sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Inveja do Presépio.

Menina síria chora em desepero

Neste Natal, a Síria assemelha-se muito a um presépio: a manjedoura aberta, sem portas, fria, vazia e mais pobre. Não faltam companheiros ao Menino Jesus...

Milhares de crianças perderam suas casas e agora vivem em barracas tão pobres como o presépio de Belém. Jesus já não está só na miséria. A infância síria, abandonada e marcada pelos cenários de violência, deseja estar no lugar de Jesus, que está sempre acompanhado pelos seus pais, que se preocupam com Ele e O dão carinho...

Esse sentimento de amargura é bem visível nos olhos das crianças sírias, nas suas lágrimas e no seu silêncio... Alguns invejam o Deus Menino porque encontrou essa manjedoura para nascer e abrigar-Se, ao passo que algumas infelizes crianças sírias nascem entre bombas ou a caminho do êxodo.


Maria não está sozinha nas suas dificuldades; há mais mães infelizes com pouca sorte, que vivem na extrema pobreza e assumem as responsabilidades familiares sem os maridos... A precariedade do presépio de Belém traz uma consolação a essas pobres mães esmagadas pelos problemas insolúveis e o desespero.

A presença tranquilizadora de José junto da Sagrada Família se torna fonte de inveja para estas milhares de famílias privadas de um pai, o que provoca o medo, a angústia e a inquietação. Os desempregados invejam José carpinteiro porque poupa a sua família das necessidades.

Os pastores que se aproximam do presépio com as suas ovelhas, dizem muito aos pastores sírios que perderam 70% dos seus rebanhos nesta guerra. A vida nômade nesta terra bíblica que remonta a Abraão e a muito antes dele, desaparece brutalmente com os seus velhos costumes de hospitalidade e a sua cultura tradicional.

Os cães dos pastores se sentem solidários até com os animais domésticos da Síria, exterminados pela violência atroz e que vagueiam entre as ruínas se alimentando dos cadáveres.

O ruído infernal da guerra sufoca a Glória dos anjos... Esta sinfonia do Natal pela paz cede perante o ódio, a divisão e a cruel atrocidade...

Possam os três reis magos trazer ao presépio da Síria os presentes mais valiosos do Natal: Paz, Perdão e Reconciliação, para que a Estrela do Natal brilhe novamente na nossa noite escura.

Ouvi-nos Senhor!
Natal de 2013

+Samir NASSAR

Arcebispo Maronita de Damasco

Ateus americanos declaram "guerra contra o Natal". Porque se importam tanto com o que "não existe"?


Já se tornou uma espécie de tradição anual a organização ateísta Freedom From Religion Foundation colocar outdoors promovendo o ateísmo no mês de dezembro. Com a proximidade do Natal, eles querem evitar que o sentimento religioso “aflore” nas pessoas como normalmente acontece nesta época.

Este ano já foram colocados dezenas de outdoors com os frases como “Fazer o bem é a minha religião” e “Todos nós podemos ser bons sem Deus”.

Além da Freedom From Religion, a American Atheists também está usando outdoors, mas com o diferencial que este ano estão chamando todas as religiões de mito. Escritos em inglês e em árabe ou hebraico, dependendo do caso, a frase completa é “Você sabe que é um mito… e você tem uma escolha”.

O presidente da American Atheists, Dave Silverman, disse que os cartazes estão escritos em outras línguas para alcançar aquelas comunidades em específico. Ele acredita que os não-crentes podem se sentir sozinhos nesta época, porque estão cercados pelos que acreditam.

A Liga Muçulmana publicou, através de seu diretor-executivo Metwalli Amer, uma nota que diz: “Afirmar que Deus não existe é um ataque direto contra a minha fé… Ao dizer isso, você não está apenas me atacando como muçulmano, mas também ofende os judeus e os cristãos”.


Os outdoors também são choque duplo para os judeus ortodoxos, porque viola ao mesmo tempo dois dos 10 Mandamentos. O rabino Kenneth Brander, reitor do Centro para o Futuro dos Judeus da Universidade Yeshiva disse: “As pessoas vão olhar para isso de uma forma bizarra. Não vão entender por que alguém precisava escrever isso”. Uma referência ao fato de que Moisés os ensinou que não deviam levar o nome de Deus em vão, por isso os ortodoxos não permitem que se escreva o nome de Deus.

Os cristãos, por sua vez, estão sendo atacados por outdoors que dizem “Quem precisa de Cristo durante o Natal?” a resposta, logo abaixo é “Ninguém”.

Em plena Times Square, um dos principais pontos turísticos de Nova York, em enorme anúncio eletrônico mostra um vídeo de 15 segundos que já está sendo chamado de “guerra contra o Natal”.

Depois da pergunta e da resposta que riscam o nome de Jesus do Natal, o outdoor mostra a mensagem que as pessoas deveriam celebrar o “verdadeiro significado do Natal”, que para eles seria, “caridade, família, amigos e comida”.

David Silverman explica “Este ano, queremos iniciar uma nova tradição: não ir à igreja no Natal. Você odeia isso, sabe que é chato, e provavelmente só vai porque se sente culpado ou obrigado pela família. Em vez disso, passe mais tempo com sua família e amigos – ou faça trabalho voluntário.Existem melhores maneiras de gastar seu tempo e seu dinheiro”.

O local escolhido e a forma de divulgar sua mensagem contrária ao Natal é o mesmo que, dois meses atrás, o ministério cristão Answers in Genesis colocou uma mensagem gigantesca que dizia: “Um recado aos nossos amigos ateus: Graças a Deus vocês estão errados” e uma referência ao primeiro versículo de Gênesis.

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Com informações de The Blaze e God Discussion.
Disponível em: Central Católica

Homem de 51 anos ateia fogo em si mesmo na Praça de São Pedro


Um homem de 51 anos ateou fogo ao próprio corpo na Praça de São Pedro na manhã de hoje, às 8h30 do horário de Roma, depois de despejar sobre si mesmo a gasolina que carregava em uma garrafa. Ele está hospitalizado em estado grave.

De acordo com a inspetoria vaticana, um sacerdote jesuíta que se dirigia para o trabalho na Cúria Romana acudiu o homem, usando a própria jaqueta para tentar apagar o fogo. Na mesma hora, dois agentes da patrulha da inspetoria de segurança pública do Vaticano entraram em ação e apagaram as chamas com um extintor. Uma ambulância levou o homem para o hospital Santo Spirito, onde foram constatadas queimaduras graves na parte superior do corpo. O paciente foi transferido imediatamente para o hospital San Eugenio.


Os dois agentes também foram atendidos no hospital por apresentarem problemas de respiração e queimaduras nas mãos.


Não se conhecem ainda os motivos que levaram o homem a cometer esse ato. Com ele foi encontrado um bilhete com o número de telefone da filha. O homem é casado e trabalha como vendedor ambulante.
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Fonte: Zenit

O mistério da estrela de Belém


Nas Sagradas Escrituras vemos Deus, muitas vezes, comunicar-se aos homens por meio de sinais na natureza: a brisa da tarde no Paraíso, o arco-íris após o dilúvio, a sarça ardente, a diáfana nuvem de Santo Elias etc. E em seu próprio nascimento, Ele quis usar de um sinal no céu: a Estrela de Belém. Esse fato nos é narrado apenas por um dos evangelistas: São Mateus.

Na verdade, naquela época acreditava-se que o nascimento de pessoas importantes estava relacionado com certos movimentos dos astros celestes. Assim, dizia-se que Alexandre o Grande, Júlio César, Augusto e até filósofos como Platão tiveram a sua estrela, aparecida no céu quando eles vieram ao mundo.

Muito se tem comentado a respeito da estrela surgida aos três Reis Magos , guiando-os até o local bendito em que o Salvador haveria de nascer. E não faltaram homens de ciência tentando encontrar uma explicação natural para esse evento sobrenatural, centro da história humana. Não temos a pretensão de fazer um compêndio científico a respeito, mas não deixa de ter certo interesse conhecer, ainda que de modo sumário, as principais tentativas de solucionar esse enigma.

Uma das primeiras teorias levantadas era que esse astro teria sido o planeta Vênus. Pois a cada 19 meses, pouco antes do nascer do Sol, ele aparece dez vezes mais claro que a mais brilhante das estrelas: a Sírius. Mas esse já era, então, um fenômeno assaz conhecido pelos povos do oriente e, portanto, para os Reis Magos nada teria de extraordinário.

Outra hipótese foi levantada por um astrônomo reconhecido nos meios científicos do século XVI: Johannes Kepler. Tentou ele demonstrar com seus longos estudos, que esse astro não era apenas um, mas a conjunção de dois planetas: Júpiter e Saturno. Quando eles se sobrepõem, somam-se os respectivos brilhos. Um fenômeno desses foi por ele observado em 1604 e podia produzir um efeito semelhante ao que nos conta a Bíblia. A partir daí, Kepler defendeu sua teoria.

Mas existem três problemas ao fazer essa afirmação: primeiro, essa conjunção dura apenas algumas horas, e a estrela que apareceu para os Reis Magos foi visível por eles durante semanas; segundo, Júpiter e Saturno nunca se fundem completamente numa única estrela. Mesmo a olho nu, seriam sempre visíveis dois corpos; terceiro, ao menos que a data do nascimento do Menino Jesus esteja muito mal calculada, tal conjunção só poderia ter lugar três anos depois.

Há quem diga que a estrela foi, na verdade, um meteoro especialmente brilhante. Mas um meteoro só pode durar alguns segundos e seria muito forçado crermos que esses poucos segundos de visibilidade bastariam para guiar os reis magos numa viagem através de quilômetros em um deserto inabitável, e que ao chegarem em Belém, apareceu um outro meteoro semelhante, indicando o local exato onde estava o Menino-Deus. Orígenes, Padre da Igreja nascido em Alexandria, Egito, chegou a acreditar ser a Estrela de Belém um cometa. Pois alguns cometas chegam a ser centenas de vezes maiores que a Terra, e sua luz pode dominar o firmamento durante semanas.

Além disso, alguns sustentam que São Mateus teria ficado tão impressionado com o cometa Halley, visto nos céus em 66 d.C. ou pelo testemunho dos mais antigos cristãos que o tinham visto em 12 a.C., que o incluiu na história. Outros afirmam ter sido o próprio Halley, a Estrela de Belém. Mas devemos reconhecer que as duas datas citadas estão muito afastadas do nascimento de Jesus, para serem unidas a ele. E segundo os dados catalogados, não há menção de nenhum outro cometa que tenha sido visto a olho nu entre os anos 7 a.C e 1 d.C., período no qual se aceita ter nascido o Messias. Além disso, é corrente serem os cometas na Antiguidade anunciadores de desgraças e não de bênçãos.

Uma última hipótese dita científica é a que tenha sido uma “Nova”. Existem certas estrelas que explodem de tal forma que sua luz aumenta centenas de vezes em poucas horas. São as chamadas “Novas”, ou “Supernovas”, dependendo da intensidade da explosão. Calcula-se que a cada mil anos, aproximadamente, uma estrela se transforme em “Supernova”, sendo este fenômeno visível durante vários meses, até mesmo durante o dia. Mas já não se crê nessa hipótese, pois tais explosões, devido à sua magnitude, mesmo depois de séculos, deixam traços inconfundíveis no espaço, como manchas estelares etc. Entretanto, até hoje não se descobriu nenhum indício de tal fenômeno ocorrido nesse período histórico.

Embora várias tentativas de explicação científica não tenham dado respostas plenamente satisfatórias ao mistério da Estrela de Belém, isso em nada diminui o mérito dos esforçados estudiosos que com reta intenção buscam desvendar os enigmas da natureza. Mas deixando essas hipóteses de lado por um momento, voltemos nossos olhos à outro aspecto da questão: o campo teológico, onde se considera que essa estrela era a realização da profecia do Antigo Testamento: “Uma estrela avança de Jacó, um cetro se levanta de Israel” (Num 24,17).

Alguns teólogos defendem que São Mateus fez uma interpretação das tradições da época, referindo-se ao astro não como uma estrela no sentido literal, mas como símbolo do nascimento de um personagem importante.

Mas São Tomás, o Doutor Angélico, já havia pensado nisso em sua época e resolveu a questão na Suma Teológica (III, q. 36, a.7), usando cinco argumentos tirados de São João Crisóstomo:

1º. Esta estrela seguiu um caminho de norte ao sul, o que não é comum ao geral das estrelas.

2º. Ela aparecia não só de noite, mas também durante o dia.

3º. Algumas vezes ela aparecia e outras vezes se ocultava.

4º. Não tinha um movimento contínuo: andava quando era preciso que os magos caminhassem, e se detinha quando eles deviam se deter, como a coluna de nuvens no deserto.

5º. A estrela mostrou o parto da Virgem não só permanecendo no alto, mas também descendo, pois não podia indicar claramente a casa se não estivesse próxima da terra. Mas se esse astro não foi propriamente uma estrela do céu, o que era ele?

Segundo o próprio São Tomás, ainda citando o Crisóstomo, poderia ser:

1º. O Espírito Santo, assim como ele apareceu em forma de pomba sobre Nosso Senhor em Seu batismo, também apareceu aos magos em forma de estrela.

2º. Um anjo, o mesmo que apareceu aos pastores, apareceu aos reis magos em forma de estrela.

3º. Uma espécie de estrela criada à parte das outras, não no céu, mas na atmosfera próxima à terra, e que se movia segundo a vontade de Deus.

Como solução ao mistério da Estrela de Belém, São Tomás acreditava ser mais provável e correta esta última alternativa.

De qualquer forma, temos a certeza de que essa estrela continua a brilhar não só no alto das árvores de Natal, mas principalmente na alma de cada cristão ao comemorar a Luz nascida em Belém para iluminar os caminhos da humanidade.



Emílio Portugal Coutinho
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Disponível em: Central Católica

O Papa mudou o sábado para o domingo como alegam os adventistas?


As afirmações de Ellen White sobre o Domingo

Relatando uma de suas “visões” assim Ellen White se expressa:

"Eu vi que Deus não mudou o Sábado, pois Ele nunca muda. Mas o Papa o mudou, do sétimo para o primeiro dia da semana, pois ele mudaria os tempos e as leis" (1).

"Numa visão dada em Junho 27, 1850, O anjo que me acompanhava disse, ‘O tempo está quase no fim. [...] O papa mudou o dia de descanso do sétimo para o primeiro dia da semana” (2).

Diz ela que quem adorar a Deus no Domingo receberá a Marca da Besta:

“Eu vi que todos os que ‘não receberam a marca da Besta, e sua imagem, nas suas testas ou em suas mãos’ não poderiam comprar nem vender nada.[ Ap. 13: 15--17.] Eu vi que o número (666) da Besta tinha se completado; [Ap. 13: 18.] e que foi a Besta que mudou o Sábado, e que os que tinham a imagem da besta a seguiram, e obedeceram o sábado do Papa, e não o de Deus. E tudo o que nos foi requerido é que deixássemos o Sábado de Deus, para guardar o do Papa, e, então, NÒS teríamos a marca da Besta e de sua imagem” (3).

Que Papa mudou o Sábado para o Domingo? É claro que a Sra. Ellen White não disse, pois aí seria muito fácil desmascarar a sua mentira.

Quem foi o Papa que “alterou” a Lei de Deus?

Como a pseudoprofetisa do Adventismo não revelou que Papa foi esse (e por razões óbvias), deixou aos seus seguidores o encargo de descobrir... Claro! O diabo gosta de brincar com as almas de boa fé, distraindo-as enquanto as encaminha para o inferno.

Em 1977, Robert L. Odom declara numa importante revista adventista (4) que foi o Papa Silvestre quem efetuou a mudança do Sábado para o Domingo. Para isto se baseia em trechos da obra de Rubano Mauro (776-856), antigo abade de Fulda, depois Bispo de Mainz (Alemanha), onde lemos:

“O Papa Silvestre instruiu os clérigos a guardar as feriae [feriados]. E, de fato, baseando-se numa antiga tradição, ele chamou o primeiro dia (da semana) de "Dia do Senhor!", no qual a luz foi feita no princípio e no qual se celebra a Ressurreuição de Cristo”.

"Mas ele [Papa Silvestre] os ordenou a chamar o Sábado de acordo com o antigo nome da Lei, e a chamar o primeiro feriae de Dia do Senhor, pois nele o Senhor ressurgiu dos mortos, Além disto, o mesmo papa decretou que o descanso do Sábado deveria ser transferido para o Dia do Senhor, para que, neste dia, nós descansemos dos trabalhos da semana para o lovor ao Senhor”.

Algumas considerações valem serem feitas aqui. Infelizmente muitas das informações que se tem sobre o pontificado do Papa Silvestre são lendárias. Tais lendas foram introduzidas com o "Vita beati Sylvestri" (Vida do beato Silvestre) documento surgido no leste europeu e que foi preservado em grego, siriáco. Em latim, no "Constitutum Sylvestri", narrativa lendária acerda de um Concílio Romano nunca realizado que pertence às farsas symachiannas e aparecerem entre 501 e 508. A mesma lenda consta no "Donatio Constantini" (Doação de Constantino), narrando a perseguição do Papa Silvestre, a cura e o batismo do Imperador Constantino e sua doação ao Papa, e dos direitos dados a este, num Concílio em Roma, tudo não passando de lendas (5).

Logo, as informações de Rubano Mauro, sobre as ações do Papa, vem de fonte não confiável.

Depois o próprio Rubano Mauro diz que o Papa baseando-se em antiga tradição manda chamar o primeiro dia da semana de “Dia do Senhor” e o sétimo de Sábado, bem como observar este em detrimento daquele. Ora, isso mostra que não foi o Papa que inventou isso.

Com efeito, antes do tempo do Papa Silvestre, o Concílio Regional de Elvira realizado no ano 300 de nossa era já confirmava a observância cristã do Domingo como Dia do Senhor. Alguns adventistas dizem que foi aí que realmente se deu a mudança. Deveriam saber que um Concílio Regional não tem força de obrigar toda a Igreja, logo a tese deles vai por água abaixo.

Antes mesmo do Concílio Regional de Elvira, Tertuliano em sua fase católica deu testemunho de que no século II os cristãos já observavam o Domingo:

"Outros, de novo, certamente com mais informação e maior veracidade, acreditam que o sol é nosso deus. Somos confundidos com os persas, talvez, embora não adoremos o astro do dia pintado numa peça de linho, tendo-o sempre em sua própria órbita. A idéia, não há dúvidas, originou-se de nosso conhecido costume de nos virarmos para o nascente em nossas preces. Mas, vós, muitos de vós, no propósito às vezes de adorar os corpos celestes moveis vossos lábios em direção ao oriente. Da mesma maneira, se dedicamos o dia do sol para nossas celebrações, é por uma razão muito diferente da dos adoradores do sol. Temos alguma semelhança convosco que dedicais o dia de Saturno (Sábado) para repouso e prazer, embora também estejais muito distantes dos costumes judeus, os quais certamente ignorais" (Tertuliano 197 d.C. Apologia part.IV cap. 16) (grifos meus).

Antes mesmo de Tertuliano, S. Justino de Roma já dava testemunho do culto a Deus aos domingos:

"67. Depois dessa primeira iniciação, recordamos constantemente entre nós essas coisas e aqueles de nós que possuem alguma coisa socorrem todos os necessitados e sempre nos ajudamos mutuamente. Por tudo o que comemos, bendizemos sempre ao Criador de todas as coisas, por meio de seu Filho Jesus Cristo e do Espírito Santo. No dia que se chama do sol, celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se lêem, enquanto o tempo o permite, as Memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas. Quando o leitor termina, o presidente faz uma exortação e convite para imitarmos esses belos exemplos. Em seguida, levantamo-nos todos juntos e elevamos nossas preces. Depois de terminadas, como já dissemos, oferece-se pão, vinho e água, e o presidente, conforme suas forças, faz igualmente subir a Deus suas preces e ações de graças e todo o povo exclama, dizendo: ‘Amém’. Vem depois a distribuição e participação feita a cada um dos alimentos consagrados pela ação de graças e seu envio aos ausentes pelos diáconos. Os que possuem alguma coisa e queiram, cada um conforme sua livre vontade, dá o que bem lhe parece, e o que foi recolhido se entrega ao presidente. Ele o distribui a órfãos e viúvas, aos que por necessidade ou outra causa estão necessitados, aos que estão nas prisões, aos forasteiros de passagem, numa palavra, ele se torna o provedor de todos os que se encontram em necessidade. Celebramos essa reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito, sabe-se que o crucificaram um dia antes do dia de Saturno e no dia seguinte ao de Saturno, que é o dia do Sol, ele apareceu a seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou essas mesmas doutrinas que estamos expondo para vosso exame" (Justino de Roma 155 d.C, I Apologia cap 67) (grifos meus).

Antes mesmo de S. Justino, S. Inácio de Antioquia também confirmava o antigo costume entre os cristãos:

"9. Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte. Alguns negam isso, mas é por meio desse mistério que recebemos a fé e no qual perseveramos para ser discípulos de Jesus Cristo, nosso único Mestre. Como podemos viver sem aquele que até os profetas, seus discípulos no espírito, esperavam como Mestre? Foi precisamente aquele que justamente esperavam, que ao chegar, os ressuscitou dos mortos. 10. Portanto, não sejamos insensíveis à sua bondade. Se ele nos imitasse na maneira como agimos, já não existiríamos. Contudo, tornando-nos seus discípulos, abraçamos a vida segundo o cristianismo. Quem é chamado com o nome diferente desse, não é de Deus. Jogai fora o mau fermento, velho e ácido, e transformai-vos no fermento novo, que é Jesus Cristo. Deixai-vos salgar por ele, a fim de que nenhum de vós se corrompa, pois é pelo odor que sereis julgados. É absurdo falar de Jesus Cristo e, ao mesmo tempo judaizar. Não foi o cristianismo que acreditou no judaísmo, e sim o judaísmo no cristianismo, pois nele se reuniu toda língua que acredita em Deus " (Santo Inácio de Antioquia, aos Magnésios. 101 d.C.) (grifos meus).

Antes mesmo de S. Inácio, o primeiro Catecismo Cristão testifica a antiga guarda do domingo:

"Reúnam-se no dia do Senhor [= dominica dies = domingo] para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro" (Didaqué 14,1. 96 dC) (grifos meus).

Logo provamos que a guarda do Domingo é doutrina perene na Igreja primitiva.

Conclusão

A acusação da Sra. Ellen White contra a Igreja Católica é duplamente falsa. Primeiro porque segundo ela os cristãos que observam o domingo o fazem por ordem de um Papa, sendo que mesmo no NT já encontramos indícios de tal observância e os testemunhos primitivos o confirmam. Segundo porque nenhum Papa efetuou esta mudança. Até hoje os seguidores de Ellen White tentam em vão descobrir o Papa que supostamente a tenha feito.

Ainda que um Papa a tivesse feito, isso seria prova do Primado de Pedro, doutrina negada pelos protestantes. Com isto, se apoiam em artigos de fé que eles mesmos negam. Quanta incoerência!

Por último não adianta os adventistas guardarem o Sábado ou outros protestantes o Domingo, se ambos não tem a Missa. Só se adora a Deus na Missa. A Missa é a plenitude dos antigos sacrifícios oferecidos pelos sacerdotes levitas. Afinal, Cristo prometeu levar a Lei à perfeição, não aboli-la (cf. Mt 5,17).
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Notas

(1) WHITE, Ellen. A Visão de 7 de Abril de 1847, parágrafo 3. Word to the Little Flock, P. 18. Trecho traduzido por Alexandre Semedo.

(2) WHITE, Ellen. Marca da Besta. Early Writings, p. 65. Trecho traduzido por Alexandre Semedo.

(3) WHITE, Ellen. A Word to the Little Flock, page 19, paragraph 1 .April 7, 1847. Trecho traduzido por Alexandre Semedo.

(4) ODOM, Robert L. Sabbath and Sunday in Early Christianity, .The Review and Herald Publishing Association (An Adventist publishing house), 1977. Pgs. 247-248.


(5) From the Catholic Encyclopedia article on Pope Sylvester. Disponível em http://www.newadvent.org/cathen/14370a.htm. 

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Fonte:Veritatis
Disponível em: Jesus o Bom Pastor

Francisco: "Nossa relação com Deus gosta do silêncio"


“Somente o silêncio pode guardar o mistério do caminho que o homem percorre com Deus. E que o Senhor nos dê a graça de amar o silêncio, longe de qualquer publicidade”: este foi o fulcro da homilia proferida pelo Papa na missa da manhã de sexta-feira, 20, na Casa Santa Marta. A reflexão de Francisco se inspirou nos momentos da Anunciação, proposta no Evangelho do dia. 

“O Senhor sempre cobriu o mistério, nunca fez publicidade dele; isto não seria cristão. E também o mistério da maternidade virginal de Maria foi coberto, por toda a vida! A sombra de Deus em nossas vidas nos ajuda a descobrir o nosso mistério do encontro com o Senhor, do caminho da vida com Ele”. 

“Cada um de nós – disse ainda o Papa – sabe como o Senhor age misteriosamente em nosso coração e em nossa alma. E qual seria a nuvem, o poder, o estilo do Espírito Santo para cobrir o nosso mistério?”, questionou, respondendo:

“Esta nuvem em nossa vida se chama silêncio, aquilo que se estende sobre o mistério da nossa relação com o Senhor, da nossa santidade e dos nossos pecados. Não se pode explicar este mistério, mas quando não existe silêncio em nossas vidas, o mistério se perde”. 


“A Mãe de Jesus foi o perfeito ícone do silêncio, desde o anúncio de sua maternidade ao Calvário”, apontou o Papa, lembrando de quantas vezes ela não revelou seus sentimentos para guardar o mistério da relação com o seu Filho, até o silêncio mais cruento, “aos pés da Cruz”: 


“O Evangelho não nos diz se ela pronunciou ou não alguma palavra... estava silente, mas dentro de seu coração, quantas coisas dizia ao Senhor: ‘Você me disse que ele seria grande, que teria reinado para sempre e agora... o vejo ali’. Maria era humana! E talvez tivesse vontade de dizer: ‘Fui enganada!, mas Ela, com o silêncio, ocultou o mistério que não entendia e com seu silêncio, deixou que seu mistério crescesse e florescesse na esperança”, concluiu o Papa. 
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Disponível em: Rádio Vaticano

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

PL 122 – A Guerra virou Guerrilha


Nesse maravilhoso tempo de Advento, nós brasileiros ganhamos um presentão de Natal: o projeto de lei de criminaliza a oposição às práticas homossexuais (o PLC 122/2006) foi pro ralo, e o Plano Nacional de Educação foi aprovado sem fazer nenhuma menção ao gênero e à orientação sexual.  Porém, vamos festejar de olhos bem abertos, pois ganhamos a guerra, mas o exército que combatíamos sumiu e tudo agora virou guerrilha.

Bem, antes de falar sobre os novos desafios, vamos sim, comemorar nossa vitória! O que isso significa para nós, cristãos? A morte da PLC 122 significa que poderemos continuar dizendo publicamente que as práticas homossexuais são imorais, sem que isso nos leve para o xilindró. Respeitamos os homossexuais, mas não somos obrigados a pensar como eles; seguimos tendo direito de que respeitem nossa liberdade de expressão.




Pra você entender melhor o problema da PLC 122: se um professor de educação física do Maternal (crianças de 2 a 3 anos) resolvesse do dia pra noite começar a se vestir como mulher e ir trabalhar assim, os donos da escola não poderiam demiti-lo, e nem os pais poderiam abrir a boca pra reclamar. Do contrário, poderiam ser presos por crime de discriminação.

Por enquanto, nos livramos desse absurdo. Não é à toa que o Dimitri tá comemorando…


Quanto ao Plano Nacional de Educação, o texto anterior obrigava todas as escolas do país, públicas ou particulares, a ensinar a ideologia de gênero e a promover a educação sexual. Pelo belo nome de educação sexual, entendam “didática da sacanagem”: estímulo à masturbação e ao acesso de conteúdo pornográfico, difusão da ideia de que pode transar à vontade, desde que use camisinha… e por aí vai. Já mostramos isso neste outro post e também nesse programa da Liga dos Blogueiros Católicos (a partir de 1:10).

Bem sabemos que isso já é feito amplamente em muitas escolas, mas a partir de então a perversão da mente das crianças seria intensificada, e até mesmo as escolas católicas e evangélicas seriam obrigadas a transmitir esse conteúdo demoníaco.

E o que é ideologia de gênero? É ideia de que, além de ter um sexo – masculino e feminino –, cada pessoa possui uma identidade de gênero e uma orientação sexual, que não necessariamente têm relação com seu sexo. Por exemplo, uma  pessoa pode ter nascido mulher, mas se ela se sentir homem, então essa é a sua identidade de gênero: masculina. E o gênero de uma pessoa é o que determinaria o seu papel na sociedade, e não o seu sexo.


Achou confuso? Então aguarde, pois amanhã publicaremos um post explicadinho!

Os socialistas sonham em fazer do Brasil uma Suécia, uma Holanda, porém, sem os benefícios sociais de primeiro mundo, obviamente. Só imitaríamos a parte escrota mesmo: um sistema educacional que leve as crianças e jovens a perderem toda a noção de razoabilidade, pudor e moral no campo da sexual.

Agora, preste atenção!  Os inimigos da família perderam essas duas batalhas no Senado e isso é ótimo! Mas fiquemos alertas, pois eles ainda têm cartas na manga. O PL 122 morreu mas seu fantasma vai continuar rondando o legislativo brasileiro.

Explico: o PL 122 foi apensado (anexado) ao Projeto de Lei que muda o Código Penal.  Na prática ele deixa de existir, mas o fato de estar anexado a outro processo significa que os autores do PL 122 entendem que o novo Código Penal será suficiente para aplicar o que eles queriam originalmente.  Ou seja, a batalha agora será para trazer os conceitos do PL 122 pra dentro da redação dos parágrafos do Código Penal, que ainda será votado. Essa estratégia é bem mais inteligente porque pulveriza a discussão.  É muito mais difícil acompanhar e fazer oposição à essas mudanças pontuais no novo Projeto de Lei do Código Penal.

E mesmo que sejamos muito vigilantes ainda existe uma outra estratégia possível: deixar o texto do Código Penal genérico o suficente para conseguirem reiterpretações no STF, como foi feito com o Aborto e a União Civil Homossexual.

Antes era guerra… agora virou guerrilha!

Valei-nos Jesus Menino! Proteja as crianças do Brasil, e capacite os cristãos de todo o mundo a lutar pelo bem da família.
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Fonte: O Catequista

Casamentos dissolvidos pela Igreja?


Em síntese: O matrimônio sacramental validamente contraído e carnalmente consumado é indissolúvel. A Igreja o afirma em fidelidade ao Evangelho. Todavia o matrimônio não sacramental é dissolvido em favor do matrimônio sacramental (privilégio paulino e privilégio petrino). Também o matrimônio não consumado carnalmente pode ser dissolvido. – É o que vem explanado nas páginas subsequentes.

Nem sempre é claro ao público o conceito de indissolubilidade do matrimônio sacramental. Apontam-se casos que parecem constituir exceções. Daí o propósito das considerações deste artigo.

Indissolubilidade e Divórcio

A indissolubilidade da união conjugal não se fundamenta apenas no Evangelho, mas se deriva da própria lei natural. Com efeito; a união conjugal é tão íntima e plena que ela não admite restrições; doar-se a alguém “para constituir uma só carne” com reservas é incoerência, que o próprio bom senso rejeita. O que se pode e deve desejar, é que a união matrimonial só seja contraída após a devida preparação e com a possível maturidade; naturalmente ela implicará sempre um risco, como tudo o que é grande implica risco; é impossível, porém, fugir ao risco se alguém crer crescer e autorrealizar-se.

O Evangelho corrobora a lei natural, como se verá a seguir.

1.1.  A doutrina do Novo Testamento

São quatro os textos do Novo Testamento que tratam do matrimônio e da sua indissolubilidade:

Mc 10, 11s: “Todo aquele que repudiar sua mulher e esposar outra, comete adultério contra a primeira; e, se essa repudiar o seu marido, comete adultério”.

Lc 16, 18: “Todo aquele que repudiar a sua mulher e esposar outra, comete adultério, e quem esposar uma repudiada por seu marido comete adultério”.

1Cor 7, 10s: “Quanto àqueles que estão casados, ordeno não eu mas o Senhor: a mulher não se separe do marido; se, porém, se separar, não se case de novo, ou reconcilie-se com o marido; e o marido não repudie a esposa”.

Mt 5, 31s: “Eu vos digo: todo aquele que repudia sua mulher, a não ser por motivo de porneia, faz que ela adultere, e aquele que se casa com a repudiada, comete adultério”. O mesmo ocorre em Mt 19, 9.


Como se vê, em Mc, Lc e 1Cor a recusa de segundas núpcias é peremptória; não se admite exceção nem mesmo em favor da parte repudiada, que pode ser vítima inocente; as razões pessoais, subjetivas e sentimentais não vêm ao caso. Trata-se de impossibilidade objetiva derivada da ordem dos valores, independente de culpa ou não culpa dos contraentes. Com outras palavras: essa indissolubilidade não está ligada ao comportamento de esposo e esposa, comportamento para o qual se poderia pleitear misericórdia e perdão. O matrimônio, por sua índole mesma, é indissolúvel; quem o contrai, deve sabê-lo de antemão; Jesus mesmo diz: “O que Deus uniu, o homem não o deve separar” (Mt 19, 6).

Acontece, porém, que no texto de Mt 5, 32s e Mt 19, 9 Jesus parece admitir uma exceção, a saber:… no caso em que haja porneia. Como entender esta palavra?

- Notemos que os textos de Mc, Lc e 1Cor são peremptórios e, além disto, são anteriores ao de Mateus (Mateus grego que hoje temos, deve datar de 80 aproximadamente, o que é posterior a Mc, Lc e 1Cor); disto se segue que é pouco provável que os três tenham eliminado uma cláusula restritiva de Jesus; é mais verossímil que o tradutor do Evangelho de Mateus aramaico para o grego tenha acrescentado a cláusula… Ele o terá feito em vista de uma problemática oriunda em comunidades de maioria judeo-cristã (como eram as comunidades às quais se destinava o Evangelho segundo Mateus).

Qual terá sido essa problemática?
- Deve-se depreender do sentido da palavra grega porneia.

1)     Há quem a traduza por fornicação ou adultério; em conseqüência estaria dissolvido o casamento desde que uma das duas partes incorresse em adultério. É assim que pensam e ensinam as comunidades cristãs ortodoxas orientais e as protestantes. Todavia observe-se que fornicação ou adultério suporia, em grego, moichéia e não pornéia.

2)     Mais acertado é dizer que porneia corresponde ao aramaico zenut, que tinha o sentido de prostituição ou união ilegítima. Os rabinos chamavam zenut todo tipo de união incestuosa devida a um grau de parentesco tornado ilícito pela Lei de Moisés. Com efeito, o capítulo 18 do Levítico enumera, entre outros, os seguintes impedimentos matrimoniais:

“Não descobrirás a nudez da mulher do teu irmão, pois é a própria nudez de teu irmão” (Lv 18, 16). Isto é; o viúvo não se case com uma cunhada solteira.

“Não descobriras a nudez de uma mulher e de sua filha, não tomarás a filha do seu filho, nem a filha de sua filha, para lhes descobrir a nudez. Elas são a tua própria carne; isto seria um incesto” (Lv 18, 17).

Uniões desse tipo e outras enumeradas em Lv 18 podiam ser legalmente contraídas entre pagãos anteriormente à sua conversão ao Cristianismo. Uma vez feitos cristãos, tais fiéis de origem grega deviam suscitar dificuldades aos judeo-cristãos legalistas de suas comunidades cristãs. Daí a cláusula de Mt 5, 32s e 19, 9, que permitia dissolver tais uniões que a lei de Moisés considerava ilegítimas. Essa cláusula terá correspondido a uma decisão de comunidades compostas, em maioria, por judeo-cristãos, a fim de preservar a boa paz entre eles e os cristãos provenientes do paganismo. Deve ter tido vigência geográfica e cronologicamente limitada (enquanto houvesse tais judeo-cristãos legalistas na Igreja); assemelha-se às cláusulas de Tiago adotadas em caráter provisório pelo Concílio de Jerusalém em 49; cf. At 15, 23-29

Essa explicação de Mt 5, 32s e 19, 9, como se vê, não afeta o caráter indissolúvel do matrimônio tal como proposto por Jesus em Mc, Lc e 1Cor.

1.2.  A atual praxe da Igreja

É, pois, indissolúvel o matrimônio sacramental validamente contraído e carnalmente consumado. No casode séria problemática na vida conjugal, a Igreja admite que se faça uma revisão do processo matrimonial para averiguar se houve, na raiz do casamento, algum impedimento (falta de sanidade mental, erro de pessoa, pressão física ou moral…) que tenha tornado nulo o matrimônio; desde que se possa concluir que de fato o matrimônio foi contraído em condições de nulidade, a Igreja o declara; ela não anula o matrimônio. Mas declara que ele sempre foi nulo. As duas partes interessadas são tidas como solteiras.

A lista de impedimentos que tornam nulo o casamento, encontra-se em PR 373/1993, pp. 294ss.

Dispensa do Vínculo Natural

Há casos em que o matrimônio validamente contraído no plano natural é dissolvido pela Igreja em favor de um matrimônio sacramental. Examinemo-los. Com outras palavras: a Igreja não tem o poder de dissolver um casamento sacramental validamente contraído e consumado. Quando, porém, o matrimônio não é sacramental (é sustentado pelo vínculo natural apenas), a Igreja, em casos raros, pode dissolvê-lo em vista da fé ou de uma vivência matrimonial sacramental.

2.1. O Privilégio Paulino (cânones 1143-47).

Em 1Cor 7, 15 São Paulo considera o caso de dois pagãos unidos pelo vínculo natural; se um deles se converte à fé católica e o (a) consorte pagã(o) lhe torna difícil a vida conjugal, o Apóstolo autoriza a parte católica a separar-se para contrair novas núpcias, contanto que o faça com um irmão ou uma irmã na fé. Antes, porém, da separação, é necessário interpelar a parte não batizada, perguntando-lhe se quer receber o Batismo ou se, pelo menos, aceita coabitar pacificamente com a parte batizada, sem ofensas ao Criador. Isto se explica pelo fato de que, para o fiel católico, o matrimônio sacramental é obrigatório; ou ele o contrai com o cônjuge pagão ou, se este não o propicia, contrai-o com uma pessoa católica. Cf. cânones 1143-47.

2.2. O Privilégio Petrino (privilégio da fé); cf. cânones 1148-1150)

O privilégio da fé é como que uma extensão do anterior. Como dito, a Igreja não pode dissolver um casamento sacramental validamente contraído e consumado. Há, porém, uniões matrimoniais não sacramentais entre pessoas não batizadas. Suponhamos que alguma dessas uniões fracasse: em consequência, uma das duas partes (convertida ao Catolicismo ou não) quer contrair novas núpcias com uma pessoa católica, habilitada a receber o sacramento do matrimônio. Essa pessoa católica pode então recorrer à Santa Sé e pedir a dissolução do vínculo natural do(a) seu(sua) pretendente, assim como a eventual dispensa do impedimento de disparidade de culto (caso se trate de um judeu, um muçulmano, um budista…); realiza-se então a cerimônia do casamento católico. Está claro, porém, que os cônjuges que se separam, deverão prover à subsistência e à educação (católica, se possível) dos respectivos filhos.

O privilégio petrino ou da fé tem especial aplicação nos países em que vigora a poligamia. Se o homem não batizado que tenha simultaneamente várias esposas não batizadas, receber o Batismo na Igreja Católica, poderá escolher a mulher que preferir, e deverá casar-se com ela na Igreja (observadas as prescrições relativas a matrimônio de disparidade de culto, se for o caso). O mesmo vale para a mulher não batizada que tenha simultaneamente vários maridos não batizados. É evidente, porém, que o homem que se converte, tem que prover às necessidades das esposas afastadas, segundo as normas da justiça e da caridade; cf. cânon 1148.

Diz-se que a dissolução do vínculo natural em favor de um casamento sacramental se faz para o bem da fé (in bonum fidei), isto é, para permitir que ao menos um dos cônjuges (a parte católica) se possa casar de acordo com a sua fé ou na Igreja.

Dissolução do matrimônio não consumado (cânon 1142)

Diz o cânon 1142:

“O matrimônio não consumado entre batizados ou entre uma parte batizada e outra não batizada pode ser dissolvido pelo Romano Pontífice por justa causa, a pedido de ambas as partes ou de uma delas, mesmo que a outra se oponha”.

Este caso pode ocorrer; todavia não é fácil comprovar que não houve consumação carnal do matrimônio. O cânon nº 1061 observa que a consumação do matrimônio deve ser praticada humano modo, isto é, de modo livre e normal; na hipótese contrária, não se pode falar de consumação. A exigência de modo humano é muito oportuna, pois exclui os casos de inseminação artificial (mesmo que desta nasça uma criança); exclui também os casos em que a esposa é constrangida ou colhida num momento de transtorno mental provisório. Outrora julgava-se que o matrimônio estaria consumado e feito indissolúvel mesmo que a esposa, recusando por medo iniciar a vida sexual, fosse violentada.

Como se vê, a temática matrimônio é muito complexa. O que há de novo na legislação da Igreja datada de 1983, é a compreensão mais apurada do psiquismo humano e das suas potencialidades, como também dos seus limites. Este fator é importantíssimo, pois não se pode julgar o comportamento de alguém unicamente pelo seu foro externo. É decisivo o foro interno, que nem sempre transparece. Em conseqüência, verifica-se que muitos matrimônios outrora tidos como válidos hoje podem ser considerados nulos, porque faltaram ao(s) nubente(s) as condições psicológicas para contrair as obrigações matrimoniais.

Divorciados Recasados e Eucaristia

Tem-se colocado com insistência a questão: um casal de divorciados unidos apenas por um contrato civil não poderia receber os sacramentos, especialmente a Comunhão Eucarística? Multiplicam-se tais casos; as núpcias civis parecem levar dois interessados à harmonia de um autêntico casal vinculado por amor sincero. Por que lhes negar o acesso aos sacramentos?
Tal questionamento toca um ponto delicado da Moral Católica. Com efeito; o sacramento do matrimônio é indissolúvel; por isto qualquer nova união contraída por um dos cônjuges enquanto o outro ainda vive é tida como violação ilícita do vinculo  sacramental, violação que gera um estado de vida contrário à Lei de Deus e, por isto, não habilitado para receber a Eucaristia.

Para renovar a consciência desta doutrina frente à problemática contemporânea, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou aos 14 de setembro de 1994 uma “Carta dirigida aos Bispos da Igreja Católica a respeito da recepção da Comunhão Eucarística por parte de fiéis divorciados novamente casados”. Deste documento extraímos o seguinte trecho:

“Face às novas propostas pastorais acima mencionadas, esta Congregação considera, pois, seu dever reafirmar a doutrina e a disciplina da Igreja nesta matéria. Por fidelidade à palavra de Jesus Cristo,¹ a Igreja sustenta que não pode reconhecer como válida uma nova união, se o primeiro matrimônio foi válido. Se os divorciados se casam civilmente, ficam numa situação objetivamente contrária à lei de Deus.  Por isso, não podem aproximar-se da Comunhão Eucarística, enquanto persiste tal situação.

Esta norma não tem, de forma alguma, um caráter punitivo ou discriminatório para com os divorciados novamente casados, mas exprime antes uma situação objetiva que, por si, torna impossível o acesso à Comunhão Eucarística. Não podem ser admitidos, já que o seu estado e condições de vida contradizem objetivamente àquela união de amor entre Cristo e a Igreja, significada e atuada na Eucaristia. Há, além disso, um outro peculiar motivo pastoral: se se admitissem estas pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e confusão acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio.

Para os fiéis que permanecem em tal situação matrimonial, o acesso à Comunhão Eucarística é aberto unicamente pela absolvição sacramental, que pode ser dada só àqueles que, arrependidos de ter violado o sinal da Aliança e da fidelidade a Cristo, estão sinceramente dispostos a uma forma de vida não mais em contradição com a indissolubilidade do matrimônio. Isto tem como consequência, concretamente, que, quando o homem e a mulher, por motivos sérios – como, por exemplo, a educação dos filhos – não se podem separar, assumem a obrigação de viver em plena continência, isto é, de abster-se dos atos próprios dos cônjuges. Neste caso podem aproximar-se da Comunhão Eucarística, permanecendo firme todavia a obrigação de evitar o escândalo”.

Com outras palavras: os divorciados que vivem nova união não sacramental, podem ter acesso aos sacramentos, inclusive à Eucaristia, caso se disponham a viver sob o mesmo teto como irmão e irmã ou abstendo-se de relações sexuais. Desde que cumpram esta condição, procurem os sacramentos numa igreja em que não são conhecidos a fim de evitar mal-entendidos e escândalos por parte dos fiéis.

Em sua Exortação Apostólica Familiaris Consortio nº 84, o Papa João Paulo II, em tom muito pastoral, refere-se à problemática:

“Juntamente com o Sínodo exorto vivamente os pastores e a inteira comunidade dos fiéis a ajudar os divorciados, promovendo com caridade solícita que eles não se considerem separados da Igreja, podendo, e melhor devendo, enquanto batizados, participar na sua vida. Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a freqüentar o Sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor de justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência para assim implorarem, dia a dia, a graça de Deus. Reze por eles a Igreja, encoraje-os, mostre-se mãe misericordiosa e sustente-os na fé e na esperança”.

A Igreja tem consciência de que a sua legislação relativa ao matrimônio é exigente; mas ela também sabe que, assim procedendo, ela está guardando fidelidade a Cristo e contribuindo para o bem da humanidade, já que a Ética não se decide pelo comportamento da maioria, mas tem princípios perenes, que garantem a dignidade e o verdadeiro bem-estar da humanidade.

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¹ Mc 10, 11-12: “Quem repudia sua mulher e casa com outra, comete adultério em relação à primeira, e, se uma mulher repudia seu marido e casa com outro, comete adultério”.

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Fonte: Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb

Nº 473 – Ano 2001 – p. 453
Disponível em: Central Católica