terça-feira, 3 de setembro de 2013

Síria: guerra e paz


O conflito na Síria está cada vez pior. Mais de um ano de guerra civil já produziu um grande número de vítimas entre civis, de destruição e de feridas na complexa comunidade siriana. Enormes recursos econômicos e energias humanas ali gastos poderiam ter sido bem melhor aplicadas em projetos de paz e de bem-estar social...

Muitas análises sobre o conflito já foram feitas e não é minha intenção fazer mais uma. Certamente não se pode desconhecer que há um conjunto de fatores locais e estratégicos em jogo na guerra civil da Síria; há também facções buscam afirmar-se pela força sobre o resto da sociedade; há populações que desejam ver seus legítimos direitos respeitados. A sistemática violação da dignidade humana acaba se tornando insuportável. Uma guerra nunca é consequência da paz, mas de conflitos latentes ou abertos, que já existiam antes.


O que preocupa agora ainda mais é a perspectiva muito concreta do alastramento do conflito, em vez da busca da sua cessação. Fala-se de intervenção externa na Síria, para não deixar sem uma desaprovação contundente da Comunidade internacional o uso de armas químicas contra a população, pelo governo sírio, se assim ficar comprovado. De fato o uso de tais armas é vetado pelas convenções da Organização das Nações Unidas (ONU).

A questão é saber se mais violência resolve o problema da violência? Uma guerra pode ser solucionada com outra guerra? O papa Francisco lançou um dramático apelo pela paz na Síria na sua mensagem da hora do Angelus do domingo, dia 1º de setembro: “vivo com particular sofrimento e com preocupação as várias situações de conflito que existem na nossa terra; mas nesses dias, meu coração ficou profundamente ferido por aquilo que está acontecendo na Síria e fica ainda mais angustiado pelos desdobramentos dramáticos que se prenunciam”.

Qual poderia ser o caminho para evitar ainda mais sofrimento, destruição, morte e feridas abertas por muito tempo? O Papa lamenta o uso das armas e condena com firmeza o uso de armas químicas; adverte que existe um julgamento de Deus e também da história sobre quem toma tais iniciativas.

Se o uso da violência não conduz à paz, se a guerra traz mais guerra e a violência chama ainda mais violência, não existe outro caminho do que o da negociação, do diálogo e da busca de um entendimento razoável, onde todos perdem menos e pode ser encontrada uma solução de paz. O Papa convida as partes envolvidas que escutem a voz da consciência e não se fechem nos próprios interesses; que tenham a coragem de superar o conflito cego, desarmar os espíritos e de olhar um para o outro como irmãos.

O apelo também vale para a Comunidade Internacional, que está se envolvendo naquele conflito: não se poupem esforços para promover, sem demora, iniciativas claras pela paz na Síria, em vista do bem da população daquele país. As numerosas vítimas ido conflito e os refugiados em países vizinhos precisam da solidariedade concreta e de ajuda humanitária. A guerra civil na Síria, como tantas outras guerras esquecidas, em várias partes do mundo, requerem um novo sistema de relações de convivência entre os povos, baseado no respeito profundo à dignidade humana, na justiça e no amor.


O papa Francisco também lembra “aos homens e mulheres de boa vontade”, aos adeptos das religiões, especialmente aos membros da Igreja Católica, que a paz é um compromisso de todos. E dirige seu convite a todos, para serem promotores da cultura do encontro e do diálogo: é o único caminho para a paz. Por fim, convocou toda a Igreja e convidou as  pessoas não-católicas a fazerem no dia 7 de setembro, um dia de oração e de jejum pela Síria.


Cardeal Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo

Setembro, mês de refontalização bíblica


Todos os anos a Igreja Católica que peregrina no Brasil, no mês de Setembro, assume o desafio e a inspiração de estudar um livro da Bíblia, e assim incentivar a leitura das Sagradas Escrituras para nela encontrar “as razões da nossa esperança”. Esta prática salutar e sábia nos leva a destacar a Bíblia como fonte da espiritualidade cristã, da catequese, do ensino, e da própria missão de testemunhar a Cristo.

Um cristão que não lê a Bíblia e a põe em prática, é como aquele homem que se olha no espelho e não se reconhece, afirma o Apóstolo Tiago. É importante frisar que a Bíblia mais que uma coleção de livros é uma pessoa, que nos fala, nos interpela e nos instrui: o Senhor Jesus Cristo que é o esperado no Primeiro Testamento e revelado plenamente no Novo. Somos um povo que caminha sob a luz e a bússola da Palavra de Deus, norma não normada, a qual deve se ajustar a nossa vida e trabalho.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

“Se você quer admirar uma dança, sabe aonde ir… Mas não na Missa!” (Cardeal Arinze).


Em 2002, na Cidade do México, durante a Missa que celebrou a canonização de Juan Diego, índios realizaram danças diante do Papa João Paulo II. Deem uma olhada no vídeo, que pitoresco!


E aí, o que vocês acharam da dança e dos trajes do corpo de baile indígena? Eu achei o máximo, lindíssimos. Só me incomodei com um detalhe: os dançarinos estavam na hora e no lugar errados. O templo de Deus – no caso, a Basílica da Virgem de Guadalupe – não é lugar para esse tipo de coisa, muito menos durante uma Missa. Além do mais, a apresentação lembra muito mais um ritual pagão (se é que não o foi, de fato) do que um rito cristão.

Eventos como esse acabaram por abrir um precedente desastroso. Milhares de sacerdotes e leigos em todo o mundo se acharam no direito de inserir os mais variados e bizarros remelexos na liturgia. Já ouvi falar de gente fazendo dança do ventre na Missa e já vi jovens de mini-saia sambando em frente ao altar (ué, se os dançarinos mexicanos podem exibir coxas e barrigas na igreja, porque não elas?). Em um post sobre as “missas avacalhadas", mostramos um vídeo em que um casal com pouca roupa requebra em uma Missa ao som de “Pérola Negra”, de Daniela Mercury.

Diante de tanta zona, é um alento ter acesso às orientações do Cardeal Francis Arinze, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos entre 2002 e 2008. Em um evento, ele respondeu com muito bom-humor a perguntas sobre a “dança litúrgica”. No vídeo, que vimos no blog Missa aos Domingos, o Cardeal nigeriano enfatiza que “A dança é algo estranho ao rito latino da Missa”, e não deve ser realizada em nenhum momento da liturgia. Ele pondera, porém, que os povos de cultura asiática e africana podem realizar alguns movimentos refinados, típicos de sua cultura, no momento do ofertório, por exemplo.

MAS ATENÇÃO: o cardeal falou que os bispos – em especial aqueles dos países africanos e asiáticos – devem avaliar a possibilidade de autorizar movimentos REFINADOS na Missa, não danças. NÃO É PRA DANÇAR NUNCA!

O Papa Bento XVI, em seu livro “El espíritu de la liturgia – Una introdución”, já havia esclarecido esta questão (tradução e grifos nossos):

A dança não é uma forma de expressão da liturgia cristã. Houve círculos docéticos-gnósticos que pretenderam introduzí-la na liturgia cristã, por volta do século III. Para eles, a crucificação era só aparência (…), de tal maneira que o baile podia ocupar o lugar da liturgia da cruz (…). As danças cultuais das diversas religiões têm finalidades diversas: encantamento, magia analógica, êxtase místico; nenhuma destas figuras corresponde à orientação interior da liturgia do ‘sacrifício da palavra’.

“O que é completamente absurdo é quando, com a intenção de fazer com que a liturgia que seja mais ‘atrativa’, se introduzem pantomimas [gestos teatrais] em forma de dança. Quando é possível, se realizam inclusive com grupos de dança profissionais que, frequentemente, terminam com aplausos (…). Quando se aplaude pela obra humana dentro da liturgia, nos encontramos diante de um sinal claro de que se perdeu totalmente a essência da liturgia, que foi susbstituída por uma espécie de entretenimento de inspiração religiosa.”

Na contramão das orientações do Papa, sacerdotes e leigos, por orgulho, por vaidade ou por pura desinformação, continuam a promover essa porcaria chamada “dança litúrgica”, que só serve para transformar o templo de Deus num circo de bizarrices ou numarremedo de culto pagão. Pior ainda é quando o presbitério vira um cabaré de carolas, onde rapazes saradinhos aproveitam a desculpa da “arte” para fazer performances sem camisa e moças fazem movimentos sensuais com roupas colantes.

É preciso considerar que, muitas vezes, os realizadores desse tipo de abuso não o fazem por maldade; há entre eles cristãos sinceros e bem intecionados. Porém, isso não anula o fato de estarem incorrendo em um grave erro, que fere a dignidade do templo e a sacralidade da liturgia. É preciso mostrar a estas pessoas o seu engano, e ajudá-las a compreender mais a fundo o significado sacrificial da missa. É preciso fazê-las entender que a “liturgia da cruz” não suporta esse tipo de firulas. Muitos católicos estão com um pé no paganismo; se ninguém fizer nada, não tardarão a enfiar os dois pés.

Os grupo de dança paroquiais podem ser muito bons e úteis, desde que saibam o seu lugar. Podem atuar nos salões paroquiais, como disse o Cardeal Arinze, mas não devem continuar a fazer o presbitério de palco. O Senhor derrama Seu precioso Sangue sobre o altar a cada Missa… Será que é tão difícil de entender isso?

Os sacerdotes e leigos que desejam ser fiéis ao magistério da Igreja devem se perguntar com honestidade: essa dança ou teatro que estamos planejando é uma expressão autêntica da liturgia cristã, ou não passa de um “entretenimento de inspiração religiosa”, como disse Bento XVI? É preciso ter humildade e amor pela Verdade; assim, poderemos nos desapegar dos nossos gostos e opiniões pessoais sobre a liturgia e ser mais fiéis àquilo que a Santa Igreja determina.

Pra encerrar, #ficaadica do Cardeal Arinze pros sacerdotes e leigos membros de “ministérios da dança” espalhados pelo Brasil afora:

“As pessoas que estão discutindo dança litúrgica deveriam usar o seu tempo rezando o Rosário, ou (…) lendo um dos documentos do Papa sobre a Sagrada Eucaristia. Nós já temos problemas suficientes. Por que banalizar mais? Por que dessacralizar mais? Já não temos confusão suficiente?”
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Nota de Solidariedade às vítimas da queda do Edifício no Bairro de São Mateus



Com sincero pesar, manifesto a solidariedade de toda a Arquidiocese de São Paulo para com as vítimas do colapso do edifício comercial, em obras, no Bairro de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, ocorrido neste dia 27 de agosto.

Lamento profundamente a perda de vidas humanas nesse acidente e apresento aos seus familiares meu pesar e minha solidariedade nesta hora de dor. Meu pensamento também se volta para todos os feridos da tragédia e lhes desejo pronta recuperação.

Neste momento, é importante tomar consciência das graves implicações de sinistros graves, que poderiam ser evitados, se tivessem sido devidamente observadas as indispensáveis precauções de segurança. Esse lamentável episódio deve levar a uma profunda reflexão sobre a preciosidade de cada pessoa humana, cuja vida não deve ser exposta a graves riscos, mas protegida e valorizada.



Acompanho com atenção e interesse as tarefas do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e dos demais órgãos públicos, encarregados de vigiar sobre a segurança e de promover o socorro às vítimas de acidentes. A estes homens e mulheres, manifesto meu respeito e apreço.

Da mesma forma, manifesto meu sincero apreço pelo trabalho generoso de tantas pessoas voluntárias, cuja coragem e abnegação no socorro às vítimas é testemunho de que o amor ao próximo não é apenas feito de palavras, mas de atitudes maravilhosamente fraternas.

São Paulo, 28.08.2013
Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo de São Paulo

Patriarca Twal sobre a questão síria: "Com qual autorização atacar um país?"


O Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Fouad Twal, faz um veemente apelo à prudência em favor da estabilidade de toda a região do Oriente Médio. O apelo foi lançado na iminência de um possível ataque militar ocidental contra o regime sírio, acusado de ter utilizado armas químicas em sua guerra contra os rebeldes.

Numa nota difundida pelo Patriarcado, Dom Twal eleva "a sua oração ao Espírito Santo a fim de que ilumine os corações daqueles que têm o destino das populações em suas mãos". Dirigindo-se a estes líderes recorda-lhes "que em suas decisões não esqueçam o aspecto humano".

Constatando que "os Israelenses estão fazendo empurra-empurra nos Centros de distribuição de máscaras de gás e que os habitantes do Oriente Médio começam a estocar víveres", o Patriarca se interroga seriamente sobre os riscos de uma escalada da violência na região.

"Por que declarar uma guerra quando os inspetores da ONU ainda não entregaram as conclusões definitivas sobre a natureza química do ataque e sobre a identidade formal de seus mandantes?"

O Patriarca enfatiza que "se assiste a uma lógica que recorda a preparação da guerra no Iraque em 2003, uma comédia das armas de destruição em massa no Iraque, quando na realidade não havia tais armas. Este país encontra-se ainda hoje numa situação muito crítica".


Na nota, Dom Twal questiona de modo contundente: "Como decidir atacar um país? Com qual autorização? É claro, o Presidente estadunidense tem o poder de lançar somente ataques aéreos contra a Síria, mas onde está a Liga Árabe e o Conselho de Segurança da ONU? Os nossos amigos do Ocidente e dos EUA não foram atacados pela Síria. Com qual legitimidade ousam atacar um país? Quem os nomeou polícia da democracia no Oriente Médio".

De forma premente, questiona ainda: "Quem pensou nas consequências de uma tal guerra para a Síria e para os países vizinhos? Tem necessidade de aumentar o número dos mortos além dos já 100 mil? É preciso – adverte – ouvir todas as vozes que vivem na Síria e que gritam sua dor que dura há mais de dois anos e meio. Pensaram nas mães, nas crianças, nos inocentes? E os países que atacam a Síria levaram em consideração o fato que seus cidadãos no mundo inteiro, suas embaixadas e consulados podem se tornar alvo de atentados como represália?"

Por todas essas razões o Patriarca Twal convida à prudência fazendo votos de "paz e segurança para toda essa região do mundo que já sofreu por demais".


E acrescenta: "Como cristãos da Terra Santa recordamos em nossas orações os sírios, dos quais vemos todos os sofrimentos quando vêm se refugiar em nossa diocese na Jordânia". (RL)
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Mensagens do Papa Francisco e Bartolomeu I para o Simpósio Intercristão


O Papa Francisco enviou uma mensagem, nesta quinta-feira, aos participantes do 13° Simpósio Intercristão em andamento na cidade de Milão, na Itália, promovido pelo Instituto Franciscano de Espiritualidade da Pontifícia Universidade Antonianum de Roma e pela Faculdade Teológica Ortodoxa da Universidade Aristóteles de Salônica, na Grécia.

"A vida dos cristãos e o poder civil. Questões históricas e perspectivas atuais no Oriente e Ocidente" é o tema do encontro promovido no âmbito do Ano Constantiniano pelos 1.700 anos do Edito de Milão.

"A histórica decisão de Constantino com a qual foi decretada a liberdade religiosa para os cristãos, abriu novos caminhos para a difusão do Evangelho e muito contribuiu para o nascimento da civilização europeia", ressalta Francisco na mensagem. 

Esse acontecimento transmitiu para o Oriente e Ocidente "a convicção de que o poder civil tem o seu limite perante a Lei de Deus, a reivindicação do espaço justo de autonomia para a consciência, a consciência de que a autoridade eclesiástica e o poder civil são chamados a colaborar para o bem integral da comunidade humana", conclui o Papa. 


O Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, também enviou uma mensagem aos participantes do 13° Simpósio Intercristão.

Ele ressalta no documento a importância do Edito de Milão que permitiu aos cristãos "o livre exercício de seus deveres culturais e religiosos e o reconhecimento da liberdade religiosa em geral".

"O tema escolhido diz respeito ao relacionamento da vida cristã com o poder político, um tema atual em nossos dias, em que por um lado a tentação do poder influencia em alguns casos a vida dos cristãos e por outro, certas formas de poder político no mundo contemporâneo trabalham negativamente ou colocam em perigo suas vidas", frisa Bartolomeu I.


Ele conclui a mensagem desejando sucesso nos trabalhos do simpósio e invocando as bênçãos divinas para que possa dar frutos em favor do bem da Igreja e do progresso da colaboração destes institutos científicos. (MJ)
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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Abusos na Liturgia


É impressionante como a maioria dos leigos que ajudam nos grupos de música ou na pastoral da liturgia não se importa como a missa é celebrada. O abuso litúrgico é antes de tudo uma falsificação da liturgia católica, no dizer da Instrução Redemptores Sacramentum. Todo católico tem o direito de ver celebrada a sagrada liturgia sem improvisações, sem experimentação, de acordo com as normas estabelecidas pela Santa Sé. Esse direito reclama dos presbíteros  e também dos demais fieis o dever de observar rigorosamente as regras litúrgicas. Todo católico deve, portanto,  instruir-se a respeito do assunto e lutar, com maturidade e serenidade, para que os Santos Mistérios sejam celebrados segundo a liturgia determinada pela Igreja. Selecionamos aqui alguns equívocos infelizmente frequentes em termos de liturgia.





Lembramos, mais uma vez, que a leitura da Instrução Redemptiones Sacramentum é importantíssima, quase obrigatória. Também recomendamos a leitura da Instrução Geral do Missal Romano, nos tópicos de interesse. É Glória in Excelsis com uma música incompleta, é Ato Penitencial meloso... é “canto de comunhão” que não tem nada haver com o momento da comunhão... Pai-Nosso com letra adulterada... é muito triste essa situação onde as pessoas vão pra missa querendo fazer algo que lhes agrada quando na verdade deve agradar  somente a Deus. Já vi intenções de todo tipo durante as Missas (e sempre conseguem se superar).






Meu coração fica partido quando vejo que as pessoas não se importam com o modo correto de celebrarmos a Eucaristia, que é simplesmente o modo como Deus nos ordenou. Em muitas paróquias vemos pessoas que inventam coisas e degeneram a liturgia dessa maneira achando que tudo pode ser movido pela criatividade, pela inovação... puro engano, fruto de um aprendizado errado (que pode ter sido introduzido por qualquer um, menos por Deus).




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Lei da Palmada: os filhos poderão decidir sobre tudo, sem ingerência dos pais ou responsáveis



Um assunto que toca diretamente os pais e mães do Brasil, e que, de certa forma invade sem pedir licença, todos os lares desse país é o projeto de lei batizado pela imprensa nacional como “Lei da Palmada”, o PL 7672/2010 que visa “proibir o uso de qualquer castigo físico ou ato considerado cruel, degradante ou humilhante na educação de crianças e adolescentes”.

Em conversa com ZENIT, Paulo Fernando de Melo, pai de 5 filhos, membro da comissão de bioética da arquidiocese de Brasília e assessor parlamentar na câmara dos deputados aborda esse tema na entrevista abaixo:.
 
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ZENIT: Dr. Paulo Fernando, o senhor esteve ontem numa mesa redonda no programa Diário Brasil, da TV Genesis, discutindo o projeto de lei da Palmada. Que lei é essa? Qual é o histórico dessa proposição?

Paulo Fernando: A Lei da Palmada é o nome dado ao PL 7672/2010, de autoria do presidente Luís Inácio, que “altera a Lei n. 8.069, de 13 de junho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente para estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso castigos corporais ou de tratamento cruel ou degradante".

A matéria já havia sido tratada em 2003, com o PL 2654/2003 da Deputada Maria do Rosário (PT/RS), atual Ministra dos Direitos Humanos e está aguardando a apreciação de 2 recursos contra o poder conclusivo em plenário desde 2006. 

O PL 7672/2010 visa proibir o uso de qualquer castigo físico ou ato considerado cruel, degradante ou humilhante na educação de crianças e adolescentes. 

O conceito de constrangimento e humilhação é bem subjetivo, além do que os maus tratos, lesão corporal, tortura já tem previsão no ordenamento jurídico brasileiro.

O PL 7672/2010 foi aprovado por uma Comissão Especial com a relatoria da Deputada Teresa Surita.Foram apresentados 6 recursos ao plenário contra o poder conclusivo das comissões.Estranhamente os deputados retiraram as suas assinaturas por uma forte pressão de uma famosa apresentadora de TV.

O deputado Marcos Rogério PDT/RO impetrou um mandado de segurança no STF com pedido de liminar asseverando que o despacho da Mesa da Câmara, determinando o poder conclusivo, contrariou os arts. 24, II, “e” do Regimento Interno da Câmara dos Deputados e art. 68, §1º, II, Constituição Federal, pois dispõe sobre matéria que não é objeto de delegação legislativa.

A proposição, ao tratar em seu art. 17-A, do direito da criança de ser educada, cuidada, tratada ou vigiada sem uso de castigo corporal ou tratamento cruel ou degradante, discute matéria que se insere no âmbito normativo do inciso III, do art. 5º da Constituição Federal, rol inequívoco de direitos individuais. Afora o fato de que o projeto diz respeito à disciplina do exercício do pátrio poder, indiscutivelmente inserto no âmbito da intimidade da vida privada da família, também arrolada como direito individual no inciso X do mesmo dispositivo constitucional.

O relator da matéria no STF é o Ministro Luis Fux que pediu informações à Câmara dos Deputados e ao Procurador-Geral da República.

ZENIT: O povo brasileiro foi consultado sobre esse projeto? 

Paulo Fernando: Em enquete realizada pelo site da Câmara dos Deputados 94 % dos internautas manifestam-se contrários à proposição e a maioria dos parlamentares também são contra o projeto.

ZENIT: Na prática, os pais serão constrangidos em quais pontos?

Paulo Fernando: Cria-se uma central de denúncias contra os pais ,principalmente nas famílias com muitos filhos e atingirá também os educadores, pois se quebra o respeito ao poder familiar, a hierarquia e enfraquece a disciplina e a obediência. Obviamente, ninguém em sã consciência defende o espancamento de crianças e adolescentes, mas muitas vezes uma reprimenda leve e educativa pode ser utilizada como o último recurso, afinal uma palmadinha explicada não dói.

ZENIT: O que pode estar por detrás desse projeto de lei? 

Paulo Fernando: O PL é revestido de um profundo caráter ideológico da intervenção do Estado nos assuntos privados e que só dizem respeito ao seio da família. Uma das principais caraterísticas de um Estado autoritário socializante é intervir nos assuntos privados do cidadão de bem. Instituir uma educação "sem rédeas ou freio", onde os filhos poderão decidir sobre tudo, sem ingerência dos pais ou responsáveis.

ZENIT: Sobre a lei da Palmada, o que os eleitores podem fazer para barrar essa lei?

Paulo Fernando: Informar-se do texto e de suas consequências, cobrar dos deputados da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados a não apreciação da matéria e, se por  acaso for para o Senado Federal, rogar aos senhores senadores a rejeição na íntegra da proposição.


Para maiores informações: www.paulofernando.com.br ; providafamilia@hotmail.com
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Fonte: ZENIT