CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
A
CELEBRAÇÃO
DO
MISTÉRIO CRISTÃO
SEGUNDA
SECÇÃO
OS
SETE SACRAMENTOS DA IGREJA
1210. Os sacramentos da nova Lei foram instituídos
por Cristo e são em número de sete, a saber: o Baptismo, a Confirmação, a
Eucaristia, a Penitência, a Unção dos Enfermos, a Ordem e o Matrimónio. Os sete
sacramentos tocam todas as etapas e momentos importantes da vida do cristão:
outorgam nascimento e crescimento, cura e missão à vida de fé dos cristãos. Há
aqui uma certa semelhança entre as etapas da vida natural e as da vida
espiritual (1).
1211. Seguindo esta analogia, exporemos primeiro os
três sacramentos da iniciação cristã (capítulo primeiro), depois os sacramentos
de cura (capítulo segundo) e finalmente os que estão ao serviço da comunhão e
da missão dos fiéis (capítulo terceiro). Esta ordem não é, certamente, a única
possível, mas permite ver que os sacramentos formam um organismo, no qual cada
sacramento particular tem o seu lugar vital. Neste organismo, a Eucaristia
ocupa um lugar único, como «sacramento dos sacramentos»: «todos os outros
sacramentos estão ordenados para este, como para o seu fim» (2).
CAPÍTULO
PRIMEIRO
OS
SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ
1212. Através dos sacramentos da iniciação cristã –
Baptismo, Confirmação e Eucaristia são lançados os alicerces de toda a vida
cristã. «A participação na natureza divina, dada aos homens pela graça de
Cristo, comporta uma certa analogia com a origem, crescimento e sustento da
vida natural. Nascidos para uma vida nova pelo Baptismo, os fiéis são
efectivamente fortalecidos pelo sacramento da Confirmação e recebem na
Eucaristia o Pilo da vida eterna Assim. por estes sacramentos da iniciação
cristã, eles recebem cada vez mais riquezas da vida divina e avançam para a
perfeição da caridade» (3).
ARTIGO 1
O SACRAMENTO
DO BAPTISMO
1213. O santo Baptismo é o fundamento de toda a
vida cristã, o pórtico da vida no Espírito («vitae spiritualis ianua – porta da
vida espiritual») e a porta que dá acesso aos outros sacramentos. Pelo Baptismo
somos libertos do pecado e regenerados como filhos de Deus: tornamo-nos membros
de Cristo e somos incorporados na Igreja e tornados participantes na sua missão
(4). «Baptismos est sacramentam regeneratiorais per aquam in Verbo – O Baptismo
pode definir-se como o sacramento da regeneração pela água e pela Palavra» (5).
I. Como se
chama este sacramento?
1214. Chama-se Baptismo, por causa do rito central
com que se realiza: baptizar (baptizeis, em grego) significa «mergulhar»,
«imergir». A «imersão» na água simboliza a sepultura do catecúmeno na morte de
Cristo, de onde sai pela ressurreição com Ele (6) como «nova criatura» (2 Cor
5, 17; Gl 6, 15).
1215. Este sacramento é também chamado «banho da
regeneração e da renovação no Espírito Santo» (Tt 3, 5), porque significa e
realiza aquele nascimento da água e do Espírito, sem o qual «ninguém pode
entrar no Reino de Deus» (Jo 3, 5).
1216. «Este banho é chamado iluminação, porque
aqueles que recebem este ensinamento [catequético] ficam com o espírito
iluminado...» (7). Tendo recebido no Baptismo o Verbo, «luz verdadeira que
ilumina todo o homem» (Jo 1, 9), o baptizado, «depois de ter sido iluminado»
(8), tornou-se «filho da luz» (9) e ele próprio «luz» (Ef 5, 8):
«O Baptismo é o mais belo e magnífico dos dons de
Deus [...] Chamamos-lhe dom, graça, unção, iluminação, veste de
incorruptibilidade, banho de regeneração, selo e tudo o que há de mais
precioso. Dom, porque é conferido àqueles que não trazem nada: graça, porque é
dado mesmo aos culpados: baptismo, porque o pecado é sepultado nas águas;
unção, porque é sagrado e régio (como aqueles que são ungidos); iluminação,
porque é luz irradiante; veste, porque cobre a nossa vergonha; banho, porque
lava; selo, porque nos guarda e é sinal do senhorio de Deus» (10).