quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Casamentos dissolvidos pela Igreja?


Em síntese: O matrimônio sacramental validamente contraído e carnalmente consumado é indissolúvel. A Igreja o afirma em fidelidade ao Evangelho. Todavia o matrimônio não sacramental é dissolvido em favor do matrimônio sacramental (privilégio paulino e privilégio petrino). Também o matrimônio não consumado carnalmente pode ser dissolvido. – É o que vem explanado nas páginas subsequentes.

Nem sempre é claro ao público o conceito de indissolubilidade do matrimônio sacramental. Apontam-se casos que parecem constituir exceções. Daí o propósito das considerações deste artigo.

Indissolubilidade e Divórcio

A indissolubilidade da união conjugal não se fundamenta apenas no Evangelho, mas se deriva da própria lei natural. Com efeito; a união conjugal é tão íntima e plena que ela não admite restrições; doar-se a alguém “para constituir uma só carne” com reservas é incoerência, que o próprio bom senso rejeita. O que se pode e deve desejar, é que a união matrimonial só seja contraída após a devida preparação e com a possível maturidade; naturalmente ela implicará sempre um risco, como tudo o que é grande implica risco; é impossível, porém, fugir ao risco se alguém crer crescer e autorrealizar-se.

O Evangelho corrobora a lei natural, como se verá a seguir.

1.1.  A doutrina do Novo Testamento

São quatro os textos do Novo Testamento que tratam do matrimônio e da sua indissolubilidade:

Mc 10, 11s: “Todo aquele que repudiar sua mulher e esposar outra, comete adultério contra a primeira; e, se essa repudiar o seu marido, comete adultério”.

Lc 16, 18: “Todo aquele que repudiar a sua mulher e esposar outra, comete adultério, e quem esposar uma repudiada por seu marido comete adultério”.

1Cor 7, 10s: “Quanto àqueles que estão casados, ordeno não eu mas o Senhor: a mulher não se separe do marido; se, porém, se separar, não se case de novo, ou reconcilie-se com o marido; e o marido não repudie a esposa”.

Mt 5, 31s: “Eu vos digo: todo aquele que repudia sua mulher, a não ser por motivo de porneia, faz que ela adultere, e aquele que se casa com a repudiada, comete adultério”. O mesmo ocorre em Mt 19, 9.


Como se vê, em Mc, Lc e 1Cor a recusa de segundas núpcias é peremptória; não se admite exceção nem mesmo em favor da parte repudiada, que pode ser vítima inocente; as razões pessoais, subjetivas e sentimentais não vêm ao caso. Trata-se de impossibilidade objetiva derivada da ordem dos valores, independente de culpa ou não culpa dos contraentes. Com outras palavras: essa indissolubilidade não está ligada ao comportamento de esposo e esposa, comportamento para o qual se poderia pleitear misericórdia e perdão. O matrimônio, por sua índole mesma, é indissolúvel; quem o contrai, deve sabê-lo de antemão; Jesus mesmo diz: “O que Deus uniu, o homem não o deve separar” (Mt 19, 6).

Acontece, porém, que no texto de Mt 5, 32s e Mt 19, 9 Jesus parece admitir uma exceção, a saber:… no caso em que haja porneia. Como entender esta palavra?

- Notemos que os textos de Mc, Lc e 1Cor são peremptórios e, além disto, são anteriores ao de Mateus (Mateus grego que hoje temos, deve datar de 80 aproximadamente, o que é posterior a Mc, Lc e 1Cor); disto se segue que é pouco provável que os três tenham eliminado uma cláusula restritiva de Jesus; é mais verossímil que o tradutor do Evangelho de Mateus aramaico para o grego tenha acrescentado a cláusula… Ele o terá feito em vista de uma problemática oriunda em comunidades de maioria judeo-cristã (como eram as comunidades às quais se destinava o Evangelho segundo Mateus).

Qual terá sido essa problemática?
- Deve-se depreender do sentido da palavra grega porneia.

1)     Há quem a traduza por fornicação ou adultério; em conseqüência estaria dissolvido o casamento desde que uma das duas partes incorresse em adultério. É assim que pensam e ensinam as comunidades cristãs ortodoxas orientais e as protestantes. Todavia observe-se que fornicação ou adultério suporia, em grego, moichéia e não pornéia.

2)     Mais acertado é dizer que porneia corresponde ao aramaico zenut, que tinha o sentido de prostituição ou união ilegítima. Os rabinos chamavam zenut todo tipo de união incestuosa devida a um grau de parentesco tornado ilícito pela Lei de Moisés. Com efeito, o capítulo 18 do Levítico enumera, entre outros, os seguintes impedimentos matrimoniais:

“Não descobrirás a nudez da mulher do teu irmão, pois é a própria nudez de teu irmão” (Lv 18, 16). Isto é; o viúvo não se case com uma cunhada solteira.

“Não descobriras a nudez de uma mulher e de sua filha, não tomarás a filha do seu filho, nem a filha de sua filha, para lhes descobrir a nudez. Elas são a tua própria carne; isto seria um incesto” (Lv 18, 17).

Uniões desse tipo e outras enumeradas em Lv 18 podiam ser legalmente contraídas entre pagãos anteriormente à sua conversão ao Cristianismo. Uma vez feitos cristãos, tais fiéis de origem grega deviam suscitar dificuldades aos judeo-cristãos legalistas de suas comunidades cristãs. Daí a cláusula de Mt 5, 32s e 19, 9, que permitia dissolver tais uniões que a lei de Moisés considerava ilegítimas. Essa cláusula terá correspondido a uma decisão de comunidades compostas, em maioria, por judeo-cristãos, a fim de preservar a boa paz entre eles e os cristãos provenientes do paganismo. Deve ter tido vigência geográfica e cronologicamente limitada (enquanto houvesse tais judeo-cristãos legalistas na Igreja); assemelha-se às cláusulas de Tiago adotadas em caráter provisório pelo Concílio de Jerusalém em 49; cf. At 15, 23-29

Essa explicação de Mt 5, 32s e 19, 9, como se vê, não afeta o caráter indissolúvel do matrimônio tal como proposto por Jesus em Mc, Lc e 1Cor.

1.2.  A atual praxe da Igreja

É, pois, indissolúvel o matrimônio sacramental validamente contraído e carnalmente consumado. No casode séria problemática na vida conjugal, a Igreja admite que se faça uma revisão do processo matrimonial para averiguar se houve, na raiz do casamento, algum impedimento (falta de sanidade mental, erro de pessoa, pressão física ou moral…) que tenha tornado nulo o matrimônio; desde que se possa concluir que de fato o matrimônio foi contraído em condições de nulidade, a Igreja o declara; ela não anula o matrimônio. Mas declara que ele sempre foi nulo. As duas partes interessadas são tidas como solteiras.

A lista de impedimentos que tornam nulo o casamento, encontra-se em PR 373/1993, pp. 294ss.

Dispensa do Vínculo Natural

Há casos em que o matrimônio validamente contraído no plano natural é dissolvido pela Igreja em favor de um matrimônio sacramental. Examinemo-los. Com outras palavras: a Igreja não tem o poder de dissolver um casamento sacramental validamente contraído e consumado. Quando, porém, o matrimônio não é sacramental (é sustentado pelo vínculo natural apenas), a Igreja, em casos raros, pode dissolvê-lo em vista da fé ou de uma vivência matrimonial sacramental.

2.1. O Privilégio Paulino (cânones 1143-47).

Em 1Cor 7, 15 São Paulo considera o caso de dois pagãos unidos pelo vínculo natural; se um deles se converte à fé católica e o (a) consorte pagã(o) lhe torna difícil a vida conjugal, o Apóstolo autoriza a parte católica a separar-se para contrair novas núpcias, contanto que o faça com um irmão ou uma irmã na fé. Antes, porém, da separação, é necessário interpelar a parte não batizada, perguntando-lhe se quer receber o Batismo ou se, pelo menos, aceita coabitar pacificamente com a parte batizada, sem ofensas ao Criador. Isto se explica pelo fato de que, para o fiel católico, o matrimônio sacramental é obrigatório; ou ele o contrai com o cônjuge pagão ou, se este não o propicia, contrai-o com uma pessoa católica. Cf. cânones 1143-47.

2.2. O Privilégio Petrino (privilégio da fé); cf. cânones 1148-1150)

O privilégio da fé é como que uma extensão do anterior. Como dito, a Igreja não pode dissolver um casamento sacramental validamente contraído e consumado. Há, porém, uniões matrimoniais não sacramentais entre pessoas não batizadas. Suponhamos que alguma dessas uniões fracasse: em consequência, uma das duas partes (convertida ao Catolicismo ou não) quer contrair novas núpcias com uma pessoa católica, habilitada a receber o sacramento do matrimônio. Essa pessoa católica pode então recorrer à Santa Sé e pedir a dissolução do vínculo natural do(a) seu(sua) pretendente, assim como a eventual dispensa do impedimento de disparidade de culto (caso se trate de um judeu, um muçulmano, um budista…); realiza-se então a cerimônia do casamento católico. Está claro, porém, que os cônjuges que se separam, deverão prover à subsistência e à educação (católica, se possível) dos respectivos filhos.

O privilégio petrino ou da fé tem especial aplicação nos países em que vigora a poligamia. Se o homem não batizado que tenha simultaneamente várias esposas não batizadas, receber o Batismo na Igreja Católica, poderá escolher a mulher que preferir, e deverá casar-se com ela na Igreja (observadas as prescrições relativas a matrimônio de disparidade de culto, se for o caso). O mesmo vale para a mulher não batizada que tenha simultaneamente vários maridos não batizados. É evidente, porém, que o homem que se converte, tem que prover às necessidades das esposas afastadas, segundo as normas da justiça e da caridade; cf. cânon 1148.

Diz-se que a dissolução do vínculo natural em favor de um casamento sacramental se faz para o bem da fé (in bonum fidei), isto é, para permitir que ao menos um dos cônjuges (a parte católica) se possa casar de acordo com a sua fé ou na Igreja.

Dissolução do matrimônio não consumado (cânon 1142)

Diz o cânon 1142:

“O matrimônio não consumado entre batizados ou entre uma parte batizada e outra não batizada pode ser dissolvido pelo Romano Pontífice por justa causa, a pedido de ambas as partes ou de uma delas, mesmo que a outra se oponha”.

Este caso pode ocorrer; todavia não é fácil comprovar que não houve consumação carnal do matrimônio. O cânon nº 1061 observa que a consumação do matrimônio deve ser praticada humano modo, isto é, de modo livre e normal; na hipótese contrária, não se pode falar de consumação. A exigência de modo humano é muito oportuna, pois exclui os casos de inseminação artificial (mesmo que desta nasça uma criança); exclui também os casos em que a esposa é constrangida ou colhida num momento de transtorno mental provisório. Outrora julgava-se que o matrimônio estaria consumado e feito indissolúvel mesmo que a esposa, recusando por medo iniciar a vida sexual, fosse violentada.

Como se vê, a temática matrimônio é muito complexa. O que há de novo na legislação da Igreja datada de 1983, é a compreensão mais apurada do psiquismo humano e das suas potencialidades, como também dos seus limites. Este fator é importantíssimo, pois não se pode julgar o comportamento de alguém unicamente pelo seu foro externo. É decisivo o foro interno, que nem sempre transparece. Em conseqüência, verifica-se que muitos matrimônios outrora tidos como válidos hoje podem ser considerados nulos, porque faltaram ao(s) nubente(s) as condições psicológicas para contrair as obrigações matrimoniais.

Divorciados Recasados e Eucaristia

Tem-se colocado com insistência a questão: um casal de divorciados unidos apenas por um contrato civil não poderia receber os sacramentos, especialmente a Comunhão Eucarística? Multiplicam-se tais casos; as núpcias civis parecem levar dois interessados à harmonia de um autêntico casal vinculado por amor sincero. Por que lhes negar o acesso aos sacramentos?
Tal questionamento toca um ponto delicado da Moral Católica. Com efeito; o sacramento do matrimônio é indissolúvel; por isto qualquer nova união contraída por um dos cônjuges enquanto o outro ainda vive é tida como violação ilícita do vinculo  sacramental, violação que gera um estado de vida contrário à Lei de Deus e, por isto, não habilitado para receber a Eucaristia.

Para renovar a consciência desta doutrina frente à problemática contemporânea, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou aos 14 de setembro de 1994 uma “Carta dirigida aos Bispos da Igreja Católica a respeito da recepção da Comunhão Eucarística por parte de fiéis divorciados novamente casados”. Deste documento extraímos o seguinte trecho:

“Face às novas propostas pastorais acima mencionadas, esta Congregação considera, pois, seu dever reafirmar a doutrina e a disciplina da Igreja nesta matéria. Por fidelidade à palavra de Jesus Cristo,¹ a Igreja sustenta que não pode reconhecer como válida uma nova união, se o primeiro matrimônio foi válido. Se os divorciados se casam civilmente, ficam numa situação objetivamente contrária à lei de Deus.  Por isso, não podem aproximar-se da Comunhão Eucarística, enquanto persiste tal situação.

Esta norma não tem, de forma alguma, um caráter punitivo ou discriminatório para com os divorciados novamente casados, mas exprime antes uma situação objetiva que, por si, torna impossível o acesso à Comunhão Eucarística. Não podem ser admitidos, já que o seu estado e condições de vida contradizem objetivamente àquela união de amor entre Cristo e a Igreja, significada e atuada na Eucaristia. Há, além disso, um outro peculiar motivo pastoral: se se admitissem estas pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e confusão acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio.

Para os fiéis que permanecem em tal situação matrimonial, o acesso à Comunhão Eucarística é aberto unicamente pela absolvição sacramental, que pode ser dada só àqueles que, arrependidos de ter violado o sinal da Aliança e da fidelidade a Cristo, estão sinceramente dispostos a uma forma de vida não mais em contradição com a indissolubilidade do matrimônio. Isto tem como consequência, concretamente, que, quando o homem e a mulher, por motivos sérios – como, por exemplo, a educação dos filhos – não se podem separar, assumem a obrigação de viver em plena continência, isto é, de abster-se dos atos próprios dos cônjuges. Neste caso podem aproximar-se da Comunhão Eucarística, permanecendo firme todavia a obrigação de evitar o escândalo”.

Com outras palavras: os divorciados que vivem nova união não sacramental, podem ter acesso aos sacramentos, inclusive à Eucaristia, caso se disponham a viver sob o mesmo teto como irmão e irmã ou abstendo-se de relações sexuais. Desde que cumpram esta condição, procurem os sacramentos numa igreja em que não são conhecidos a fim de evitar mal-entendidos e escândalos por parte dos fiéis.

Em sua Exortação Apostólica Familiaris Consortio nº 84, o Papa João Paulo II, em tom muito pastoral, refere-se à problemática:

“Juntamente com o Sínodo exorto vivamente os pastores e a inteira comunidade dos fiéis a ajudar os divorciados, promovendo com caridade solícita que eles não se considerem separados da Igreja, podendo, e melhor devendo, enquanto batizados, participar na sua vida. Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a freqüentar o Sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor de justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência para assim implorarem, dia a dia, a graça de Deus. Reze por eles a Igreja, encoraje-os, mostre-se mãe misericordiosa e sustente-os na fé e na esperança”.

A Igreja tem consciência de que a sua legislação relativa ao matrimônio é exigente; mas ela também sabe que, assim procedendo, ela está guardando fidelidade a Cristo e contribuindo para o bem da humanidade, já que a Ética não se decide pelo comportamento da maioria, mas tem princípios perenes, que garantem a dignidade e o verdadeiro bem-estar da humanidade.

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¹ Mc 10, 11-12: “Quem repudia sua mulher e casa com outra, comete adultério em relação à primeira, e, se uma mulher repudia seu marido e casa com outro, comete adultério”.

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Fonte: Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb

Nº 473 – Ano 2001 – p. 453
Disponível em: Central Católica

Papa dedica catequese a uma reflexão sobre o Natal: “Deus está conosco”.


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 18 de dezembro de 2013


Queridos irmãos e irmãs bom dia,

Este nosso encontro se desenvolve no clima espiritual do Advento, tornado ainda mais intenso pela Novena do Santo Natal, que estamos vivendo nestes dias e que noz conduz às festas natalícias. Por isso, hoje gostaria de refletir convosco sobre o Natal de Jesus, festa da confiança e da esperança, que supera a incerteza e o pessimismo. E a razão da nossa esperança é esta: Deus está conosco e confia ainda em nós. É generoso este Deus Pai! Ele vem morar com os homens, escolhe a terra como sua morada para estar junto ao homem e fazer-se encontrar lá onde o homem passa os seus dias na alegria ou na dor. Portanto, a terra não é mais somente um “vale de lágrimas”, mas é o lugar onde o próprio Deus colocou a sua tenda, é o lugar do encontro de Deus com o homem, da solidariedade de Deus com os homens.

Deus quis partilhar a nossa condição humana ao ponto de fazer-se uma só coisa conosco na pessoa de Jesus, que é verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Mas há algo ainda mais surpreendente. A presença de Deus em meio à humanidade não foi realizada de modo ideal, sereno, mas neste mundo real, marcado por tantas coisas boas e ruins, marcado por divisões, maldade, pobreza, prepotência e guerras. Ele escolheu habitar a nossa história assim como ela é, com todo o peso de seus limites e dos seus dramas. Assim fazendo, demonstrou de modo insuperável a sua inclinação misericordiosa e repleta de amor para com as criaturas humanas. Ele é o Deus-conosco; Jesus é Deus-conosco. Vocês acreditam nisso? Façamos juntos esta profissão: Jesus é Deus-conosco! Jesus é Deus-conosco desde sempre e para sempre conosco nos nossos sofrimentos e nas dores da história. O Natal de Jesus é a manifestação de que Deus colocou-se de uma vez por todas do lado do homem, para nos salvar, para nos levantar do pó das nossas misérias, das nossas dificuldades, dos nossos pecados.


Daqui vem o grande “presente” do Menino de Belém: Ele nos traz uma energia espiritual, uma energia que nos ajuda a não nos abatermos com os nossos cansaços, os nossos desesperos, as nossas tristezas, porque é uma energia que aquece e transforma o coração. O nascimento de Jesus, de fato, nos traz a bela notícia de que somos amados imensamente e singularmente por Deus, e este amor não somente o faz conhecer, mas o doa, comunica-o!

Da contemplação alegre do mistério do Filho de Deus nascido por nós, podemos tirar duas considerações.

A primeira é que se no Natal Deus se revela não como um que está no alto e que domina o universo, mas como Aquele que se rebaixa, vem à terra pequeno e pobre, significa que para sermos similares a Ele nós não devemos nos colocar sobre os outros, mas antes rebaixar-nos, colocarmo-nos a serviço, fazer-nos pequenos com os pequenos e pobres com os pobres. Mas é uma coisa ruim quando se vê um cristão que não quer rebaixar-se, que não quer servir. Um cristão que se exibe sempre é ruim: aquele não é cristão, aquele é pagão. O cristão serve, rebaixa-se. Façamos com que estes nossos irmãos e irmãs não se sintam nunca sozinhos!

A segunda consequência: se Deus, por meio de Jesus, envolveu-se com o homem a ponto de tornar-se como um de nós, quer dizer que qualquer coisa que fizermos a um irmão ou a uma irmã a teremos feito a Ele. Recordou isso o próprio Jesus: quem tiver alimentado, acolhido, visitado, amado um dos mais pequeninos e dos mais pobres entre os homens, terá feito isso ao Filho de Deus.

Confiemo-nos à materna intercessão de Maria, Mãe de Jesus e nossa, para que nos ajude neste Santo Natal, agora próximo, a reconhecer na face do nosso próximo, especialmente das pessoas mais frágeis e marginalizadas, a imagem do Filho de Deus feito homem.

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Fonte: Boletim da Santa Sé

Tradução: Jéssica Marçal

Catequeses de Natal


Incomodada com os sermões do seu pároco que explicou que Jesus não era mais menino, que não nasceu no dia 25 de dezembro, que os reis magos não eram nem reis nem magos e que as alegorias da infância de Jesus se dividiam entre fatos reais e fatos que não aconteceram, mas que a Igreja usou para mostrar o Cristo da fé, Dona Elvira jurou que iria para uma paróquia onde o padre não fosse tão sem fé.

Perguntei-lhe se na juventude lia Romance, Sétimo Céu, Ilusão e Capricho, revistas para as moças sonhadoras daqueles dias. Perguntei se seguia noticiário, novelas e minisséries na televisão. Lera e seguia. Aos poucos a convenci de que ela cresceu aprendendo com histórias reais e com histórias fictícias, mas nem por isso mentirosas. Convenci-a de que o "Filho Pródigo", "O fariseu e o Publicano" "O Bom Samaritano" também eram histórias fictícias que Jesus criou para ilustrar um ensinamento! 

Falei então das três grávidas: Ana de Elcana, Izabel e Maria, duas estéreis e uma virgem que deram à luz como um serviço a Deus e ao seu povo. Falei de João Batista, dos pastores, do velhinho Simeão e Ana de Fanuel, das crianças mártires, do jovem mártir Estevão, de João Evangelista, do domingo da paz, do domingo da família, dos reis magos. Expliquei o sentido pedagógico desses personagens que englobam todas as pessoas e nações e culminam na festa da Epifania Luz essencial que brilhou aqui.

Qual é o valor dos objetos sagrados e dos objetos bentos?

“Sem fé concreta feita de caridade ativa, eles não têm valor algum”

Pe. Gabriele, na luta contra Satanás são usados frequentemente alguns objetos bentos. O senhor pode nos explicar por quê?

Indo além de problemas espirituais específicos, nós temos que manter sempre dentro de casa imagens, estátuas ou capelinhas abençoadas com objetos sacros, como sinal de que pertencemos a Deus, porque eles são um lembrete constante da nossa consagração à Trindade por meio do batismo. Mas eles são importantes também porque dão testemunho visível para quem mora conosco e para quem visita a nossa casa. E, é claro, é bom usar objetos bentos ou carregá-los conosco, na bolsa, por exemplo. Um deles pode ser a medalha de São Bento, que pode ser colocada nos crucifixos. São Bento não era padre nem exorcista, era um simples monge, mas ele tinha um grande poder contra os demônios. Por quê? Porque ele tinha uma grandíssima fé, que é a verdadeira "arma letal" contra o nosso inimigo, o diabo. Mas nós podemos citar outros objetos também: os escapulários, as medalhas abençoadas, as imagens de santos, as relíquias deles... Mas tudo isso, é importante ressaltar, não pode nos levar para a superstição, que já é um pecado grave em si mesma. Se esses objetos não tiverem o respaldo de uma fé concreta, feita de caridade ativa, eles não têm valor nenhum.

Falando de fé, o papa Francisco acaba de encerrar o Ano da Fé e de publicar a exortação apostólica Evangelii gaudium...


O título desse documento [A alegria do Evangelho, ndr] estimula a todos, como diz o papa textualmente, a "renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo, ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por ele, de procurar por ele todos os dias, sem pausas". É isso, esta é a fé, o encontro pessoal com Jesus, o único que realmente muda a nossa vida.

Voltando aos objetos bentos, existe alguma passagem da bíblia que confirma esta prática piedosa?


Existe uma passagem que me vem à mente: "Deus operava prodígios incomuns por mãos de Paulo, a ponto de colocarem sobre os doentes lenços que tinham estado em contato com ele e as enfermidades cessarem, além de fugirem os espíritos malignos" (Atos dos Apóstolos 19,11-12). A minha experiência como exorcista me diz que o diabo tem uma repulsa natural por qualquer objeto sacro e pelos instrumentos do dia a dia que foram abençoados: máquinas, ferramentas, etc., porque eles foram tirados do alcance do seu poder. Por isso é que é uma boa tradição abençoar as casas, se possível neste tempo do advento, que estamos vivenciando.

Stefano Stimamiglio
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Disponível em: Aleteia

Contribue com o Evangeli-Já


 Brasília-DF, 13 de dezembro de 2013
          
                                                     “Ai de mim se não Evangelizar” (1Cor 9,16)


Caríssimo(a), a paz e a bênção de Nosso Senhor Jesus Cristo estejam convosco!

Sou Dom Raymundo Damasceno Assis, Cardeal Arcebispo de Aparecida e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Dirijo-me pessoalmente a você para apresentar a Campanha de Evangelização 2013. Assim como o Apóstolo Paulo que evangelizou com amor e dedicação, somos chamados a evangelizar com esta grandiosa ação em nossas dioceses, paróquias e comunidades que promovem a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo. Vamos fazer uma Campanha de Evangelização do tamanho do Brasil. E precisamos da ajuda do tamanho da sua Fé.

Em um país como o Brasil, onde a estrutura da Igreja Católica forma uma das maiores bases sociais para a população, é preciso que todos nós ajudemos a Igreja em sua missão e propagação do Evangelho. Nossa Igreja é formada por homens e mulheres; jovens e idosos; religiosos e religiosas; leigos e leigas. Juntos, somos a maior instituição benfeitora e promotora de caridade do Brasil. Alimentamos quem tem fome e tratamos quem procura por nossos hospitais. Ninguém distribui mais alimentos do que nossa gente, o povo de Deus!

Educamos mais alunos que qualquer outra instituição de ensino desse país, como as crianças em nossas creches e os idosos em nossos lares de convivência. Ninguém distribui mais bolsas para a educação do que nossos colégios e faculdades com mais de 2 milhões de alunos. Por isso, estamos presentes em todos os municípios do Brasil levando amor, unidade e esperança para todas as pessoas de fé, de todas as raças, guiados pela Boa Nova da verdade e da paz, sempre na defesa do bem e da dignidade da pessoa humana e firmes no propósito de evangelizar, como nos ordenou o Mestre.

Acolhemos milhões de pessoas em nossas casas, trazidas pela fé que anima a nossa Igreja. Nossos carismas são inspirados pelo Espírito Santo e estão presentes em mais de duzentas mil comunidades pregando o Evangelho, sob a intercessão e proteção de Maria, nossa Mãe e Mãe de todos os povos. Por isso, como batizados, somos convidados a favorecer cada vez mais o bem comum e colaborar com a nossa Igreja. Precisamos da sua ajuda. Venha dividir um pouco do que é só seu para multiplicar o que podemos fazer por todos.


Lembre-se que há mais de 500 anos evangelizamos o Brasil, guiados pela nossa profissão de fé em Cristo Jesus. Nossas missões estão nos quatro cantos do país e do mundo. Enquanto todos já se esqueceram do Haiti, nossos missionários e nossas missionárias permanecem por lá ajudando quem necessita, sob o Evangelho de Jesus Cristo. Somos mais de 130 milhões unidos em uma só família: a Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil. Este é o sinal que nos faz criar laços de comunhão fraterna, favorecendo uma Igreja presente e atuante em nossos tempos. E todos devem conhecer e colaborar com isso. É um compromisso de solidariedade e fraternidade com os nossos irmão e irmãs em Cristo!

Nesse sentido, a CNBB quer caminhar bem perto e junto com você e a Campanha para a Evangelização significa a abertura de um caminho para despertar a solidariedade de todos os católicos no sustento da missão da Igreja em nosso país. E em outros países mais necessitados. Entre no site da Campanha www.evangelija.com e faça sua doação, colabore com a sua generosidade e seja também um benfeitor e promotor da caridade de nossa amada Igreja Católica!

Em Cristo Jesus!


Cardeal Raymundo Damasceno Cardeal Assis
Arcebispo Metropolitano de Aparecida-SP
Presidente da CNBB

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Francisco convida 4 sem-teto no dia do seu aniversário


O Papa Francisco hospedou na missa do dia de seu aniversário, 17 de dezembro, quatro pessoas sem-teto e todo o pessoal que trabalha na Casa Santa Marta, aonde reside. Todos foram convidados também para o café da manhã com ele, no refeitório da residência. 

Os quatro mendigos, que vivem nas ruas vizinhas ao Vaticano, foram apresentados ao Papa pelo elemosineiro, Dom Konrad Krajewski. A Santa Sé divulgou uma nota informando que a celebração se realizou em um clima “particularmente familiar”, atendendo a um desejo do aniversariante. 

Na missa também estavam presentes o Secretário de Estado, Dom Pietro Parolin, que atualmente reside na Casa Santa Marta, e o decano do colégio cardinalício, Dom Angelo Sodano, que concelebrou com o Papa.


O Evangelho do dia, abordando a genealogia e os nomes dos antepassados de Jesus, deu oportunidade ao Papa para citar no curso de sua homilia os nomes de vários funcionários presentes. Depois da missa, como sempre, Francisco cumprimentou todos pessoalmente. 


Antes de se dirigirem ao refeitório para o café da manhã, entoaram juntos um coro de “Parabéns a você” pelos 77 anos do Pontífice. (CM)
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Fonte: Rádio Vaticano

A revista Time entendeu errado

A revista escolheu o papa Francisco como Personalidade do Ano 2013. 
Mas será que a escolha se baseou nos motivos certos?

A revista Time entendeu errado.

Não ao escolher o papa Francisco como a Personalidade do Ano de 2013. A escolha foi perfeita. Na minha opinião, foi óbvia, inclusive.

O que a Time entendeu errado foram as razões para escolher Francisco.

"O que torna este papa tão importante", afirma a revista, "é a rapidez com que ele tem conquistado milhões de pessoas que tinham desistido da Igreja de vez". Eu sinceramente espero que Francisco tenha mesmo conquistado esses milhões de pessoas. Mas por que será que a Time acha que esses milhões de pessoas foram conquistados pelo papa?

"Gente cansada de análises intermináveis sobre ética sexual, de lutas internas entre autoridades, enquanto, o tempo todo, ‘as ovelhas passavam fome e não eram alimentadas’. Em questão de meses, Francisco elevou a missão consoladora da Igreja –e falar da Igreja como serva e consoladora de pessoas que machucaram outras pessoas é muitas vezes cruel- e a levou além do trabalho de policiamento doutrinal que era tão caro aos seus recentes antecessores".

É verdade. Francisco mostrou ao mundo o que significa viver com o fervor evangélico de um apóstolo de Jesus Cristo (não que os seus ilustres antecessores não vivessem; eu não ficaria surpreso, aliás, se os três, João Paulo II, Bento XVI e Francisco, acabassem sendo canonizados).


Mas é que Francisco transmitiu uma imagem particularmente impactante, com sinceridade comovente, com uma combinação de profunda vida interior e de caridade em ação que os doutores da Igreja proclamaram como o ideal da vida cristã (para aprofundar nisto, leia “A alma de todo apostolado”, clássico livro da espiritualidade católica escrito por Dom Chautard).

Mas a Time optou por enxergar Francisco como alguém que vai além do "trabalho de policiamento doutrinal", além das "guerras culturais". Como se Francisco estivesse nos levando "além" do ensino magistral de João Paulo II e de Bento XVI.

É absurdo.

A Time também fez uma leitura errada sobre as recentes observações de Francisco no tocante à homossexualidade. Ela distorceu as declarações de Francisco sobre divorciados e recasados católicos que recebem a comunhão.

Não vem ao caso refutar a Time ponto por ponto neste texto. Eu quero apenas observar que aquilo que a Time fez com Francisco é a mesma coisa que nós -todos nós- fazemos muitas vezes com Cristo: pintá-lo de acordo com a nossa própria imagem.

Francisco está tentando nos levar para além de categorias obsoletas. Mas essas categorias não incluem a doutrina moral da Igreja católica. As categorias que Francisco quer nos ajudar a superar são aqueles que tentam reduzir o Corpo Místico de Cristo, a Igreja, a uma construção humana que se encaixa confortavelmente na nossa visão cada vez mais laica de como o mundo deveria ser.


Eu fico feliz de que a Time tenha escolhido o papa Francisco como Homem do Ano. Mas espero e rezo para que essa “bolha de mídia” seja uma oportunidade para as pessoas enxergarem toda a realidade de Francisco. E para verem, mesmo que através de uma lente bonita, mas ainda assim imperfeita, a realidade completa de Cristo.
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Disponível em: Aleteia

Papa Francisco celebra 77 anos de vida


Católicos de todo o mundo celebram, nesta terça-feira, 17, o dom da vida de Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco. O Pontífice completa hoje 77 anos de vida.

Para comemorar a data, o Vaticano lançou um álbum de fotografias com citações de Francisco. Intitulado “A ternura de Deus expressa-se nos sinais”, o pequeno livro está disponível on-line, no site oficial do Vaticano, e traz o link para o texto original do qual foi retirada cada citação.

No sábado, 14, um grupo de crianças apoiadas por um Hospital Pediátrico doVaticano cantou os parabéns e ofereceu um bolo de aniversário ao Papa. O gesto de carinho aconteceu durante uma audiência que se seguiu à visita de Francisco a esta instituição solidária.


Biografia

Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, em 17 de dezembro de 1936. É filho de imigrantes italianos e trabalhou como técnico químico antes de se decidir pelo sacerdócio, no seio da Companhia de Jesus, licenciando-se em filosofia antes do curso teológico.

Ordenado padre, em 13 de dezembro de 1969, Bergoglio foi responsável pela formação dos novos jesuítas e, depois, provincial dos religiosos na Argentina (1973-1979).

João Paulo II nomeou-o bispo auxiliar de Buenos Aires, em 1992, e foi ordenado bispo em 27 de junho desse ano, assumindo a liderança da diocese em 28 de fevereiro de 1998, após a morte do cardeal Antônio Quarracino.

A criação como cardeal veio 3 anos depois, em 21 de fevereiro de 2001. Francisco foi criado cardeal pelo Papa polonês no mesmo ano em que foi relator da 10ª Assembleia do Sínodo dos Bispos.

Com a renúncia de Bento XVI e o consequente Conclave, o nome de Jorge Mario Bergoglio apareceu como o novo Sucessor de Pedro. Ele foi eleito em 13 de março de 2013. Seu lema é “Miserando atque eligendo”, que significa “Com misericórdia, o elegeu”.

Em nove meses de pontificado, o Papa Francisco visitou o Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude Rio2013 (Rio de Janeiro e Aparecida) e realizou três viagens à Itália, incluindo uma passagem pela ilha de Lampedusa.

Entre os principais documentos do atual pontificado estão a encíclica Lumen Fidei (A luz da Fé), que inclui reflexões de Bento XVI e a exortação apostólica Evangelii Gaudium (A alegria do Evangelho).


Francisco criou um Conselho de Cardeais, com membros dos cinco continentes, para o aconselharem no Governo da Igreja e na reforma da Constituição Apostólica Pastor Bonus, sobre a Cúria Romana. Ele aprovou nova legislação para regular a atividade financeira do Vaticano e da Santa Sé.
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Fonte: Canção Nova