segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Os Coptas: quem são?


Em síntese: Os Coptas são os cristãos do Egito, que no século V adotaram o monofisismo condenado pelo Concilio de Calcedônia (451). No século XVI uma parte da população copta reuniu-se à Igreja Católica, reconhecendo o primado de Pedro. Os dissidentes já não professam a heresia que lhes ocasionou a origem. Estenderam sua pregação até a Etiópia, onde também existem comunidades coptas.

A palavra copta deriva-se do árabe Qoubt, que é a deformação do grego Aigyptioi. Designa as habitantes do Egito anteriores à invasão árabe (século VIII) aderiram ao Evangelho no início da era cristã, mas no século V abraçaram a heresia monofisita, que o Concilio de Calcedônia (451) condenara. Formaram assim a Comunhão Egípcia Copta com ramificações na Etiópia (Abissínia). A partir do século XVI muitos dos dissidentes se uniram à Sé de Pedro em Roma de modo que há atualmente coptas separados da Igreja Católica e outros (em menor número e somente no Egito) unidos à Santa Sé.

Veremos, a seguir, a história e a doutrina de fé dos coptas.

1.       Coptas monofisistas: histórico

Desde os primeiros séculos do Cristianismo registrou-se certa rivalidade entre a sé de Alexandria e a de Bizâncio (Constantinopla) aquela podia fazer valer sua origem no tempo dos Apóstolos (fundada por São Marcos?), ao passo que esta era uma cidade pequena promovida em 330 a capital do Império Romano e sede do poder imperial, muitas vezes despótico e pouco simpático. Tal rivalidade se acentuou por ocasião da controvérsia ariana: S. Atanásio de Alexandria (+ 373) defendia a reta fé contra a heresia ariana tutelada de certo modo pelos imperadores bizantinos; com Atanásio estavam os monges do Egito, que eram os guias espirituais da população local.

No fim do séc. IV o bispo Teófilo de Alexandria esteve em posição hostil a São João Crisóstomo de Constantinopla, sendo o alexandrino apoiado pelo poder imperial.

Em meados do século V o bispo Dióscoro de Alexandria propôs a teoria monofisita: em Cristo havia uma só pessoa (divina) e uma única natureza (divina), pois a natureza teria sido absorvida pela divina. Tal teoria foi rejeitada pelo Concilio de Calcedônia (451), pois destruía o conceito mesmo de Encarnação. Os cristãos do Egito separaram-se então da Igreja Católica. O governo imperial, usando de violência, impôs a Alexandria o bispo ortodoxo Protério, donde resultou um tumulto popular e a morte do prelado. O monofisismo foi-se implantando cada vez mais no Egito, apesar das intervenções do governo imperial, que para lá enviava bispos ortodoxos.


Em 617 os persas invadiram o Egito e reconheceram tão somente a hierarquia monofisita. Doze anos mais tarde, sobreviveram os árabes muçulmanos, que confirmaram o predomínio do monofisismo: este passou a constituir como que um Estado dentro do Estado muçulmano, sendo o Patriarca copta chefe religioso e civil, com sua legislação e seus tribunais próprios Em breve, porém, começou a pressão árabe os cristãos foram submetidos a vexames e pesados impostos – o que redundou na apostasia de muitos, a tal ponto que já não convinha aos muçulmanos, pois os convertidos deixavam de pagar impostos. Os monofisitas fiéis foram tratados como parias, de modo que a população monofisita do Egito perdeu quase todo o seu significado no país.

Tal situação se pro traiu até o século XIX, quando o governo egípcio resolveu conceder liberdade religiosa a todos os cidadãos. – Eis, porém, que a péssima administração eclesiástica copta provocou uma revolta de leigos influentes na Igreja: a rebelião durou dez anos, ou seja, de 1882 a 1892. Somente em 1928 a situação na comunidade copta se normalizou, estando porém a Igreja muito enfraquecida: restavam poucos dos numerosos mosteiros de outrora. O cidadão copta no Egito ainda é considerado de categoria inferior. Não obstante, os fiéis se sentem membros de uma grande família unida e solidária em torno do seu Patriarca que é como um pai para todos.

2.      Coptas monofisitas: doutrina

O ponto crucial é a Cristologia. Verifica-se, porém, que, embora os coptas guardem grande estima por Dióscoro, o arauto do monofisismo, condenado em Calcedônia, já não professam a mesma heresia. Com efeito, na segunda metade do século V o Patriarca Timóteo Eluro, de Alexandria, tomou posição contra o rígido monofisismo e confessou ter permanecido em Cristo toda a substância de autêntico ser humano, em virtude da qual o Emanuel é consubstancial com a Virgem Maria; todavia, dizia Timóteo Eluro, não é lícito falar de duas naturezas em Cristo, pois isto poderia implicar o erro de Nestório, que admita duas naturezas e duas pessoas em Cristo (em suma as discussões teológicas da época eram alimentadas, muitas vezes, pela polivalência dos vocábulos do que pela diferença dos conceitos). A concepção cristológica de Timóteo é ortodoxa; foi reafirmada pelos Patriarcas Sanúcio (século IX) e Menos (século X), que professavam haver em Cristo tudo o que é de Deus e tudo o que é do homem sem mistura nem deterioração do Divino e do humano. Tal profissão de fé perdura até hoje entre os coptas, todavia sem referência a Calcedônia.

No tocante à SSma. Trindade, os teólogos coptas reconhecem um só Deus em três pessoas, mas não entram no debate do Filioque existente entre latinos e gregos; no Credo professam: “Creio no Espírito Santo” sem acrescentar … “o qual procede do Pai”. Recentemente, porém registra-se a atitude de escritores coptas que apoiam os bizantinos na sua recusa do Filioque.

O primado de Pedro foi aceito pelos coptas antigos, cujo porta-voz seja ibn Saba ao escrever “Os nossos pais, os Apóstolos, foram edificados sobre a pedra que é Pedro, chefe universal”. Contudo não se encontram explícitos testemunhos do primado dos sucessores de Pedro. A Teologia copta moderna rejeita o primado romano sob a influência dos escritores bizantinos.

Os coptas admitem a doutrina do purgatório, mas as suas concepções sobre o além não são claras, mescladas como estão com noções de antiga religião egípcia. Além do sacramento da Unção dos Enfermos, têm um óleo bento no sábado santo e ministrado aos adultos que gozam de boa saúde, mas vivem em estado de pecado grave. O sacramento da Ordem, segundo os mestres coptas, não imprime caráter indelével. Aceitam o divórcio para os casos de adultério e de total incompatibilidade de gênios. Praticam a confissão auricular.

3. No Egito os coptas católicos

No Egito – e somente no Egito – existe uma comunidade copta católica.

Com efeito. No século XVI os franciscanos missionários no Egito deram início a uma pregação mais sistemática entre os coptas – o que foi redundando na conversão de certo número à fé católica. Em 1739 o bispo copta de Jerusalém chamado Atanásio, tendo ido ao Cairo, converteu-se à fé católica e em 1741 foi por Bento XIV nomeado Vigário Apostólico dos coptas católicos, que eram então cerca de dois mil. Tal prelado, porém não assumiu atitudes claras perante os monofisitas, pelo que foi substituído por Mons. Giusto Manghim, que recebeu o título de Vigário Geral.

Somente no século XIX foi decretada plena liberdade religiosa no Egito; para aproveitar a oportunidade de maior expansão, o Papa Leão XIII quis organizar melhor a Igreja Católica no Egito, dando-lhe uma hierarquia; foi nomeado Patriarca de Alexandria Mons. Cirillo Nacário, o qual apostou em 1908, causando grave dano à comunidade católica. Esta foi-se reerguendo aos poucos, principalmente após a guerra de 1914-18; de 1927 a 1937 o número de fiéis passou de 20.000 a 47.000. Pouco após a segunda guerra mundial (1939-45) eram 63.000, com 88 presbíteros e 70 igrejas. Aos 9/08/1947 foi de novo nomeado um Patriarca católico para Alexandria e foi criada a diocese de Assiut, que, com a de Minia (criada em 1938) constituía a Igreja católica copta do Egito.

4. Na Etiópia os coptas

Os etíopes ou abissínos foram evangelizados por missionários provenientes do Egito em meados do século IV; o Patriarca de Alexandria se encarregava de lhes mandar um Bispo ou abuna que os governasse (costume que persistiu durante séculos).
No século V passaram-se, com os coptas, para o monofisismo.
No decorrer dos tempos os cristãos sofreram perseguição por parte de pagãos e muçulmanos, o que lhes causou danos e perdas, principalmente quando o Patriarca de Alexandria não lhes podia mandar um abuna. Apesar do clima hostil, os cristãos etíopes traduziram seus livros litúrgicos para o gheez, língua do Tigre, e os monges se dedicaram à vida intelectual.

No século XVII os jesuítas portugueses converteram à fé católica, o rei Susnéos e uma parte da população; estes frutos missionários tiveram pouca duração; o abuna Salma se distinguiu na recusa a qualquer ulterior tentativa de conversão. No começo do século XX os cristãos da Etiópia pleitearam sua independência frente a Alexandria. O Patriarca se mostrou contrário a esta perspectiva, mas finalmente concedeu ordenar cinco bispos para aquele país em 1929 e 1930. Quando os italianos ocuparam a região em 1935, empenharam-se por obter a independência da comunidade copta etiópica frente ao Egito. Nada tendo conseguido, em 1937 convocaram um Concilio nacional abissínio, que elegeu como abuna um os bispos locais. A isto respondeu a autoridade religiosa egípcia com um decreto de excomunhão para o eleito. Não obstante, as aspirações dos etíopes não esmoreceram. Após a partida dos italianos em 1942, um congresso nacional etíope empreendeu conversações com os egípcios. Estas, tendo durado seis anos, terminaram num acordo, segundo o qual, após a morte do então abuno seria nomeado um arcebispo nativo, que governaria a Igreja, ordenado porém pelo Patriarca de Alexandria. Os monges desempenharam papel muito importante nessa grande família religiosa.
Ao lado dos etíopes monofisitas, existe no país uma pequena comunidade católica, devida ao trabalho missionário dos padres lazaristas que foram para a Abissínia em 1839 sob a orientação do Bem-aventurado Justino de Jacobis. Os católicos abissínios expandiram-se pela Eritréia, sempre como minoria sofrida sob os regimes do governo local.

5. Conclusão

Como se pôde perceber, as diferenças doutrinárias entre coptas e católicos não são de grande monta; os coptas são guardas fiéis da tradição com seus valores perenes. Isto se compreende ainda melhor se se leva em conta que o Egito foi o berço do monaquismo, tanto do eremítico (Santo Antão foi o pioneiro), quanto do cebobitico (com São Pacômio). Possam estes títulos superar os preconceitos nacionalistas que dificultam a volta à unidade!
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Fonte: Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, Osb
Nº 504, Ano 2004, p. 242

Disponível em: Central Católica

''A reforma da Igreja terá um alto custo. Preparemo-nos!''.


Eu não posso esquecer que uma das minhas primeiras intervenções públicas, com uma certa ressonância, ocorreu durante um congresso organizado pelo padre Balduccie pelo padre Turoldo em Florença, no primeiro pós-Concílio, e se tornou depois um artigo publicado na revista Rocca. Era a temporada do entusiasmo, devido à primavera inaugurada pelo Papa João XXIII e pelo Vaticano II: temporada da "vitória" de um novo modo de viver a Igreja e de edificá-la por parte de todos os cristãos; temporada de "reforma" marcada por uma atmosfera de fervor e de impaciência; temporada em que eu senti, porém, muita presunção acerca dos desenvolvimentos possíveis daquela extraordinária reviravolta.

Surpreendendo muito os amigos com os quais se dialogava intensamente sobre reforma litúrgica, à época ainda em estudo, sobre vida eclesial em estado de conversão para uma conformidade mais profunda para a Igreja como o Senhor a quis e de diálogo na mansidão e na pobreza dos meios com a humanidade contemporânea, eu adverti contra um fácil otimismo. Se realmente tivesse sido tomado o caminho da reforma evangélica da Igreja e do seu ordenamento (papado, episcopado, laicato) – eu disse –, teríamos ido ao encontro de um tempo em que todo triunfalismo seria marcado por fadiga, por sofrimento e até por dilacerações porque há uma necessitas passionis da Igreja que se deve à necessitas passionis vivida pelo seu Senhor Jesus Cristo.

Aconteceria para a Igreja o que aconteceu com Jesus: as potências postas contra o muro pela "lógica da cruz" (1Cor 1, 18) se desencadeariam e haveria também um "choque" com o mundo, já que, na vida eclesial, muitos teriam que sofrer (sim, é preciso dizer, penar!). Se de fato a conversão pessoal requer renúncia, fadiga, separações e, portanto, sofrimento, mais ainda a conversão das comunidades e das Igrejas.

Acima de tudo, se viveria uma dupla tentação. Ou render-se ao mundo, mundanizando-se, não mostrando mais a diferença cristã, esvaziando a cruz, diluindo o Evangelho, curvando-se às exigências do mundo; ou enfrentar o mundo com intransigência e munir-se das suas próprias armas: presença gritada, vontade de contar e de ser contado, atitude de grupo de pressão, assunção de tarefas não atribuídas pelo Senhor. Em todo o caso, continuava sendo mais difícil o caminho de "uma Igreja pobre e de pobres", de uma Igreja que contasse apenas com o Senhor e não com os "poderosos deste mundo" (1Cor 2, 6.8; cf. Mt. 20, 25), de uma Igreja dialogante com os homens na mansidão e na liberdade, sem medo e sem a obsessão de ter que se defender e viver como fortaleza sitiada.


As Igrejas são diferentes, e é possível dizer que todas essas escolhas foram feitas, ora aqui, ora acolá, e de forma diferente nas diversas Igrejas. Sabemos bem o que a Igreja italiana escolheu, esquecendo que a sua liberdade não pode ser vivida como as outras liberdades de que o mundo fala, porque a Igreja nunca é tão livre como quando o mundo a contradiz e a humilha. Sim, para a Igreja, há uma paz que é mais maléfica do que toda guerra, "pax gravior omni bello"!

Hoje, está novamente em curso, para a Igreja, uma primavera, inaugurada pelo Papa Francisco. O entusiasmo é muito: certamente eu não quero apagá-lo, mas, mais uma vez, sinto o dever de alertar a mim mesmo e os meus irmãos e irmãs na fé. Estamos dispostos a beber o cálice que Jesus bebeu (cf. Mc 10, 38; Mt 20, 22)? Toda reforma da Igreja, se for evangélica, tem um alto custo: para todos e também para o sucessor de Pedro, que não poderá esperar, ao menos de dentro da Igreja, dos seus, da sua casa, um fácil reconhecimento e uma fácil obediência. Será mais fácil que "publicanos e prostitutas" (cf. Mt 21, 2; Lc 7, 34, 15, 1), "samaritanos e estrangeiros" (cf. Lc 17, 38; Jo 4, 39-40) o escutem – como aconteceu com João Batista e Jesus.

Essas hipóteses perturbam, e não queremos ouvi-las. Porém, se aconteceu com Jesus, com o Senhor, há talvez um discípulo que seja maior do que o seu mestre (cf. Mt 10, 24; Lc 6, 40; Jo 15, 20)? Ou um sucessor de Pedro que não conheça a paixão e a tentação de fugir dela, renegando o Senhor e o Evangelho? Agora, mais do que nunca, é hora de rezar por Pedro, não por uma glória mundana que nunca pode ser sua, mas porque, consolado pelo seu Senhor, ele permaneça firme e possa confirmar a nós, seus irmãos (cf. Lc 22, 31-32), no árduo caminho rumo ao Reino.
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Autor: Enzo Bianchi
Tradução: Moisés Sbardelotto.

Disponível em: Instituto Humanitas Unisinos

domingo, 8 de dezembro de 2013

O protestantismo não quer ser protestante


Lembro-me bem quando era adolescente e congregava na Igreja Luterana, mensalmente recebíamos um livrinho bem pequeno intitulado "Castelo Forte". Num destes exemplares, li sobre a "apostasia" da Igreja Católica, e que os Cristãos que desejavam permanecer fiéis a Cristo tiveram que sair da Igreja Apostólica.

Não só este periódico Luterano, mas ainda outros que li na mesma época, se referiam à Igreja Católica como a Igreja Apostólica. O protestantismo histórico sempre reconheceu a Raiz Apótolica da Igreja Católica.

Com o Protestantismo Pentecostal oriundo do início do séc XX, o discurso mudou (sejamos francos, muita coisa mudou no protestantismo depois deste movimento....). Agora a Igreja Católica não era mais a Igreja Apostólica, mas sim oriunda do séc IV, através de Constantino. Mas este argumento absurdo não é o foco deste meu artigo.

Agora o Protestantismo tem dito que não é protestante. Isto é, que não tem origem nas sucessivas dissidências após a ruptura com a Igreja Católica; mas que, sempre existiu, até mesmo na era apostólica.

Os principais defensores desta tese são os Batistas.

O argumento defensivo protestante mudou, mas a forma de implementá-lo não. Como diz o ditado "papel aceita tudo". É muito fácil afirmar isso ou aquilo, difícil mesmo é provar.

Novamente nossos irmãos separados apresentam uma enchurrada de argumentos subjetivos, que não podem provar. Seria muito bom se pudessem apresentar algum escrito patrístico (obra cristã antiga que os primeiros cristãos nos deixaram como testemunho de sua fé) em que encontrássemos a fé Batista, ou Luterana, ou de qualquer outra denominação, demostrando objetivamente o que dizem.

Fazem isso? NÃO. E sabem por que? Porque não podem, já que até o séc XVI, nenhum cristão professava a fé Protestante. A apresentação de provas é um procedimento legítimo daquele que está com a Verdade, para demonstrar que está de posse dela. Nenhum mentiroso pode apresentar provas da Mentira, já que não exite registro de algo que não aconteceu.

Ao contrário dos protestantes, nós Católicos podemos apresentar provas do que dizemos.


Como estamos com a Verdade Única e Imutável, temos plenas condições de apresentar provas, isto é, de apresentar testemunhos dos primeiros cristãos que corroboram com a fé Católica, mostrando a legitimidade da Igreja Católica e a antiguidade de Sua Existência e Sua Doutrina, vejam alguns exemplos:

Sobre o nome da Igreja
"Onde quer que se apresente o Bispo, ali esteja também a comunidade, assim como a presença de Cristo Jesus nos assegura a presença da Igreja Católica"(Santo Inácio aos Esmirniotas - 107 DC)

Sobre o Primado de Pedro

"Depois da ressurreição, diz o Senhor: 'Apascenta as minhas ovelhas'. Assim o Senhor edifica sobre Pedro a Igreja e lhe confia as suas ovelhas para apascentá-las. Se bem que dê igual poder a todos os Apóstolos, constitui uma só cátedra e dispõe, por sua autoridade, a origem e o motivo da unidade. Por certo os demais Apóstolos eram como Pedro, mas o primado é dado a Pedro e a unidade da Igreja e da cátedra é assim demonstrada. Todos são pastores mas, como se vê, um só é o rebanho apascentado pelo consenso unânime de todos os Apóstolos. Julga conservar a fé aquele que não conserva esta unidade recomendada por Paulo? Confia estar na Igreja aquele que abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja?" (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4)

São Pedro foi Bispo de Roma

"[...]quanto a Lino, cuja presença junto dele [do Apóstolo Paulo] em Roma foi registrada na 2ª carta a Timóteo [cf. 2Tm 4,21], depois de Pedro foi o primeiro a obter ali o episcopado, conforme mencionamos mais acima." (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,IV,8 - 317 d.C).

"[...]Alexandre recebeu o episcopado em Roma, sendo o quinto na sucessão de Pedro e Paulo" (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,IV,1 - 317 d.C).

São Pedro sofreu o martírio em Roma

"Tendo vindo ambos a Corinto, os dois apóstolos Pedro e Paulo nos formaram na doutrina evangélica. A seguir, indo para a Itália, eles vos transmitiram os mesmos ensinamentos e, por fim, sofreram o martírio simultaneamente" (Dionísio de Corinto, ano 170, extrato de uma de suas cartas aos Romanos conforme fragmento conservado na HE II,25,8).

"Eu, porém, posso mostrar o troféu dos Apóstolos [Pedro e Paulo]. Se, pois, quereis ir ao Vaticano ou à Via Ostiense, encontrarás os troféus dos fundadores desta Igreja" (Discurso contra Probo - Caio presbítero de Roma, + ou - 199 d.C). Eusébio também trata deste escrito em HE II,25,7.

"Pedro, finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo" (Orígenes, +253, conforme fragmento conservado na HE, III,1).

"Quando Nero viu consolidado seu poder, começou a empreender ações ímpias e muniu-se contra o culto do Deus do universo. [...] Foi também ele, o primeiro de todos os figadais inimigos de Deus, que teve a presunção de matar os apóstolos. Com efeito, conta-se que sob seu reinado Paulo foi decapitado em Roma. E ali igualmente Pedro foi crucificado [cf. Jo 21,18-19; 2Pd 1,14]. Confirmam tal asserção os nomes de Pedro e de Paulo, até hoje atribuídos aos cemitérios da cidade." (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,II,25,1-5 - 317 d.C).

"Pedro, contudo, parece ter pregado aos judeus da Diáspora, no Ponto, na Galácia, na Bitínia, na Capadócia e na Ásia [cf. 1Pd 1,1), e finalmente foi para Roma, onde foi crucificado de cabeça para baixo, conforme ele mesmo desejara sofrer." (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE III,2 - 317 d.C)

Sobre o Primado da Igreja de Roma sobre as Demais

"Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a tradição apostólica que ela guarda e a fé que ela comunicou aos homens chegaram até nós através da sucessão regular dos bispos, confundindo assim todos aqueles que querem procurar a verdade onde ela não pode ser encontrada. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário que esteja de acordo toda comunidade, isto é, os fiéis do mundo inteiro; nela sempre foi conservada a tradição dos apóstolos" (Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,3,2).

" Após termos discutido sobre os Escritos dos profetas e as Escrituras evangélicas e apostólicas acima, sobre os quais a Igreja Católica está fundada pela graça de Deus, também achamos necessário dizer, embora a Igreja Católica universalmente esteja difundida sobre todo o mundo, sendo a única noiva de Cristo, que à Santa Igreja romana é dado o primeiro lugar sobre as demais igrejas, não por decisão sinoidal, mas sim pela voz do Senhor, nosso Salvador, pois no Evangelho obteve a primazia: "Tu és Pedro" - Ele disse - "e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela; e te darei as chaves do Reino dos Céus e tudo o que ligardes sobre a Terra será também ligado no Céu, e tudo o que desligardes sobre a Terra será também desligado no Céu"."(Decreto Gelasiano, 384 d.C)
". Portanto, primeira é a cátedra da Igreja romana, do apóstolo Pedro, por não haver qualquer mancha, ruga ou qualquer outro [defeito]. Porém, o segundo lugar foi concedido, em nome do bem-aventurado Pedro, a Marcos, seu discípulo e autor do Evangelho, para Alexandria. Ele mesmo escreveu a Palavra da Verdade, no Egito, conforme [ouvira do] apóstolo Pedro; lá foi gloriosamente consumada [sua vida] no martírio. O terceiro lugar é guardado por Antioquia, do bem-aventurado e venerável apóstolo Pedro, que ali viveu antes de vir à Roma e onde pela primeira vez foi ouvido o nome da nova raça: ?cristãos?." (Decreto Gelasiano, 384 d.C)

A Igreja de Cristo é Una e Visível

"A Igreja é uma só, embora abranja uma multidão pelo contínuo aumento de sua fecundidade. Assim como há uma só luz nos muitos raios do sol, uma só árvore em muitos ramos, um só tronco fundamentado em raízes tenazes, muitos rios em uma única fonte, assim também esta multidão guarda a unidade da origem, se bem que pareça dividida por causa da inumerável profusão dos que nascem. A unidade da luz não comporta que se separe um raio do centro solar; um ramo quebrado da árvore não cresce; cortado da fonte, o rio seca imediatamente. Do mesmo modo, a Igreja do Senhor, como luz derramada, estende seus raios em todo o mundo e é uma única luz que se difunde sem perder a própria unidade. Ela desdobra os ramos por toda a terra com grande fecundidade; estende-se ao longo dos rios com toda a liberalidade e, no entanto, é uma na cabeça, uma pela origem, uma só mão imensamente fecunda. Nascemos todos do seu ventre, somos nutridos com seu leite e animados por seu Espírito" (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4).

"Quem é tão ímpio e perverso, tão enlouquecido pelo delírio da discórdia que julgue poder ou que ouse dividir a unidade de Deus, a veste do Senhor, a Igreja de Cristo? O próprio Senhor adverte e ensina no Evangelho: 'Haverá um só pastor e um só rebanho'. Pensa alguém que em um só lugar poderá haver muitos rebanhos e muitos pastores? Também o Apóstolo Paulo, insinuando esta mesma unidade, suplica, exorta e recomenda: 'Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais a mesma coisa e não haja cisões entre vós. Sede propensos no mesmo espírito e à mesma sentença'. Ainda outra vez: 'Suportai-vos mutuamente no amor da paz, fazendo tudo para conservar a unidade do espírito no vínculo da paz'. Acreditas que podes subsistir afastado da Igreja, procurando para ti outras moradas? Disseram a Raab, que prefigurava a Igreja: 'Reune contigo, em casa, teu pai, tua mãe, teus irmãos, toda a tua família. E quem ultrapassar a porta de tua casa, responderá por si'. Do mesmo modo como o mistério da Páscoa significa, na lei do Êxodo, a mesma unidade, o cordeiro que é morto, figurando a Cristo, deve ser comido numa só casa. Deus disse: 'Será comido em uma só casa. Não lanceis a carne fora de casa'. A carne de Cristo, do Santo do Senhor, não pode ser lançada fora. E não há para os fiéis outra casa senão a Igreja." (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4)

Sobre a Sucessão Apostólica

"Os apóstolos receberam do Senhor Jesus Cristo o Evangelho que nos pregaram. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Cristo, portanto, vem de Deus, e os apóstolos vêm de Cristo. As duas coisas, em ordem, provêm, da vontade de Deus. Eles receberam instruções e, repletos de certeza, por causa da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, fortificados pela palavra de Deus e com plena certeza dada pelo Espírito Santo, saíram anunciando que o Reino de Deus estava para chegar. Pregavam pelos campos e cidades, e aí produziam sua primícias, provando-as pelo Espírito, a fim de instituir com elas bispos e diáconos dos futuros fiéis. Isso não era algo novo: desde há muito tempo, a Escritura falava dos bispos e dos diáconos. Com efeito, em algum lugar está escrito: "Estabelecerei seus bispos na justiça e seus diáconos na fé." (São Clemente, + 90, Primeira Carta aos Corínitos,42)

"Nossos apóstolos conheciam, da parte do Senhor Jesus Cristo, que haveria disputas por causa da função episcopal. Por este motivo, prevendo exatamente o futuro, instituíram aqueles de quem falávamos antes, e ordenaram que, por ocasião de morte desses, outros homens provados lhes sucedessem no ministério. Os que foram estabelecidos por eles ou por outros homens eminentes, com a aprovação de toda a Igreja, e que serviram irrepreensivelmente ao rebanho de Cristo, com humildade, calma e dignidade, e que durante muito tempo receberam o testemunho de todos, achamos que não é justo demiti-los de sua funções. Para nós, não seria culpa leve se exonerássemos do episcopado aqueles que apresentaram os dons de maneira irrepreensível e santa. Felizes os presbíteros que percorreram seu caminho e cuja vida terminou de modo fecundo e perfeito. Eles não precisam temer que alguém os afaste do lugar que lhes foi designado. E nós vemos que, apesar da ótima conduta deles, removestes alguns da funções que exerciam de modo irrepreensível e honrado." (São Clemente, + 90, Primeira Carta aos Corínitos,44)

"Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. " (Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,3,2).

"Depois de ter assim fundado e edificado a Igreja, os bem-aventurados Apóstolos transmitiram a Lino o cargo do episcopado... Anacleto lhe sucede. Depois, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, é a Clemente que cabe o episcopado... A Clemente sucedem Evaristo, Alexandre; em seguida, em sexto lugar a partir dos Apóstolos, é instituído Sixto, depois Telésforo, também glorioso por seu martírio; depois Higino, Pio, Aniceto, Sotero, sucessor de Aniceto; e, agora, Eleutério detém o episcopado em décimo segundo lugar a partir dos Apóstolos" (Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,2,1s).

"Foi primeiramente na Judéia que eles (os Apóstolos escolhidos e enviados por Jesus Cristo) implantaram a fé em Jesus Cristo e estabeleceram comunidades. Depois partiram pelo mundo afora e anunciaram às nações a mesma doutrina e a mesma fé. Em cada cidade fundaram Igrejas, às quais, desde aquele momento, as outras Igrejas emprestam a estaca da fé e a semente da doutrina; aliás, diariamente emprestam-nas, para que se tornem elas mesmas Igrejas. A este título mesmo são consideradas comunidades apostólicas, na medida em que são filhas das Igrejas apostólicas. Cada coisa é necessariamente definida pela sua origem. Eis por que tais comunidades, por mais numerosas e densas que sejam, não são senão a primitiva Igreja apostólica, da qual todas procedem... Assim faz-se uma única tradição de um mesmo Mistério" (Tertuliano, + 202, De Praescriptione Haereticorum 2, 4-7.9).

"Depois do martírio de Pedro e Paulo, o primeiro a obter o episcopado na Igreja de Roma foi Lino. Paulo, ao escrever de Roma a Timóteo, cita-o na saudação final da carta [cf. 2Tm 4,21]." (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,III,2 - 317 d.C).

"[...]Alexandre recebeu o episcopado em Roma, sendo o quinto na sucessão de Pedro e Paulo" (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,IV,1 - 317 d.C).

"A Clemente [3º sucessor de São Pedro na Cáthedra de Roma] sucedeu Evaristo; a Evaristo, Alexandre, depois, em sexto lugar desde os apóstolos, foi estabelecido Xisto; logo, Telésforo, que prestou glorioso testemunho; em seguida, Higino; após este, Pio, e depois, Aniceto. Tendo sido Sotero o sucessor de Aniceto, agora detém o múnus espiscopal Eleutério, que ocupa o duodécimo lugar na sucessão apostólica. Em idêntica ordem e idêntico ensinamento na Igreja, a tradição proveniente dos apóstolos e o anúncio da verdade chegaram até nós." (História Eclesiástica Livro V, 6,4-5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

Sobre a Eucaristia

"Não me agradam comida passageira, nem prazeres desta vida. Quero pão de Deus que é carne de Jesus Cristo, da descendência de Davi, e como bebida quero o sangue d'Ele, que é Amor incorruptível". (Carta aos Romanos, parágrafo 7, cerca de 80-110 d.C.)

"Apartai-vos das ervas daninhas que Jesus Cristo não cultiva, por não serem plantação do Pai.Não que tenha encontrado em vosso meio discórdias, pelo contrário encontrei um povo purificado. Na verdade, o que são propriedade de Deus e de Jesus Cristo estão com o Bispo, e todos os que se converterem e voltarem à unidade da Igreja, pertencerão também a Deus, par terem uma vida segundo Jesus Cristo. Não vos deixeis iludir, meus irmãos. Se alguém seguir a um cismático, não herdará o reino de Deus se alguém se guiar por doutrina alheia, não se conforma com a Paixão de Cristo. Sede solícitos em tomar parte numa só Eucaristia, porquanto uma é a carne de Nosso Senhor Jesus Cristo, um o cálice para a união com Seu sangue; um o altar, assim como também um é o Bispo, junto com seu presbitério e diáconos, aliás meus colegas de serviço. E isso, para fazerdes segundo Deus o que fizerdes" . (Santo Inácio de Antioquia,Carta aos Filadelfienses,3 e 4, + 110 d.C.)

"Esta comida nós chamamos Eucaristia, da qual ninguém é permitido participar, exceto o que creia que as coisas nós ensinamos são verdadeiras, e tenha recebido o batismo para perdão de pecados e renascimento, e que vive como Cristo nos ordenou. Nós não recebemos essas espécies como pão comum ou bebida comum; mas como Cristo Jesus nosso Salvador, que se encarnou pela Palavra de Deus, se fez carne e sangue para nossa salvação, assim também nós temos ensinado que o alimento consagrado pela Palavra da oração que vem dele, de que a carne e o sangue são, por transformação, a carne e sangue daquele Jesus Encarnado." - (São Justino, I Apologia, Cap. 66, cerca de 148-155 d.C.)

"Deus tem portanto anunciado que todos os sacrifícios oferecidos em Seu Nome, por Jesus Cristo, que está, na Eucaristia do Pão e do Cálice, que são oferecidos por nós cristãos em toda parte do mundo, são agradáveis a Ele." - (São Justino,Diálogo com Trifão, Cap. 117, 130-160 d.C.)

"Outrossim, como eu disse antes, concernente os sacrifícios que vocês, naquele tempo, ofereciam, Deus fala através de Malaquias, um dos doze, como segue: 'Eu não tenho nenhum prazer em você, diz o Senhor; e Eu não aceitarei os sacrifícios de suas mãos; do nascer do sol até seu ocaso, meu Nome tem sido glorificado dentre os gentios; e em todo o lugar incenso é oferecido em meu Nome, e uma oferta pura: Grande tem sido meu nome dentre os gentios, diz o Senhor; mas você O profana.' Assim são os sacrifícios oferecidos a Ele, em todo lugar, por nós os gentios, que são o Pão da Eucaristia e igualmente a taça da Eucaristia, que Ele falou naquele tempo; e Ele diz que nós glorificamos Seu nome, enquanto vocês O profanam." (São Justino,Diálogo com Trifão, [41, 8-10], 130-160 d.C.)

"[Cristo] declarou o cálice, uma parte de criação, por ser seu próprio Sangue, pelo qual faz nosso sangue fluir; e o pão, uma parte de criação, ele estabeleceu como seu próprio Corpo, pelo qual Ele completa nossos corpos." (Santo Irineu de Lião, Contra Heresias, 180 d.C.)

"Assim então, se a taça misturada e o pão fabricado recebem a Palavra de Deus e tornam-se Eucaristia, que é dizer, o Sangue e Corpo de Cristo, que fortifica e reconstrói a substância de nossa carne, como podem essas pessoas dizer que a carne é incapaz de receber o presente de Deus que é a vida eterna, quando isto é feito pelo Sangue e Corpo de Cristo, que são Seu membro? Como o apóstolo abençoado diz em sua carta aos Efésios, 'Nós somos membros de Seu Corpo, de sua carne e de seus ossos' (Ef 5,30). Ele não está falando de forma 'espiritual' e de ' homem invisível', 'um espírito não tem carne e ossos' (Lc 24,39). Não, ele está falando do organismo possuído por um ser humano real, composto de carne e nervos e esqueleto. Isto é este que é nutrido pela taça que é Seu Sangue, e é fortificado pelo pão que é Seu Corpo. O talo da vinha toma raiz na terra e futuramente dá frutos, e 'o grão de trigo cai na terra' (Jo 12,24), dissolve, ascende outra vez, multiplicado pelo Espírito de Deus, e finalmente depois é processando, é colocado para uso humano. Esses dois então recebe a Palavra de Deus e torna-se Eucaristia, que é o Corpo e Sangue de Cristo." (Cinco Livros = Desmascarando e Refutando a Falsidade)

"Somente como o pão que vem da terra, tendo recebido a invocação de Deus, não é mais pão comum, mas Eucaristia, consistindo de duas realidades, divina e terrestre, assim nossos corpos, tendo recebidos a Eucaristia, não são mais corruptíveis, porque eles têm a esperança da ressurreição." - "Cinco Livros = Desmascarando e Refutando a Falsidade - especificamente a Gnose". Livro 4,18; 4-5, cerca de 180 d.C.

"O Sangue do Senhor, realmente, é duplo. Há Seu Sangue corpóreo, por que nós somos redimidos da corrupção; e Seu Sangue espiritual, com que nós somos ungido. Que significa: beber o Sangue de Jesus é compartilhar sua imortalidade. O vigor da Palavra é o Espírito somente como o sangue é o vigor do corpo. Do mesmo modo, como vinho é misturado com água, assim é o Espírito com o homem. O Único, o Vinho e Água nutrido na fé, enquanto o outro, o Espírito, conduzindo-nos para a imortalidade. A união de ambos, entretanto, - da bebida e da Palavra, - é chamada Eucaristia, digna de louvor e presente excelente. Aqueles que partilham disto na fé são santificados no corpo e na alma. Pela vontade do Pai, a mistura divina, homem, está misticamente unida ao Espírito e à Palavra." (São Clemente de Alexandria, O Instrutor das Crianças". [2,2,19,4] + - 202.)

"A Palavra é tudo para uma criança: ambos Pai e Mãe, ambos Instrutor e Enfermeira. 'Comam minha Carne,' Ele diz, 'e Bebam meu Sangue.' O Senhor nos nutre com esses nutrientes íntimos. Ele nos entrega Sua Carne, e nos dá Seu Sangue; e nada é escasso para o crescimento de Suas crianças. Oh mistério incrível!". (São Clemente de Alexandria, O Instrutor das Crianças [1,6,41,3] + - 202.)

Sobre o Batismo de Crianças

"Ele (Jesus) veio para salvar a todos através dele mesmo, isto é, a todos que através dele são renascidos em Deus: bebês, crianças, jovens e adultos. Portanto, ele passa através de toda idade, torna-se um bebê para um bebê, santificando os bebês; uma criança para as crianças, santificando-as nessa idade...(e assim por diante); ele pode ser o mestre perfeito em todas as coisas, perfeito não somente manifestando a verdade, perfeito também com respeito a cada idade" (Santo Irineu, 202 dC - Contra Heresias II,22,4).

"Onde não há escassez de água, a água corrente deve passar pela fonte batismal ou ser derramada por cima; mas se a água é escassa, seja em situação constante, seja em determinadas ocasiões, então se use qualquer água disponível. Dispa-se-lhes de suas roupas, batize-se primeiro as crianças, e se elas podem falar, deixe-as falar. Se não, que seus pais ou outros parentes falem por elas" (Hipólito, 215 dC, Tradição Apostólica 21,16).

"A Igreja recebeu dos apóstolos a tradição de dar Batismo mesmo às crianças. Os apóstolos, aos quais foi dado os segredos dos divinos sacramentos sabiam que havia em cada pessoa inclinações inatas do pecado (original), que deviam ser lavadas pela água e pelo Espírito" (Orígenes, ano 248 - Comentários sobre a Epístola aos Romanos 5,9)

"Do batismo e da graça não devemos afastar as crianças" (São Cipriano, ano 248 - Carta a Fido).

A Tradição dos Apóstolos foi fielmente conservada

"Em primeiro lugar [Inácio de Antioquia], acautelava-se a conservar firmemente a tradição dos apóstolos que, por segurança, julgou necessário fixar ainda por escrito. Estava já prestes a ser martirizado." (História Eclesiástica Livro III, 36,4. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Em teu favor, não hesitarei em aditar às minhas explanações que aprendi outrora dos presbíteros e cuja lembrança guardei fielmente, a fim de corroborar a manifestação da verdade." (Pápias Bispo de Hierápolis, - ou - 120 d.C).

"Pápias, de quem nos ocupamos agora, reconhece ter recebido as palavras dos apóstolos por meio dos que com eles conviveram; declara, além disso, ter sido ele mesmo ouvinte de Aristion e do presbítero João. De fato, cita-os com freqüência nominalmente em seus escritos, referindo as palavras que transmitiram.Não foi ocioso ter dito tais coisas. É justo acrescentar às palavras supramencionadas de Pápias umas narrações ainda de fatos extraordinários e outras que chegaram até ele por meio da tradição." (História Eclesiástica Livro III, 39,7-8. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Floresciam nesta época na Igreja [tempo do Imperador Vero, por volta de 140 d.C], Hegesipo, já conhecido pelas narrações precedentes; Dionísio, bispo de Corinto; Pintos, bispo de Creta. Além disso, Filipe, Apolinário, Melitão, Musano e Modesto, e sobretudo Ireneu. Através de todos eles, chegou até nós por escrito a ortodoxia da tradição apostólica, a verdadeira fé." (História Eclesiástica Livro IV, 21. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Ora, sob [o episcopado de] Clemente, grave divergência surgiu entre os irmãos de Corinto. A Igreja de Roma enviou aos coríntios importante carta, exortando-os à paz e procurando reavivar-lhes a fé, assim como a tradição que, há pouco tempo, ela havia recebido dos apóstolos." (História Eclesiástica Livro IV, 6,3. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Esses mestres [Policarpo, Ireneu, Pápias, Justino, Clemente de Roma, Clemente de Alexandria, entre outros pois a lista é grande], que guardaram a verdadeira tradição da feliz doutrina recebida, como que transmitida de pai a filho, oriunda imediatamente dos santos Apóstolos Pedro e Tiago, João e Paulo (poucos são, contudo os filhos semelhantes aos pais), chegaram até nossos dias, por dom de Deus, a fim de lançar as sementes de seus antepassados e dos apóstolos em nossos corações" (História Eclesiástica Livro V, 11,5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Impossível enumerar nominalmente todos os que então, desde a primeira sucessão dos Apóstolos, tornaram-se pastores ou evangelistas nas Igrejas pelo mundo. Nominalmente confiamos a um escrito apenas a lembrança daqueles cujas obras ainda agora representam a tradição da doutrina apostólica" (História Eclesiástica Livro III, 37,4. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

Veneração dos Santos

"Ignoravam eles que não poderíamos jamais abandonar Cristo, que sofreu pela salvação de todos aqueles que são salvos no mundo, como inocente em favor dos pecadores, nem prestamos culto a outro. Nós o adoramos porque é o Filho de Deus. Quanto aos mártires, nós os amamos justamente como discípulos e imitadores do Senhor, por causa da incomparável devoção que tinham para com seu rei e mestre. Pudéssemos nós também ser seus companheiros e condiscípulos!" (Martírio de Policarpo 17:2, +- 160 D.C).

"Vendo a rixa suscitada pelos judeus, o centurião colocou o corpo no meio e o fez queimar, como era costume. Desse modo, pudemos mais tarde recolher seus ossos [de Policarpo], mais preciosos do que pedras preciosas e mais valiosos do que o ouro, para colocá-lo em lugar conveniente. Quando possível, é aí que o Senhor nos permitirá reunir-nos, na alegria e contentamento, para celebrar o aniversário de seu martírio, em memória daqueles que combateram antes de nós, e para exercitar e preparar aqueles que deverão combater no futuro." (Martírio de Policarpo 18, +- 160 D.C)

Cânon Bíblico

"Cânon 36 - Parece-nos bom que, fora das Escrituras canônicas, nada deva ser lido na Igreja sob o nome 'Divinas Escrituras'. E as Escrituras canônicas são as seguintes: Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, quatro livros dos Reinos1, dois livros dos Paralipômenos2, Jó, Saltério de Davi, cinco livros de Salomão3, doze livros dos Profetas4, Isaías, Jeremias5, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, dois livros de Esdras6 e dois [livros] dos Macabeus. E do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos7, um [livro de] Atos dos Apóstolos, treze epístolas de Paulo8, uma do mesmo aos Hebreus9, duas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas e o Apocalipse de João.10 Sobre a confirmação deste cânon se consultará a Igreja do outro lado do mar11. É também permitida a leitura das Paixões dos mártires na celebração de seus respectivos aniversários12" (Concílio de Hipona, 08.Out.393).

"Parece-nos bom que, fora das Escrituras canônicas, nada deva ser lido na Igreja sob o nome 'Divinas Escrituras'. E as Escrituras canônicas são as seguintes: Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, quatro livros dos Reinos, dois livros dos Paralipômenos, Jó, Saltério de Davi, cinco livros de Salomão, doze livros dos Profetas, Isaías, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, dois livros de Esdras e dois [livros] dos Macabeus. E do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos, um [livro de] Atos dos Apóstolos, treze epístolas de Paulo, uma do mesmo aos Hebreus, duas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas e o Apocalipse de João12. Isto se fará saber também ao nosso santo irmão e sacerdote, Bonifácio, bispo da cidade de Roma, ou a outros bispos daquela região, para que este cânon seja confirmado, pois foi isto que recebemos dos Padres como lícito para ler na Igreja" (Concílio de Cartago III (397) e Concílio de Cartago IV (419)).

"Tratemos agora sobre o que sente a Igreja Católica universal, bem como o que se dever ter como Sagradas Escrituras: um livro do Gênese, um livro do Êxodo, um livro do Levítico, um livro dos números, um livro do Deuteronômio; um livro de Josué, um livro dos Juízes, um livro de Rute; quatro livros dos Reis13, dois dos Paralipômenos; um livro do Saltério; três livros de Salomão: um dos Provérbios, um do Eclesiastes e um do Cântico dos Cânticos; outros: um da Sabedoria, um do Eclesiástico. Um de Isaías, um de Jeremias com um de Baruc e mais suas Lamentações, um de Ezequiel, um de Daniel; um de Joel, um de Abdias, um de Oséias, um de Amós, um de Miquéias, um de Jonas, um de Naum, um de Habacuc, um de Sofonias, um de Ageu, um de Zacarias, um de Malaquias. Um de Jó, um de Tobias, um de Judite, um de Ester, dois de Esdras, dois dos Macabeus. Um evangelho segundo Mateus, um segundo Marcos, um segundo Lucas, um segundo João. [Epístolas:] a dos Romanos, uma; a dos Coríntios, duas; a dos Efésios, uma; a dos Tessalonicenses, duas; a dos Gálatas, uma; a dos Filipenses, uma; a dos Colossences, uma; a Timóteo, duas; a Tito, uma; a Filemon, uma; aos Hebreus, uma. Apocalipse de João apóstolo; um, Atos dos Apóstolos, um. [Outras epístolas:] de Pedro apóstolo, duas; de Tiago apóstolo, uma; de João apóstolo, uma; do outro João presbítero, duas14; de Judas, o zelota, uma. (Catálogo dos livros sagrados, composto durante o pontificado de São Dâmaso [366-384], no Concílio de Roma de 382)

"Quais os livros aceitos no cânon das Escrituras, o breve apêndice o mostra: Cinco livros de Moisés, isto é, Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Um livro de Josué, filho de Num; um livro dos Juízes; quatro livros dos Reinos; e Rute. Dezesseis livros dos Profetas; cinco livros de Salomão; o Saltério. Livros históricos: um de Jó, um de Tobias, um de Ester, um de Judite, dois dos Macabeus, dois de Esdras, dois dos Paralipômenos. Do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos; quatorze epístolas do apóstolo Paulo, três de João, duas de Pedro, uma de Judas, uma de Tiago; os Atos dos Apóstolos; e o Apocalipse de João" (Papa Inocêncio I, 20.02.405; Carta "Consulenti Tibi" a Exupério, bispo de Tolosa).

"Devemos agora tratar das Escrituras Divinas. Vejamos o que a Igreja Católica universalmente aceita e o que deve ser evitado: (1) Começa a ordem do Antigo Testamento: um livro da Gênese, um do Êxodo, um do Levítico, um dos Números, um do Deuteronômio, um de Josué (filho de Nun), um dos Juízes, um de Rute, quatro livros dos Reis, dois dos Paralipômenos, um livro de 150 Salmos, três livros de Salomão (um dos Provérbios, um do Eclesiastes, e um do Cântico dos Cânticos). Ainda um livro da Sabedoria e um do Eclesiástico. (2) A ordem dos Profetas: um livro de Isaías, um de Jeremias com Cinoth (isto é, as suas Lamentações), um livro de Ezequiel, um de Daniel, um de Oséias, um de Amós, um de Miquéias, um de Joel, um de Abdias, um de Jonas, um de Naum, um de Habacuc, um de Sofonias, um de Ageu, um de Zacarias e um de Malaquias. (3) A ordem dos livros históricos: um de Jó, um de Tobias, dois de Esdras, um de Ester, um de Judite e dois dos Macabeus. (4)A ordem das escrituras do Novo Testamento, que a Santa e Católica Igreja Romana aceita e venera são: quatro livros dos Evangelhos (um segundo Mateus, um segundo Marcos, um segundo Lucas e um segundo João). Ainda um livro dos Atos dos Apóstolos. As 14 epístolas de Paulo Apóstolo: uma aos Romanos, duas aos Coríntios, uma aos Efésios, duas aos Tessalonicenses, uma aos Gálatas, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas a Timóteo, uma a Tito, uma a Filemon e uma aos Hebreus. Ainda um livro do Apocalipse de João. Ainda sete epístolas canônicas: duas do Apóstolo Pedro, uma do Apóstolo Tiago, uma de João Apóstolo, duas epístolas do outro João (presbítero) e uma de Judas Apóstolo (o zelota)" (Papa S. Gelásio, 384; Decreto Gelasiano; repetido em 520 pelo papa S. Hormisdas. Seguido também pelo Concílio Ecumênico de Florença15 [1438-1445], e novamente ratificado pelos Concílio de Trento16 [1546-1563] e Vaticano I [1870])).

Para colocar todos os pingos nos "ís" seria necessário escrever uma obra bem mais extensa que este artigo. No entanto, espero que os testemunhos antigos aqui relatados sirvam para uma melhor reflexão daqueles que buscam a Verdade.

Para finalizar vejam na opinião dos primeiros Cristãos onde está a Verdade:

Onde está a Verdadeira Doutrina Cristã

"Mas a Igreja de Éfeso, fundada por Paulo e onde João permaneceu até o tempo de Trajano, é também testemunha genuína da tradição dos apóstolos" (Contra as Heresias, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C).

"Nesta ocasião [tempo do Imperador Vero. Meados do segundo século e início do terceiro], muitos homens da Igreja lutaram em prol da verdade com eloqüência e defenderam as proposições apostólicas e eclesiásticas. Alguns até, com seus escritos, deixaram aos pósteros uma profilaxia contra as heresias que acabamos de citar" (História Eclesiástica Livro IV, 7,5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"A Clemente [3º sucessor de São Pedro na Cáthedra de Roma] sucedeu Evaristo; a Evaristo, Alexandre, depois, em sexto lugar desde os apóstolos, foi estabelecido Xisto; logo, Telésforo, que prestou glorioso testemunho; em seguida, Higino; após este, Pio, e depois, Aniceto. Tendo sido Sotero o sucessor de Aniceto, agora detém o múnus espiscopal Eleutério, que ocupa o duodécimo lugar na sucessão apostólica. Em idêntica ordem e idêntico ensinamento na Igreja, a tradição proveniente dos apóstolos e o anúncio da verdade chegaram até nós." (História Eclesiástica Livro V, 6,4-5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"E quando, por nossa vez, os levamos [os hereges] à Tradição que vem dos apóstolos e que é conservada nas várias igrejas, pela sucessão dos presbíteros, então se opõe à Tradição, dizendo que, sendo eles mais sábios do que os presbíteros, não somente, mas até dos apóstolos, foram os únicos capazes de encontrar a pura verdade." (Contra as Heresias, III,2,1, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C)

"Portanto, a tradição dos apóstolos, que foi manifestada no mundo inteiro, pode ser descoberta e toda igreja por todos os que queiram ver a verdade. Poderíamos enumerar aqui os bispos que foram estabelecidos nas igrejas pelos apóstolos e seus sucessores até nós; e eles nunca ensinaram nem conheceram nada que se parecesse com o que essa gente [os hereges] vai delirando. [...] Mas visto que seria coisa bastante longa elencar numa obrar como esta, as sucessões de todas as igrejas, limitar-nos-emos à maior e mais antiga e conhecida por todos, à igreja fundada e constituída em Roma, pelos dois gloriosíssimos apóstolos, Pedro e Paulo, e, indicando a sua tradição recebida dos apóstolos e a fé anunciada aos homens, que chegou até nós pelas sucessões dos bispos, refutaremos todos os que de alguma forma, quer por enfatuação ou vanglória, que por cegueira ou por doutrina errada, se reúnem prescindindo de qualquer legitimidade. Com efeito, deve necessariamente estar de acordo com ela, por causa da sua origem mais excelente, toda a igreja, isto é, os fiéis de todos os lugares, porque nela sempre foi conservada, de maneira especial, a tradição que deriva dos apóstolos." (Contra as Heresias, III,3,1-2, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C)

O Protestantismo só deixará de ser protestante quando não protestar mais contra a Igreja Santa Una Católica e Apostólica.
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Fonte: Veritatis Splendor 

Maria foi preservada do pecado original em vista dos desígnios de Deus, afirma o Papa


ANGELUS
     Praça São Pedro – Vaticano
       Domingo, 8 de dezembro de 2013


Caros irmãos e irmãs,

Este segundo domingo do Advento cai no dia da festa da Imaculada Conceição de Maria, e então,   o  nosso olhar é atraído pela beleza da Mãe de Jesus, a nossa Mãe! Com grande alegria a Igreja contempla a  “cheia de graça” (Lc 1, 28), assim como Deus olhou para ela desde o primeiro momento em seu desígnio de amor. Maria nos sustenta em nossa jornada rumo a Natal, porque nos ensina a viver este  tempo do Advento, na espera do Senhor.

O Evangelho de São Lucas nos apresenta uma jovem de Nazaré, uma pequena cidade da Galiléia, na periferia do Império Romano e também na periferia de Israel. No entanto, sobre ela posuou o  olhar do Senhor, que a escolheu para ser a mãe de seu Filho. Em vista dessa maternidade, Maria foi preservada do pecado original, ou seja, daquela quebra na comunhão com Deus, com os outros e com a criação,  que fere em profundidade, cada ser humano. Mas essa ruptura foi curada em antecipação na  Mãe d’Aquele que veio para nos libertar da escravidão do pecado. A Imaculada está inscrita no desígnio de Deus, é o fruto do amor de Deus que salva o mundo.

E Nossa Senhora nunca se afastou deste  amor: toda a sua vida, todo o seu ser é um “sim” a Deus.  Mas certamente não foi fácil para ela! Quando o Anjo a chama de “cheia de graça” (Lc 1, 28), ela fica “muito perturbada”, porque na sua humildade se sente  pequena diante de Deus.  O  Anjo  a conforta: “Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus; E eis que conceberás um filho, e o chamars com o nome de  Jesus” (v. 30). Esse anúncio a perturba ainda mais, porque ainda não é casada com José, mas o Anjo acrescenta: “O Espírito Santo virá sobre ti , e Aquele que nascer  será santo e será chamado Filho de Deus” (v. 35) . Maria escuta, obedece interiormente e responde: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (v. 38).


O mistério desta menina de Nazaré, que está no coração de Deus, nãonos é um estranho. Na verdade, Deus coloca o seu olhar amoroso sobre  cada homem e mulher! O apóstolo Paulo afirma que Deus “nos escolheu Nele antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis” (Efésios 1, 4). Também nós, desde sempre, fomos escolhidos por Deus para viver uma vida santa, livre de pecado. É um projeto de amor que Deus renova cada vez que nos aproximamos Dele,  especialmente nos sacramentos.

Nesta festa, contemplando a nossa Mãe Imaculada, também reconhecemos o nosso destino mais verdadeiro, a nossa mais profunda vocação: sermos  amados,  transformados pelo amor. Olhemos  para ela,  e deixemos que ela nos olhe. Aprendamos  a ser  mais humildes, e termos ainda mais coragem para seguir a Palavra de Deus, para receber o abraço carinhoso de seu Filho Jesus, um abraço que nos dá  vida, esperança e  paz.

Após o Angelus

Caros irmãos e irmãs,

Saúdo todos vós com afeto, especialmente , as famílias, grupos paroquiais e associações. Saúdo so fiéis de Cossato, Bianzé, Lomazzo, Livorno Ferraris, Rocca di Papa, San Marzano sul Sarno e Pratola Serra.

Nos unamos espiritualmente à Igreja que vive na  América do Norte, que hoje recorda a fundação de sua primeira paróquia, há cerca de 350 anos: Notre-Dame de Québec. Rendamos graças pelo caminho percorrido, especialmente pelos santos e mártires que enriqueceram aquelas terras. Abençoo de coração a todos os fiéis que celebram este jubileu.

Dirijo um pensamento especial para os membros da Ação Católica Italiana, que hoje renovam a sua adesão à  Associação: Desejo a vocês todo o bem no compromisso  formativo e apostólico.

Hoje, na parte da  tarde, seguindo uma antiga tradição,  irei à Praça Espanha  para rezar aos pés do monumento à Imaculada. Vos peço para se juntarem a mim nesta peregrinação espiritual, que é um ato de devoção filial a Maria, para confiar a cidade de Roma, a Igreja e toda a humanidade.

A todos desejo um bom domingo e uma boa festa de nossa Mãe.
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Fonte: Boletim da Santa Sé

Tradução: Liliane Borges

Imaculada Conceição de Nossa Senhora - 8 de dezembro


O pecado original é uma realidade misteriosa e pouco evidente para nós enquanto comporta um prolongamento da culpa dos progenitores a todos nós. Neste dia nós o consideramos na sua conspícua exceção ou melhor no seu singular privilégio concedido a Maria, que foi dele preservada desde o primeiro instante de sua concepção, de sua existência humana. O valor doutrinal desta festividade é manifesto na prece da celebração litúrgica, que sublinha o privilégio concedido a futura Mãe de Deus: “Ó Deus, que pela Imaculada Conceição da Virgem preparaste ao teu Filho uma morada digna dele (…)”, e a própria natureza deste privilégio, enquanto não subtrai Maria à Redenção universal efetuada por Cristo: “Tu que a preservaste de toda a mancha na previsão da morte do teu Filho (…)”. Antes que Pio IX com a Bula Ineffabilis Deus de 1854 definisse solenemente o dogma da Imaculada Conceição, não obstante as hesitações de alguns teólogos, que podiam apelar para o próprio santo Tomás de Aquino, tinha-se chegado a um desenvolvimento não só da devoção popular para com a Imaculada mas também nas intervenções dos papas a favor desta celebração. Antes que o calendário romano incluísse a festa em 1476, esta já havia aparecido no Oriente no século sétimo, e contemporaneamente, na Itália meridional dominada pelos bizantinos.