terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Jesus jamais condenou o homossexualismo?


Em síntese: Há quem alegue que na Bíblia não se encontra a palavra homossexualismo; por isto não se pode dizer que a S. Escritura condena tal prática. — Em resposta, observamos que, se a palavra não ocorre, ocorre, sim, o conceito de homossexualismo, que é severamente condenado em Lv20,13; Rm 1,23-27; 1Cor 6,9s.

Alega-se também que Jesus jamais condenou o homossexualismo; se fosse tão grave, Ele o teria repudiado. — Respondemos que os Evangelhos não pretendem ser um relato completo de tudo o que Jesus disse e fez, como nota São João no final do seu Evangelho (cf. 20,30s; 21,25). Por isto os Evangelhos hão de ser lidos no contexto dos demais escritos do Novo Testamento; estes, sem dúvida, rejeitam o homossexualismo, como se depreende dos textos atrás citados. — Ademais, antes que a Escritura condene tal prática, a própria lei natural, incutida em todo ser humano, o rejeita, visto que a natureza conhece dois sexos, que são complementares entre si.

A campanha homossexualista não cessa de procurar justificar a prática que ela propugna. Temos em mãos um panfleto intitulado "O que todo cristão deve saber sobre homossexualidade"; foi-nos enviado com um pedido de esclarecimentos, que passamos a propor, distinguindo quatro pontos do panfleto.

1. "NA BIBLIA NÃO SE ENCONTRA A PALAVRA HOMOSSEXUALISMO"

Assim começa o impresso:

"Não há na Bíblia nenhuma só vez as palavras HOMOSSEXUAL, LÉSBICA nem HOMOSSEXUALISMO. Todas as Bíblias que empregam estas expressões, estão erradas e mal traduzidas. A palavra HOMOSSEXUAL só foi inventada em 1869, reunindo duas raízes linguísticas: HOMO (do grego, significa "igual") e SEXUAL (do latim). Portanto, como a Bíblia foi escrita de dois a quatro mil anos atrás, não poderiam os escritores sagrados ter usado uma palavra inventada só no século passado. Elementar, irmão!

A prática do amor entre pessoas do mesmo sexo, porém, é muito mais antiga que a própria Bíblia. Há documentos egípcios de 500 anos antes de Abraão, que revelam a prática do homoerotismo não só pelos homens, mas também entre os deuses Horus e Seth. 'O homossexualismo é tão antigo como a própria humanidade', dizia o célebre escritor Goethe".

A propósito observamos:

a)  a antiguidade da prática homossexual não é suficiente para legitimá-la. Nem tudo o que é antigo, é aceitável;
b)  o fato de que Bíblia nunca apresenta a palavra "homossexualismo", nada quer dizer; a Bíblia descreve o homossexualismo e condena peremptoriamente a sua prática. Assim:
Lv 20,13; "O homem que se deita com outro homem como se fosse uma mulher, ambos cometeram uma abominação; deverão morrer, e o seu sangue cairá sobre eles".

Rm 1,23-27: "Trocaram a glória do Deus incorruptível por imagens do homem corruptível, de aves, quadrúpedes e répteis. Por isto Deus os entregou, segundo o desejo de seus corações, à impureza em que eles mesmos desonraram seus corpos..., suas mulheres mudaram as relações naturais por relações contra a natureza; igualmente os homens, deixando a relação natural com a mulher, arderam em desejo uns para com os outros, praticando torpezas homens com homens e recebendo em si mesmos a paga da sua aberração".

Não resta dúvida, portanto, de que a S. Escritura rejeita severamente o homossexualismo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Promoção Evangelize Conosco!


Divulgue o Informação Católica e concorra a prêmios. Como funciona? Divulgue o nosso site www.icatolica.com e a nossa página no facebook www.facebook.com/InforCatolica e mande para nós a sua história contando como foi feito o marketing. A história mais criativa receberá em 1º lugar 1 CD mp3 na voz de Márcio Mendes sobre “O Dom das Lágrimas”,  as histórias que ficarem em 2º, 3º e 4º lugar respectivamente receberão o livro do Prof. Felipe Aquino “Penitência”.

O concorrente deve fazer o marketing de nosso site e página no facebook e enviar para o e-mail icatolicaslz@gmail.com com o “print” da divulgação (caso tenha sido online) ou o máximo de materiais que possam comprovar o seu marketing juntamente com o endereço para receber os prêmios caso seja escolhido e uma foto do participante para divulgação do ganhador.

A promoção será encerrada no dia 03 de março às 23:59 e o ganhador será divulgado no dia 04 de março em nosso site e em nossas redes sociais. Tá esperando o que? Já está valendo! Quanto mais você divulgar, mais chances você tem de ganhar!!

Com esta divulgação você nos ajuda a evangelizar cada vez mais pessoas chegando nos ambientes mais longíquos do mundo inteiro. Seja conosco um evangelizador! 

*Promoção válida apenas em território brasileiro.

Disse-lhe Jesus: “Dá-me de beber” (Jo 4, 7).


Deixando a Judeia, Jesus dirige-se para a Galileia, seguindo uma estrada que atravessa a Samaria. Por volta do meio-dia, cansado da viagem, senta-se junto ao poço que o Patriarca Jacob construíra há cerca de 1700 anos. Estava com sede, mas não havia ali nenhum recipiente para tirar água. O poço era muito fundo, com 35 metros de profundidade (como se pode verificar ainda hoje).

Os discípulos tinham ido à aldeia comprar comida e Jesus ficou ali sozinho. Então chegou uma mulher com uma bilha, e Ele, com simplicidade, pede-lhe de beber. É um pedido que vai contra os costumes do tempo: um homem não se dirige diretamente a uma mulher, especialmente se se trata de uma desconhecida. Para além disso, entre Judeus e Samaritanos há divisões e preconceitos religiosos: Jesus é judeu, a mulher é samaritana. As rivalidades e até o ódio entre os dois povos têm raízes profundas, com origens históricas e políticas.

Depois, há entre os dois uma outra barreira, de tipo moral: a samaritana teve vários maridos, e agora vive numa situação irregular. Será talvez por essa razão que ela não vem buscar água na companhia das outras mulheres, de manhã ou ao final da tarde, mas sim a uma hora insólita como esta: ao meio-dia. Provavelmente para evitar comentários.

Jesus não se deixa condicionar por qualquer tipo de barreira e abre o diálogo com esta estranha. Ele quer entrar no seu coração, e por isso pede-lhe: 

“Dá-me de beber” 

domingo, 25 de janeiro de 2015

Papa no Angelus: "Que coisa feia que os cristãos estejam divididos! O diabo é aquele que sempre divide".


ANGELUS
Praça São Pedro – Vaticano
Domingo, 25 de janeiro de 2015
  
Queridos irmãos e irmãs, bom dia,

Evangelho de hoje apresenta o início da pregação de Jesus na Galiléia. São Marcos sublinha que Jesus começou a pregar: "depois que João [Batista] foi preso" (1,14). Precisamente quando a voz profética do Batizador, que anunciava a vinda do Reino de Deus, é silenciada por Herodes, Jesus começa a percorrer as estradas da sua terra para levar a todos, especialmente aos pobres, ‘o Evangelho de Deus’(ibid.). O anúncio de Jesus é semelhante ao de João, com a diferença substancial que Jesus não indica outro que deve vir: Jesus é o próprio cumprimento das promessas; Ele é a "boa notícia" a acreditar, a acolher e comunicar aos homens e às mulheres de todos os tempos, para que também eles confiem a Ele a sua existência. Jesus Cristo em pessoa é a Palavra viva e eficaz na história: quem o ouve e segue entra no Reino de Deus.

Jesus é o cumprimento das promessas divinas, porque é Aquele que dá ao homem o Espírito Santo, a "água viva" que sacia o nosso coração inquieto, sedento de vida, de amor, de liberdade, de paz: sedento de Deus. Quantas vezes sentimos o nosso coração com sede! Ele mesmo se revelou à mulher samaritana, encontrada no poço de Jacó, para quem disse: "Dá-me de beber" (João 4,7). Precisamente estas palavras de Cristo, dirigidas à samaritana, foram o tema da anual Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que termina hoje.

Hoje à noite, com os fiéis da diocese de Roma e representantes das diversas Igrejas e Comunidades eclesiais, nos reuniremos na Basílica de São Paulo Fora dos Muros para rezar intensamente ao Senhor para que fortaleça o nosso compromisso com a plena unidade de todos os cristãos. Que coisa feia que os cristãos estejam divididos! Jesus nos quer unidos: um só corpo. Nossos pecados, nossa história, nos dividiram, e por isso temos de rezar muito, para que o Espírito Santo nos uma novamente.

Deus tornando-se homem, fez sua a nossa sede, não só de água material, mas, sobretudo, a sede de uma vida plena, livre da escravidão do mal e da morte. Ao mesmo tempo, com a sua encarnação Deus colocou a sua sede - porque Deus também tem sede - no coração de um homem: Jesus de Nazaré. Deus tem sede de nós, do nosso coração, do nosso amor, e colocou essa sede no coração de Jesus. Assim, no coração de Cristo se encontram a sede humana e a sede divina. E o desejo de unidade dos seus discípulos pertence a esta sede. Encontramos isso frequentemente na oração ao Pai antes da Paixão: "Para que todos sejam um" (Jo 17,21). O que queria Jesus: a unidade de todos! O diabo – nós sabemos - é o pai das divisões, é aquele que sempre divide, que sempre faz guerra, faz muito mal.

Que esta sede de Jesus torne-se cada vez mais, a nossa sede! Continuemos, portanto, a rezar e a nos comprometer pela plena unidade dos discípulos de Cristo, na certeza de que Ele mesmo está ao nosso lado e nos sustenta com a força do seu Espírito, para que tal objetivo se aproxime. E confiamos esta nossa oração à materna intercessão da Virgem Maria, Mãe de Cristo e Mãe da Igreja.

Homilia do Papa na Solenidade da Conversão de São Paulo: "Estamos todos ao serviço do único e mesmo Evangelho".

Festa da Conversão de São Paulo Apóstolo
Conclusão da Semana de Oração 
pela Unidade dos Cristãos
HOMILIA
Basílica de São Paulo Fora dos Muros
Domingo, 25 de janeiro de 2015


Na sua viagem da Judeia para a Galileia, Jesus passa através da Samaria. Não tem dificuldade em encontrar os samaritanos considerados hereges, cismáticos, separados dos judeus. A sua atitude diz-nos que o confronto com quem é diferente de nós pode fazer-nos crescer.

Jesus, cansado da viagem, não hesita em pedir de beber à mulher samaritana. Mas a sua sede estende-se muito para além da água física: é também sede de encontro, desejo de abrir diálogo com aquela mulher, oferecendo-lhe assim a possibilidade de um caminho de conversão interior. Jesus é paciente, respeita a pessoa que tem à sua frente, revela-Se-lhe progressivamente. O seu exemplo encoraja a procurar um confronto sereno com o outro. As pessoas, para se compreenderem e crescerem na caridade e na verdade, precisam de se deter, acolher e escutar. Desta forma, começa-se já a experimentar a unidade.

A mulher de Sicar interpela Jesus sobre o verdadeiro lugar da adoração a Deus. Jesus não toma partido em favor do monte nem do templo, mas vai ao essencial derrubando todo o muro de separação. Remete para a verdade da adoração: «Deus é espírito; por isso, os que O adoram devem adorá-Lo em espírito e verdade» (Jo 4, 24). É possível superar muitas controvérsias entre cristãos, herdadas do passado, pondo de lado qualquer atitude polémica ou apologética e procurando, juntos, individuar em profundidade aquilo que nos une, ou seja, a chamada a participar no mistério de amor do Pai, que nos foi revelado pelo Filho através do Espírito Santo. A unidade dos cristãos não será o fruto de sofisticadas discussões teóricas, onde cada um tenta convencer o outro da justeza das suas opiniões. Temos de reconhecer que, para se chegar à profundeza do mistério de Deus, precisamos uns dos outros, encontrando-nos e confrontando-nos sob a guia do Espírito Santo, que harmoniza as diversidades e supera os conflitos.

Súmula das Doutrinas Protestantes


Protestantismo representa hoje uma realidade assaz complexa, ou seja, o bloco de aproximadamente 200.000.000 de cristãos que não pertencem nem à Igreja tradicional, cuja Cabeça visível reside em Roma, nem à facção oriental (em parte dita ortodoxa, em parte nestoriana, monofisita; cf. «P. R.» 10/1958, qu. 10), facção que se separou do tronco primordial em etapas sucessivas desde o séc. V até o séc. XI.

O iniciador do movimento protestante é Martinho Lutero, que, a partir de 1517, pretendeu reformar o credo e as instituições cristãs, e por isto se afastou da Igreja, dando início ao Luteranismo. Ao lado deste, enumeram-se o Calvinismo (que absorveu o Zwinglianismo ou a reforma de Zwingli em Zürich, Suíça), movimento afim ao de Lutero, empreendido por Calvino em Genebra, Suíça, e o Anglicanismo, reforma congênere oriunda na Inglaterra. Estas três denominações (Luteranismo, Calvinismo e Anglicanismo) representam o que se pode chamar «Igrejas protestantes tradicionais», todas iniciadas no séc. XVI (os Anglicanos nem sempre aceitam a designação de «protestantes», embora, por seus princípios doutrinários, se filiem ao Protestantismo).

Das três Igrejas protestantes derivaram-se centenas de sociedades menores, que não mais recebem o nome de Igrejas, mas o de seitas, visto serem movidas por espírito diverso do das Igrejas; são reformas da reforma, dissidências da dissidência: metodistas, batistas, congregacionais, quakers, etc. (sobre a distinção entre a Igreja e seita, veja «P. R.» 6/1957, qu. 8).

Esses múltiplos grupos protestantes autônomos professam credos diferentes, chegando alguns a negar a própria Divindade de Cristo; o liberalismo doutrinário predomina entre eles. Contudo podem-se enunciar três grandes teses como características dos diversos tipos de Protestantismo: 1) a justificação pela fé sem as obras; 2) a Bíblia como única fonte de fé, interpretada segundo o «livre exame»; 3) a negação de intermediários entre Deus e o crente.

sábado, 24 de janeiro de 2015

São Paulo, Apóstolo - 25 de janeiro


A vocação é um dom concedido liberalmente por Deus. E, por vezes, compraz-se o Senhor em chamar alguém aparentemente contrário à missão para a qual Ele o destina, a fim de manifestar com maior fulgor o poder de Sua Graça e a gratuidade do Seu chamado. Nesses casos, apesar dos aparentes paradoxos e à revelia do próprio interessado, cujas aspirações parecem entrar em choque com os desígnios Divinos, o Senhor vai preparando os caminhos, servindo-Se até dos próprios obstáculos para fazer cumprir sua Santa Vontade.

Jovem fariseu de Tarso

Nada parecia indicar que aquele jovenzinho de rosto vivo e inteligente, de nome Saulo, viesse a transformar-se num intrépido defensor de Jesus Cristo. Nascido em Tarso, na Cilícia, no seio de uma família judaica, o pequeno Saulo esteve, desde muito cedo, sujeito a duas fortes influências que pesariam grandemente na formação de seu caráter.

De um lado, as convicções religiosas que aprendera de seus pais não tardaram em fazer dele um autêntico fariseu, apegado às tradições, anelante pela chegada de um Messias vitorioso e libertador do povo eleito, então submetido ao jugo estrangeiro, e zeloso cumpridor da Lei até em suas mínimas prescrições.

De outro lado, o ambiente de sua cidade natal marcou profundamente a personalidade do jovem fariseu. Tarso - metrópole grega, súdita do Império Romano - tornara-se, por sua localização privilegiada, um dos centros de comércio mais importantes daquele tempo. Regurgitava de gente, proveniente das nações mais diversas, cujas línguas e costumes misturavam-se sob o fator preponderante da cultura helênica. A Providência começava a preparar o jovem fariseu para sua futura missão de Apóstolo das Gentes.

Discípulo de Gamaliel

Apenas saído da adolescência, Saulo abandonou sua pátria para instalar-se na cidade-berço da religião de seus antepassados: Jerusalém. Ali tornou-se assíduo estudioso das Escrituras, instruído pelo douto Gamaliel, um dos mais destacados membros do Sinédrio. Também aqui podemos notar a mão de Deus intervindo em sua vida, pois o conhecimento dos Livros Sagrados, que adquiriu ao longo desses anos, servir-lhe-ia mais tarde para abrir seus horizontes a respeito da realidade messiânica de Jesus Cristo.

Entretanto, se Saulo progredia a passos rápidos nas doutrinas farisaicas, sob o olhar vigilante de Gamaliel, em nada pareceu assimilar a prudência que caracterizava seu mestre, sempre cauto em seus juízos e comedido nas apreciações. Pelo contrário, o jovem aluno dava mostras de um exaltado fanatismo religioso, como ele mesmo confessaria em sua epístola aos Gálatas: "Avantajava-me no judaísmo a muitos dos meus companheiros de idade e nação, extremamente zeloso das tradições de meus pais" (Gl 1, 14).

No interior do discípulo de Gamaliel latejava um coração sincero, à procura da verdade. Buscava-a ardorosamente, desejoso de alcançar o pleno conhecimento dela. Não sabia que o termo desses seus anseios encontravase nAquele que, de Si mesmo, dissera: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por Mim" (Jo 14, 6).

Sim, Saulo não poderia chegar ao Pai, Suprema Verdade, sem passar por Jesus, o Mediador entre Deus e os homens. A afirmação proferida pelo Divino Mestre, momentos antes de Sua Paixão, ele a veria cumprir-se em sua vida, ainda que contra a sua vontade e apesar de suas relutâncias. E a ocasião se haveria de apresentar justamente quando as convicções de Saulo, chocadas ante o Cristianismo que surgia, haviam-se convertido em ódio profundo contra este.

Mensagem do Papa para 49º Dia Mundial das Comunicações Sociais


MENSAGEM
Mensagem do Papa Francisco para o
49º Dia Mundial das Comunicações Sociais
Sexta-feira, 23 de janeiro de 2015


«Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor»


O tema da família encontra-se no centro duma profunda reflexão eclesial e dum processo sinodal que prevê dois Sínodos, um extraordinário – acabado de celebrar – e outro ordinário, convocado para o próximo mês de Outubro. Neste contexto, considerei oportuno que o tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais tivesse como ponto de referência a família. Aliás, a família é o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar. Voltar a este momento originário pode-nos ajudar quer a tornar mais autêntica e humana a comunicação, quer a ver a família dum novo ponto de vista.

Podemos deixar-nos inspirar pelo ícone evangélico da visita de Maria a Isabel (Lc 1, 39-56). «Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”» (vv. 41-42).

Este episódio mostra-nos, antes de mais nada, a comunicação como um diálogo que tece com a linguagem do corpo. Com efeito, a primeira resposta à saudação de Maria é dada pelo menino, que salta de alegria no ventre de Isabel. Exultar pela alegria do encontro é, em certo sentido, o arquétipo e o símbolo de qualquer outra comunicação, que aprendemos ainda antes de chegar ao mundo. O ventre que nos abriga é a primeira «escola» de comunicação, feita de escuta e contacto corporal, onde começamos a familiarizar-nos com o mundo exterior num ambiente protegido e ao som tranquilizador do pulsar do coração da mãe. Este encontro entre dois seres simultaneamente tão íntimos e ainda tão alheios um ao outro, um encontro cheio de promessas, é a nossa primeira experiência de comunicação. E é uma experiência que nos irmana a todos, pois cada um de nós nasceu de uma mãe.

Mesmo depois de termos chegado ao mundo, em certo sentido permanecemos num «ventre», que é a família. Um ventre feito de pessoas diferentes, interrelacionando-se: a família é «o espaço onde se aprende a conviver na diferença» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 66). Diferenças de géneros e de gerações, que comunicam, antes de mais nada, acolhendo-se mutuamente, porque existe um vínculo entre elas. E quanto mais amplo for o leque destas relações, tanto mais diversas são as idades e mais rico é o nosso ambiente de vida. O vínculo está na base da palavra, e esta, por sua vez, revigora o vínculo. Nós não inventamos as palavras: podemos usá-las, porque as recebemos. É em família que se aprende a falar na «língua materna», ou seja, a língua dos nossos antepassados (cf. 2 Mac 7, 21.27). Em família, apercebemo-nos de que outros nos precederam, nos colocaram em condições de poder existir e, por nossa vez, gerar vida e fazer algo de bom e belo. Podemos dar, porque recebemos; e este circuito virtuoso está no coração da capacidade da família de ser comunicada e de comunicar; e, mais em geral, é o paradigma de toda a comunicação.