terça-feira, 21 de maio de 2013

O que é o mistério da Santíssima Trindade?



Antes de tudo é preciso explicar que a palavra mistério não quer dizer algo que seja impossível de existir ou de acontecer; mistério é apenas algo que a nossa inteligência não compreende. Se você, por exemplo, não é físico, a teoria da relatividade de Einstein é um mistério para você, mas não é para os físicos. Se você não é biólogo a complexidade da célula, dos cromossomos e dos gens pode ser um mistério, mas não é para aquele que estudou tudo isso.

Ora, Deus é um Mistério para todos nós, porque a Sua grandeza infinita não cabe na nossa inteligência limitada de criatura. Se entendesse Deus, este não seria o verdadeiro Deus. O Criador não pode ser plenamente entendido pela criatura; isto é lógico, é normal e é correto. Depois de tentar de muitos modos desvendar o Mistério da Santíssima Trindade, Santo Agostinho (†430) abdicou: ‘Deus não é para se compreendido, mas para ser adorado!” A criatura adora o seu Criador, mesmo sem o compreender perfeitamente. O pecado dos demônios foi não querer adorar a Deus seu Criador; quiseram ser deuses.

O Mistério da Santíssima trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Só Deus pode-se dar a conhecer, revelando-se como Pai, Filho e Espírito Santo. Foi Jesus sobretudo quem revelou o Pai, Ele como Deus, e o Espírito Santo; isto não foi invenção da Igreja. 


A verdade revelada da Santíssima Trindade está nas origens da fé viva da Igreja, principalmente através do Batismo. “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós” (2Cor 13,13; cf. 1Cor 12,4-6; Ef 4,4-6) já pronunciavam os Apóstolos.

Deus é o Infinito de todas as potencialidades que possamos imaginar. Ele é Incriado; não foi feito por ninguém, não teve principio e não terá fim; isto é, é Eterno. A criatura não é eterna, pois um dia ela começou a existir; não era, e passou a ser, porque o Incriado a criou num ato de liberdade plena e de amor. O fato de você existir já é uma grande prova do amor de Deus por você; Ele quis que você existisse e o criou. 

Deus é espírito (Jo 4, 24) não é feito de matéria criada, pois foi ele quem criou toda matéria que existe fora do nada; logo não poderia ter sido feito de matéria. Muitos têm dificuldade de entender a existência de um ser não carnal, espiritual, como os Anjos, Deus e a nossa alma; mas eles existem de fato. Ora, você não vê a onda eletromagnética que leva o sinal do rádio e da tv, mas você não duvida de que ela exista. Da mesma forma você não pode ver os anjos e a alma, mas eles existem. 

Deus é Perfeitíssimo; Nele não há sombra de defeito ou de erro; Ele não pode se enganar e não pode enganar ninguém; não pode fazer o mal. Ninguém pode acusar Deus de fazer o mal; Ele só pode fazer o bem. Ele pode “permitir” que o mal nos atinja para a nossa correção (Hb 12, 4ss) e mudança de vida; mas Ele nunca pode criar o mal e nos mandar o mal. O mal vem da nossa imperfeição como criatura e do nosso pecado (Rm 6,23).

Deus é Onipotente (Gn 17,1; 28,3; 35,11; 43,14; Ex 6,3; Ap 1,8; 4,8; 11,17; 16,14; 21,22); pode tudo; nada lhe é impossível. “A Deus nada é impossível” (Lc 1, 37) disse o Arcanjo Gabriel a Maria na Anunciação. Não há alguma coisa que você possa imaginar que Deus não possa fazer simplesmente com o seu querer. Basta um pensamento Seu, uma Palavra, e tudo será feito porque Ele tem poder Infinito. Por isso só Deus pode criar, só Ele pode “tirar algo do nada”; só Ele pode chamar à existência um ser que não existia; a partir do nada. Para fazer um bolo a cozinheira precisa da matéria prima; Deus não precisa. A cozinheira “faz” o bolo, Deus “cria” a partir do nada. 

Deus também é Onisciente; quer dizer sabe tudo; ninguém consegue esconder nada de Deus; Ele tudo vê. Deus é Onipresente (Sl 139,7; Sb 1,7; Eclo 16,17-18; Jr 23,24; Am 9,2-3; Ef 1,23); está em toda parte, porque é puro espírito. Diz o Salmista: “Senhor, Vós me perscrutais e me conheceis. Sabeis tudo de mim, quando me sento e me levanto... Para onde irei longe de teu Espírito? Para onde fugirei apartado de tua face? Se subir até os céus, Vós estais ali, se descer para o abismo eu Vos encontro lá.” (Sl 138,1-7)

E Deus é muito mais; Deus é nosso Pai amoroso com ensinou Jesus. É Amor (1Jo 4,8.) É fonte de vida e santidade (Rm 6,23; Gl 6,8; Ef 1,4-5; 1Ts 4,3; 2Ts 2,13-17). É ilimitado ( 1Rs 8,27; Jr 23,24; At 7,48-49). É misericordioso (Ex 34,6; 2Cr 30,9; Sl 25,6; 51;1; Is 63,7; Lc 6,36; Rm 11,32; Ef 2,4; Tg 5,11). É o Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis (Gn 1,1; Jó 26,13; Sl 33,6; 148,5; Pv 8,22-31; Eclo 24,8; 2Mc 7,28; Jo 1,3; Cl 1,16; Hb 11,3). É o Juiz do universo (1Sm 2,10; 1Cr 16,33; Ez 18,30; Mt 16,27; At 17,31; Rm 2,16; 2Tm 4,1; 1Pd 4,5).

Deus é uno (Dt 32,39; Is 43,10; 44,6-8; Os 13,4; Ml 2,10; 1Cor 8,6; Ef 4,6); não pode haver mais de um Deus simplesmente pelo fato de que se houvesse dois deuses, um deles seria inferior ao outro; e Deus não pode ser inferior a nada; Ele é absoluto.

A Trindade é Una. Não professamos três deuses, mas um só Deus em três pessoas: “a Trindade consubstancial”, ensinou o II Concílio de Constantinopla em 431 (DS 421 ). As pessoas divinas não dividem entre si a única divindade, mas cada uma delas é Deus por inteiro: “O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai, o Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus por natureza” (XI Concílio de Toledo, em 675, DS 530). “Cada uma das três pessoas é esta realidade, isto é, a substância, a essência ou a natureza divina” (IV Conc. Latrão, em 1215, DS 804).

“Deus é único, mas não solitário” disse o Papa Dâmaso (Fides Damasi, DS 71). “Pai”, “Filho”, “Espírito Santo” não são simplesmente nomes que designam modalidades do ser divino, pois são realmente distintos entre si: “Aquele que é Pai não é o Filho, e aquele que é o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho” (XI Conc. Toledo, em 675, DS 530). São distintos entre si por suas relações de origem: “É o Pai que gera, o Filho que é gerado, o Espírito Santo que procede” (IV Conc. Latrão, e, 1215, DS 804). A Unidade divina é Trina.

“Por causa desta unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo, todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho” (Conc. Florença, em 1442, DS 1331).

O Símbolo Quicunque de Santo Atanásio assim explicava: “A fé católica é esta: que veneremos o único Deus na Trindade, e a Trindade na unidade, não confundindo as pessoas, nem separando a substância: pois uma é a pessoa do Pai, outra, a do Filho, outra, a do Espírito Santo; mas uma só é a divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, igual a glória, co-eterna a majestade”(DS 75). 

A Santíssima Trindade e inseparável naquilo que são, e da mesma forma o são naquilo que fazem. Mas na única operação divina cada uma delas manifesta o que lhe é próprio na Trindade, sobretudo nas missões divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo.

Pela graça do Batismo “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19) somos chamados a compartilhar da vida da Santíssima Trindade, aqui na terra, mesmo na obscuridade da fé, e para além da morte, na luz eterna. Esta é a nossa magnífica vocação. 

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo! 
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Autor: Prof. Felipe Aquino
Fonte: Cléofas
Disponível em: Comunidade Católica Shalom

Continuam inscrições para a Jornada Mundial da Juventude Rio 2013: confira as vantagens



Com a proximidade da Jornada Mundial da Juventude Rio2013, os peregrinos correm contra o tempo para conseguir efetuar as suas inscrições. Até o início de maio, mais de 215 mil pessoas de todo o mundo já se inscreveram, a maioria brasileiros e latino americanos. Apesar de não ser obrigatória, existem várias facilidades para quem se inscreve como peregrino.

Todos os inscritos receberão o kit peregrino e um seguro, benefícios presentes em todos os pacotes. O Kit contém diversos acessórios inéditos e exclusivos. Também terão entrada franca nos eventos do Festival da Juventude, que será realizado em várias áreas do Rio de Janeiro entre 22 e 26 de julho.


Também há uma grande vantagem no quesito alimentação. Na inscrição, o peregrino pode escolher um pacote, e receberá um cartão para comer em restaurantes, lanchonetes e bares credenciados. Haverá também locais com a oferta do Menu Peregrino, uma refeição completa (prato principal, bebida e sobremesa), que cabe dentro do orçamento diário do cartão. Os locais estarão sinalizados e seus endereços disponíveis no Guia do Peregrino e no aplicativo para smartphones e tablets.

Garantir o transporte com um dos pacotes da Jornada também é vantagem no bolso. O peregrino que se inscreve nesse pacote recebe um cartão-transporte para a utilização do transporte público do Rio de Janeiro durante a JMJ. O cartão pode ser usado em ônibus (exceto em ônibus executivos com ar-condicionado), metrôs, trens e barcas. A validade se estende até às 10h do dia 29 de julho.

Vale lembrar que os ônibus fretados não poderão circular no Rio de Janeiro durante a JMJ. A medida foi tomada pelos organizadores para evitar congestionamentos e permitir maior fluidez no trânsito. Por este motivo, os ônibus precisam ser cadastrados. O Setor Nacional vai distribuir os veículos nos “bolsões” de estacionamento localizados nos bairros de Paciência e Recreio dos Bandeirantes, onde os ônibus ficarão guardados até o final da Jornada.  

De acordo com a rota indicada no ato da inscrição do veículo, as caravanas precisarão se dirigir para um dos três pontos de apoio em municípios próximos ao Rio de Janeiro. É nesses pontos, que ficam em Cachoeira Paulista (SP), Casimiro de Abreu e Itaipava (RJ), que o coordenador do grupo saberá o local para o qual o ônibus precisa se dirigir ao entrar na cidade sede da JMJ.

Hospedagem

Os peregrinos podem optar pela inscrição com hospedagem oferecida pela JMJ Rio2013. Os grupos que escolherem a hospedagem da Jornada devem levar consigo saco de dormir e colchonete e poderão ser hospedados em casas de família, centros paroquiais, escolas públicas e particulares, universidades, ginásios poliesportivos, casas de festas e centro comunitários. Todas as estruturas estarão equipadas com água, chuveiros e banheiros. O valor do pacote com hospedagem sai mais barato do que pagar diárias em albergues, pousadas e hotéis numa cidade turística como o Rio de Janeiro.

Já o pacote completo é a grande sacada para quem quer economizar nos dias em que o Papa Francisco estará no Rio. Ao fazer a sua inscrição pelo pacote A1 (que compreende a semana completa do evento), ou B1 (só para o fim de semana), o peregrino garante a alimentação, hospedagem, transporte, Kit Peregrino e seguro para todo o evento.

E para quem deseja participar só da Vigília e da Missa de Envio da JMJ Rio2013, que acontecerão nos dias 27 e 28 de julho, em Guaratiba, os peregrinos inscritos terão acesso às ilhas exclusivas, de melhor localização no Campus Fidei com relação ao palco onde estará o Papa Francisco.

Para fazer o cadastro dos ônibus fretados, clique aqui.

Para fazer a inscrição na JMJ Rio 2013, clique aqui.
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Fonte: CNBB.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Ato inter-religioso contra a redução da maioridade penal



Quem ainda não entrou em algum diálogo sobre a redução da maioridade penal? Quem nunca viu este assunto presente em algum noticiário televisivo ou em algum programa de debates entre “intelectuais”? Esse tema está presente em muitas rodas de conversa nos últimos meses, com muitas argumentações favoráveis a tal medida.

Estamos diante de uma resposta rápida assumida por muitas pessoas, numa articulação entre a sensação de insegurança, a espetacularização da vida e o oportunismo político. A base para a “solução” apresentada se contrapõe a alguns dados, como a informação divulgada pela Fundação Casa (São Paulo) neste ano, que significativamente apontam que, dos aproximadamente 9.016 internos, apenas 0,6% estão encarcerados por motivo de assassinato.


A medida de redução da maioridade penal não deseja a ressocialização de adolescentes, mas o encarceramento violento, marcado por distintas violações de direitos humanos. Além do mais, seguindo os passos do atual estado, a redução da maioridade penal ampliará cada vez mais a criminalização de uma classe, de uma cor e etnia, e de um território nas cidades: a população pobre, negra e periférica. 

Diante dessa realidade, jovens de distintas vivências religiosas e diferentes movimentos organizaram o Ato inter-religioso contra a redução da maioridade penal, que acontecerá no dia 29 de maio (quarta-feira), na Praça Roosevelt, em São Paulo (SP). Um ato construído num entrelaçamento de histórias e trajetos ao redor de um eixo comum: o direito à vida da juventude. Assim, por se reconhecer o “impulso de transformação” presente nas religiões – para além dos fundamentalismos e articulações reacionárias – convidamos a quem desejar abraçar este compromisso contra a redução a se juntar nestas redes que vamos criando, resultando em uma mobilização ampla e irmanada, para participar conosco desse ato inter-religioso.

É a hora de se construir essa ciranda de luta e esperança com tod@s nós! É o momento de se dizer, diante destas ameaças de redução de direitos já garantidos: “A Juventude quer viver!”. Diga não à redução da maioridade penal e não às propostas que querem trazer retrocessos ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)!
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Fonte: Conselho Nacional de Igrejas Cristãs - CONIC

Mensagem de dom Sérgio Braschi pelos 170 anos da Infância e Adolescência Missionária



A bela intuição do bispo Francês, dom Carlos Forbín-Janson, encontra hoje realização em centenas de milhares de grupos de Infância e Adolescência Missionária (IAM) em toda a Igreja, e no nosso Brasil.
                                                       
Venho, como Presidente da Comissão Missionária da CNBB, apresentar meus efusivos parabéns e bênção ao Secretariado desta Pontifícia Obra Missionária, como também a todas as crianças e adolescentes, coordenadores mirins e assessores dos grupos.


Que Jesus Missionário e Maria, Rainha das Missões, derramem sobre toda a nossa IAM as mais abundantes graças.

Possa a celebração do Ano Jubilar, motivar e animar a Infância e Adolescência Missionária para que leve a Igreja no Brasil a se tornar mais aberta à missão além-fronteiras, mais discípula missionária.

Viva dom Carlos Forbín-Janson!

Viva São Francisco Xavier!

Viva Santa Teresinha do Menino Jesus!

Viva a Infância e Adolescência Missionária!

Com as bênçãos de,


Dom Sérgio Braschi
Bispo de Ponta Grossa (PR)
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral
para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB

domingo, 19 de maio de 2013

Homilia do Papa Francisco na Solenidade de Pentecostes 2013



Homilia 
Solenidade de Pentecostes 
Domingo, 19 de maio de 2013


Amados irmãos e irmãs,

Neste dia, contemplamos e revivemos na liturgia a efusão do Espírito Santo realizada por Cristo ressuscitado sobre a sua Igreja; um evento de graça que encheu o Cenáculo de Jerusalém para se estender ao mundo inteiro.

Então que aconteceu naquele dia tão distante de nós e, ao mesmo tempo, tão perto que alcança o íntimo do nosso coração? São Lucas dá-nos a resposta na passagem dos Atos dos Apóstolos que ouvimos (2, 1-11). O evangelista leva-nos a Jerusalém, ao andar superior da casa onde se reuniram os Apóstolos. A primeira coisa que chama a nossa atenção é o rombo improviso que vem do céu, “comparável ao de forte rajada de vento”, e enche a casa; depois, as “línguas à maneira de fogo” que se iam dividindo e pousavam sobre cada um dos Apóstolos. Rombo e línguas de fogo são sinais claros e concretos, que tocam os Apóstolos não só externamente mas também no seu íntimo: na mente e no coração. Em consequência, “todos ficaram cheios do Espírito Santo”, que esparge seu dinamismo irresistível com efeitos surpreendentes: “começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem”. Abre-se então diante de nós um cenário totalmente inesperado: acorre uma grande multidão e fica muito admirada, porque cada qual ouve os Apóstolos a falarem na própria língua. É uma coisa nova, experimentada por todos e que nunca tinha sucedido antes: “Ouvimo-los falar nas nossas línguas”. E de que falam? “Das grandes obras de Deus”.

À luz deste texto dos Atos, quereria refletir sobre três palavras relacionadas com a ação do Espírito: novidade, harmonia e missão.
 
1.           A novidade causa sempre um pouco de medo, porque nos sentimos mais seguros se temos tudo sob controle, se somos nós a construir, programar, projetar a nossa vida de acordo com os nossos esquemas, as nossas seguranças, os nossos gostos. E isto verifica-se também quando se trata de Deus. Muitas vezes seguimo-Lo e acolhemo-Lo, mas até um certo ponto; sentimos dificuldade em abandonar-nos a Ele com plena confiança, deixando que o Espírito Santo seja a alma, o guia da nossa vida, em todas as decisões; temos medo que Deus nos faça seguir novas estradas, faça sair do nosso horizonte frequentemente limitado, fechado, egoísta, para nos abrir aos seus horizontes. Mas, em toda a história da salvação, quando Deus Se revela traz novidade – Deus traz sempre novidade -, transforma e pede para confiar totalmente n’Ele: Noé construiu uma arca, no meio da zombaria dos demais, e salva-se; Abraão deixa a sua terra, tendo na mão apenas uma promessa; Moisés enfrenta o poder do Faraó e guia o povo para a liberdade; os Apóstolos, antes temerosos e trancados no Cenáculo, saem corajosamente para anunciar o Evangelho. Não se trata de seguir a novidade pela novidade, a busca de coisas novas para se vencer o tédio, como sucede muitas vezes no nosso tempo. A novidade que Deus traz à nossa vida é verdadeiramente o que nos realiza, o que nos dá a verdadeira alegria, a verdadeira serenidade, porque Deus nos ama e quer apenas o nosso bem. Perguntemo-nos hoje a nós mesmos: Permanecemos abertos às “surpresas de Deus”? Ou fechamo-nos, com medo, à novidade do Espírito Santo? Mostramo-nos corajosos para seguir as novas estradas que a novidade de Deus nos oferece, ou pomo-nos à defesa fechando-nos em estruturas caducas que perderam a capacidade de acolhimento? Far-nos-á bem pormo-nos estas perguntas durante todo o dia.

2.           Segundo pensamento: à primeira vista o Espírito Santo parece criar desordem na Igreja, porque traz a diversidade dos carismas, dos dons. Mas não; sob a sua ação, tudo isso é uma grande riqueza, porque o Espírito Santo é o Espírito de unidade, que não significa uniformidade, mas a recondução do todo à harmonia. Quem faz a harmonia na Igreja é o Espírito Santo. Um dos Padres da Igreja usa uma expressão de que gosto muito: o Espírito Santo «ipse harmonia est – Ele próprio é a harmonia». Só Ele pode suscitar a diversidade, a pluralidade, a multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar a unidade. Também aqui, quando somos nós a querer fazer a diversidade fechando-nos nos nossos particularismos, nos nossos exclusivismos, trazemos a divisão; e quando somos nós a querer fazer a unidade segundo os nossos desígnios humanos, acabamos por trazer a uniformidade, a homogeneização. Se, pelo contrário, nos deixamos guiar pelo Espírito, a riqueza, a variedade, a diversidade nunca dão origem ao conflito, porque Ele nos impele a viver a variedade na comunhão da Igreja. O caminhar juntos na Igreja, guiados pelos Pastores – que para isso têm um carisma e ministério especial – é sinal da ação do Espírito Santo; uma característica fundamental para cada cristão, cada comunidade, cada movimento é a eclesialidade. É a Igreja que me traz Cristo e me leva a Cristo; os caminhos paralelos são muito perigosos! Quando alguém se aventura ultrapassando (proagon) a doutrina e a Comunidade eclesial – diz o apóstolo João na sua Segunda Carta e deixa de permanecer nelas, não está unido ao Deus de Jesus Cristo (cf. 2 Jo 9). Por isso perguntemo-nos: Estou aberto à harmonia do Espírito Santo, superando todo o exclusivismo? Deixo-me guiar por Ele, vivendo na Igreja e com a Igreja?

3.           O último ponto. Diziam os teólogos antigos: a alma é uma espécie de barca à vela; o Espírito Santo é o vento que sopra na vela, impelindo-a para a frente; os impulsos e incentivos do vento são os dons do Espírito. Sem o seu incentivo, sem a sua graça, não vamos para a frente. O Espírito Santo faz-nos entrar no mistério do Deus vivo e salva-nos do perigo de uma Igreja gnóstica e de uma Igreja narcisista, fechada no seu recinto; impele-nos a abrir as portas e sair para anunciar e testemunhar a vida boa do Evangelho, para comunicar a alegria da fé, do encontro com Cristo. O Espírito Santo é a alma da missão. O sucedido em Jerusalém, há quase dois mil anos, não é um fato distante de nós, mas um fato que nos alcança e se torna experiência viva em cada um de nós. O Pentecostes do Cenáculo de Jerusalém é o início, um início que se prolonga. O Espírito Santo é o dom por excelência de Cristo ressuscitado aos seus Apóstolos, mas Ele quer que chegue a todos. Como ouvimos no Evangelho, Jesus diz: “Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco” (Jo 14, 16).É o Espírito Paráclito, o “Consolador”, que dá a coragem de levar o Evangelho pelas estradas do mundo! O Espírito Santo ergue o nosso olhar para o horizonte e impele-nos para as periferias da existência a fim de anunciar a vida de Jesus Cristo. Perguntemo-nos, se tendemos a fechar-nos em nós mesmos, no nosso grupo, ou se deixamos que o Espírito Santo nos abra à missão. Recordemos hoje estas três palavras: novidade, harmonia, missão.

A liturgia de hoje é uma grande súplica, que a Igreja com Jesus eleva ao Pai, para que renove a efusão do Espírito Santo. Cada um de nós, cada grupo, cada movimento, na harmonia da Igreja, se dirija ao Pai pedindo este dom. Também hoje, como no dia do seu nascimento, a Igreja invoca juntamente com Maria: “Veni Sancte Spiritus… – Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”! Amém.

Igreja Santa e Pecadora?



Karl Rahner (1904-1984), teólogo alemão, é considerado responsável por inúmeras heresias, tendo propalado uma série de mentiras. No “auge” de sua polêmica carreira, ele chegou inclusive a propor o esboço de uma nova religião ecumênica a ser discutida no Concilio Vaticano II, que incluiria, até mesmo, a mudança dos conceitos de Deus e de Igreja! Na época, houve muita resistência ao projeto criado por Rahner, tendo sido bastante forte a oposição do jovem teólogo Joseph Ratzinger, atual Papa Bento XVI.

Mas Rahner não parou por aí. Aproveitando-se do fato de que nós, Católicos, vimos sofrendo com uma queda de conhecimento sobre a nossa própria religião, ele decidiu lançar a absurda tese de que “a Igreja é santa E pecadora”, o que vai diretamente contra o que se diz no Credo: que cremos na Igreja Una, SANTA, Católica e Apostólica (e não na “Igreja pecadora”).

Mas se a Igreja é Santa, e não é pecadora, quem é então que peca?
 
Em primeiro lugar, nós que fazemos parte dela, ou seja, eu e você. Mas nossos pecados pessoais não contaminam a Igreja; pelo contrário, é a Igreja que nos santifica por meio dos sacramentos instituídos por Jesus Cristo (de Quem provém toda a Santidade). Conforme nos ensina Pio XII, na encíclica Mystici Corporis, a Igreja é o Corpo Místico de Cristo, a qual tem Jesus Cristo por cabeça, e nós, Católicos, somos seus membros. Porém, é importante distinguir, sempre, que nós ‘não somos’ propriamente a Igreja, nós ‘fazemos parte’ da Igreja (assim como meu braço não é meu corpo, eu não sou a Igreja).

Em segundo lugar, o clero. Entretanto, é muito fácil atribuir a culpa dos pecados pessoais do clero à Igreja, taxando-a de pecadora, pois hoje em dia muita confusão é comumente feita entre Igreja e clero. O clero também é ‘parte da Igreja’, e a sua parte mais importante, porque é ao clero que cabe governar a Igreja, ensinar e administrar os sacramentos. Mas o clero, sozinho, ‘não é’ a Igreja.

Por isso, é completamente contra a Fé dizer que a Igreja é santa e pecadora. A Igreja, enquanto tal, é SEMPRE SANTA. E Cristo prometeu que as portas do inferno não prevalecerão contra ela, isto é, que ela jamais ensinará a mentira nem o pecado.

Lembremos que São Paulo nos ensina assim:

Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela
para que a santificasse (…)
para a apresentar a si mesmo
Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante,
porém santa e sem defeito
 (Ef 5, 25-27).

Os pecados pessoais, dos leigos ou do clero, são nossos, não da Igreja. Se acaso cometermos um pecado em nome da Igreja, não transferimos esse pecado para ela, mas antes aumentamos nossa própria culpa pessoal.

Na Missa há um símbolo muito belo da indefectibilidade da Igreja. No ofertório, o padre mistura uma gota d’água junto com o vinho, antes de oferecê-lo. Esse vinho, ao receber a gota d’água, não altera suas propriedades, tendo em vista que a quantidade de água é completamente insuficiente para chegar a mudar o vinho. Assim é a Igreja em relação a nós: a santidade de Cristo é tão grande que nossos pecados são insuficientes para manchar a Igreja. Nossos pecados são como a gota d’água, ou seja, assim como esta não modifica (nem estraga) o vinho, assim aqueles não podem mudar (nem denegrir) a Igreja!
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Fonte: Texto escrito por Marcos de Lacerda Pessoa e publicado em fevereiro/março de 2007 no Jornal “O Capuchinho”.
Disponível em: Paraclitus.

A Intercessão dos Santos



Desde os tempos apostólicos a Igreja ensina que os que morreram na amizade do Senhor, não só podem como estão orando pela salvação daqueles que ainda se encontram na terra. Tal conceito é conhecido como a intercessão dos santos.

A Doutrina

Sobre a doutrina da intercessão dos santos, o Catecismo da Igreja Católica ensina:

“Pelo fato que os do céu estão mais intimamente unidos com Cristo, consolidam mais firmemente a toda a Igreja na santidade… Não deixam de interceder por nós ante o Pai. Apresentam por meio do único Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, os méritos que adquiriram na terra… Sua solicitude fraterna ajuda, pois, muito a nossa debilidade.” (CIC 956).

Por tanto para a Igreja Católica, os santos intercedem por nós junto ao Pai, não pelos seus méritos, mas pelos méritos de Cristo Nosso Senhor, o único Mediador entre Deus e os homens.

Objeções

Os adeptos do fundamentalismo bíblico normalmente apresentam uma série de objeções à doutrina da intercessão dos santos. Neste artigo iremos confrontar as principais:

sábado, 18 de maio de 2013

Indicações Litúrgico-pastorais para a Celebração de Pentecostes



A festa da Páscoa não acaba hoje: chega ao seu ponto alto. O que se realizou no Senhor ressuscitado, realiza-se agora nos crentes pelo dom do Espírito Santo. A palavra "Pentecostes" alude ao número cinquenta: durante cinquenta dias, desde a noite pascal, celebramos a alegria do Senhor ressuscitado no meio de nós.

Todo o tom festivo da Páscoa deve ser evidenciado pelos elementos que lhe são característicos. Só terminado o Domingo é que o círio deixará o presbitério para ser colocado no Batistério. Na medida do possível, cante-se o prefácio próprio. Após a 2ª leitura e antes da aclamação ao Evangelho, cante-se a Sequência (se não for canta, seja lida). O canto e os instrumentos, as luzes e as flores (privilegiem-se as rosas e o vermelho), a ornamentação da Igreja, o incenso, tudo deveria dar à celebração a sua verdade de apoteose pascal. E, na despedida, com o "Ide em paz..." não falte o Aleluia.

Na noite de sábado para domingo, as comunidades são convidadas a celebrar a Vigília de Pentecostes. Imitarão, assim, a comunidade de Jerusalém, recolhida em oração em volta dos Apóstolos e da Mãe de Jesus, à espera do Espírito prometido. O Missal explica como celebrar essa Vigília e fornece alguns textos. Para realçar a dinâmica orante sugere-se a integração da oração de Vésperas para abrir a celebração. Podem utilizar-se todas as leituras à escolha propostas no Lecionário (4 do AT + 2 do NT). A seguir a cada Leitura canta-se um Salmo Responsorial apropriado e, como na Vigília pascal, faz-se uma oração (ver indicações no Missal; infelizmente, o Lecionário apenas apresenta um Salmo Responsorial, mas não é difícil, a partir do Missal, completar a coleção, de modo válido).

Leitores: 1ª Leitura: A 1ª leitura está cheia de movimento e tem expressões muito fortes que requerem uma boa dicção. Atenção às interrogações. Tente fazer essas perguntas a alguém em casa (com frequência, mudamos a nossa atitude interior e a nossa expressão quando passamos da linguagem oral à simples leitura de um texto: é isso que importa evitar). Se tiver dificuldade em ler o nome dos povos, pergunte a alguém (mas não diga mêdos, em vez de médos).

2ª Leitura: Podemos pensar a 2ª leitura em três seções: "Ninguém... Espírito Santo"; "De fato... bem comum"; "Assim como o corpo... Espírito". A segunda seção reveste uma forma doxológica, por isso, as três frases são interdependentes (isso deve ser percebido na leitura). A última secção tem uma palavra de valor que é o polo das frases: corpo. 

REFLEXÕES BÍBLICO-PASTORAIS


a) O domingo de Pentecostes encerra o Tempo da Páscoa, ou seja, os cinquenta dias em que celebramos a ressurreição de Jesus Cristo. O Espírito Santo, dom do Ressuscitado à sua Igreja, é o protagonista deste dia. Como prometeu antes da paixão e da morte, Jesus não deixa órfãos aqueles que O seguem. Envia-lhes o Espírito Santo para que seja “a alma da Igreja nascente” (cfr. Prefácio). A liturgia apresenta-nos diversos textos próprios para a celebração da missa vespertina, podendo tomar uma forma mais longa (vigília) com quatro textos do Antigo Testamento, seguidos de um salmo e de uma oração; depois, temos uma leitura da Carta aos Romanos e, finalmente, o texto evangélico. Nas orações eucarísticas temos o “Memento” próprio deste domingo, temos também a sequência para cantar antes do Aleluia, preparando assim o evangelho, e a despedida do povo com o duplo Aleluia. As rubricas indicam que o Círio Pascal seja apagado no fim da celebração de Vésperas; nas paróquias, onde não há este momento de oração na sua forma comunitária, o Círio apaga-se no fim da celebração eucarística e colocado junto à pia batismal.

b) A liturgia deste domingo, nas suas leituras e nas suas orações, fala-nos das características do Espírito Santo: a) transforma os apóstolos, destruindo o medo, a insegurança e a angústia, dando lugar à valentia e à pregação da ressurreição do Senhor (1ª leitura); b) faz surgir diversos carismas e ministérios na comunidade, sendo o princípio da unidade dos mesmos (2ª leitura); c) Jesus envia os seus discípulos (da mesma forma como Ele foi enviado pelo Pai), derramando sobre eles o Espírito Santo para os animar e fortalecer na evangelização (evangelho); d) o perdão dos pecados aparece unido ao Espírito (evangelho), porque onde reina o pecado não há lugar para Deus; e) o Espírito Santo é o início de uma nova criação. Como nos relata S. João no evangelho, Jesus ressuscitado aparece aos seus discípulos. Assim como Deus insuflou o seu sopro vivificador ao criar Adão, também sobre os Apóstolos derrama o Espírito Santo, criando uma nova humanidade; f) derrama o conhecimento de Deus sobre todos os povos, congregando-os num único povo, que é a Igreja (prefácio); g) conduz-nos ao pleno conhecimento da verdade revelada por Jesus Cristo (missa do dia: oração sobre as oferendas). O texto da Sequência aponta-nos outras características do Espírito Santo: “a aridez regai, sarai os enfermos, lavai as nossas manchas…”.

c) A celebração do Pentecostes não deve servir só para falar teoricamente do Espírito Santo, como se de uma catequese pneumatológica se tratasse, nem somente da sua atuação na comunidade primitiva, como se de um acontecimento do passado se tratasse, mas para proclamar que o Espírito Santo continua presente, vivo e atuante na Igreja e em cada um de nós. Com a oração coleta rezamos: “de modo que também hoje se renovem nos corações dos fiéis os prodígios realizados nos primórdios da pregação do Evangelho”.


O Espírito Santo atua na Igreja, através dos sacramentos: a) a sua relação com o Batismo, referida na 2ª leitura: “fomos batizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo”; b) o sacramento da Confirmação atualiza o Pentecostes (1ª leitura) onde é fortalecida a fé dos discípulos, convertendo-os em testemunhas da Ressurreição no mundo; c) a presença do Espírito Santo na Eucaristia é imprescindível para a transubstanciação. Ajuda-nos, também, a compreender a essência deste sacramento; assim rezamos na oração sobre as oferendas da missa do dia: “o Espírito Santo nos revele plenamente o mistério deste sacrifício e nos faça conhecer toda a verdade”. A comunhão eucarística fortalece a força interior do Espírito: “este sacramento que recebemos, Senhor, nos comunique o fervor do Espírito Santo que admiravelmente derramastes sobre os Apóstolos” (missa vespertina: oração depois da comunhão); d) a presença do Espírito Santo no sacramento da Penitência aparece expressa no evangelho: “Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos”.