necessárias para uma total renovação eclesiástica. Numa linguagem chula, grosseira, houve quem afirmasse que Bento XVI “jogou a toalha”, “chutou o balde”, obscurecendo assim a atitude corajosa de um sábio Pastor octogenário que consultou sua consciência, entrou em tertúlia com Deus, e percebeu que estava na hora de deixar o pontificado. O momento não é de críticas destrutivas, mas de muita oração da parte daqueles que verdadeiramente amam a Igreja de Jesus Cristo.


Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

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* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

O Ateísmo Marxista - parte III



A doutrina marxista, assumida em todos os seus aspectos, exige a abolição da religião, para devolver as pessoas à “realidade”e fazê-las sujeito do processo da redenção do ser humano. A pessoa, na medida mesma em que vive da religião, ausenta-se da realidade necessitada de transformação. O pressuposto marxista é de que a religião desvia a atenção dos problemas reais  oferecendo pseudo-soluções de mero consolo para as vítimas do sistema vigente e tranquilizando a consciência daqueles que, detendo o poder,  julgam-se benfeitores da humanidade.

Essa forma de compreender a religião cria uma verdadeira aversão pela experiência religiosa e chegou mesmo a se transformar em violento combate contra as instituições religiosas lá onde se implantou o chamado “socialismo real”, como nos lembrava o Concílio Vat. II: “Por isso, os que professam esta doutrina, quando alcançam o poder, atacam violentamente a religião, difundindo o ateísmo também por aqueles meios de pressão de que dispõe o poder público, sobretudo na educação da juventude.” (Vat. II, GS n.20). Isto nos lembra o fervor religioso com que Saulo devastava a Igreja lá em suas origens.


Ao abolir a religião a doutrina marxista se apropria de seu dinamismo e de sua força motivadora, agora transformados em mística política. Aqui se esconde a fascínio que a proposta marxista exerceu, sobretudo em jovens à procura de um sentido de vida que lhes justificasse o viver e o morrer.  O que pode ser traduzido assim: “deixemos de sonhar com a eternidade e ofereçamos nossa vida para realizar hoje, nessa terra, o reinado do povo”.

No último artigo nessa coluna procurei mostrar como as verdades fundamentais da fé cristã foram completamente esvaziadas de seu conteúdo teológico para ganharem um sentido exclusivamente antropológico materialista voltado para a prática política, considerada a política o lugar da ação capaz de instaurar o reino do Homem. Assim: “ a) a esperança de um novo céu e de uma nova terra - comunhão de todos no mistério da Trindade – se torna esperança de uma comunhão plena pela implantação do paraiso terrestre; b) o pecado original é substituido por outro mal radical: a propriedade particular dos meios de produção; c) a classe oprimida e crucificada ocupa o lugar do redentor crucificado, ressuscitando na história como força revolucionária para implantar a nova sociedade; d) o partido comunista substitui a Igreja, sendo ele a consciência do sentido da história e o instrumento através do qual a classe operária tomaria o poder; e) a mística religiosa se transforma em mística política, que exige a doação da própria vida.”

Pano de fundo a presidir a conversão do cristianismo em  humanismo político é o materialismo dialético, segundo o qual a matéria é eterna e está em permanente evolução chegando, com o aparecimento do ser humano a um estágio novo, devendo a partir de então evoluir para formas superiores de existência pela ação do ser humano sobre a natureza. Com  oparecimento da consciência começa a história humana que, desde seus inícios, deve ser entendida como a história da luta de classes: “A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história da luta de classes” (Manifesto Comunista 1848).

Marx profetizou o fim do capitalismo pela tomada do poder pela classe operária e pela conseqüente instauração do comunismo com um novo modo de produção onde a divisão entre capital e trabalho seria definitivamente superada. Só então teríamos uma humanidade plenamente reconciliada consigo mesma. O sonho com uma humanidade nova, com uma sociedade plena de justiça, ganhou força histórica e produziu os heróis e também os “mártires” da revolução socialista, que haveria de chegar a todos os recantos do mundo.

A mística político-revolucionária suscitou missionários sobretudo no meio da juventude. Che Guevara, argentino de nascimento, que, depois de atuar na revolução cubana, deixou Cuba para servir à revolução socialista na América latina, é o exemplo mais conhecido entre nós de consagração à causa do socialismo. O pensamento marxista ganhou espaço em nossas universidades sobretudo nos curso de ciências sociais e afins. Uma parcela considerável de nossa juventude universitária, sedenta de verdade e inconformada com as injustiças produzidas pelo capitalismo, aderiu ao marxismo como doutrina e como prática política. Membros da JUC (Juventude Universitária Católica) se sentiram impelidos a assumir a luta política em nome da própria fé.

O diálogo com o marxismo, a assunção de sua análise da sociedade e sua mística revolucionária instauraram uma profunda crise, também de fé, em muitos universitários cristãos. A aposta no processo revolucionário como a única via eficaz de transformação social e uma nova compreensão da vida de fé como práxis política tornaram, em muitos, secundária a experiência de Deus como fonte e fim último do próprio agir. A nova sociedade – o homem novo –, a sociedade liberta de todas as formas de opressão, se tornou o sentido último, a razão de ser do pensar e do viver. (continua).


Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues
Arcebispo de Sorocaba (SP)

sexta-feira, 8 de março de 2013

Cardeais decidem: Conclave começa na próxima terça, dia 12.



Na oitava Congregação Geral, realizada na tarde desta sexta-feira, 08 de março, o Colégio Cardinalício decidiu a data de início do Conclave que vai eleger o novo papa. Nesta terça, dia 12 de março, os 115 cardeais eleitores iniciam os trabalhos. No período da manhã, na Basílica de São Pedro, será celebrada a Missa ‘Pro eligendo Pontifice’ e na parte da tarde ocorre a entrada dos Cardeais na Capela Sistina. Os primeiros escrutínios já deverão se realizar na tarde do mesmo dia.


Mesmo com a data do Conclave confirmada, o Colégio Cardinalício realizará mais uma Congregação Geral neste sábado. O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, declarou em coletiva que os cardeais não poderão receber informações externas durante o Conclave, nem poderão ler jornais, ouvir rádio, assistir à TV ou acessar a internet, como prevê a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis. Serão instalados bloqueadores de comunicação para impedir o uso de equipamentos e dispositivos eletrônicos, como celulares, da mesma forma como já ocorre na Sala dos Sínodos, onde têm ocorrido as congregações gerais.

Ainda segundo o padre Lombardi, os cardeais não terão que passar por revista para entrar na Capela Sistina. Apenas os funcionários e demais pessoas devem ter de se submeter a um detector de dispositivos. Durante o período de reclusão para a escolha do novo Papa, os cardeais poderão se confessar.

Participarão do Conclave 115 cardeais, sendo necessário o voto favorável de 77 purpurados para eleger o Papa, ou seja, os 2/3 dos votantes.
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Fonte: CNBB.

Dia Internacional da Mulher



Oito de março é um dia especial para a humanidade. É o dia em que os homens reverenciam as mulheres e as mulheres recordam as conquistas alcançadas e se comprometem a seguir na luta pela superação das desigualdades. O dia em que homens e mulheres se unem para renovar o sonho de uma sociedade fraterna com iguais direitos para ambos os sexos.

Muitos encontros de mulheres acontecem na região por ocasião deste dia. Os maiores são promovidos pelos Sindicatos de Trabalhadores Rurais. São recordadas as conquistas obtidas com a luta das mulheres, particularmente o direito de serem chamadas de “trabalhadoras rurais” e terem direito à aposentadoria aos 55 anos de idade.  Outros encontros são promovidos pelos movimentos de mulheres, entidades de classe, igrejas e governos municipais. Em todos eles, basicamente, são recordadas as conquistas e apresentadas pautas de luta.

Reverência às mulheres



A comemoração do dia 8 de março projeta maior luminosidade na rica compreensão da dignidade e importância da mulher. Uma clareza que deve impulsionar modificações substanciais e mais rápidas no atual cenário, marcado pelos sucessivos casos de violência contra a mulher, particularmente no âmbito familiar. Uma situação inaceitável que precisa dar lugar à crescente participação das mulheres nos processos políticos, sociais, culturais, religiosos e familiares.

Na compreensão ajustada do significado da mulher no conjunto de processos da vida repousa uma força dinâmica com propriedades para mudar instituições e promover avanços significativos. É verdade que desde a Revolução Francesa várias conquistas foram alcançadas no que se refere ao reconhecimento da mulher, configurando, consequentemente, ganhos muito importantes para a vida e história da humanidade. Contudo, em razão de cristalizações nas culturas, fruto de compreensões não adequadas, atrasos ainda impedem uma participação mais efetiva. Assim, permanece o grande desafio de se conquistar um entendimento capaz de gerar novas posturas.

Nessa busca, uma rica referência é a Carta Apostólica sobre a Dignidade da Mulher, do bem-aventurado João Paulo II, publicada em 15 de agosto de 1988. É bem atual a referência à Mensagem Final do Concílio Vaticano II profetizando um tempo novo que ainda não acabou de chegar: “a hora vem, a hora chegou, em que a vocação da mulher se realiza em plenitude, a hora em que a mulher adquire no mundo uma influência, um alcance, um poder jamais alcançados até agora. Por isso, no momento em que a humanidade conhece mudança tão profunda, as mulheres iluminadas do Evangelho tanto podem ajudar para que a humanidade não decaia”.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Nota da CNBB pelo Dia Internacional da Mulher



Nós, bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunidos em Brasília-DF, de 05 a 07 de março, queremos homenagear todas as mulheres por ocasião do Dia Internacional da Mulher – 8 de março. Neste dia, em particular, “a Igreja agradece todas as manifestações do ‘gênio’ feminino surgidas no curso da história, no meio de todos os povos e Nações; agradece todos os carismas que o Espírito Santo concede às mulheres na história do Povo de Deus, todas as vitórias que deve à sua fé, esperança e caridade; agradece todos os frutos de santidade feminina” (Beato João Paulo II, A Dignidade da Mulher, n. 31).

Saudamos e agradecemos, de modo especial, às mulheres que, por sua vocação, missão e empenho na superação de todo tipo de violência, possibilitam a construção de uma cultura de paz no ambiente familiar e social. Reconhecemos que, “face a inúmeras situações de violência e tragédias, são quase sempre as mulheres que mantêm intacta a dignidade humana, defendem a família e tutelam os valores culturais e religiosos” e apontam sinais de esperança, como falou Bento XVI (Angola, 2009).


Ao mesmo tempo, lamentamos que ainda persistam situações em que a mulher seja discriminada ou subestimada por ser mulher. A Igreja, por sua missão, une-se a todas as pessoas de boa vontade para eliminar as pressões familiares e os argumentos sociais, culturais e até mesmo religiosos, que usam a diferença dos sexos para justificar atos de violência contra a mulher, tornando-a objeto de atrocidades e de exploração.

Alegra a todos nós e à sociedade constatar que, cada dia mais, cresce a consciência da dignidade e do papel da mulher, que fortalece seu protagonismo marcante e significativo na vida política, social, econômica, cultural e religiosa da sociedade brasileira.

Merecem, ainda, nosso reconhecimento e gratidão, a dinâmica presença e a atuação das mulheres na vida e na ação evangelizadora da Igreja, expressa pela sua vocação vivida no exercício dos vários ministérios, organismos, pastorais e serviços na construção do Reino de Deus no hoje de nossa história.

Desejamos que, no cuidado da vida e no exercício da caridade e da cidadania, as mulheres continuem sendo testemunho de perseverança nos caminhos que conduzem à justiça e à paz.

Nossa Senhora Aparecida, Mãe de Jesus e nossa, modelo de mulher, mãe, esposa e trabalhadora, ilumine e proteja as mulheres de nosso país.


Brasília-DF, 07 de março de 2013


Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Presidente da CNBB em exercício  

Dom Sergio Arthur Braschi
Bispo de Ponta Grossa - PR
Vice-Presidente da CNBB em exercício

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB