quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Os cristãos ocidentais estão pouco informados sobre o Oriente Médio

Um dos problemas é que a mídia não transmite uma imagem
fidedigna do que realmente está acontecendo na região

Dom Elias Sleiman, bispo maronita de Laodiceia, cidade da costa mediterrânea da Síria, reconhece que a Igreja do Ocidente está "pouco informada em muitos aspectos, apesar das boas intenções", em uma entrevista concedida à fundação Ajuda à Igreja que Sofre(AIS).
 
O prelado se centrou no déficit informativo sobre os processos que ocorrem na região do Oriente Médio, o que, a seu ver, corre o risco de pesar negativamente nos movimentos da comunidade internacional, especialmente no que diz respeito ao conflito sírio.
 
"O problema de muitos meios de comunicação – explicou o bispo – é que realmente não refletem uma imagem fiel da situação. A primavera árabe foi retratada como um impulso decisivo rumo à liberdade e à democracia, mas os resultados efetivos na Líbia, Egito e Iêmen, por exemplo, demonstraram o contrário."


A região de Laodiceia, no norte da Síria, esteve a salvo do conflito até agora. No território, os cristãos continuam coexistindo pacificamente com os alauítas, muçulmanos xiitas. Segundo Dom Sleiman, a única maneira de sair do conflito é aumentar a pressão internacional, para chegar a "um diálogo entre o regime e os elementos moderados da oposição".

 
Os principais intervenientes internacionais têm de convencer as partes "a sentar-se à mesa das negociações", considerando que "o grande desafio é o fanatismo religioso" e que agora "os rebeldes moderados e os islamitas começaram a lutar uns contra outros".
 
Sobre a contínua fuga dos cristãos do Oriente Médio, Dom Sleiman afirmou que "não podemos permitir que esta terra fique sem cristãos, já que a presença cristã ajuda os muçulmanos a serem moderados".
 
O bispo de Laodiceia reconhece que "precisamos da solidariedade dos povos e governos do Ocidente para garantir a contínua presença dos cristãos", mas, ao mesmo tempo, não é partidário de que os cristãos vivam somente da ajuda exterior.

 
"Precisamos encontrar formas de evitar que se tornem refugiados. A Igreja local está tentando desempenhar um papel crucial, neste sentido", concluiu Dom Sleiman.
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Fonte: Aleteia

Papa defende cultura do encontro contra toda forma de intolerância


DISCURSO
Audiência à delegação do “Simon Wiesenthal Center” 
Sala Clementina do Palácio Apostólico
Quinta-feira, 24 de outubro de 2013


Queridos amigos,

Dou as boas vindas à delegação do Simon Wiesenthal Center, organização internacional judaica para a defesa dos direitos humanos. Sei que este encontro estava agendado há algum tempo, pelo meu amado predecessor Bento XVI, ao qual vocês pediram poder fazer a visita e ao qual vão sempre o nosso afetuoso pensamento e a nossa oração.

Estes encontros são da vossa parte um sinal de respeito e de estima pelos Bispos de Roma, do qual sou grato e ao qual corresponde a consideração do Papa pelo trabalho ao qual vocês se dedicam: combater toda forma de racismo, intolerância e antissemitismo, preservando a memória da Shoah e promovendo a compreensão recíproca mediante a formação e o compromisso social.

Tive oportunidade de reiterar várias vezes, nestas últimas semanas, a condenação da Igreja por toda forma de antissemitismo. Hoje gostaria de destacar como o problema da intolerância deve ser enfrentado em seu conjunto: lá onde qualquer minoria é perseguida e marginalizada por motivo de suas convicções religiosas ou étnicas, o bem de toda uma sociedade está em perigo e todos devemos nos sentir envolvidos. Penso com particular dor no sofrimento, na marginalização e nas autênticas perseguições que não poucos cristãos estão sofrendo em diversos países do mundo. Unamos as nossas forças para favorecer uma cultura do encontro, do respeito, da compreensão e do perdão recíproco.


Para a construção de tal cultura, gostaria de destacar em particular a importância da formação: uma formação que não é somente transmissão de conhecimento, mas passagem de um testemunho vivido, que pressupõe o estabelecimento de uma comunhão de vida, de uma “aliança” com as jovens gerações, sempre aberta à verdade. Para isso, de fato, devemos saber transmitir não somente os conhecimentos sobre a história do diálogo judaico-católico, sobre as dificuldades atravessadas e sobre os progressos alcançados nas últimas décadas: devemos, sobretudo, ser capazes de transmitir a paixão pelo encontro e pelo conhecimento do outro, promovendo um envolvimento ativo e responsável dos nossos jovens. Nisto, o empenho partilhado a serviço da sociedade e dos mais frágeis vem revestido de grande importância. Encorajo-vos a continuar a transmitir aos jovens o valor do esforço comum para rejeitar muros e construir pontes entre as nossas culturas e tradições de fé. Sigamos adiante com confiança, coragem e esperança. Shalom!
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Fonte:Boletim da Santa Sé

Tradução:Jéssica Marçal

Luta contra o mal exige paciência e resistência, afirma Papa


ANGELUS
Praça de São Pedro
Domingo, 20 de Outubro de 2013

Prezados irmãos e irmãs,

No Evangelho de hoje, Jesus narra uma parábola sobre a necessidade de rezar sempre, sem se cansar. A protagonista é uma viúva que, com a insistência da sua súplica a um juiz desonesto, obtém que ele lhe faça justiça. E Jesus conclui: se a viúva conseguiu convencer aquele juiz, julgais que Deus não nos ouve, se lhe suplicarmos com insistência? A expressão de Jesus é muito forte: «Porventura não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que clamam por Ele dia e noite?» (Lc 18, 7).

«Clamar dia e noite» por Deus! Impressiona-nos esta imagem da oração. Mas interroguemo-nos: por que motivo Deus quer isto? Não conhece Ele já as nossas necessidades? Que sentido tem «insistir» com Deus?

Trata-se de uma boa pergunta, que nos faz aprofundar um aspecto muito importante da fé: Deus convida-nos a rezar com insistência, não porque não sabe do que nós temos necessidade, nem porque não nos ouve. Pelo contrário, Ele ouve sempre e conhece tudo acerca de nós, com amor. No nosso caminho quotidiano, especialmente nas dificuldades, na luta contra o mal fora e dentro de nós, o Senhor não está distante, está ao nosso lado; nós lutamos, tendo-o ao nosso lado, e a nossa arma é precisamente a oração, que nos faz sentir a sua presença ao nosso lado, a sua misericórdia e também a sua ajuda. Mas a luta contra o mal é árdua e longa, exige paciência e resistência — como Moisés, que devia manter as mãos levantadas para fazer com que o seu povo vencesse (cf. Êx17, 8-13). É assim: há uma luta a empreender todos os dias; mas Deus é o nosso aliado, a fé nele é a nossa força e a oração é a expressão desta fé. Por isso, Jesus assegura-nos a vitória, mas no final interroga-se: «Mas, quando o Filho do Homem vier, acaso encontrará a fé sobre a terra?» (Lc 18, 8). Se se apaga a fé, apaga-se a oração, e nós caminhamos na escuridão, perdemo-nos no caminho da vida.

Portanto, aprendamos da viúva do Evangelho a rezar sempre, sem nos cansarmos. Esta viúva era forte! Sabia lutar pelos seus filhos! E penso em tantas mulheres que lutam pela própria família, que rezam, que nunca se cansam. Uma recordação hoje, da parte de todos nós, a estas mulheres que com a sua atitude nos oferecem um verdadeiro testemunho de fé e de coragem, um modelo de oração! Uma recordação a elas! Rezemos sempre, mas não para convencer o Senhor com a força das palavras! Ele sabe melhor do que nós do que temos necessidade! Ao contrário, a oração perseverante é expressão da fé num Deus que nos chama a combater com Ele, todos os dias, em cada momento, para vencer o mal com o bem.




Depois do Angelus

Hoje celebra-se o Dia Missionário Mundial. Qual é a missão da Igreja? Propagar no mundo a chama da fé, que Jesus acendeu no mundo: a fé em Deus que é Pai, Amor e Misericórdia. O método da missão cristã não é do proselitismo, mas da chama compartilhada que aquece a alma. Agradeço a todos aqueles que, com a oração e a ajuda concreta, assistem a obra missionária, em particular a solicitude do Bispo de Roma pela propagação do Evangelho. Neste Dia estamos próximos de todos os missionários e missionárias que trabalham muito, sem fazer ruído, oferecendo a própria vida. Como a italiana Afra Martinelli, que trabalhou muitos anos na Nigéria: há alguns dias foi assassinada durante um assalto; todos choraram, cristãos e muçulmanos, porque a amavam. Anunciou o Evangelho com a vida, com a obra que realizou, um centro de instrução; assim propagou a chama da fé, combateu a boa batalha! Pensemos nesta nossa irmã e saudemo-la com um aplauso, todos juntos!

Penso também em Estêvão Sándor, que ontem foi proclamado Beato em Budapeste. Era um leigo salesiano, exemplar no serviço aos jovens, no oratório e na educação profissional. Quando o regime comunista fechou todas as obras católicas, enfrentou as perseguições com coragem e foi assassinado com 39 anos. Unamo-nos à acção de graças da Família salesiana e da Igreja húngara.

Desejo manifestar a minha proximidade às populações das Filipinas atingidas por um forte sismo, e convido-vos a rezar por aquela amada Nação, que recentemente padeceu várias calamidades.

Saúdo o grupo de oração «Raio de Luz», do Brasil!

Feliz Domingo. Até à vista e bom almoço!
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Fonte: Santa Sé

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

9º Mandamento: “Não desejar a mulher do próximo”.


O NONO MANDAMENTO

Não cobiçarás a casa de teu próximo, não desejarás sua mulher, nem seu servo, nem sua serva, nem seu boi, nem seu jumento, nem coisa alguma que pertença a teu próximo (Ex 20,17). Todo aquele que olha para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração (Mt 5,28).

§2514 São João distingue três espécies de cobiça ou concupiscência: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Conforme a tradição catequética católica, o nono mandamento proíbe a concupiscência carnal; o décimo proíbe a concupiscência dos bens alheios.

§2515 No sentido etimológico, a "concupiscência" pode designar qualquer forma veemente de desejo humano. A teologia cristã lhe deu o sentido particular de moção do apetite sensível que se opõe aos ditames da razão humana. O Apóstolo Paulo a identifica com a revolta que a carne provoca contra o "espírito". Provém da desobediência do primeiro pecado. Transtorna as faculdades morais do homem e, sem se pecado em si mesma, inclina-o a cometê-lo.

§2516 Já no homem, tratando-se de um ser composto, espírito corpo, existe certa tensão, desenrola-se certa luta de tendência entre o "espírito" e a carne . Mas essa luta, de fato, pertence à herança do pecado, é uma conseqüência dele e, ao mesmo tempo, uma confirmação, e faz parte da experiência do combate espiritual:

Para o Apóstolo, não se trata de discriminar e condenar o corpo que, juntamente com a alma espiritual, constitui a natureza c homem e sua subjetividade pessoal. Ele quis tratar sobretudo das obras, ou melhor, das disposições estáveis virtudes vícios moralmente boas ou más, que são fruto da submissão (no primeiro caso) ou, pelo contrário, de resistência (no segui do caso) à ação salvífica do Espírito Santo. Por isso o Apóstolo escreve: "Se, portanto, vivemos pelo espírito, caminhemos também segundo o espírito" (Gl 5,25).

A purificação do coração

§2517 O coração é a sede da personalidade moral: "É do coração que procedem más intenções, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações" (Mt 15,19). A luta contra a concupiscência da carne passa pela purificação do coração e a prática da temperança:

Conserva-te na simplicidade, na inocência, e serás como a criancinhas, que ignoram o mal destruidor da vida dos homens.

§2518 A sexta bem-aventurança proclama: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus" (Mt 5,8). A expressão "puros de coração" designa aqueles que entregaram o coração e a inteligência às exigências da santidade de Deus, principalmente em três campos: a caridade, a castidade ou a retidão sexual, o amor à verdade e à ortodoxia da fé. Existe um laço de união entre a pureza do coração, do corpo e da fé:

Os fiéis devem crer nos artigos do símbolo, "para que, crendo, obedeçam a Deus; obedecendo, vivam corretamente; vivendo corretamente, purifiquem seu coração; e, purificando o coração, compreendam o que crêem".

§2519 Aos "puros de coração esta prometido ver a Deus face a face e ser semelhantes a Ele. A pureza de coração é a condição prévia da visão. Desde já nos concede ver segundo Deus, receber o outro como um "próximo"; permite-nos perceber o corpo humano, o nosso e o do próximo, como um templo do Espírito Santo, uma manifestação da beleza divina.


A luta pela pureza

§2520 O Batismo confere àquele que o recebe a graça da purificação de todos os pecados. Mas o batizado deve continuar a lutar contra a concupiscência da carne e as cobiças desordenadas. Com a graça de Deus, alcançará a pureza de coração:

* pela virtude e pelo dom da castidade, pois a castidade permite amar com um coração reto e indiviso;
* pela pureza de intenção, que consiste em ter em vista o fim verdadeiro do homem; com uma atitude simples, o batizado procura encontrar e realizar a vontade de Deus em todas as coisas;
* pela pureza do olhar, exterior e interior; pela disciplina dos sentimentos e da imaginação; pela recusa de toda complacência nos pensamentos impuros que tendem a desviar do caminho dos mandamentos divinos: "A desperta a paixão dos insensatos" (Sb 15,5);
* pela oração: Eu julgava que a continência dependia de minhas próprias forças... forças que eu não conhecia em mim. E eu era tão insensato que não sabia que ninguém pode ser continente, se vos lho concedeis. E sem dúvida mo teríeis concedido, se com gemidos interiores vos ferisse os ouvidos e, com firme fé, pusesse em vós minha preocupação.

§2521 A pureza exige o pudor. Este é uma parte integrante da esperança. O pudor preserva a intimidade da pessoa. Consiste na recusa de mostrar aquilo que deve ficar escondido. Está ordenado castidade, exprimindo sua delicadeza. Orienta os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das pessoas e de sua união.

§2522 O pudor protege o mistério das pessoas e de seu amor. Convida à paciência e à moderação na relação amorosa; pede que sejam cumpridas as condições da doação e do compromisso definitivo do homem e da mulher entre si. O pudor é modéstia. Inspira o modo de vestir. Mantém o silêncio ou certa reserva quando se entrevê o risco de uma curiosidade malsã. Torna-se discrição.

§2523 Existe um pudor dos sentimentos, como existe o do corpo. O pudor, por exemplo, protesta contra a exploração do corpo humano em função de uma curiosidade doentia (como em certo tipo de publicidade), ou contra a solicitação de certos meios de comunicação ir longe demais na revelação de confidências íntimas. O pudor inspira um modo de viver que permite resistir às solicitações da moda e à pressão das ideologias dominantes.

§2524 As formas revestidas pelo pudor variam de uma cultura a outra. Em toda parte, porém, ele permanece como o pressentimento de uma dignidade espiritual própria do homem. O pudor nasce pelo despertar da consciência do sujeito. Ensinar o pudor a crianças e adolescentes é despertá-los para o respeito à pessoa humana.

§2525 A pureza cristã requer uma purificação do clima social. Exige dos meios de comunicação social uma informação que não ofenda o respeito e a modéstia. A pureza do coração liberta a pessoa do erotismo tão difuso e afasta-a dos espetáculos que favorecem o "voyeurismo" e a ilusão.

§2526 O que se costuma chamar permissividade dos costumes se apoia numa concepção errônea da liberdade humana; para se edificar, esta última tem necessidade de se deixar educar previamente pela lei moral. Convém exigir dos responsáveis pela educação que dêem à juventude um ensino respeitoso da verdade, das qualidades do coração e da dignidade moral e espiritual do homem.

§2527 "A Boa Nova de Cristo restaura constantemente a vida e a cultura do homem decaído, combate e remove os erros e os males decorrentes da sempre ameaçadora sedução do pecado. Purifica e eleva incessantemente os costumes dos povos. Com as riquezas do alto ela fecunda, como que por dentro, as qualidades do espírito e os dotes de cada povo e de cada idade; fortifica-os, aperfeiçoa-os e restaura-os em Cristo."

§2528 "Todo aquele que olha para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração" (Mt 5,28).

§2529 O nono mandamento adverte contra a cobiça ou concupiscência carnal.

§2530 A luta contra a cobiça carnal passa pela purificação do coração e pela prática da temperança.

§2531 A pureza do coração nos permitirá ver a Deus e nos permite desde já ver todas as coisas segundo Deus.

§2532 A purificação do coração exige a oração, a prática da castidade, a pureza da intenção e do olhar.

§2533 A pureza do coração exige o pudor, que é paciência, modéstia e discrição. O pudor preserva a intimidade da pessoa.

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Papa recebe luteranos e encoraja continuidade do diálogo


DISCURSO
Audiência à delegação da Federação Luterana Mundial
e aos membros da comissão luterano-católica para a unidade
Segunda-feira, 21 de outubro de 2013


Queridos irmãos e irmãs luteranos e queridos irmãos católicos,

Com prazer dou as boas vindas a todos vocês, Delegação da Federação Luterana Mundial e Representantes da Comissão para a Unidade luterano-católica. Este encontro segue aquele, muito cordial e de bom grado, que tive com o senhor, estimado bispo Younan, e com o Secretário da Federação Luterana Mundial, Reverendo Junge, em ocasião da celebração do início do meu ministério como Bispo de Roma.

Olho com sentido de profunda gratidão ao Senhor Jesus Cristo, aos numerosos passos que as relações entre luteranos a católicos deram nas últimas décadas, e não somente através do diálogo teológico, mas também mediante a colaboração fraterna em múltiplos âmbitos pastorais e, sobretudo, no empenho em progredir no ecumenismo espiritual. Este último constitui, em certo sentido, a alma do nosso caminho rumo à plena comunhão e nos permite colher desde já alguns frutos, mesmo se imperfeitos: à medida que nos aproximamos com humildade de espírito do Nosso Senhor Jesus Cristo, estamos seguros de nos aproximarmos também entre nós e à medida que invocamos ao Senhor o dom da unidade, estamos certos de que Ele nos tomará pela mão e será nosso guia. É necessário deixar-se levar pelas mãos do Senhor Jesus Cristo.


Este ano, como resultado do diálogo teológico, que completa agora 50 anos, e em vista da comemoração do quinto centenário da Reforma, foi publicado o texto da Comissão para a Unidade luterano-católica, de significativo título: “Do conflito à comunhão. A interpretação luterano-católica da Reforma em 2017”. Parece-me realmente importante para todos o esforço de se colocar em diálogo sobre a realidade histórica da Reforma, sobre as consequências e sobre respostas que a essa são dadas. Católicos e luteranos possam pedir perdão pelo mal causado uns aos outros e pelas culpas cometidas diante de Deus e, juntos, alegrarem-se pela nostalgia de unidade que o Senhor despertou nos nossos corações e que nos faz olhar adiante com um olhar de esperança.

À luz do caminho destas décadas e de tantos exemplos de comunhão fraterna entre luteranos e católicos dos quais somos testemunhas, confortado pela confiança na graça que nos é doada no Senhor Jesus Cristo, estou certo de que saberemos levar adiante o nosso caminho de diálogo e de comunhão, abordando também as questões fundamentais, bem como nas divergências que surgem em campo antropológico e ético. Certo, as dificuldades não faltam e não faltarão, vão requerer ainda paciência, diálogo, compreensão recíproca, mas não se assustem! Saibam bem – como muitas vezes nos recordou Bento XVI – que a unidade não é primeiramente fruto do nosso esforço, mas da ação do Espírito Santo ao qual ocorre abrir os nossos corações com confiança para que nos conduza sobre os caminhos da reconciliação e da comunhão.

O Beato João Paulo II perguntava-se: “Como anunciar o Evangelho da reconciliação sem ao mesmo tempo empenhar-se em trabalhar pela reconciliação dos cristãos? (Cart. Apost. Ut unum sint, 98). A oração fiel e constante nas nossas comunidades possa apoiar o diálogo teológico, a renovação da vida e a conversão dos corações, a fim de que, com a ajuda de Deus Uno e Trino, possamos caminhar rumo ao cumprimento do desejo do Filho, Jesus Cristo: que todos sejam um. Obrigado.

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Fonte:Boletim da Santa Sé

Tradução:Jéssica Marçal

Veremos os parentes no céu?

Podemos chorar os mortos; as lágrimas são o tributo da natureza, 
mas sem desespero e sem desilusão

A morte é um enigma, e muitos perguntam se nós veremos os nossos entes queridos no céu. A saudade é amarga e as lágrimas não podem deixar de rolar quando perdemos uma pessoa querida. Cristo chorou quando perdeu o amigo Lázaro.

Fé não é insensibilidade e dureza de coração. Você pode chorar, até diante dos filhos, mas chore como quem tem fé na ressurreição. Os santos nos garantem que veremos os entes queridos mortos que nos antecederam.

Diante da dor da morte gosto de me lembrar de Nossa Senhora aos pés da cruz do seu Amado. Ela perdeu o Filho Único…, Deus, morto de uma maneira tão cruel como  nenhum de nós o será. Ela perdeu muito mais do que nós e não se desesperou. Certamente chorou muito, mas nunca se desesperou e nunca perdeu a . Aos pés da cruz de Jesus estava de pé (stabat!).

Podemos chorar os mortos; as lágrimas são o tributo da natureza, mas sem desespero e sem desilusão.

Até o céu; lá nos voltaremos a ver, ensinam os santos. Que grande felicidade será para nós poder encontrá-los, depois de ter chorado tanto a sua ausência! Não nos deixemos levar ao desespero quando alguém parte; não somos pagãos. Lá não haverá mais pranto, nem lágrimas e nem luto.


São Francisco de Sales disse: “Meu Deus, se a boa amizade humana é tão agradavelmente amável, que não será ver a suavidade sagrada do amor recíproco dos bem-aventurados… Como essa amizade é preciosa e como é preciso amar na terra, como se ama no Céu!”

São Tomás de Aquino garante que no Céu conheceremos nossos parentes e amigos. Diz o santo doutor:

“A contemplação da Essência Divina não absorve os santos de maneira a impedir-lhes a percepção das coisas sensíveis, a contemplação das criaturas e a sua própria ação. Reciprocamente, essa percepção, essa contemplação e essa ação não os podem distrair da visão beatífica de Deus” (S. Teológica, 30, p. 84).

A morte não é o aniquilamento estúpido que pregam os materialistas sem Deus, mas o renascimento da pessoa. A Igreja reza na Liturgia que “a vida não é tirada mas transformada”.

Só o cristão valoriza a morte e é capaz de ficar de pé diante dela. Deus não nos criou para o aniquilamento estúpido, mas para a sua glória e para o seu amor. Fomos criados para participar da felicidade eterna de Deus.

Santa Teresinha disse ao morrer: “não morro, entro para a vida”.

A árvore cai sempre do lado em que viveu inclinada; se vivermos inclinados ao Coração de Jesus, nele cairemos.

É preciso saber educar os filhos também diante da morte; a psicologia recomenda, por exemplo, que os pais deixem os filhos verem os mortos, se assim eles desejarem, embora não devam forçá-los. Fale da morte com naturalidade aos filhos, e aproveite o momento para ensinar sobre o céu e sobre a ressurreição. Não se pode permitir que as crianças assistam cenas de desespero diante da morte, mesmo que se possa manifestar a dor e sofrimento diante delas.


O grande santo São Francisco Xavier, jesuíta, amigo íntimo de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, foi evangelizar o Japão e a China e por lá morreu. Sabendo que não mais poderia ver o rosto do seu querido amigo Santo Inácio, escreveu-lhe uma carta onde dizia: Não mais verei o teu rosto, mas lá no céu te darei um abraço que durará para sempre.

Prof. Felipe Aquino
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Disponível em: Aleteia

Indulgências em leito de morte


Em sua coluna sobre liturgia, o padre McNamara responde nesta semana à pergunta de um leitor irlandês.

“Eu sempre ouvi dizer que um sacerdote pode dar a bênção apostólica em nome do papa a quem está em leito de morte, concedendo assim a indulgência plenária. Esta informação é verdadeira?” - T.T., Galway, Irlanda.

Sim, é uma afirmação correta. Ela é explicada no ritual para o cuidado pastoral dos doentes e no Manual das Indulgências. Devemos lembrar, no entanto, alguns conceitos sobre as indulgências como tais.

No nº 1471 do Catecismo da Igreja Católica, lemos:

1471. A doutrina e a prática das indulgências na Igreja estão estreitamente ligadas aos efeitos do sacramento da Penitência.

«A indulgência é a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições, pela acção da Igreja, a qual, enquanto dispensadora da redenção, distribui e aplica por sua autoridade o tesouro das satisfações de Cristo e dos santos» (Indulgentiarum Doctrina, Norma 1). 

«A indulgência é parcial ou plenária, consoante liberta parcialmente ou na totalidade da pena temporal devida ao pecado» (Idem, Norma 2). 

«O fiel pode lucrar para si mesmo as indulgências [...], ou aplicá-las aos defuntos» (Idem, Norma 3).

Nos números 195 e 201, o ritual para o cuidado pastoral dos enfermos explica o rito a ser seguido para aqueles que se aproximam da morte.


O nº 201 trata do viático fora da missa, que seria a circunstância habitual para esta bênção. Diz:

"O sacramento da penitência ou o ato penitencial pode-se concluir com a indulgência plenária in articulo mortis”. O sacerdote a concede com esta fórmula:

"Pelos santos mistérios da nossa redenção, Deus Todo-Poderoso te perdoe toda pena da vida presente e futura, te abra as portas do paraíso e te conduza à felicidade eterna".

Ou:

"Em virtude da faculdade a mim concedida pela Sé Apostólica, eu te concedo a indulgência plenária e remissão de todos os pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo".

Se não estiver disponível um sacerdote para dar a bênção papal, o Manual das Indulgências oferece uma alternativa em seu número 28:

“O sacerdote que administra os sacramentos aos fiéis em perigo de morte não deve deixar de lhes dar a bênção apostólica, acompanhada pela indulgência plenária. Se a assistência do sacerdote é impossível, a Santa Mãe Igreja concede igualmente a indulgência plenária ao fiel em leito de morte, desde que esteja devidamente disposto e tenha recitado regularmente durante a vida alguma oração. Para obter a indulgência, é recomendado o uso do crucifixo ou da cruz”.

A condição “desde que esteja devidamente disposto e tenha recitado regularmente durante a vida alguma oração” substitui, neste caso, as três condições habituais necessárias para se obter uma indulgência plenária.

A indulgência plenária na hora da morte (in articulo mortis) pode ser obtida também pelo fiel que no mesmo dia já tenha conquistado outra indulgência plenária.

Esta concessão, no nº 28, vem da constituição apostólica Indulgentiarum doctrina, norma 18, emitida pelo papa Paulo VI em 1º de janeiro de 1967.

Diferentemente do sacramento dos enfermos, é possível dar a bênção papal ao se aproximar a morte, com a respectiva indulgência, somente uma vez durante a mesma situação de enfermidade. Se a pessoa se recuperar, a bênção pode ser realizada novamente em caso de nova ameaça de morte iminente.

Essas bênçãos papais e as indulgências foram concedidas pela primeira vez aos cruzados e aos peregrinos que morreram durante a viagem que tinham empreendido a fim de obter a indulgência do Ano Santo. Os papas Clemente IV (1265-1268) e Gregório XI (1370-1378) a estenderam às vítimas da peste.

As concessões têm se tornado cada vez mais frequentes, embora ainda limitadas no tempo ou reservadas aos bispos, de modo que relativamente poucas pessoas puderam desfrutar desta graça.


Esta situação levou o papa Bento XIV (1740-1758) a promulgar a constituição Pia Mater, em 1747, concedendo a mesma faculdade a todos os bispos, juntamente com a possibilidade de subdelegá-la aos sacerdotes.


Pe. Edward McNamara, LC, 

professor de teologia e diretor espiritual

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Fonte: ZENIT

A vergonha das políticas migratórias

É preciso que haja cooperação internacional
e um espírito de profunda solidariedade e compaixão

Uma só palavra do Papa Francisco foi suficiente para mexer com a consciência de milhões de habitantes, sobretudo dos políticos ocidentais. Esta palavra, como bem sabemos, foi "vergonha".
 
Vergonha pelo ocorrido em Lampedusa, que não foi a primeira vez, e Deus queria que seja a última. E vergonha pelas políticas migratórias dos países desenvolvidos, que, além de querer colocar portas no campo – porque as migrações existiram e existirão sempre –, chegam a punir o auxílio humanitário, que, ao contrário, precisa ser um dever: seria preciso punir por não prestar este auxílio.

 
Há números que clamam ao céu: cada ano, mais de 20 mil pessoas perdem a vida na travessia da migração forçada. Cada ano, os países industrializados gastam 17 bilhões de dólares para evitar a imigração.

 
O custo de um barco e de um avião para a vigilância das fronteiras espanholas, por exemplo, é de 3.700 euros por hora, o que equivaleria à renda anual de 10 cidadãos de Serra Leoa.



Somente a terceira fase da cerca de Melilla, que incorpora os últimos avanços tecnológicos, custou ao Estado espanhol, em 2006, mais de 20 milhões de euros – dinheiro com o qual se poderia facilitar o tratamento contra a malária de 11 milhões de crianças africanas.

 
Como diz o Papa Francisco, "não são peões no tabuleiro de xadrez da humanidade. Trata-se de crianças, mulheres e homens que deixam ou são forçados a abandonar suas casas por vários motivos, que compartilham o mesmo desejo legítimo de conhecer, de ter, mas, acima de tudo, de ser mais".
 
O que pode ser feito? Não é tão difícil.

 
O Papa Francisco já deu a resposta: isso "exige, acima de tudo, uma cooperação internacional e um espírito de profunda solidariedade e compaixão. É importante a colaboração em vários níveis, com a adoção unânime de instrumentos de regulamentação para proteger e promover a pessoa humana". Basta mudar as leis egoístas e protecionistas.

 
Já Bento XVI explicou, em sua encíclica Caritas inveritate (62), as duas chaves do necessário giro político: por um lado, "uma estreita colaboração entre os países donde partem os emigrantes e os países de chegada".


 
Por outro, adotar "adequadas normativas internacionais, capazes de harmonizar os diversos sistemas legislativos, na perspectiva de salvaguardar as exigências e os direitos das pessoas e das famílias emigradas e, ao mesmo tempo, os das sociedades de chegada dos próprios emigrantes."
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Fonte: Aleteia