sábado, 17 de janeiro de 2015

Papa lamenta morte de voluntária na Missa em Tacloban, nas Filipinas.


O porta-voz do Vaticano revelou hoje que o Papa foi informado e lamenta a morte de uma voluntária na organização da Missa que decorreu junto ao aeroporto de Tacloban, nas Filipinas, por causa da tempestade que se abateu sobre o local.

O padre Federico Lombardi disse em conferência de imprensa que Francisco recebeu a notícia através Nunciatura (representação diplomática da Santa Sé) de Manila e rezou pela jovem.

O Papa pediu ao responsável pela organização das viagens papais, Alberto Gasbarri, informações sobre o acidente e possíveis contactos com a família da vítima, para lhe manifestar a sua solidariedade.

A jovem voluntária, que integrava uma equipa da CRS (o equivalente à Cáritas, nas Filipinas) foi atingida por estrutura metálica preparada para a Missa a que o Papa presidiu, que caiu na sequência dos fortes ventos, informou o padre Amadeo Alvero, porta-voz da Arquidiocese de Palo. 

CFE 2016: Música e Cartaz serão escolhidos em concurso


A Campanha da Fraternidade de 2016 será ecumênica, ou seja, reunirá outras igrejas cristãs além da católica. Tal como nas três versões anteriores, a ação será coordenada pelo CONIC. Uma das maiores novidades para esta IV edição é que ela deverá transpor fronteiras nacionais, já que contará com a participação da Misereor - entidade episcopal da Igreja Católica da Alemanha que trabalha na cooperação para o desenvolvimento na Ásia, África e América Latina.

O objetivo principal da iniciativa será chamar atenção para a questão do saneamento básico que, no Brasil, caminha a passos lentos – apesar da importância do mesmo para garantir desenvolvimento, saúde integral e qualidade de vida para tod@s.
  
“Casa comum, nossa responsabilidade” será o tema da Campanha. O lema bíblico para apoiar esta escolha a baseia-se em Amós 5:24, que diz: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”. Ambos, tema e lema, foram definidos em uma reunião realizada em São Paulo, entre os dias 4 e 6 de novembro, reunindo membros da Comissão da Campanha e representantes da Misereor.

Música e Cartaz da Campanha: você pode participar

A música tema e o cartaz da Campanha serão escolhidos por meio de um concurso. Todos poderão participar, desde que obedeçam aos critérios dos Regulamentos.
  

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Por que nos mobilizamos pela França, mas nos esquecemos da Nigéria?


A imprensa anglo-saxã comenta a “hierarquia da morte”, ou seja, o fato de darmos mais cobertura a algumas vítimas do que a outras, especialmente no noticiário internacional. Essa hierarquia é influenciada por vários fatores, que podemos dividir em dois grupos: a proximidade e a qualidade da informação.

1. A proximidade. Interessa-nos mais o que ocorre em nosso país e em países próximos, e também se há alguma vítima local. A análise de Jacoba Urist na The Atlantic recorda como o The New York Times publicou mais de 2.500 obituários para os assassinados nos atentados de 11 de setembro de 2001, coisa que o EL PAÍS também fez com os mortos no ataque islâmico de 11 de março de 2004 em Madri.

“Toda informação é local”, diz o jornalista Miguel Ángel Bastenier, do EL PAÍS, “e se repercutimos as notícias internacionais é pela proximidade e pela vinculação que temos com esses países, e também pela qualidade da informação que conseguimos obter”. Ele acrescenta que “é preciso informar sobre a Nigéria, e se informa”, mas esses dois fatores fazem com que se fale mais sobre o atentado na França do que sobre muitos outros conflitos.

Tal proximidade provoca uma maior empatia entre jornalistas e leitores, mas também pode favorecer o confronto, observa a jornalista Leila Nachawati, cofundadora do site Syria Untold. “Há um posicionamento do ‘nós contra eles’”, algo que na opinião dela transparece, por exemplo, nas declarações oficiais sobre o atentado ao Charlie Hebdo, em que muitos líderes ocidentais apontaram “um ataque contra nós, contra nossos valores”, esquecendo-se de que esses grupos “nascem e se promovem dentro da Europa”.

No caso da Nigéria, a Boko Haram chamou a atenção da imprensa ocidental em relativamente poucas ocasiões, apesar de esse grupo estar ativo desde 2002 e já ter causado milhares de mortes. Uma dessas situações se deu após o sequestro de mais de 200 meninas em abril do ano passado. Naquela ocasião, a atenção foi motivada por uma campanha nas redes sociais, intitulada #BringBackOurGirls (“tragam nossas garotas de volta”), que contou com a participação, por exemplo, da primeira-dama norte-americana, Michelle Obama. Ou seja, tanto naquela época como agora (quando se compara a atenção midiática dada ao atentado de Paris com a cobertura do conflito nigeriano), o volume de informação cresce porque se busca relação com o que está ocorrendo no Ocidente. 

Que as famílias não percam a capacidade de sonhar, diz Papa.

VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO
ÀS FILIPINAS
ENCONTRO DAS FAMÍLIAS
 DISCURSO DO SANTO PADRE

Mall of Asia Arena, Manila
Sexta-feira, 16 de Janeiro de 2015


Queridas famílias,
Queridos amigos em Cristo!

Obrigado pela vossa presença aqui, nesta noite, e pelo testemunho do vosso amor a Jesus e à sua Igreja. Agradeço a D. Reyes, Presidente da Comissão Episcopal para a Família e a Vida, as suas palavras de boas-vindas em vosso nome. De maneira particular, agradeço àqueles que apresentaram o seu testemunho – obrigado! – e partilharam conosco a sua vida de fé. A Igreja nas Filipinas é abençoada pelo apostolado de muitos movimentos que se ocupam da família; agradeço-lhes pelo seu testemunho.

Raramente as Escrituras falam de São José e, quando o fazem, muitas vezes encontramo-lo a repousar, enquanto lhe é revelada em sonho a vontade de Deus. No texto do Evangelho que acabámos de ouvir, encontramos, não uma mas duas vezes, José a repousar. Nesta noite, quero repousar no Senhor com todos vós. Preciso de repousar no Senhor com as famílias, e recordar a minha família: meu pai, minha mãe, meu avô, minha avó… Hoje eu repouso convosco e quero reflectir convosco sobre o dom da família.

Mas, antes, quero dizer algo sobre o sonho. O meu inglês, porém, é tão pobre! Se mo permitis, vou pedir a Mons. Miles que traduza e eu falarei em espanhol. Tenho em muito apreço o sonhar numa família. Toda a mãe e todo o pai sonharam o seu filho durante nove meses. É verdade ou não? [Sim!]. Sonharam como seria aquele filho… Não é possível uma família sem o sonho. Numa família, quando se perde a capacidade de sonhar, os filhos não crescem, o amor não cresce; a vida debilita-se e apaga-se. Por isso, recomendo-vos que à noite, ao fazer o exame de consciência, vos ponhais também esta pergunta: Hoje sonhei com o futuro dos meus filhos? Hoje sonhei com o amor do meu esposo, da minha esposa? Hoje sonhei com os meus pais, os meus avós que fizeram a vida avançar até mim. É muito importante sonhar. Antes de mais nada, numa família, sonhai. Não percais esta capacidade de sonhar.

E, na vida dos cônjuges, quantas dificuldades se resolvem, se conservarmos um espaço para o sonho, se nos detivermos a pensar no cônjuge e sonharmos com a bondade, com as coisas boas que tem. Por isso, é muito importante recuperar o amor através do sonho de cada dia. Nunca deixeis de ser namorados!

Aos consagrados, Papa pede que sejam "embaixadores de Cristo".

Viagem do Papa Francisco a Filipinas
HOMILIA
Santa Missa com os bispos, sacerdotes, 
religiosas e religiosos
Catedral da Imaculada Conceição – Manila
Sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

“Tu me amas?” [o povo: “Sim!”] Obrigado! Mas eu estava lendo a palavra de Jesus! Diz o Senhor: “Tu me amas? (…) Apascenta os meus cordeiros” (Jo 21, 15.16). As palavras de Jesus a Pedro, no Evangelho de hoje, são as primeiras palavras que vos dirijo, amados irmãos bispos e sacerdotes, religiosos e religiosas, e jovens seminaristas. Estas palavras recordam-nos algo de essencial. Todo o ministério pastoral nasce do amor. Toda a vida consagrada é um sinal do amor reconciliador de Cristo. Como Santa Tereza do Menino Jesus, na variedade das nossas vocações, cada um de nós é chamado de alguma forma, como Santa Teresa do Menino Jesus, a ser o amor no coração da Igreja.

Com grande afeto vos saúdo e peço para levardes o meu afecto a todos os vossos irmãos e irmãs idosos e doentes e a todos aqueles que hoje não puderam juntar-se a nós. Com a Igreja nas Filipinas que olha para o quinto centenário da sua evangelização, sentimos gratidão pela herança deixada por tantos bispos, sacerdotes e religiosos das gerações passadas. Eles esforçaram-se não só por pregar o Evangelho e construir a Igreja nesta nação, mas também por forjar uma sociedade inspirada pela mensagem evangélica da caridade, do perdão e da solidariedade ao serviço do bem comum. Hoje vós continuais a mesma obra de amor. Como eles, sois chamados a construir pontes, apascentar o rebanho de Cristo e preparar vigorosos caminhos para o Evangelho na Ásia ao alvorecer duma nova era.

«O amor de Cristo nos absorve completamente» (2 Cor 5, 14). Na primeira leitura de hoje, São Paulo diz-nos que o amor que somos chamados a anunciar é um amor reconciliador, que jorra do coração do Salvador crucificado. Somos chamados a ser «embaixadores em nome de Cristo» (cf. 2 Cor 5, 20). O nosso é um ministério de reconciliação. Proclamamos a Boa-Nova do amor, da misericórdia e da compaixão infinitos de Deus. Proclamamos a alegria do Evangelho. Uma vez que o Evangelho é a promessa da graça de Deus, a única que pode trazer plenitude e cura ao nosso mundo arruinado, ele pode inspirar a construção duma ordem social verdadeiramente justa e redimida. 

Papa às autoridades filipinas: ajudem os pobres e à família.

Viagem do Papa Francisco a Filipinas
DISCURSO
Encontro com autoridades 
e com o corpo diplomático
Sala de Cerimônias Rizal 
do Palácio Presidencial
Sexta-feira, 16 de janeiro de 2015


Senhoras e Senhores!

Agradeço-lhe, Senhor Presidente, a sua amável recepção e as palavras de saudação que me dirigiu em nome das autoridades, do povo filipino e dos ilustres membros do Corpo Diplomático. Sinto-me muito grato pelo convite para visitar as Filipinas. A minha visita é primariamente pastoral. Acontece num momento em que a Igreja neste país se prepara para celebrar o quinto centenário do primeiro anúncio do Evangelho de Jesus Cristo nestas costas. A mensagem cristã teve uma influência enorme sobre a cultura filipina. A minha esperança é que tão importante efeméride faça ressaltar a sua constante fecundidade e a sua capacidade de inspirar uma sociedade digna da bondade, dignidade e aspirações do povo filipino.

De modo particular, esta visita quer exprimir a minha solidariedade aos nossos irmãos e irmãs que sofreram a tribulação, as perdas e a devastação causadas pelo tufão Yolanda. Juntamente com as pessoas de todo o mundo, admirei a força heroica, a fé e a resistência demonstradas por tantos filipinos face a este desastre natural, e muitos outros. Tais virtudes, radicadas em grande medida na esperança e solidariedade infundidas pela fé cristã, deram origem a uma profusão de bondade e generosidade, especialmente por parte de muitos jovens. Naquele momento de crise nacional, inúmeras pessoas vieram em auxílio dos seus vizinhos em necessidade. Com grande sacrifício, ofereceram o seu tempo e os seus recursos, criando uma rede de apoio mútuo e compromisso em prol do bem comum. 

A verdade sobre as Cruzadas


1.                  O Primado do Papa

Na grande diversidade de nações da Europa na Idade Média havia um traço de união entre todos os reinos: a profissão da mesma fé católica. Este, segundo Régine Pernoud, foi o grande fator que fez surgir a Cristandade que se concretizava no Sacro Império Romano-Germânico.

Todas as nações da Europa pertenciam, em tese, ao Sacro Império, e o seu chefe político era escolhido dentre os príncipes cristãos, pela Dieta ou assembléia dos dignitários. O primeiro imperador foi Otão I, em 962.

Como a religião era denominador comum, ao Papa competia o magistério espiritual do Sacro Império: como chefe da Igreja, ele intervinha no Império todas as vezes em que as leis afetassem a moral cristã. Não raro também era invocado como árbitro supremo nas questões políticas; esse costume se estendeu até os tempos modernos, pois Alexandre VI resolveu a pendência entre a Espanha e Portugal pelo Tratado de Tordesilhas (1494).

Quando o Imperador alemão Henrique IV investiu sacerdotes indignos em bispados alemães, o Papa São Gregório VII o excomungou, desligando seus súditos da obediência a ele devida.

Foi então que Henrique IV dirigiu-se ao castelo de Canossa com trajes de peregrino, em noite de inverno, para pedir perdão ao Papa por seus crimes de venda dos cargos eclesiásticos (simonia).

Joseph De Maistre esclarece que “os papas não disputavam aos imperadores a investidura feudal, mas sim a investidura episcopal”, pelo báculo e pelo anel, para que os benefícios eclesiásticos não se convertessem em feudos políticos.

O ato simbólico de Henrique IV, na neve, em Canossa (1077), foi o marco da supremacia do Papa sobre os poderes temporais, na Idade Média.

2. O perigo islâmico: as Cruzadas, uma guerra defensiva

As Cruzadas são apresentadas por alguns historiadores como guerras de conquista da Europa contra os árabes. Mas não é bem verdade. As Cruzadas surgiram porque os países árabes, depois de unirem todas as tribos numa mesma nação islâmica continuaram a luta pelo poder total de Alá e seu Profeta, marchando em direção aos Balcãs e à península ibérica. Desde o século VII que os adeptos da doutrina muçulmana, ou Islamismo, liderados por Maomé — que intitulava a si próprio “Profeta de Alah” —, iniciaram a Guerra Santa, conquistando a Arábia, a Palestina, ocupando os Lugares Santos de Belém, Nazaré e Jerusalém, depois o Egito e daí passando à Espanha, onde foram chamados “mouros”.

Daí surge o antagonismo. Eles ameaçaram Constantinopla, e acabaram por tomá-la no fim da Idade Média. Ameaçaram a Espanha, onde queriam entrar e por séculos o vinham tentando. Dominaram o norte da África, e começaram a proibir o acesso aos lugares santos. Assim, a Europa estava praticamente cercada pelos turcos. E foi isso que motivou as Cruzadas.

Eram consideradas como uma guerra defensiva, portanto justa; consequentemente, os cavaleiros partiam com a consciência tranquila, pois não se tratava de uma guerra de conquista.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Eu condeno o atentado, mas não sou Charlie Hebdo


A manifestação de Paris, pela liberdade e pelos valores de convivência ocidental, como a tolerância e contra o terrorismo, foi um sucesso, como todas as demais manifestações realizadas no último domingo, em toda a França.

Finalmente, o Ocidente parece ter se conscientizado do terrorismo, e agora é preciso passar dos gestos e das palavras, das manifestações e dos cartazes, aos fatos.

No entanto, o sucesso de Paris, que me alegra, não significa que “eu sou Charlie Hebdo”, pois eu não sou Charlie. Isso não é uma provocação. Condeno o vil assassinato múltiplo cometido pelo Al Qaeda e pelo Estado Islâmico na França na semana passada. E faço uma afirmação inquebrantável a favor da liberdade e da tolerância, e por isso, também da liberdade de expressão.

Mas eu não sou Charlie Hebdo, e tenho a liberdade e a obrigação de dizer isso, porque não posso me identificar com um jornal que é o oposto das minhas ideias, que zomba de todas as religiões. Defendo sua existência, mas não atribuam a mim slogans ou cartazes confusos, como “Eu sou Charlie Hebdo”, porque eu não me identifico com este jornal.